Silêncio na Primavera.

Himura tinha a quantidade de veneno equivalente a sete dardos envenenados dentro de si. Os inimigos eram no total quinze: os seis ninjas (um estava morto), as sete doses de veneno em seu corpo, Jihi e ele mesmo. Lutava para não deixar a insanidade cegá-lo. Não... isso seria muito arriscado. Perderia para si mesmo, não poderia se segurar, poderia? A jovem Kaoru lutava contra Jihi, o homem de seus pesadelos. Estava machucada, era preciso ajudá-la. Himura se enfraquecia. Tinha a visão turva e um formigamento no corpo que confundia seus sentidos. Kaoru... tinha que ajudá-la. Kaoru...

- KAORU!!!

Capítulo 10 – Perdas.

- KENSHIN!!!

            Kaoru queria ajudá-lo, mas como? Teria que enfrentar Jihi antes.

- Acalme-se. Não gostaria de ver Battousai, o retalhador, ser morto?

            A jovem se aproveitou do descuido do homem e deu-lhe uma joelhada em suas, digamos assim, partes íntimas. Jihi se curvou de dor.

- A pessoa que quero ver morta é você!!

Ela segurou a cabeça de Jihi e deu outra joelhada, agora em seu rosto.

- Kenshin! – Ela o viu lutando com os ninjas. Viu um deles ser retalhado em pedaços numa fração de segundo.

            Himura olhou para Kaoru. Havia esperança.

- Fuja!! – ele deferiu um golpe e contra-atacou. – Fuja agora, Kaoru!!!

            E foi o que ela fez, correu em direção a floresta. Jihi se levantou colérico e correu atrás de Koaru. Ela estava muito a frente, mas não tardaria a alcançá-la.

Kinou acordou agitado. Tropeçou nas várias garrafas de sakê que estavam espalhadas no chão de seu quarto. Era verdade... na noite passada seu amor faleceu.

- Himura! Preciso avisá-lo!!

            Ele trocou seu gi, pegou sua espada e um embrulho que precisava levar para Kaoru e Kenshin. Saiu apressado, o quanto antes chegar lá melhor. Precisava avisar Kenshin que eles estavam em perigo. O que Kinou não sabia... é que era tarde demais.

            Kaoru corria rápido. Fugia da morte, fugia de Jihi. Himura... queria ajudá-lo. Kaoru se viu caindo no chão com Jihi por cima dela, ele a tinha alcançado. Era o fim. Ela fechou os olhos com força – "Não! Não posso desistir!" – Tateava o chão às cegas e ao mesmo tempo lutava contra o homem de seus pesadelos. O chão estava frio e úmido. O chão era coberto por uma camada de folhas, a maioria já entrando em decomposição. Kaoru achou algo. Sim... era perfeito! Cerrou os dentes e atacou o rosto de Jihi com todas as forças que podia reunir no momento. O homem caiu no chão, gritando de dor. O Sangue escorria-lhe pela face. Então Kaoru já de pé fitou a pedra em sua mão e fitou Jihi. Então jogou com força a pedra no ser que se encontrava ao chão. E correu, correu o mais rápido que podia.

- Sua... MALDITA!!

            Jihi já estava de pé, mais colérico que nunca. Tinha perdido a garota de vista, mas sabia que conseguiria alcançá-la. Ela tinha entrado na floresta. Jihi se amaldiçoou por não tê-la matado quando pôde.

- Maldita!

Jihi observava a floresta, agora caminhava cautelosamente. Uma lâmina cortou seu caminho. Jihi recuou e segurou a bainha de sua espada.

- Eu presumo – veio uma voz calma e sem expressão de um ser que se encontrava nas sombras – que você seja Jihi.

            Jihi tinha estampado em seu rosto uma expressão de assombro.

- Dareka?

            O outro homem sorriu. Parecia tão calmo e harmonioso, e no entanto, extremamente perigoso.

- Vim exercer o meu julgamento sobre você! – E avançou atacando com grande  velocidade.

