Capítulo XXII – Malfoy conta tudo.

Hermione estava sentada em frente a lareira, na Masmorra de Snape, esperando ele chegar... Na realidade, ela inspecionava o ambiente.. Estivera lá incontáveis vezes... Mas, mesmo assim, ainda havia algo que a amedrontava... As geladas paredes de pedras, não eram tão frias como se poderia supor.. O ambiente era escuro, mas não demasiadamente.... O local era confortável.. mas Hermione, reconhecia.. ela não gostava de estar ali, sem Severo...

Não que ele esperasse encontrá-la ali... Mas, ela ficara com medo do dormitório feminino.. medo de que Voldemort aparecesse novamente, a levasse.. tentasse fazer algo.. ela não sabia muito bem, mas tinha certeza de que tinha medo...

Era muito tarde quando Snape chegou na Masmorra, vindo da reunião da Ordem.. Ele lembrou, divertido, do medo que Neville tinha dele.... Tirou sua capa, e preparou-se para dormir.. Ao olhar sua cama, percebeu que Hermione estava lá adormecida.... Em cima do criado-mudo estava um bilhete...

" Querido,

Desculpe ter vindo aqui.. Tive medo de dormir no dormitório..

Me acorde quando chegar.."

Snape apenas sorriu de leve. Mas, não acordou Hermione.. entendia que ela deveria estar extenuada e ao mesmo tempo se recriminava por isso.. O que estava acontecendo com Hermione era sua culpa... Ele rapidamente deitou-se na cama, abraçando-a e adormeceu....


Era de manhã.. a luz do dia, entrava pelas janelas escuras da Masmorra. Hermione acordou e lembrando-se de onde estava, rapidamente levantou e vestiu-se.. mas, diferentemente das outras vezes que dormirá, lá.. acordou Snape....

- Bom dia, querido!!!

Ele apenas abriu os olhos, ainda não bem acordado..

- Bom dia, Mione.... Ainda é tão cedo.. Onde você vai???

- Para a torre da Grifinória, Severo. Só lhe acordei para contar uma coisa... – disse ela rindo-se.

- O quê???.. disse ele, quase fechando os olhos...

- Malfoy esta namorando uma Grifinória....

Era como se um balde de água gelada tivesse atingido Snape..

- Como é, meu amor???

- O que você ouviu, Severo. Draco Malfoy está namorando uma Grifinória.... – disse Hermione, enquanto caminhava em direção a porta..

- Que é ela?? – perguntou Snape admirado..

- Depois a gente conversa..- falou Hermione na porta, enquanto lhe atirava um beijinho...

Severo Snape ficou petrificado com a notícia..


Snape não tinha o hábito de entrar no Salão Comunal da Sonserina. Lá era um reduto dos alunos e embora gostasse dos seus, sabia que eles precisavam de um local para aprontar suas próximas ações contra a Grifinória e a Lufa-Lufa.. O Salão era uma masmorra, parecida com a dele.. Embora estivesse bem decorada, com muitos sofás, o ambiente era gelado e nada acolhedor. A decoração era toda verde, e o seu ápice era uma figura do tamanho de uma parede que retratava uma cobra. O cheiro impregnado era de algo como mofo. A presença de Snape causou muita estranheza, porém rapidamente ele encontrou quem procurava...

- Malfoy.. – chamou o professor.

Draco olhou rapidamente para o professor, e embora seu coração tenha gelado de medo, ele pensou que Snape não poderia saber sobre Lindinha e por isso sorriu.

- Sim, professor Snape. No que posso lhe ajudar? – perguntou Malfoy solícito.

- Quero que o senhor me acompanhe até minha sala...

- Mas agora temos o café da manha, professor.. – explicou Draco.

- A-GO-RA! – falou Snape com sua voz totalmente letal.

Falando isso, Snape saiu da sala Comunal da Sonserina acompanhado por Draco, até sua sala.... Fez um gesto para que o aluno sentasse:

- Que história é essa, Sr. Malfoy que o senhor estaria namorando uma Grifinória? – perguntou Snape acusadoramente... Na realidade ele odiava estar fazendo isso.. Poderia escutar a voz de Draco acusando-o também, quando soubesse de seu envolvimento com Hermione.. Mas, naquele instante tudo era uma questão de hierarquia...

