Silêncio na Primavera.

Yei! Aqui está o capítulo 7 (Insanidade), e acho que está bem interessante. Ah, sim. Perdoem-me pela demora, mas eu realmente estou meio atolada nesses dias. Então é provável que o próximo capítulo demore um pouco, ou não (se tiver um pouco de sorte, né?). E outra coisa, eu ainda não respondi alguns e-mail que me mandaram, à essas pessoas peço que me perdoem e agradeço pelos elogios. Aproveitem!!

Iyé = Não.

Hai = Sim.

Nani ka? = O que? O que foi?

Konbanwa = Boa noite (ao chegar).

Doomo = Obrigado (a).

Kisama = Seu maldito.

Sumimasen = Sinto muito.

Enjo = Ajude; ajude-me; socorro.

Onegai = Por favor.

          

Capítulo 7 – Insanidade I

         A noite já havia bebido muito sangue, no entanto suas presas ainda estavam aparentes como as de um vampiro que pede por mais sangue para saciar sua interminável sede. Soijiro se dirigiu até o casarão onde estavam os guerreiros e lacaios de Shishio.

- Oh, Seta-san! – Exclamou uma mulher pondo uma das mãos sobre a boca. Aproximou-se polidamente e fez uma mesura. – Posso ajudar em algo?

            O rapaz permanecia imóvel, observando com calma cada um dos rostos que estavam presentes na sala. Vários homens bebiam e comiam animados sem dar atenção à presença de Soijiro.

- Ele... – Seu braço direito se levantou esticado, o indicador apontava para um homem que bebia sakê sozinho. – Gostaria de vê-lo em um local privado.

- Hai, Seta-san. Por aqui.

            A mulher o guiou até uma sala privada. Seus cabelos eram longos e negros, presos firmemente numa trança.

- Já irei chamá-lo. Gostaria de algo mais?

- Iyé, doomo.

            Pouco tempo depois o homem entrou no local. O rosto mostrava cansaço e seus olhos fundos e negros transpareciam a seriedade que tinha para com seu trabalho. Ele não ousaria negar uma conversa com Seta.

- Soijiro-san, queria ver-me?

- Hai, Mittei. Gostaria de pedir umas informações.

            O Sujeito fitava Seta com cautela.

- Algum motivo especial, eu suponho. – Um breve sorriso correu pelo seu rosto sério. – Afinal, veio ainda hoje sem ao menos esperar o próximo encontro.

- Digamos que eu esteja curioso e que precise de seus serviços. – fez uma pausa enquanto analisava o olhar de Mittei -  Não será nada que o fará sair para a noite de novo. Não por hoje.

            Mittei sorriu, não recusaria o pedido, ainda mais conhecendo Seta e seus hábitos. Ele consentiu o pedido de Seta com uma leve inclinação da cabeça.

            Himura conduziu Kaoru até o quarto, após fazerem uma refeição. Kaoru não tinha comido muito, sentia seu estômago embrulhado de nervoso.

- Você está muito tensa. – a voz masculina de Himura soou antes de entrarem no aposento.

            Para Kaoru, o silêncio do quarto era extremamente desconfortável e desagradável. Podia ouvir com clareza os ruídos que faziam ao andar e ao se sentar. Na verdade, chegou a pensar que as batidas descompassadas e desesperadas de seu coração estavam tão altas que em breve transmitiriam seu nervosismo ao homem de cabelos ruivos que a fitava sério e continuamente agora.

            O olhar de Himura parecia vazio. Kaoru se perguntou no que ele estaria pensando, já que seu olhar frio estava cravado nela já fazia um tempo. A garota pôde ver um brilho sinistro no olhar do assassino, desviou o olhar para o chão a fim de controlar seu nervosismo. Nesse momento, uma pessoa passou pelo corredor, seus passos contaram o silêncio que voltou a reinar após sua partida.

