Capítulo II – Floresta Proibida
Na Masmorra, Snape refletia sobre o ocorrido. Poderia levar a questão ao Conselho Diretor de Hogwarts, argumentando o desrespeito de Hermione pela sua figura de Professor, propondo sua expulsão bem como a retirada da Grifinória do campeonato das casas. Sim, pensou ele com um meio sorriso, eliminar a Grifinória do Campeonato das Casas, seria uma glória, algo inenarrável. Na realidade com 100 pontos a menos, a Grifinória estava virtualmente eliminada.
Propor a expulsão de Hermione, seria algo que o Conselho jamais aceitaria. Ela, por sua vez, ficaria sabendo e o odiaria ainda mais. Snape, não gostaria que isso ocorresse, afinal, bem no fundo de seu coração (falsamente rotulado de coração de pedra) ele nutria uma afeição muito especial por Hermione Granger.
Algumas noites após o incidente com Snape, Hermione, Rony e Harry estavam sentados, descansadamente, à beira da Floresta Proibida. Hermione estava felicíssima porque Rony e Harry haviam reatado a amizade, percebendo que existem coisas mais importantes e sérias do que desencontros amorosos.
- Mione, você deveria ser jornalista do Profeta Diário.– exclamava Rony, enquanto discutiam o futuro de cada um.
- Boa Rony, daí ela poderia falar mal de tudo, até dos bigodes da Madame Norra- diz Harry gargalhando sendo acompanhado por Rony.
- Eu quero ser jogador de Quadribol- falou Rony.
- Ora, Rony, você não sabe diferenciar um balaço de um pomo. – retrucou Harry troçando.
- Meninos- exclama baixinho Hermione.
Hermione lê um livro intitulado: "Telepatia: ciência de bruxos?" enquanto Harry e Rony jogam xadrez.
Neste instante ouvem-se gritos no interior da Floresta Proibida. Os três se entreolham. Rony e Harry querem sair dali imediatamente, mas Mione protesta:
- Alguém pode estar precisando de auxílio.- fala ela.
- Azar, Mione. Vamos embora daqui antes que seja tarde...- fala Rony sendo apoiado por Harry. – Se ficarmos temos muitas chances de arranjar encrencas.
- É, não quero ouvir do Snape, a tradicional frase.. " Potter, desde que entrou em Hogwarts somente tem transgredido limites"- disse imitando a voz suave e letal do professor.
Neste instante ouvem-se mais gritos, gritos que expressam agonia, dor, suplica por socorro. Hermione de varinha em punho chega na entrada da floresta:
- Vocês vêm? – pergunta ela
Eles se entreolham. Nenhum dos dois quer ir.
- Vai você ,qualquer coisa nos chame...- fala Rony- e iremos onde você estiver.
Hermione olha para eles com desprezo e exclama:
- Covardes!
Dentro da floresta estava escuro. "Lummus"- diz Hermione e da varinha surge uma claridade mágica, que ilumina o caminho. O silêncio é total. Hermione se arrepende de ter entrado lá. " Mas afinal, pensa ela- sou uma bruxa." Ela segue caminhando entre as árvores, em direção de onde supõe ter ouvido os gritos com o pedido de socorro. Corujas piam, as folhas estralam no chão ao serem pisadas. Hermione tem medo....
Ao longe, ela ouve o tropel de um cavalo. Olha em torno e não há nenhum local para esconder-se. Então, ela empunha a varinha, mas felizmente é um unicórnio que se aproxima.
- O que faz esta linda menina, perdida, à noite na Floresta? Você sabe que a Floresta, seja dia ou noite, é proibida aos alunos? – pergunta ele.
- Sim, eu sei, mas acontece que ouvi gritos, e pensei que alguém estivesse em perigo.- explicou Hermione.
- Gritos? - pergunta o unicórnio.
- Sim, naquela direção.- aponta Hermione.
- Pois então, vou acompanhar você até encontrarmos alguma coisa. – afirma o unicórnio.
Acompanhada pelo unicórnio, o medo de Hermione diminui. Os minutos passavam-se, eles iam avançando Floresta a dentro, e nada era encontrado.
- Você tem certeza de que ouviu algo? – pergunta, talvez, pela enésima vez o unicórnio.
- Sim, tenho! – exclama ela, já cansada.
Ao cabo de mais alguns instantes, chegaram, a uma clareira na Floresta, e lá está alguém caído ao chão.
- Tem alguém, vamos ver quem é. – comandou o unicórnio.
- Sim,- exclama Hermione - deve ser a pessoa que gritou!
Na clareira vê-se nítidos sinais de pessoas que ali estiveram, marcas de passos, galhos arrancados de árvores, fogueiras acessas, pedras empilhadas... O unicórnio aproxima-se de quem esta deitado. Hermione observa a figura, que parece estar morta. Ela exclama de surpresa: a pessoa é Severo Snape.
- Ah! Professor Snape !- exclama estupefata Hermione.
- Quem é ele? – pergunta o unicórnio.
- Professor de Poções em Hogwarts. Como ele esta ferido, olhe...
O unicórnio abaixa-se e observa as marcas no rosto, no peito, nas pernas, em todo o corpo do professor. O rosto contraído demonstra muita dor, mas ele ainda parece estar vivo.
- Ele está vivo? – pergunta o unicórnio.
- Sim, está. – responde convicta Hermione.- Devemos levá-lo imediatamente à ala hospitalar.
- Exatamente.- concorda o unicórnio.
