Silêncio na Primavera.

Olá! Olá! Bem, tinha um ótimo comentário para fazer aqui, mas acabou que esqueci! ^_^

Agradeço pelos e-mails e r/r!! 

Capítulo 15 – O começo de tudo.

         Quando ainda era muito pequena, Kaoru começou a aprender as artes de combate, ataque e defesa dos mais variados estilos.

- Papai, por que você não me ensina somente o estilo Kamiya Kasshin? – Ela sempre perguntava.

- Porque você precisa saber como se defender. – Não importava quantas vezes ela perguntava isso, ele sempre respondia com um sorriso.

            E o tempo passou. Anos calmos e misteriosos passaram velozmente. Kaoru estava com quatorze anos quando descobriu o motivo do mistério e preocupação de seu pai. Ela estava fazendo uma limpeza de fim de ano quando achou algumas anotações. Leu-as com muita atenção e guardou-as num compartimento secreto do dojo. Na mesma noite o local foi atacado pelos capangas de Hiru-matsu. Não que fosse a primeira vez, mas dessa vez, estavam certos do que queriam. Os ataques de antes foram efetuados por no máximo quatro homens, que eram sempre derrotados pelo pai da jovem. Dessa vez vieram mais de dez. E pelo visto não era apenas Hiru-matsu o interessado nas informações. Kaoru viu seu pai resistir ao máximo para não lutar, tentando ser o mais polido possível. Mas ele não entregaria as informações, era pela sua honra.

- Fuja, Kaoru! – Ele disse armando posição de combate.

- Não! Quero ajudá-lo!

- Faça o que estou mandando! Você nunca combateu seriamente antes.

- Mas eu sei lutar bem! – Ela disse. – Já o derrotei antes!

- Kaoru, - Sua voz soou alta e feroz. – não me faça repetir!

            E contra sua vontade ela fugiu. Correu para a casa de Hana-chan, para horas depois retornar. Seu pai estava bem. Kaoru encontrou-o sozinho na sala de treino. Sentou-se ao lado dele e pediu que explicasse para ela tudo que estava acontecendo, uma vez que ela já sabia o principal.

- Você fez bem em esconder as informações. Eles reviraram tudo. – Ele disse. – Mas... eles voltarão, quer queiramos ou não. Precisamos estar preparados.

            Kaoru fechou a cara.

- Ainda está chateada por não tê-la deixado lutar?

- Não é isso... olhe ao redor, vai dar um trabalhão arrumar isso tudo de novo!!

            A noite seguinte seria de lua cheia, o clima estava úmido e fresco. Uma gostosa brisa correu pelo local enquanto o sol começava a se pôr.

- Irei ao mercado. Já volto.

            Kaoru abraçou-o.

- Cuide do dojo em minha ausência.

- Hai.

            E o pai de Kaoru saiu pelo portão, para nunca mais voltar. Fora assassinado antes de chegar ao mercado.

            Kaoru, que até então estava cuidando de seus afazeres, se viu cercada. Seu coração se acelerou e foi tomado por um monte de sensações estranhas. "Como lutar com eles? São muitos! – sua mente gritava por uma solução. – Vou morrer! Nunca duelei com uma espada antes, apenas com o boken... e mesmo assim era apenas treino... que farei?"

            Ela respirou fundo, tentando ignorar o pensamento de que era apenas uma garotinha que teria que enfrentar homens.

- Se desejam desafiar o dojo, por favor esperem pelo Sensei, o mestre. – Ela disse como se não soubesse do que se travava, a fim de ganhar tempo.

            Eles a viram caminhar até a parede onde havia vários nomes de antepassados e acender um incenso.

- Não se faça de desentendida. Sabe o motivo de estarmos aqui.

            A jovem que ainda estava de costas fechou os olhos. Sim, não teria escolha.

- Ei, garota! Onde estão os papéis de seu pai? – Um outro perguntou impaciente. – Se não disser, vai acabar como ele.

            Ela emudeceu, o sangue corria-lhe gelado pelo corpo.

- Estou falando com você!!

            Ela se virou. Seu olhar estava sério, sua mão desembainhou a espada que ganhou de seu pai há um ano e alguns meses. E foi a primeira vez que Kaoru ousou desembainhá-la. Sim, era um caminho sem volta. A ponta da espada apontava para cima, sendo segurada pela mão direita. Com movimentos leves e suaves, a ponta desceu para a esquerda, deixando o corpo da espada paralelo ao chão.

- Ela está querendo lutar! – Um homem brincou com um outro.

- Você quer morrer, garota?