            Por fim, Himura se levantou. Parecia agitado, mesmo não demonstrando nada. Kaoru observou os passos que se aproximavam dela, seu estômago dava voltas. Ele se sentou próximo, mas não muito, a ela.

- Explique. – disse secamente num sussurro frio.

            Kaoru teve a menção de perguntar do que ele estava falando, mas logo foi cortada antes mesmo de começar a perguntar.

- Você sabe do que estou falando.

            O homem que os seguiu na floresta apareceu em sua mente.

- Não o conheço, pelo menos acho que não. – começou a dizer – Não sei o que aconteceu comigo. Apenas senti-me estranha.

            Battousai respirou fundo mostrando sua insatisfação.

- Por que não diz logo que acha que o conhecia?

            Os olhos de Kaoru se arregalaram em exclamação. Como ele poderia saber o que ela sentiu? Será que era tão transparente assim?

- Eu... – e não terminou de falar.

            Himura a fitava inexpressivo, como se ela não estivesse ali. Sua frieza deixava o ambiente desconfortável. Por que mudou tão de repente?

            A mente de Kaoru começou a gritar, sentia uma vontade imensa de atacar Himura. Era quase como se sua mente dissesse para fazer o que queria. Seu coração foi se acelerando. "Não. Controle-se... – uma pressão pareceu ter caído em cima de seus ombros. – Não posso! Não posso!"

- Não ouse. – Rispidamente veio o sussurro de Himura.

            Kaoru fechou os olhos e ficou respirando fundo até acalmar-se. Soltou os cabelos e começou a preparar-se para dormir.

            Pouco antes de o sol nascer Himura acordou com olhos hostis fitando-o, de um dos cantos escuros do quarto. Olhos, que brilhavam como os de um gato no escuro. Olhos que pertenciam... a garota.

            Kaoru estava sentada e encostada na parede. Fitava Himura com um olhar insano e frio. Seus olhares se enfrentaram dura e longamente. A jovem se levantou dando uma baixa risada fria e cortante. Himura observava seus passos firmes e decididos indo ao encontro da morte sem ao menos hesitar. Perguntou-se o que diabos ela pensava que estava fazendo, no entanto permaneceu quieto. A um passo de distância os passos cessaram. Ajoelhou-se ao lado de Himura, então seus olhos ficaram ternos novamente. Lentamente estendeu a mão direita para tocar no rosto do ser que a fitava. E quando estava perto de tocá-lo, recuou a mão tremendo. Seus olhos encheram-se de lágrimas.

- Enjo, Himura-san. Enjo, Onegai.

            Ela se levantou e se afastou bruscamente. Os olhos miravam sinistramente Battousai, que se levantou de onde estava inexpressivo. Nada tinha dito até agora. Kaoru começou a entrar em conflito com si mesma, de novo. E aproveitando-se disso, Battousai velozmente se aproximou. Acertou a nuca da jovem com a faca da mão. Então fitou Kaoru inconsciente em seus braços. Deitou-a no futón e observou um pouco. É um Karma, pensou, a garota só traz problemas.

            Duas horas se passaram desde o alvorecer. Kaoru acordou com uma enorme dor de cabeça. Ela sentou-se no futón em que estava deitada e esfregou uma de suas mãos em seu pescoço. Teria dormido de mau jeito? Logo após se fazer esta pergunta a lembrança do ocorrido na madrugada veio em sua mente.

- Não se preocupe, - a voz de Himura cortou o silêncio – a dor passará em breve.

- Sumimasen. – disse baixando os olhos.

            A jovem teve a menção de começar a arrumar as coisas para logo retomar a viagem quando o homem que a fitava se levantou.

- Descanse um pouco mais. Não partiremos agora. – Disse ao sair do aposento.

            Tempo depois, retomaram a viagem para um destino ainda desconhecido por Kaoru.

            Num quarto de uma outra pousada um homem acordou com uma presença em seu quarto.

- Quem está aí? – perguntou sonolento – Sakura?

