Título da Fic: A Sabedoria De Um Tolo

Autora: Flora Fairfield

E-mail: florafairfield@yahoo.com

Categoria: Romance/Drama

Classificação: PG-13

Sinopse: Continuação de 'Amor da Vida Nossa': A Guerra toma conta do mundo mágico e Draco Malfoy acaba se encontrando onde nunca se imaginou: no meio da tempestade. Ele quer fazer a coisa certa, e está tentando fazer a coisa certa, mas... será que ele está preparado para isso? D/G Pós-Hogwarts

Disclaimer: Eles não são meus. São da Rowling.

N/A: Como sempre, eu quero agradecer às reviews e aos emails tão carinhosos. Desse jeito, vocês me fazem querer escrever sempre melhor! Muito obrigada!!! :o)))

N/A2: Bom, aqui está o capítulo 5 e como eu sou muito má, eu não vou dizer se a Gina está ou não nele. Você vão ter que ler para descobrir...

*   *   *

Capítulo 5: Sexto Sentido

12 de março

A paisagem através da janela do trem era bonita. O inverno estava no fim e a terra tinha aquela aparência de renascimento, com a proximidade da primavera. As árvores, as flores, os campos, todos se preparando para crescer e florescer. A neve já havia praticamente derretido e a paisagem que há pouco tempo atrás estivera branca e estéril, começava agora a explodir em cores exuberantes.

Com as costas apoiadas no assento da cabine e os olhos cinzentos fechados, Draco Malfoy não poderia se sentir mais diferente do mundo ao seu redor. Enquanto a terra em si transpirava o retorno da vida, ele se sentia ainda como se estivesse em pleno solstício de inverno, escuro e dormente, esperando por algum sinal da luz que ainda demorará para iluminar o mundo. Desde que saíra da Espanha, Draco estava se sentindo assim: morto por dentro. Talvez fosse por causa da consciência pungente de que ali não era o lugar onde ele gostaria de estar, talvez fosse por causa da admissão final dos seus sentimentos, ou talvez ainda fosse a saudade pura e simples. A verdade é que cada passo que ele dava, cada gesto que fazia, cada palavra que dizia servia apenas para lembrá-lo de como ele não estava com ela e de como ele nunca poderia estar.

Quando o trem finalmente chegou à estação, Draco abriu os olhos de forma mecânica. Levantou-se, pegou a bagagem e saiu para o corredor. Para completar o seu estado de inferno astral, ele tinha sido obrigado a viajar como trouxa para não chamar atenção. Estava carregando uma informação importante que não poderia ser arriscada de forma alguma. Controlando a sua impaciência e a sua irritação crescentes com todas aquelas pessoas ao seu redor, ele conseguiu desembarcar na plataforma. Ninguém sabia que ele deveria estar chegando naquele trem, então não havia ninguém esperando-o. Na realidade, todos achavam que ele estaria viajando apenas no dia seguinte, mas, depois que descobrira indícios de que haveria um traidor infiltrado no grupo, Draco decidira antecipar a viagem e não avisar nenhuma alma.

Do lado de fora, ainda estava um pouco frio, então ele fechou bem o casaco e começou a andar, prestando bastante atenção às pessoas ao seu redor. Ele já estava ficando paranóico com isso, mas era necessário saber se não havia ninguém conhecido vigiando, ninguém pronto para atirar um feitiço no instante em que ele virasse as costas. Daquela vez, entretanto, não havia, e ele conseguiu sair tranqüilamente da estação e pegar um táxi que o levou até um prédio aparentemente abandonado na cidade de Berlim. Draco sabia que uma reunião estaria começando em poucos minutos e ele esperava chegar ainda a tempo de interrompê-la para fazer o seu relatório.

Nas últimas semanas, as atividades de Voldemort vinham se intensificando e a situação estava bastante tensa. Todos sabiam que algo grande estava para acontecer, mas ninguém sabia onde ou quando. As coisas na Alemanha estavam muito mais sérias do que na Espanha e o próprio Lupin planejava viajar para coordenar a ação deles pessoalmente. Diante disso, as notícias que Draco trazia não poderiam ser piores. Ele tinha, inclusive, avisado ao ex-professor de Defesa Contra as Artes das Trevas para não viajar, ou então, para não avisar quando estaria viajando porque, se era verdade que havia um traidor entre eles, ninguém estava mais seguro.