            Ela não respondeu. Estava parada como uma estátua. Um homem sozinho foi atacá-la. Sim, Kaoru estava com medo, mas percebeu que conseguia quase adivinhar os golpes do inimigo, já que conhecia o estilo dele, bem como vários outros. Ela ergueu a espada na mesma posição – dobrando de leve o braço - com a mão direita. A esquerda estava fechada com apenas os dedos indicador e o do meio esticados, apoiados de leve no pulso direito. Então ela girou o pulso no sentido horário e esticou o braço para frente. O movimento foi veloz e executado com perfeição. Todos viram a cabeça do homem cair ao chão, bem como seu trêmulo corpo. Essa foi a primeira vez que Kaoru matou um ser. Todos ficaram em estado de choque por alguns poucos segundos e logo depois avançaram coléricos na jovem. Conforme lutava, Kaoru viu o quão fácil era aquilo. Seu pai a havia ensinado muito bem. No fim, todos estavam mortos. Sua katana foi limpa e embainhada. O sangue contaminou o local com o cheiro da morte. Olhou enojada para o chão, sentindo-se muito enjoada e suja. Sim, ela havia matado, tão cruelmente quanto um assassino das sombras. A jovem se limpou e arrumou algumas peças de roupa, pegou sua amiga mortal e partiu do dojo, junto com as informações.

            O ocorrido correu tão veloz quanto possível pelo Japão. A jovem passou de dojo em dojo, dando aulas. Ficava o máximo que podia. Vários outros grupos passaram a persegui-la. E ela se cansava dessa vida. Sempre que parava em um dojo tinha que duelar com os melhores do local por garantia, para saberem se ela era mesmo uma mestra – afinal, era uma menina de quinze anos apenas. E ela sempre ganhava e era aceita... e sempre era descoberta também. Estava dando aulas num dojo muito importante de Kyoto quando viu Hiru-matsu se aproximando com vários outros homens. Ela fugiu, já que não queria sujar o local com o sangue imundo daqueles homens.

            Mas o derramamento de sangue se tornou impossível. Dardos envenenados estavam sendo lançados, ninjas e guerreiros que não se gostavam se uniram a pedido – ou ordem – de seu mestre para pegar tal jovem que se esquivava como gato dos dardos e golpes.

            Kaoru se afastou da cidade com a onda de inimigos seguindo-a. E cada vez que um chegava perto o suficiente para duelar era morto antes mesmo de atacar. Os capangas foram perdidos de vista, mas alguns ninjas ainda estavam em seu encalço. Ela mirou-os, não poderia fugir o resto do dia. Estava sentindo sua visão falhar e o corpo começar a tremer. O que era aquilo? – pensou. Ao olhar para seu abdômen viu um dardo fincado, ela arrancou-o. Os ninjas não estavam atacando, estavam apenas ao redor, esperando... Kaoru viu tudo embaçar. E antes de cair viu alguém se pondo em sua frente, defendendo-a. Acabando com os ninjas com grande rapidez e facilidade. Olhos penetrantes e cabelos da cor cinza brilhavam intensamente sob a luz do sol. Ela havia sido salva por Soijiro Seta.

            Uma semana se passou e Katsura-san ainda não havia chegado. O clima estava bem frio, Kaoru estava tomando chá na companhia de Himura e Kinou.

- O céu está tão colorido ali onde o sol se põe... É o único lugar que não possui nuvens. – Ela disse. – Faz muitos anos que não vejo um céu tão bonito assim.

- Katsura-san está demorando muito. – Kinou levantou-se. – Vou mandar uma mensagem. Shitsurei shimasu.

            Kinou saiu para falar com o mensageiro.

- Os rumos que nossas vidas tomam são inesperados, chega a ser interessante pensar nisso.

            Himura acenou que sim.

- Fico me perguntando o que vai acontecer.

- Tudo o que sabemos é o agora. O futuro é uma conseqüência do presente. E o passado... já passou.

            Um vento frio e cortante começou a soprar.

- Está esfriando. – Kenshin disse se levantando.

- Veja isso! – A jovem exclamou. – Está nevando.

            Ela se afastou da casa uns cinco passos e olhou para o céu. Em cima do local havia nuvens negras que despejavam em sua graça belos flocos de neve. Himura observou a expressão de Kaoru. Ela estava feliz. O vento frio a acertava fazendo seus cabelos dançarem. E ele foi pego pelo olhar dela. E nessa fração de segundo ela pôde observá-lo também. Ele tinha as bochechas coradas pelo frio e estava uma gracinha de cabelos soltos. Cabelos da cor do fogo, pensou.

- Nani ka?  - perguntou.

- É melhor entrarmos. – Ele disse.

- Hai. - Olhou mais uma vez para o céu antes de entrar na casa.

            Kaoru se sentiu sendo carregada. Havia sido pega e seria seu fim, pensou. Os mesmos braços que a carregaram, deitaram-na em um futón. Perguntou-se o que aconteceria a seguir. Sentia tudo girar, não conseguia ver nada.

- Cheguei a tempo. Onde está Megumi-san?

- Estou aqui. – Uma voz feminina soou. – Então essa é ela?!? Mas é tão jovem... uma criança!

            Um breve silêncio correu pelo quarto.

- Pois bem, Seta-san. Vamos ver... - Kaoru ouviu-a dizer e logo em seguida sentiu as mãos da mulher procurando por feridas.