            Então este se sentou e olhou ao redor. O coração disparou, ao mesmo tempo sua mão procurava por sua espada. Gritaria por ajuda, mas logo o ser em seu quarto avançou segurando seu rosto na altura da boca com a mão direita, abafando-lhe as palavras. Soijiro sorriu diante do terror do homem à sua frente.

- Você possui uma informação importante para mim. – A outra mão de Seta empunhava a espada, que ameaçava perfurar o homem. – Vai cooperar, não vai?

            Trêmulo, o homem balançou a cabeça afirmativamente. A espada de Seta permaneceu onde estava e a mão que tampava a boca do homem desceu para o pescoço, permitindo que o homem contasse tudo o que era pedido. Após conseguir o que queria, o homem foi morto sem piedade. Soijiro se levantou e caminhou para a shoji. Nesse momento esta mesma se abriu, eram três vassalos. O homem que estava na frente fitou Seta e seus trajes sujos de sangue para depois mirar o corpo no chão. Mirou Seta de novo e se afastou bruscamente com a mão na bainha da espada, empurrando os dois vassalos que estavam atrás dele e que demoraram um pouco mais para compreender a situação.

- Parado aí, Kisama! – Gritou sacando a espada.

            Soijiro sorriu diante do desafio. O primeiro homem avançou atacando. O golpe foi deferido. A espada de Seta perfurou a face do homem e recuou para rasgar o pescoço do outro que o atacava pela lateral. O terceiro aterrorizado ajoelhou-se e pediu misericórdia. Soijiro pensou em como era patético implorar pela vida daquele jeito. Aproximou-se do homem e abaixou-se perto do mesmo.

- Sabe, nesta vida... – disse suavemente enquanto a mão esquerda apoiou-se no ombro direito o homem - somente os mais fortes sobrevivem.

Então a espada, que a mão direita de Seta empunhava, avançou perfurando com firmeza e agilidade o tórax do homem.

- Descanse um pouco. – Himura disse a Kaoru no meio da estrada.

- Estou bem. Se quiser continu...

- Disse para descansar. – Rosnou interrompendo-a.

            Diante dessa atitude, Kaoru achou melhor não contestar. Sentou-se em uma pedra e descansou suas pernas. Não entendia a atitude de Himura, afinal, fizeram várias paradas neste dia. Após a pausa retomaram a viagem, mas desta vez sem pausas. Caminharam silenciosamente por todo o trajeto. A  noite começou a cair e a temperatura esfriava conforme o sol se escondia no horizonte. Não tardou muito até a escuridão tomar conta do local. Tudo o que Kaoru podia ver era um vulto à sua frente, sentia-se cansada mas não falou nada. Deduziu que em breve parariam para descansar. Caminharam por mais uma hora e meia antes da próxima pausa.

- Descanse um pouco... –A voz de Himura soou ao lado da moça.

- Mou... – Suspirou massageando os pés.

            Kaoru tinha a impressão de estar sendo vigiada. Atrás dela tudo o que havia era uma densa floresta, e em sua frente, só havia árvores também. No entanto, sentia-se desprotegida como se olhos cruéis a perfurassem. Durante o resto da caminhada, Himura permaneceu ao seu lado. Finalmente após quatro horas chegaram a uma casa grande. Apesar de ser tarde, todos estavam acordados.

- Konbanwa, Himura-san.

- Konbanwa. Preciso falar com Katsura-san.

- Hai. Está com Kinou. Vou avisá-los.

            A atendente se retirou polidamente. O ambiente estava agradável e aconchegante. Kaoru observou os gestos do homem ruivo presente na sala, ele parecia sempre tão indiferente com tudo. E então a jovem começou a sentir os efeitos da viagem vindo sob a forma de cansaço. A moça que falara com Himura minutos antes voltou.

- Ele pede que vá vê-lo, Himura.

- Hai, doomo. – Se voltou para Kaoru. – Espere aqui, sim?

- Hai.