Sem dizer uma palavra, Draco pagou ao motorista do táxi e desceu, entrando imediatamente no prédio. Os trouxas o viam como abandonado e, na realidade, a maior parte dele estava realmente abandonada, mas uma parede no segundo andar escondia uma passagem que levava à sala de reuniões que eles usavam de vez em quando. Eles nunca se reuniam sempre no mesmo lugar por questões de segurança.

A sala era pequena, mas bem organizada. Tinha apenas uma mesa redonda com seis lugares, onde no momento, estavam sentados quatro aurores alemães e Guilherme Weasley. Tinha sido um suplício trabalhar com um Weasley, mesmo ele não sendo Rony, e Draco apenas conseguia suportá-lo - nada mais - e com certeza o sentimento era mútuo. Os dois procuravam não trocar muitas palavras seguidas, o que não era difícil, porque Draco estava ainda mais seco do que o normal - se é que isso é possível. Naquele dia, entretanto, Malfoy não pretendia ficar calado. Ele tinha muito o que falar.

- Que bom encontrá-los todos aqui reunidos! - ele exclamou sem dispensar seu tom irônico. Teoricamente, essas reuniões deveriam acontecer apenas na presença dos seis, mas ele sabia que os outros aproveitavam qualquer oportunidade que tinham para falar longe dele.

- Malfoy, o que você está fazendo aqui? - Gui perguntou, surpreso e ao mesmo tempo um pouco constrangido, como os outros - Concluiu a missão mais cedo?

- Missão? Que missão? - Draco respondeu com sarcasmo - Ah, você está se referindo à armadilha que prepararam para mim?

- Armadilha? - perguntou um dos aurores.

- Sim, armadilha. Por muito pouco, eu não volto para cá em uma pequena caixa preta. Isso se eles deixassem partes suficientes minhas inteiras para serem enterradas! Mas, pensando bem, vocês não achariam isso assim tão ruim, não é mesmo?

- Espere aí, Malfoy! - Weasley interrompeu, levantando a voz - Uma coisa não tem nada a ver com outra. Todos aqui acreditavam que a dica do informante era verdadeira e era importante que você conseguisse a informação sobre os próximos ataques, então nós queríamos que você fosse bem sucedido! O que diabos aconteceu?

- Aconteceu que eles sabiam quem eu era e quando eu chegaria. Sabiam de tudo.

- E como você sobreviveu?

- Sorte. Pura sorte - ele respondeu, omitindo uma parte da história. A verdade é que desde o atentado contra sua vida na Espanha, Draco vinha prestando mais atenção aos avisos que seu senso de perigo enviava-lhe e isso já lhe havia salvado um punhado de vezes. Nenhuma delas, contudo, de forma tão drástica quanto a última. Ele tinha certeza de que se não tivesse pressentido que havia algo errado, estaria morto agora. Ou pior.

- O informante, então, era sujo - disse uma aurora do grupo.

- Não necessariamente - Draco respondeu.

- Como assim 'não necessariamente'? - perguntou Weasley - Se eles sabiam que você iria, então a informação era falsa. Foi tudo armado.

- Que foi tudo armado não há dúvida. A questão é: por quem? Eu não acho que tenha sido o informante.

- Por que não? - perguntou de novo a aurora.

- Talvez pelo pequeno detalhe de que ele está morto.

- Isso não quer dizer nada. Pode ter sido feito apenas para nos despistar.

- Sim, pode. Mas eu não acredito nisso - repetiu Draco.

- Se você não foi o informante, então quem foi, Malfoy? - perguntou Weasley.

- Um de vocês.

- Você não pode estar falando sério! - falaram praticamente todos juntos.

- Eu estou falando muito sério! - Draco respondeu, batendo com a mão na mesa - Eu nunca falei tão sério antes. E eu tenho certeza de que entre nós existe um traidor. E nós não deveríamos sair dessa sala antes de descobrirmos quem ele é! - completou, sentando-se finalmente no seu lugar. Por alguns instantes, todos se entreolharam, preocupados. A acusação que pairava no ar era muito séria e muito perigosa para ser tratada levianamente.

