Silêncio na Primavera.
Espero que não me matem após a leitura desse capítulo. Digamos que eu tenha deixado Kinou aprontar um pouco com Himura e Kaoru. Ah, sim! Eu já tinha esse capítulo já faz um tempinho, e demorei a colocá-lo no ar pq eu ando meio enrolada com o vestibular e com o outro fic que estou escrevendo...
Ohayô = bom dia.
Doomo = Obrigado (a).
Sumimasen = Gomennasai = Sinto muito; desculpe.
Capítulo 5 – Jokes (Brincadeiras).
Himura sentia-se enjoado, uma sensação estranha pairava no ar. "É melhor levá-la para um outro lugar... aqui não é mais seguro.", pensava no que lhe foi dito. Seu Gi ensangüentado escorregou por seus ombros caindo logo em seguida no chão. Soltou seu alto rabo-de-cavalo, deixando seus cabelos da cor de sangue caírem por cima de seus ombros claros de modo que as cores de ambos contrastassem de modo perfeito e harmônico. Fitou suas mãos por um momento, estava cansado.
Do lado de fora da casa de banho Yuri se aproximava sorridente de Kinou.
- Ohayô, Kinou-san.
- Ohayô.
- Kaoru está no banho, né?
- Hai. Mas não vá lá agora, acho que ela quer ficar sozinha por um momento.
Yuri fitou-o sem entender.
- Ela não se sente bem?
- Oh não! – Ele sorriu – Kaoru está ótima. – fez uma pausa – Você poderia trazer-me chá, Yuri-san? Sim, chá seria perfeito. – Terminou de falar conversando consigo mesmo.
- Hai.
Yuri se curvou e saiu polidamente. Kinou sorriu em vitória – "As coisas estão prestes a ficarem interessantes.".
A água do ofurô estava numa temperatura ideal, Kaoru quase dormia quando escutou ruídos no aposento ao lado. "Deve ser Yuri-chan pegando as toalhas. – A imagem de Himura veio em sua mente. – Fui uma tola em esperar por ele. É isso, vou parar de pensar nele. Não me importo mesmo... – A jovem saiu do ofurô e caminhou em direção ao aposento ao lado para pegar as toalhas que havia esquecido de pegar antes. – É, não ligo mais. Depois de todo esse tempo ele nem ao menos...".
- Aqui está seu chá, Kinou-san. – Yuri o serviu.
- Arigatô.
Ele a observou se retirar para dentro da casa e voltou a mirar a casa de banho.
- KIÁÁÁÁÁÁÁ!!!!! – Veio um grito feminino com a voz de Kaoru.
"E meu plano deu certo." – Kinou satisfeito consigo mesmo sorveu o chá com calma.
Kaoru ao entrar na sala ao lado da do ofurô deu de cara com Himura nu em toda a sua glória. De início se encararam de modo surpreso, afinal não esperavam se encontrar ali. Então Kaoru percebeu o quanto esse encontro era embaraçoso. Kenshin já havia se lavado em outra sala e foi nessa para pegar um Gi e Hakama limpos. A mente de Himura gritaria "oro", mas ele não permitiria que isso acontecesse. No entanto, sentiu seu rosto esquentar de modo, digamos assim, violento.
Kinou viu Kenshin sair da casa de banho, já com roupas limpas. Seus cabelos ainda estavam soltos.
- Você fez isso de propósito! – Disse com a voz pesada lançando-lhe um olhar negro.
- Maa... Não sei do que está falando. - Kinou bebia chá calmamente.
- A garota, você sabia que ela estava lá.
Kinou olhou com atenção para o rosto de Himura, este tinha um desenho vermelho com o formato de uma mão (muito bem visível) do lado esquerdo do rosto.
- Ihh! Acho que esqueci de avisar. – Kinou fez uma pausa – Que violenta!
Kaoru estava a uns vinte passos da casa, fitava sem atenção as árvores que estavam ao longe. Se caminhasse por ali encontraria a cachoeira a qual mergulhara dias antes. Não tardou muito até Kenshin se aproximar dela, agora que ambos tinham se acalmado.
- Não sabia que você estava lá. – Sua voz sem nenhum sentimento.
- Como se você se importasse.
Ela tinha se fechado, mas ele também, desde que voltara do trabalho.
- Não me importo.