            Antes de entrar na sala, Himura pediu à moça que ela cuidasse de Kaoru, que lhe desse uma refeição e lhe permitisse um banho. Depois entrou na sala.

- Olá, Himura. Estava esperando-o. – Katsura disse cordialmente.

- Maa... você não tinha dito que estava indo para Otsu? – Kinou.

- Sim. Mudei de idéia. – Himura respondeu secamente.

- Ainda chateado com o ocorrido?

            Himura ignorou a pergunta e se voltou para Katsura.

- Precisamos conversar.

- Sei disso. Conversaremos amanhã. Já que está aqui, poderia fazer-me um trabalho?

             Para a infelicidade de Himura, Kinou foi junto. A vítima estava sozinha fitando a paisagem ao longe, provavelmente mergulhada em seus pensamentos. Mas por que estava sozinha? Será que ela não sabia que era perigoso? Battousai se aproximou furtivamente por trás e tampou a boca da vítima com sua mão esquerda. A direita ameaçava perfurá-la.

- Vai fazer silêncio? – Battousai rosnou sentindo a agitação crescer em seu interior.

            A mulher balançou a cabeça afirmativamente. Então a mão que lhe tampava a boca escorregou para o pescoço, prendendo-o numa chave. Kinou fez umas perguntas para a mulher que relutou em responder.

- Responda. – Battousai apertou a chave, tomando o cuidado para não deixá-la sufocar, ainda.

- Sei que vou morrer mesmo, então por quê diria qualquer coisa a vocês?

- Talvez para morrer sem sofrer.

            Kinou fitou Himura ao ouvir o que foi dito.

- Coopere. – Kinou disse.

            A mulher riu. – Só para confundi-los, direi que a garota não é o que imaginam.

- Coopere. – Disse novamente.

            A noite cantava uma melodia melancólica. Tudo parecia lento e calmo. Uma sensação de conflito e desespero pairava no ar. Kinou fitava Himura.

- Maa.... Himura. Ela já está morta.

            O corpo retalhado caiu no chão aos pedaços. A espada já limpa, voltou para sua bainha.

- Nani ka? – Himura respondeu o olhar de Kinou. – Ela não ia cooperar mesmo. Por que atrasar o inevitável?

- Não pensei que você utilizasse essas técnicas.

- Ela está morta, não está?

            Voltaram para a casa. Himura foi tomar um banho. Limpou o sangue que pairava sobre seu corpo e depois entrou no ofurô. A água estava quente. Queria poder limpar seus pensamentos também. Quem sabe, limpar todo o sangue que sua espada já derramou e banir todo o mal que estava presente no Japão.

- Himura-san... – a voz feminina de Kaoru encheu o ambiente.

- O que faz aqui?

- Queria falar com você. – ela se aproximou por trás dele. – Eu...

            Sua mão deslizou pelos cabelos de Battousai, então este se virou bruscamente, agarrando seu pulso.

- O que você pensa que está fazendo?

            Ela permaneceu em silêncio, observando-o sem desviar o olhar.

- Você bebeu algum chá feito por Kinou de novo?

- Iyé. – A outra mão de Kaoru tocou na mão de Himura que ainda segurava o pulso da Jovem com firmeza. Os olhos de Kaoru brilharam estranhamente. -  Hi...mu...ra... – Ela fez uma leve carícia no rosto do homem.

            Himura se viu sendo caindo de costas na água do ofurô, com a garota por cima dele. O que ela estava fazendo? Kaoru emergiu da água com um olhar ainda não visto por Himura.

- Eu queria dizer que...

O homem observou-a se aproximar lentamente, sentiu os toques da jovem em seu pescoço. E foi quando ele se viu agarrando-a num intenso beijo.

Continua...

Hihihii!! Aposto que devem estar pensando "Oh Meu Deus!!" ou coisa do tipo, acertei? Bom, espero que estejam gostando. Fiquem curiosos até o próximo capítulo!

Matta ne

                              Chinmoku