- Quem nos garante - falou por fim um dos aurores alemães - que você não está inventando essa história toda apenas para nos confundir, Malfoy? Quem nos garante que você não é o traidor?

- Nossa! Que plano brilhante o meu! - Draco exclamou com ironia - Primeiro, mato o informante e engano vocês, depois eu entro na sala e conto tudo o que eu fiz e ainda sugiro que nós fiquemos aqui até tirarmos essa história toda a limpo! Realmente brilhante!

- Você pode ter segundas intenções em nos manter trancados nessa sala - o auror respondeu, a voz macia como a de uma serpente - não é mesmo?

- Está certo. Eu sou o traidor. É nisso que vocês querem acreditar? Pois então, acreditem! - Malfoy falou, se levantando - Agora, saibam de uma coisa: eu sei que um de vocês é o espião e eu garanto que eu vou descobrir qual, e, quando eu tiver terminado com ele, não vão sobrar nem de longe partes suficientes do seu corpo para encher a caixa preta que era destinada a mim. Ninguém - absolutamente ninguém - trama contra a vida de um Malfoy! - ele completou, batendo com a mão novamente na mesa. Depois de olhar para os outros por um instante, virou-se e saiu, deixando a porta fechar violentamente às suas costas.

Aquilo era um absurdo. Um total e completo ultraje. Então, ele ia procurá-los com as melhores intenções - na medida do possível para um Malfoy - e acabava saindo como principal suspeito?! Draco estava furioso. Mais do que isso até. Ele estava pronto para acabar com a primeira pessoa que lhe dirigisse duas palavras seguidas. Sem parar para se acalmar, ele saiu para a rua e começou a andar. O hotel onde ele costumava ficar era perto e ele estava com raiva demais para se arriscar a pegar um táxi. Sentia-se absolutamente traído. Já fazia mais de três anos que ele lutava naquela maldita Guerra e as pessoas ainda duvidavam. Ele se arriscara tanto quanto os outros, quase morrera. Ele dormia e acordava pensando em maneiras de derrotar o Lorde das Trevas para que o inferno acabasse e as pessoas ainda duvidavam! Por que ele deveria se importar com elas? Por que deveria fazer alguma diferença para ele se elas iriam viver ou morrer? 'Que morram todos!' ele pensou, no auge da sua raiva, 'Menos o espião, é claro, porque esse quem vai matar sou eu', Malfoy completou mentalmente. Se Lupin estivesse ali, as coisas seriam diferentes, ele sabia. Draco nunca pensara que algum dia veria vantagens em ter o lobisomem por perto, mas a verdade era que Remo fazia uma falta imensa. 'Pelo menos ele não está desconfiando de tudo o que eu faço e digo a cada minuto!'.

Quando Draco finalmente chegou em frente ao hotel, continuava furioso, mas havia se acalmado o suficiente para entrar e pedir a chave do quarto sem matar o recepcionista. Não era um hotel luxuoso, o que ele consideraria um absurdo em qualquer dia normal, mas naquele em particular, a raiva ainda era tanta, que ele esqueceu-se até de reclamar. Sem dizer 'obrigado' depois de pegar a chave, Malfoy subiu direto as escadas para o quarto que ficava no segundo andar. Depois que entrou e fechou a porta, ficou sem saber exatamente o que fazer. Ele não deveria sequer estar ali, afinal, seria o primeiro lugar em que qualquer pessoa iria procurá-lo, mas Draco obviamente não estava pensando com clareza quando saiu da reunião.

Deixando-se cair em uma poltrona, ele levou as mãos à cabeça. Tinha começado a perceber tudo o que fizera por impulso na última hora. Ele não deveria, em hipótese alguma, ter saído da sala daquela forma. Não deveria ter deixado a raiva tomar conta das suas atitudes. Ele era um Malfoy, pelo amor de Deus! Deveria ter se comportado como um, mas agora já era tarde demais. E o orgulho nunca o permitiria voltar e pedir desculpas. Nunca.