Himura deixou-a sozinha ali, mas estava atento para o caso de algum inimigo aparecer. Kinou tinha visto a cena e estava se divertindo com seus pensamentos. Preparava agora, o próximo jogo. O sol começava a baixar no horizonte. Kaoru voltava para a casa em silêncio, queria pensar em algo mas nada vinha à sua mente.
- Chá? – Kinou ofereceu.
- Hai, doomo. – ela sorriu em resposta, mas não havia muita vida em seu rosto.
- Ainda está chateada com o ocorrido?
Ela não respondeu. A verdade é que não foi exatamente o encontro com Himura que a incomodou. Então aquele estranho encontro ocorrido pela manhã voltou-lhe a mente. Sorveu um pouco do chá, tinha um gosto estranho mas esqueceu de perguntar que chá era aquele depois que se acostumou com o gosto. Kaoru bebeu vários copinhos de chá.
- Ahm... Não estou me sentindo muito bem. Está muito quente aqui. – Disse passando a mão no pescoço.
- Você deve estar cansada por causa da mudança de estação, vá descansar um pouco.
Kaoru tentava se levantar com esforço. Então Kinou, cavalheiramente e de modo polido, se ofereceu para ajudá-la a chegar em seu quarto. Não no quarto dela, é claro...
- Himura, partirei pela noite junto com os empregados. Os únicos que restarão serão você e Kaoru.
- Avise Katsura-san que partirei também em breve com Kaoru. Iremos para Otsu.
- Ah, - Kinou fingiu lembrar de algo. – Kaoru deseja falar com você. Ela está em seu quarto.
Himura o fitou com um brilho dourado faiscando em seus olhos.
- Espero que não seja mais uma de suas... brincadeiras.
Levantou-se e se dirigiu para o quarto. Viu Kaoru deitada e observou-a por um breve momento. Era incrível como ela ficava bem de Gi e Hakama.
- Queria falar comigo?
Com preguiça ela abriu os olhos.
- Não me sinto bem, Himura-san. O que faz aqui?
Ele se aproximou e mediu sua temperatura com as costas da mão direita. Kaoru parecia normal. Ela gostou do toque de Himura em seu rosto e segurou sua mão e fechou os olhos sentindo o
toque.
- Você deve ter comido algo que não lhe fez bem. – Disse tentando ignorá-la.
- Chá. O Chá que bebi tinha um gosto diferente, talvez tenha sido isso.
"Kinou...", Kenshin ia se levantar, porém a garota não permitiu, segurando-o.
- Não me deixe sozinha de novo.
- Preciso falar com Kinou. – ele responde ainda sentado ao seu lado direito, entre Kaoru e a janela.
- Você pode falar depois, Himura-san.
Kenshin desistiu de se levantar e permaneceu sentado observando a bela jovem que se sentia enjoada. Ela se levantou com um pouco de preguiça e encostou-se ao peito de Battousai.
- Sinto-me melhor perto de você. – Disse escondendo o rosto no Gi dele com um pouco de vergonha.
Então riu sozinha, sua risada era baixa, quase inaudível.
Himura estava perplexo, então novamente veio aquela... paz. Fazia um enorme esforço para ignorar esse sentimento. Como um assassino poderia sentir paz? Kaoru se jogando por cima dele ficou com o rosto a poucos centímetros do de Kenshin.
- Sakê. – ele disse ao sentir o hálito da jovem – Você bebeu sakê.
- Não... era chá! – Ela acariciava os cabelos do homem com um brilho diferente nos olhos. – Não está com calor não? – ela se abanou um pouco e afrouxou o Gi.
Himura se segurava ao máximo para ignorar os toques de Kaoru. "Kinou, você está TÃO morto!".
- Himura, nós estamos... – Kinou parou de falar e fitou Battousai com um sorriso ao ver a cena. – Vejo que estão se dando bem melhor.
Yuri apareceu rindo no quarto, completamente bêbada, provavelmente bebeu o resto do chá que Kinou fez para Kaoru.
- Eu sabia que havia uma energia forte entre eles. – ela ria caindo no chão.
Mushô entrou no quarto, fez uma reverência.
- Sumimasen. – ele segurou Yuri – Vamos, temos um longo caminho para percorrer.
Kinou saiu por último dando um risinho sarcástico. A shoji se fechara.
- Deixe-me levantar. – Himura empurrou o "peso" de cima de seu corpo para poder se levantar.