Draco gelou... Como Snape poderia ter descoberto isso? Ele não havia contado nada a ninguém...

- Isso é mentira, professor... – argumentou Draco tremendo.

- Não, Draco. A pessoa que me falou tinha certeza absoluta e é pessoa de toda a confiança.......

- Não professor, eu lhe digo.. Nunca namoraria uma Grifinória. – argumentou Draco, avermelhando-se...

- Fale quem é ela, Malfoy.. – falou Snape mortalmente...

- Tudo bem... eu falo.. Fiquei com medo de lhe contar.. afinal sei muito bem, que namorar uma Grifinória é um comportamento totalmente deplorável e indigno para um Sonserino...- começou Draco .

- Realmente, Draco. Mas em fim, quem é a moça....- quis saber Snape.

- Bem, a moça é.... é .... – Draco pensou um instante, jamais diria quem era sua namorada pois, Snape passaria persegui-la.. conhecia seu caráter implacável..- é Hermione Granger.. – disse, ele por fim...

Snape simplesmente começou a rir... essa era mesmo boa.. a última pessoa no mundo que namoraria Hermione era Draco Malfoy...Draco quis inventar uma namorada qualquer, e disse o primeiro nome que lhe ocorreu... Snape continuou rindo, achando a situação muito engraçada.. se ele não tivesse certeza do amor que Hermione tinha por ele, até poderia achar a situação intrigante...

- Você esta mentindo, Draco.... – disse Snape, ironicamente.

- Professor, eu estou namorando a Srta. Granger....- afirmou Draco da maneira mais convincente possível. Mas, ele não entendia o porquê do riso de Snape.. era como se, de alguma forma, o professor soubesse que ele estava mentindo

- E quanto tempo faz, que aconteceu esse fato totalmente inusitado?? – perguntou Snape, ironicamente.

- Desde o dia do baile, professor. Para falar a verdade, depois do baile... – afirmou Malfoy.

- Draco Malfoy, eu poderia enumerar centenas de motivos pelos quais você não namoraria a Srta. Granger, mas somente lhe digo que até a hora do jantar você irá me falar, verdadeiramente, quem é sua namorada.. se não o fizer.. – Snape deixou a frase em suspenso... – Se não o fizer, irei até a Grifinória tirar esse assunto a limpo. E agora dê o fora.

Draco ia saindo, quando ouviu Snape continuar a rir, e falando para si mesmo...

- Hermione.. francamente.. ele poderia ter inventado mentira melhor.

Além de preocupado, Draco Malfoy também ficou curioso... Como Snape tinha tanta certeza que ele mentia? Isso queria dizer, então...que Snape sabia, tinha certeza de quem era o namorado da Srta. Granger... E quem seria ele????


Harry esperava Hermione descer para o café-da-manhã. Queria lhe contar uma noticia muito boa... Alvo acabara de lhe dizer que Hagrid estava praticamente recuperado. Logicamente, após um ataque dos Comensais, de Voldemort, fosse de quem fosse, das Trevas... existiriam seqüelas para sempre, mas só o fato de Hagrid conseguir discernir o que dizia, o que pensava e praticar esses atos era mesmo muito importante. Alvo lhe contara também que Madame Maxime estava muito contente, e tencionava leva-lo embora, assim que lhe fosse dado alta.... Tudo isso era obra da poção que Snape desenvolvera para curar ou ao menos diminuir o efeito das maldições...

- Mione, você nem sabe... Hagrid está quase recuperado... – contou ele, empolgado para Hermione.

- Mesmo, Harry? Que ótima notícia...- falou ela, surpresa.

- Parece incrível, mas foi a poção de Snape que o curou...

- Não sei se você conhece a história dessa poção, mas o importante é que agora, as maldições não são mais incuráveis...

- Você deve saber se Snape continua desenvolvendo-a?

- Sim, Harry. Continua. Pode ser que se consiga fazer algo. Severo arrumou alguns livros.. bem você sabe, de magia negra e, é desse material que vem tirando idéias.. E está testando no Hagrid.. E que ótimo saber que está dando efeito.. Você nem sabe o quanto eu fico feliz... – explicou Mione.