Decidindo-se que a maneira mais produtiva de gastar o seu tempo agora, seria pensando em uma maneira de desmascarar o espião, Draco levantou-se, tirou o casaco, jogando-o em cima da cama e pôs a mente para funcionar. Afinal de contas, ele era da Sonserina e sonserinos eram especialistas em planos inteligentes. Não foi muito tempo depois disso, umas duas horas, talvez - que ele passou andando de um lado para o outro no quarto - que Draco ouviu leves batidas na porta.

Algo dentro dele sabia quem era mesmo antes de ver pelo olho mágico. Ele tentou dizer para si próprio que era apenas dedução lógica, já que ela era a pessoa mais provável de ir vê-lo, mas havia algo além disso. Uma razão mais misteriosa.

- O que você está fazendo aqui? - ele perguntou, abrindo a porta.

- De mau-humor, eu presumo - ela respondeu, sorrindo maliciosamente - Não se preocupe. Eu não vim para conversar - completou, entrando no quarto.

Draco fechou a porta atrás dela e, ao girar a maçaneta, ele sabia. Sabia que algo estava extremamente errado.

- A reunião acabou, então? - ele perguntou, virando-se para ela, que tinha sentado-se em uma poltrona e estava desamarrando as botas.

- Deus, não! Eles ainda estão falando. Mudaram de lugar, lógico. Mas ainda estão discutindo - a mulher respondeu. Ela era a aurora alemã que estivera na sala com eles há pouco tempo atrás.

- E por que você não está junto? - ele perguntou, avaliando-a meticulosamente. Ela era uma mulher bonita. Muito bonita, na realidade. E ruiva - isso foi a primeira coisa que chamara a atenção de Malfoy. Tirando isso, contudo, ela não se parecia em nada com Gina. Era ousada e maliciosa de uma forma que a outra nunca seria. Draco não gostara dela à primeira vista e continuava não gostando muito, mas, de certa forma, ela era a única pessoa com quem ele se sentia confortável ali, porque ela oferecia exatamente o que ele queria: nenhum envolvimento emocional.

- Não é óbvio? - Frida respondeu, terminando de tirar as botas - Eu achei que você iria precisar de mim mais do que eles - ela completou, levantando-se e começando a desabotoar a blusa.

- Onde eles estão? - Draco perguntou, colocando as mãos nos bolsos.

- Por que você quer saber? - ela retrucou, se aproximando e passando os braços ao redor do pescoço dele - Pensando em ir procurá-los?

- De maneira alguma - ele respondeu, abraçando-a de volta - Apenas curioso - continuou, inclinando-se e beijando-a.

- Estão na sala perto do Ministério - Frida respondeu depois do beijo, saindo do abraço e sentando-se na cama - Você não vem? - ela perguntou, sorrindo novamente com malícia nos olhos.

- Claro - Draco respondeu, sorrindo de volta.

Ele se aproximou da cama devagar. Sabia exatamente o que tinha que fazer. No momento em que ela passou pela porta, ele soube. De alguma forma, ele soube: tinha certeza agora de que estava diante da espiã que tramara a sua morte e que, provavelmente, viera aqui procurando terminar o serviço. Ainda sorrindo, Malfoy apoiou o joelho na cama e se inclinou sobre ela, cuidadosamente deslizando os seus braços sobre os dela, até que suas mãos estivessem ao redor de ambos os pulsos de Frida. Num movimento rápido, então, ele se levantou, puxando-a junto e prendendo as mãos dela para trás.

- Draco... O que isso significa?... - ela perguntou.

- Tem certeza que você não sabe? - ele retrucou, sua voz baixa e firme, seca e mortal.

- Draco, o que... - Frida começou, mas parou ao se deparar com o olhar gélido, de pedra que Malfoy lhe lançou.

- Eu sei quem você é. Não negue.

- Você está maluco! - ela exclamou, tentando se soltar. Draco apenas a segurou com mais força.

- Estou? Eu acho que não. Acho que você é a cobra que tramou a minha morte.

- Draco, eu não faria isso... Você está me machucando! - ela falou, ainda lutando para se soltar.

- É essa a intenção! - ele respondeu, prendendo-a com ainda mais força - Há quanto tempo? - continuou - Hein? Você trabalha para Voldemort desde o início ou resolveu mudar de lado depois? Me responda! - Draco gritou quando ela permaneceu sem falar nada.