            Jihi por sorte conseguiu deferir o golpe, tinha os olhos cravados em seu inimigo que parecia não ter feito nada ainda pela sua aparente calma.

- Você é... – Seus olhos foram ficando maiores. – Soijiro Seta.

- Agora sabe quem sou. – Seta sorriu friamente. – Então deve saber que você possui algo que me pertence. - Seta deu um passo em direção a Jihi. – Onde está?

            Jihi recuou, sua mente gritando por uma solução. O que poderia lhe pertencer? O que? Então um estalo veio em sua mente.

- Kaoru... – Jihi se controlou por um momento. – Como sabe que ela não está mais com Battousai?

Ele viu os olhos de Seta brilharem,e pensou estar no controle da situação agora.

- Você quer Kaoru... hum... interessante.

- Deixe-me dizer que... eu não caio nesses joguinhos. Sei o que está pensando.

            Jihi engoliu seco. Como Seta poderia saber?

- Onde está? – Seta perguntou de novo.

O tom de sua voz pareceu ficar mais sinistro, ou seria apenas a imaginação de Jihi?

- Kaoru não é sua, Seta. Você já deve saber que ela pertence a mim, e não a você. Você sabe o que fiz com ela.

- Desde de quando torturas fazem dela sua? Nada mais aconteceu e todos sabem disso, menos você. – Seta sorriu. – Talvez você tenha batido com a cabeça e por isso não se lembre.

            Jihi absorveu cuidadosamente as palavras ditas. Soijiro não estava brincando, por mais simpático que parecesse.

- Sei que nada aconteceu. Mas Kaoru é minha para toda a eternidade agora. Eu a matei poucos momentos atrás.

- É bom que esteja blefando..

- Mesmo? Acho que não. Seus gritos ainda ecoam em minha mente. Ela lutou. Sim... lutou bravamente.

            Seta o observou calmamente. Estava impaciente, era hora de Jihi morrer.

- Veja, isso é dela. – Jihi retirou de sua manga um tecido ensangüentado que havia sido arrancado de Kaoru.

            Uma brisa fria soprou do norte. O rosto de Seta mudou, fato que recentemente ocorria com mais freqüência. Estava sério. E isso significava uma coisa: Jihi já estava morto.

- Você vai pagar por tudo que fez. – Sua voz sem vida ecoou solta pelo ar. – E vai conhecer o significado da palavra "dor".

            Seta terminara finalmente sua missão. Caminhou até a casa onde Battousai esteve com Kaoru. A casa estava impecavelmente limpa e silenciosa. Foi andando em direção ao dojo, não se atreveu a entrar ali. Havia no chão vários corpos retalhados. Do outro lado do dojo havia uma porta aberta, e aos pés da porta um outro corpo que jazia ali. Não era qualquer corpo, era o corpo de Battousai. Seta concluiu que se Battousai foi derrotado então Jihi não estava mentindo, Kaoru estava morta. Seu coração parou de bater por alguns poucos momentos. Seta caminhou pelo lado de fora do dojo e se abaixou perto de Himura, sem cruzar a porta do local de treino.

- Obrigado por proteger Kaoru, mesmo que por outros motivos. Gostaria de ter batalhado com você.

            O local parecia cantar uma música melancólica e triste. Algo faltava no ar. Ele observou um dardo envenenado que havia atingido Himura no pescoço e se levantou.

Sim.. era hora de ir para casa, sozinho. A solidão se alastrando por cada célula de seu corpo. O coração parava de bater cada vez que aquele nome passava por sua mente. Kaoru... Seus olhos ardiam. O que era aquilo,lágrimas? Seta se descobriu chorando... pela primeira vez em muito tempo.

Continua...

Kaoru – De onde você tirou essa idéia, menina?!?

Juli-chan – Doomo arigatô gozaimasu pelas r/r!! É bom saber que você está gostando!!

Seijuurou-Hiko – Bom, eu não sei quantos capítulos o fic vai ter, mas tenho certeza de que o fic já está perto do fim. Chuink! Mas muitas coisas ainda estão para acontecer. Obrigada pelos comentários!!

                                                                    Chinmoku