- É, talvez você tenha razão, e Snape não seja tão ruim assim..... – comentou Harry confusamente, enquanto ambos saiam para o Salão Principal. Porém, haviam deixado Rony Weasley para trás, que sem querer ouvira parte da conversa.. Que estranho, Hermione chamando o professor Snape pelo primeiro nome... Muito estranho.. Mas, logicamente isso se devia a ele ser protetor de Draco Malfoy.


Depois do jantar, um amedrontado Draco Malfoy se dirigiu até a Masmorra de Snape. Por sorte, Hermione ainda não estava lá... Queria esclarecer o mal entendido que ocorrera pela manha... Não havia decidido se revelaria o nome ou não de sua namorada Grifinória...

- Ótimo que tenha vindo , Malfoy. – disse Snape quando este adentrou na Masmorra.- decidiu me falar quem é sua namorada.. ou vou Ter que ir na Grifinória para descobrir...

- Professor, eu posso lhe assegurar que é uma bruxa pura, sua família é tradicional.. e também é rica... – começou Malfoy

- Sim, Malfoy. Imaginava isso... mas tudo o que você me disse, exclui na realidade, poucas pessoas.. talvez a Srta. Weasley e a Srta. Granger.... aquela que você afirmou namorar. – disse Snape, segurando o riso.

- Nunca namoraria uma sangue-ruim.. só disse isso, porque sei que o senhor odeia Hermione e não queria que perseguisse minha namorada...

- Sei, Malfoy. E chega de rodeios.. Eu quero o nome.... JÀ.- falou Snape letalmente.

- Eu prometo que ninguém vai descobrir....- disse Malfoy.- Ninguém além do senhor...

- JÀ. – limitou-se a falar Snape.

- Lilá Brown. – falou Draco em um baixíssimo tom de voz.

- Srta. Brown!! – falou Snape surpreendido.. – Realmente reconheço que poderia ser pior. O único defeito da menina é ser Grifinória.

- Não vou lhe censurar... Só espero que isso não se espalhe.. Seria a sua desmoralização, Sr. Malfoy. Agora vá. – dispensou-o Snape.

Malfoy baixou a cabeça e saiu da Masmorra.


Após a reunião da Ordem Sacramental, Dumbledore havia pedido a Snape que entrasse em contato com Karkaroff... Ele achava que Karkaroff poderia estar dando apoio ao Lord das Trevas... Alvo também esperava que o ataque não se desse na primeira reunião dos Comensais dissidentes, mas sim na Segunda e na terceira.. Tinha certeza que procurariam atrair Snape. Em alguns lugares da Inglaterra, principalmente era sentida a presença dos seguidores de Voldemort... mas este precisaria de um braço direito a altura da missão que iria desempenhar.. essa pessoa era Severo Snape...

Snape havia acertado em cheio a respeito de Lúcio Malfoy.. o que não era de admirar-se... eles tinham sido íntimos amigos, e Snape conhecera as trevas por intermédio dele. Com a união de Lúcio Malfoy e Voldemort, ambos se fortaleceram.. Lúcio abrira mão de ser o líder do movimento, e decidira não enfrentar Voldemort. Perante este justificara-se dizendo que achava que o líder estava morto e para que o movimento não morresse tomara a dianteira. Voldemort fingira que acreditara em tudo....

Snape ao ouvir isso de Alvo Dumbledore, se perguntava como este poderia estar tão bem informado.. Ao que se sabia, não existiam espiões entre os novos Comensais. Alvo lhe respondera enigmaticamente que ele tinha seus segredos.

Severo Snape seguindo as orientações de Alvo, marcou via coruja, um encontro com Karkaroff no local previamente combinado.. A única orientação que achara difícil de seguir, era a de levar Hermione junto, porém Alvo lhe afirmara que não haveria o menor perigo.. Não desta vez.