- Eu não sei do que você está falando! - Frida gritou de volta.

- Sabe sim! - Draco a sacudiu.

- Me solta!

- Você quer que eu te solte? Muito bem, então - ele disse, usando uma das mãos para segurar os pulsos dela enquanto usava a outra para procurar a varinha de Frida que estava escondida em um bolso especial nas calças dela. Quando a encontrou finalmente, Malfoy empurrou a mulher violentamente para o chão, puxando a sua própria varinha e apontando-a diretamente para ela - Assim está melhor?

- Seu desgraçado! - ela falou - Olha o que você fez nos meus pulsos! - Frida exclamou, ainda caída no chão. Ao redor dos seus pulsos, havia marcas vermelhas que com certeza se transformariam em hematomas mais tarde - Seu desgraçado!

- Cuidado com o que diz, Frida. Eu posso não gostar.

- Não seja estúpido - ela disse, fazendo menção de se levantar.

- Não, não! Mexa-se de novo e você está morta.

- Você não vai me matar! Qual utilidade eu teria morta?

- Ah! Então você desistiu de negar, não é mesmo?

- Não, mas se você acha que eu sou uma espiã, vai querer me interrogar, não é mesmo? Descobrir todos os meus 'planos' - Frida respondeu, sem esconder o tom irônico de suas palavras.

- E você acha que eu me importo? Que eu realmente me importo? Não se engane. A única coisa que me interessa é que você tentou me matar. Não espere nenhuma misericórdia. Eu ainda sou um Malfoy.

- Ora, por favor! Se você estivesse preocupado em honrar o nome da família, não teria se juntado à Ordem de Fênix!

- Por acaso eu estou percebendo um tom de amargura na sua voz? Seria a espiã mostrando a sua verdadeira face?

- Ah, cala a boca, Malfoy! O único traidor aqui é você! Mas não se preocupe. Pode não ser através das minhas mãos, mas você vai receber o fim que merece!

- Então era esse o seu objetivo? Me matar? Me capturar? - ele perguntou, sem desviar nem por um instante a varinha.

- A humildade nunca foi uma das suas virtudes, não é mesmo? O meu objetivo sempre foi muito maior do que esse. Você era apenas o bônus - ela respondeu, sorrindo com escárnio.

- E qual era o seu objetivo? Roubar informação? Nos vigiar? Matar-nos todos? - Draco perguntou e ela apenas deu uma gargalhada. Aquela resposta foi como uma inspiração súbita. Frida sabia que seria descoberta desde que Malfoy voltara de viagem. Seria apenas uma questão de tempo e sua melhor chance era tentar eliminar todas as evidências de suas ações antes que fosse exposta - Onde eles estão? - Draco perguntou, finalmente compreendendo.

- Eu pensei que você não se importasse.

- Onde eles estão? - repetiu - O QUE VOCÊ FEZ COM ELES? - Malfoy gritou, dando um passo à frente.

- Eles estão onde eu disse que estavam. Quanto ao que eu fiz... de que importa? Já é tarde demais de qualquer forma.

- O que você fez com eles? - Draco perguntou de novo, pronunciando vagarosamente cada sílaba. Quando a única resposta que ele conseguiu foi uma risada, ele deixou a raiva começar a dominá-lo. Frida continuava rindo do chão. Subitamente, ela levantou o rosto e disse para Draco:

- Sabe, Malfoy, as coisas não precisam terminar assim. Quer dizer, eu posso ter tentado te matar, mas eu tenho certeza que, se você se arrependesse, o Lorde das Trevas poderia recebê-lo de volta - ela continuou com um sorriso malicioso - É claro que você receberia alguma punição, óbvio! Mas desde que entregasse todas as informações que tem sobre a Ordem e seus planos, seria poupado no fim. E nós poderíamos, bem, continuar o que começamos.