Hermione conjura, do nada, uma maca, e com esforço coloca o corpo inerte do Prof. Snape em cima dela. Suspende-a no ar, e pede ao unicórnio:
- Por favor, leve-nos até a saída da floresta, sim?
- Claro, linda menina...
Enquanto o unicórnio caminhava por entre a Floresta com Hermione ao lado, a maca seguia-os suspensa, até os limites da Floresta. Neste tempo de caminhada, Hermione contou ao unicórnio tudo o que sabia sobre Snape, e principalmente a briga que tiveram na aula de Poções. O unicórnio ouviu tudo atentamente e depois retrucou:
- Sei quem você é.. toda a Floresta soube dessa história da briga com Snape. Hagrid nos contou... Você é Hermione Granger, a monitora-chefe da Grifinória, não é?
- Sim, sou. – respondeu ela.
- Então, escute um conselho meu. Afaste-se de Severo Snape, enquanto ainda existe tempo. Senão, uma fina teia de aranha, poderá baixar sobre vocês, de tal maneira, que será impossível fugir dela...
Hermione ficou pasma com as palavras do unicórnio, mas não retrucou, afinal, os unicórnios eram criaturas extremamente mágicas.
O caminho de volta parecera bem mais longo, pois ela preocupava-se com Snape, que afinal de contas era um ser humano.
Ao chegarem na orla da Floresta, o unicórnio parou:
- Daqui, não posso passar, você deve seguir sozinha agora.- fala o unicórnio.
- Muito obrigada, sem você não sei o que faria. Muito obrigada, mesmo.- agradeceu Hermione sorrindo.
- Não esqueça... afaste-se de Severo Snape. – lembrou o unicórnio.
- Não se preocupe.- retrucou Hermione, que seguiu caminhando com a maca ao seu lado, pelos jardins da escola.
Ao olhar em torno, constatou que não haviam sinais de Rony e Harry. Detendo seu olhar na direção do castelo, verificou que todas as luzes estavam apagadas. "Deve ser muito tarde" – pensa ela, mas ao observar Snape ao seu lado na maca conjurada, pensa ter valido a pena o sacrifício.
Hermione sobe as escadarias de Hogwarts e lentamente vai aproximando-se da ala hospitalar com a maca a seu lado. Sente-se cansada, mas está tão perto do fim que não valeria a pena parar, e além do mais, qualquer minuto poderia ser importante para a sobrevivência de Severo Snape. Hermione bate na porta da ala hospitalar e Madame Pomfrey prontamente atende. Surpreende-se ao vê-la àquela hora, e ainda mais com o professor Snape em uma maca ao seu lado.
- Por favor, socorra o prof. Snape!- pede Hermione à Madame Pomfrey.
Em segundos, ele foi medicado, enquanto Hermione observava cuidadosamente os procedimentos cirúrgicos.
- Snape esta bem machucado.- falou Madame Pomfrey- Onde você o encontrou?
Hermione estava recostada em um sofá e numa meia-voz explica:
- Ouvi gritos na Floresta Proibida, fui olhar e o encontrei lá caído. Daí, o trouxe na maca que conjurei.
Hermione desabou de cansaço na enfermaria, mas ao cabo de duas horas estava bem desperta e levantou-se procurando Madame Pomfrey.
- Como está o prof. Snape? – perguntou ela.
- Bem. Se você quiser, pode ir para o dormitório, Srta. Granger.
Hermione pensou um pouco. Alguém sentiria a falta de Snape? Tinha certeza que não e ninguém se preocuparia com o estado dele. Ninguém ,além dela, que o havia encontrado.
- Se eu puder, gostaria de ficar ao menos até que ele acorde. – respondeu Hermione.
- Tudo bem, Srta. Granger. Sente-se ali. Se quiser, poderá ler um livro enquanto aguarda.- sugeriu Madame Pomfrey.
Hermione levantou-se ,escolheu um livro na estante e voltou para a poltrona. Tinha o livro aberto em seu colo, mas observava Snape. Sentia-se culpada agora, de tudo o que havia dito a ele, de todas as vezes que havia rido dele pelas costas, das chacotas feitas a respeito dos cabelos sebosos dele. E, que ironia do destino, justamente ela o encontrara semimorto na Floresta Proibida. E onde estariam, Rony e Harry agora? Dormindo, no mínimo, pensou Hermione entre risos.
O dia já estava amanhecendo quando Hermione ouviu ruídos de alguém mexendo-se na cama. Observando melhor, viu que Snape acordara e olhava para ela....
- O que faz aqui, Hermione? – perguntou Snape agradavelmente surpreso.
- Como o senhor está, professor?- perguntou ela.
- Bem. Meio tonto, mas bem... Como vim parar aqui?- quis saber Snape.
- A Srta. Granger o trouxe, prof. Snape...- falou Madame Pomfrey enquanto aplicava uma dose forte de algum remédio.- ela o encontrou no meio da Floresta Proibida.
Quando terminou de falar, Snape já adormecera novamente.
- Assim é melhor, adormecido ele não sentirá tantas dores. – explicou Madame Pomfrey para Hermione, que levantou-se da cadeira onde estava e enquanto caminhava em direção a porta disse:
- Madame Pomfrey, a senhora poderia ocultar o fato que fui eu que trouxe o prof. Snape até aqui?
- Claro, querida. Não se preocupe.- assegurou a Madame Pomfrey.
Então Hermione, saiu da ala hospitalar.