Naquela noite de Sábado, Snape e Hermione desaparataram na porta de um local, aparentemente imundo, em Londres... Severo pedira a ela que se vestisse de forma muito discreta, para não chamar atenção.. Aquele local especificamente , lhe recordava seus tempos de Comensal, pois costumava se reunir com Lúcio, naquele ponto para beberem cerveja amanteigada. Hermione estava assustada e agarrava fortemente a mão de Snape, que acabou por abraça-la, pedindo que não tivesse medo. Ao entrarem no local, Hermione percebeu que este era encantado.. Era lindo, com janelas que espelhavam diversas paisagens do mundo e com salões com o nome de todas as escolas de bruxaria existentes, que poderiam ser enormes ou diminutos, de acordo com o tamanho do grupo que estivesse ocupando-o... Alguns estavam minúsculos, com apenas um casal, ou uma pessoa sozinha dentro e outros, enormes parecendo ocupar o bar inteiro, com mais de 50 pessoas... Ao fundo uma banda musical encantada, que estava sem nenhum músico, tocava os sucessos do mundo bruxo, para animar o ambiente. Porém em cada um dos salões, ouvia-se a música que queria-se, e a qualquer volume, sem interferir nos demais. No salão chamado "País do Futebol", que correspondia ao Brasil, por exemplo ouvia-se pagode cantado por uma roda de bruxos, enquanto algumas bruxas e outros bruxos que também estavam por ai, dançavam ao som da canção.

Snape e Hermione procuravam o salão cujo nome era Hogwarts... Dentro dele estava um homem que ambos conheciam muito bem... Igor Karkaroff.. Eles se dirigiram instantaneamente para lá, entrando no salão. Era como se uma fina camada separasse quem estava fora e quem estava dentro dos ambientes... Ali, tocava a sinfonia Verão, das Quatro Estações, de Vivaldi, cujo volume tornou-se apenas pano de fundo com a entrada do casal.

- Severo, mas que prazer enorme revê-lo. Srta. Granger. – falou Karkaroff cumprimentando-o. Os homens deram-se as mãos, numa fingida prova de amizade.

Naquele instante, um garçom mágico apareceu flutuando e Snape e Hermione fizeram seus pedidos, que apareceram instantaneamente.

- Ando amedrontado, Severo. – comentou Karkaroff

- Porque Igor? – perguntou Snape surpreso. Hermione por sua vez, não tirava os olhos de Karkaroff.

- Lord das Trevas está me pressionando para que me una a ele...

- Realmente, Igor? E você? – perguntou Snape.

- Não sei o que fazer.. não quero me unir a ele. Mas tenho medo de não o fazer. Ele poderá me matar...

- Olhe, Igor. Talvez não seja eu a pessoa mais indicada para lhe dar conselhos, pois já vivi esse mesmo dilema e creio não ter resolvido de forma satisfatória... Mas, acho....

- Fale, Severo.. Sempre fomos amigos.... – pediu Karkaroff.

- Seja, o que for que você decidir, estará se arriscando de qualquer forma, Igor. Seja lá, ou aqui.. na realidade os riscos não diferem muito... Eu creio que o que importa não é que lado estejamos do front.. mas o fato de estarmos nele.

Hermione se surpreendera com que o Snape havia dito. Mas a vida real funcionava assim mesmo....O que importava mesmo era estar na guerra.. o lado de que se estava era secundário.

- Você voltaria, Severo? – perguntou Karkaroff

- Voltaria, você diz.. para o lado de Voldemort? – quis confirmar Snape.

- Não, Igor. Não voltaria. Não sei para que você me fez essa pergunta, se já sabia a resposta. – respondeu Snape friamente

- Já imaginava isso.... – respondeu Karkaroff, enquanto observava o anel de Comensal da Morte, que pertencia a Snape, no dedo de Hermione.

- Foi você que desenvolveu a poção que curou o guarda-caça de Hogwarts, não é Severo? O Lord me contou que foi sob a proteção dele que você começou essa pesquisa. – contou Karkaroff, sem se dar conta de que havia entregue que andara falando com Voldemort recentemente.

- Ele não mentiu, Karkaroff. Mas, agora, uso a poção a serviço de quem eu quero.... – disse Snape

Ao dizer isso, Snape levantou-se, seguido por Hermione e foi caminhando em direção a porta do Salão.

- Igor, não conte comigo se você resolver ficar com Voldemort... Mas, se decidir apoiar Alvo estaremos sempre prontos para te receber.

Hermione e Snape saíram do Salão, e , quando já estavam na rua, desaparataram de volta a Hogwarts.

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Capítulo XXI