Draco fechou os olhos por um momento ao ouvir isso. Alguma parte dentro dele - a parte que ainda mantinha vivos todos os ensinamentos do seu pai - hesitou ao escutar a proposta. Ele sempre soube que aquele dia chegaria. O dia em que a sua lealdade seria posta à prova. Uma coisa teria sido simplesmente fugir, recusando a Guerra como um todo, como ele planejara a princípio. Outra coisa completamente diferente era se aliar àqueles que deveriam ser seus inimigos. Até então, Draco vinha agindo exemplarmente. As pessoas ainda duvidavam, claro, porque ele era um Malfoy, mas qualquer um que não soubesse disso, não poderia questionar sua lealdade. Por um instante, ele olhou para a mulher, contemplando o que tinha diante de si. Depois, com calma, e surpreso com a firmeza da sua  própria voz, ele estendeu um pouco mais o braço da varinha e murmurou:

- Petrificus totalus - imediatamente, o corpo de Frida ficou rígido, as pernas grudadas e os braços retos, ao longo do corpo - Sinto muito, querida - ele disse, então, com sarcasmo - mas eu devo recusar a oferta - e com isso, aparatou para a entrada da sala de reuniões que ela indicara como paradeiro dos outros. Murmurando a senha para a porta, que se abriu instantaneamente, ele entrou e se deparou com uma cena mórbida: os quatro estavam ao redor da mesa, caídos, aparentemente mortos.

Draco aproximou-se, então, e cuidadosamente checou os pulsos deles para confirmar as mortes. Dois aurores alemães já tinham, realmente, morrido. Não havia nada que ninguém pudesse fazer, mas Weasley e um terceiro auror ainda tinham pulsos fracos. Sem hesitar, Draco acendeu a lareira e convocou via flu o Ministério. Em pouco tempo, o local estava infestado de agentes investigando, procurando a causa das duas mortes. Em pouco tempo, eles encontraram um dispositivo trouxa enfeitiçado para liberar gás monóxido de carbono na sala e depois 'sugá-lo' de volta, destruindo os vestígios. Os dois sobreviventes ao atentado foram levados para o hospital, enquanto Malfoy levava outros oficiais até o seu quarto, para prender a espiã e interrogá-la.

Um pouco de veritaserum foi suficiente para fazê-la revelar tudo o que sabia. Draco assistiu ao interrogatório e, quando ele terminou, teve certeza de que tinha em suas mãos muito mais do que imaginara a princípio. Ele precisava ir para a Inglaterra e precisava ir o mais rápido possível, sob pena de pôr a perder tudo pelo qual eles vinham trabalhando. O destino de toda a Guerra estava em jogo.

O Ministério Mágico Alemão noticiou, então, a morte dos seis integrantes do grupo - incluindo a espiã - numa tentativa de despistar Voldemort, enquanto uma mensagem codificada foi enviada para Hogwarts contando a verdade e avisando sobre chegada de Draco. Ele deveria partir logo e deveria levar consigo Frida para que ela pudesse repetir o que dissera na frente do Conselho da Ordem.

Foi então em meio à confusão da Guerra e ao medo da derrota, que Malfoy se preparou para enfrentar o seu maior demônio. Ele arrumou as malas, ajeitou o uniforme, abotoou o casaco e, sem olhar para trás, abandonou a vida que levara durante os últimos meses. Estava na hora de parar de fugir.

- Malfoy! - ele ouviu uma voz chamando-o assim que desembarcou na estação de Hogsmeade. Não pôde deixar de se sentir confortável ao ver que quem o esperava era Snape, com sua expressão impenetrável e sem demonstrar emoção excessiva por revê-lo, como cabe a um bom sonserino.

- Severo - Draco falou, com um cumprimento de cabeça quando se aproximou - A carruagem vai nos levar à Hogwarts?

- Não há tempo para isso - o outro respondeu - Demoraria muito para convocar uma reunião completa do Conselho, e a mensagem dizia que o assunto era urgente.

- E é.

- Então venha. Nós vamos nos reunir aqui mesmo em Hogsmeade - Snape disse, já começando a caminhar para fora da estação - Essa é a espiã? - ele perguntou, referindo-se a Frida, que Draco conduzia dopada ao seu lado.

- Sim.

- Maldição Imperius? - o outro indagou, notando que a mulher seguia docilmente.

- Não. Ela poderia tentar resistir. Eu dei-lhe, então, uma mistura especial de poção calmante.