            "Por que estão cuidando de mim?", e mal terminou de se fazer a pergunta sentiu uma picada em seu braço. E não se lembrou de mais nada.

            Quando acordou foi levada para Shishio.

- Pequena, seus feitos voaram como pássaros pelo país. E finalmente a encontrei.

- Saiba que não revelarei as informações.

- Essas aqui? – ele sacudiu umas folhas de papel no ar.

            Ela recuou um passo, se odiando por não ter queimado as informações.

- Muita calma. Não farei mal a você. Sente-se.

            Ela o viu fazer um gesto com a mão e se sentou.

- Acredito que já está cansada de ter que ficar fugindo de todos esses grupos. Conheço bem seu passado, isto é... – ele fez uma pausa. – se o que disseram estiver correto.

- Por que me ajudou?

- Muita calma. – Ele sorriu. – Em primeiro lugar, você tem que confiar em mim.

            Ela olhou para ele sarcasticamente. Kaoru podia ser jovem, mas não era tola. Ela viu Shishio levantar-se e queimar as informações. Então ele perguntou a ela se isso era suficiente para que ela pudesse confiar nele.

- Pois bem, então. – Ela disse. –Você já sabe demais mesmo.

            Shishio sorriu divertido com a situação. A garota tinha coragem, pensou ele. Kaoru contou que começou a aprender o que sabe quando era pequena, contou sobre seu pai, contou sobre as informações. Shishio mostrou interesse pelo seu passado e pelo seu pai. Quanto as informações, bem... ele estava pouco ligando. Sim, de fato eram importantes, mas não para ele.

            Kaoru aceitou a proposta feita por Shishio. Agora, ela faria parte do grupo. E quem quer que fosse que mexesse com ela, estaria mexendo com o grupo todo. Agora estaria "salva" dos grupos que a perseguiam, ou pelo menos pensaram que sim. A identidade de Kaoru meio que ficou oculta. Muitos achavam que ela estava morta, mas os que sabiam o que havia acontecido permaneciam em seu encalço.

            Por quatro anos Kaoru trabalhou como assassina para Shishio. Ficou rapidamente amiga de todos. Tendo grande afinidade com Seta e Shishio. Nesses quatro anos, apenas uma de suas missões deu errado. Quando tinha dezessete anos quase morreu nas mãos de Battousai. E assim que se recuperou retomou seu trabalho para com Shishio.

            Tudo começou poucos meses após o décimo nono aniversário da jovem. Estava numa missão com Seta. Não era nada fora do normal. Apenas visitariam um homem para pegar umas informações. Mas era uma emboscada. Kaoru foi levada embora. E por meses a jovem passou das mãos de Hiru-matsu para as de Saitoh e Okita, e vice-versa. E após um conflito entre os grupos, ela fugiu para se encontrar com Hana-chan e depois, Battousai. Quanto à jovem Misao, bem, ela trabalhava do outro lado do Japão e só havia visto Shishio umas poucas vezes quando ele passava por lá. E esse é o motivo pelo qual ela não reconheceu Kaoru.

            Kaoru não contou as informações para Kenshin, e ele não fez questão de perguntar. A segunda semana estava no fim e Katsura-san ainda não havia chegado. Por que algo parecia estar errado?

- Olhe, Kenshin! A neve está alta. – Ela disse caminhando para fora da casa.

- Cuidado! – Ele se apressou. – Yuri jogou...

            Ele foi segurá-la, mas ambos acabaram escorregando no gelo  e caindo ao chão.

- Yuri jogou água aí.

            Para ele não cair em cima da jovem machucando-a, ele girou o corpo e deixou-a cair por cima dele. Kinou apareceu comendo nabeyaki udon (sopa de macarrão com legumes). Ele fitou a cena, um tanto quanto engraçada, com um belo sorriso estampado no rosto.

- Vocês sabem... – Ele disse de boca cheia e apontando o hashi para os dois. – o quarto é melhor para isso.

            Kaoru se levantou.

- Sumimasen... – ela disse para Himura.

- Nani? – Os olhos de Kinou miravam um homem que se aproximava. Era o mensageiro.

- Não pude encontrar Katsura-san. – O homem disse. - Saitoh matou vários de nossos homens.

- Onde está Katsura-san? – Himura não estava nada feliz com a notícia.

- Não sei.

- Para onde Saitoh está indo e com quantos homens?

- Para o norte com trinta homens, acho. Não está muito longe daqui.

- Ele sabe onde Katsura está...

            E foi assim que Kaoru, Kenshin e Kinou partiram para uma guerra traiçoeira. Uma guerra para a salvação de seu líder... uma guerra, que terá resultados incertos e confusos. O sol se escondeu atrás de nuvens negras para que a morte pudesse correr com mais facilidade. Mas não que isso fizesse alguma diferença...

            Continua...

            Bom, sessha não estava muito inspirada, mas deu para terminar. Espero que tenham gostado e que leiam os próximos capítulos. Falta pouco para o fim...

                        Matta ne.

                                               Chinmoku