Kaoru se sentou rindo sozinha do seu Gi que estava aberto na altura do pescoço mostrando as faixas que envolviam seu tronco. Então seus olhos procuraram Kenshin pelo quarto, ele estava na janela observando Kinou ir embora.
- Você nem perguntou se eu estava bem. – ela disse num tom sério.
- Não precisava perguntar.
Kaoru se levantou sentindo desprezo pela frieza de Himura.
- Por que você é assim?
Ele não respondeu sabendo que pessoas bêbadas são chatas de conversar.
- Seu último trabalho o deixou mais distante, por quê?
- Não é da sua conta. – disse impaciente.
Kenshin logo sentiu seus sentidos dizerem para tomar cuidado. Mal ele se virou para fitar a jovem, viu Kaoru avançando nele. Desviou do golpe que destruiu um pedaço da janela. Ela puxou o braço de volta e cambaleou para o lado para voltar a mirar Himura. Avançou novamente, só que ao invés de um soco, optou por um chute.
- O que está fazendo? – Disse se defendendo.
Ela não respondeu. Por um breve momento Kenshin viu um brilho correr nos olhos de Kaoru, e nesse momento foi pego de surpresa por um golpe, tinha baixado sua guarda. Esse breve momento foi o suficiente para Kaoru derrubá-lo no chão com habilidade e montar em cima dele. Fitando Kenshin de costas para o chão embaixo dela, Kaoru deixou seu olhar cruel percorrer pelo rosto do assassino por um instante, cerrou os punhos e mirou golpes em seu rosto, sucessivamente. Os olhos de Battousai brilhavam intensamente, a vontade de sacar a espada era tentadora mas não o faria. E apesar da situação estranha, a paz ainda estava ali no quarto. Ele defendeu os golpes de Kaoru sem muito trabalho. "Chega de brincar..." disse para si mesmo. Derrubou a garota, caindo logo em seguida por cima dela. Segurava seus pulsos, pressionando-os contra o chão na altura do rosto. Ela não conseguia mais se debater.
- Pare com isso! – ele disse rispidamente.
Seus olhos se enfrentavam num choque intenso. Então ela parou de lutar, fitava os olhos dourados de Himura com admiração. Seu olhar agora era terno, e ela causou confusão em Himura com essa atitude. A respiração pesada e travada pelo peso de Battousai foi se acalmando.
- Gomennasai, Himura-san. – Disse suavemente de modo inaudível.
Kaoru fechou os olhos e sentiu que o olhar de Himura ainda pairava sobre ela. Não demorou muito a sentir as mãos dele afrouxarem em torno de seus pulsos. Sentiu ele se apoiar em seus próprios braços para não machucá-la com seu peso. Kenshin baixou a cabeça no ombro esquerdo de Kaoru e a pousou por uns momentos.
- Por que você é tão inconstante? – sussurrou.
Respirou fundo e se levantou. Fitou Kaoru deitada no chão. Tão forte e segura num momento... tão indefesa e calma em outro... mas bela, em ambos.
- Você vai dormir aqui hoje. – Disse.
Felizmente sabia que não precisaria explicar. Era óbvio que depois do atentado do dia anterior, Kaoru teria que tomar cuidado, ou melhor, Himura teria que tomar cuidado por ela. Kaoru soltou seu rabo de cavalo, se preparando para dormir.
- Espere aqui.
Tempo depois Himura voltou com um copo de chá.
- Beba isso.
Ela olhou desconfiada para ele.
- Vai fazê-la se sentir melhor.
O gosto do chá era incrivelmente ruim, Kaoru pensou que fosse vomitar. Mas o enjôo passou tempo depois.
- Como fez aquilo? – ele por fim perguntou.
Viu o rosto da garota corar.
- Eu não sei. Intuição eu acho. – Ela sorriu envergonhada. – ontem foi o mesmo.
Continua...
Definitivamente eu acho que não há nada melhor do que ver o Battousai desesperado com as atitudes de Kaoru. Principalmente quando ela está bêbada.(se bem, que vê-lo desesperado já é o melhor!!) E Kinou ajudou bastante para que isso acontecesse, né? Bom, espero que tenham gostado. Afinal esse capítulo foi bem light.
Ah, sim! Muito obrigada pelos elogios e comentários. E fico muito feliz de saber que alguém está lendo esse ffic e que está gostando!! Qualquer sugestão ou crítica é só falar.
Matta ne.
Chinmoku