- Bem pensado - Snape observou, sem esconder o orgulho pela solução que Malfoy empregara - Aqui estamos - ele completou, parando em frente ao Três Vassouras.

Os dois entraram, então. O lugar estava vazio, exceto pelos poucos membros da Ordem presentes: Black, McGonagall, Weasley-pai, Figg, Moody e Dumbledore, é claro. Com uma onda de satisfação, Malfoy notou que Potter não estava ali, mas sua felicidade foi estragada quando Black se dirigiu a ele, sem esconder seu desprezo, perguntando:

- Então, Malfoy, qual o motivo desse teatro todo?

- Teatro? - Draco retrucou, se controlando - Eu tenho certeza que você vai mudar de idéia quando ouvir o que ela tem a dizer - completou, puxando uma cadeira e fazendo Frida se sentar - Prof. Snape - ele falou e Severo imediatamente se aproximou, ministrando a ela algumas gotas de veritaserum - Então, Frida - Malfoy disse depois que ela havia engolido a poção - Conte-nos sobre os planos de Voldemort para a noite de hoje...

Assim que ela abriu a boca, todos entenderam a gravidade da situação e a necessidade de se agir rápido. Um movimento em falso e tudo poderia ser perdido.

- Você não foi com os outros para a Fortaleza Negra, Severo? - perguntou Draco ao encontrar o professor de poções no seu antigo escritório em Hogwarts. O castelo estava consideravelmente mais vazio do que o normal depois que um grande número de oficiais partiu para a Fortaleza. Os planos que Frida revelara referiam-se à tentativa que Voldemort pretendia empregar naquela noite para retomar o castelo que ele perdera. O Lorde das Trevas iria usar uma passagem secreta que a Ordem não havia descoberto durante a invasão e, tendo a surpresa como aliada, provavelmente teria sido bem sucedido. Uma derrota como essa, quando a Guerra estava se aproximando do seu ápice, poderia ser determinante, tanto pelas mortes que causaria quanto pelo impacto moral. Quando Draco descobriu o plano, então, não confiou em mandar a notícia por uma mensagem. E também não sabia se seria realmente levado a sério. Carregando Frida, contudo, para testemunhar diante de todos, ele conseguiu o efeito esperado.

- Não - respondeu Snape - Quase todos foram, incluindo Dumbledore. Alguém precisava ficar para assumir o comando aqui.

- Dumbledore foi? - Draco perguntou, surpreso. Ele não participara diretamente dos planos de defesa. Assim que eles conseguiram todas as informações pertinentes sobre o ataque interrogando Frida, mandaram Malfoy para Hogwarts, levando-a, com instruções de continuar interrogando-a para descobrir tudo o que ela sabia, não só sobre esse ataque, mas também sobre qualquer outro plano de Voldemort do qual ela pudesse ter conhecimento. Para a infelicidade de Draco, um Weasley o acompanhou nessa tarefa - não era Rony e não era um dos gêmeos, mas ele não sabia o nome dele - então sua tarde foi gasta numa sala nas masmorras, fazendo perguntas que eram respondidas mecanicamente e sendo observado de perto por um Weasley.

Quando eles finalmente decidiram que não iam conseguir mais nenhuma informação, prenderam-na em uma cela. Se dependesse de Malfoy, ela teria ficado esquecida lá, mas Weasley colocou alguém para vigiá-la - já que o efeito da poção calmante não duraria para sempre - e mandou um elfo doméstico levar comida. Não deixou também de fazer um comentário desaprovando os hematomas nos pulsos dela, mas Draco simplesmente deu os ombros, sem prestar atenção. A última coisa de que ele precisava era receber uma lição de moral de um Weasley.

Saindo das masmorras, eles foram falar com Dumbledore que dispensou Malfoy, agradecendo-o por tudo e dizendo que ninguém mais do que ele merecia descansar. Draco ficou aliviado de saber que não teria que se envolver pessoalmente nessa batalha. Por mais que não quisesse admitir, estava sim, cansado e não queria outra coisa que não tomar um banho, se jogar na cama e fingir que quando acordasse, descobriria que a Guerra não passara de um pesadelo particularmente ruim.

Ele foi, então, para o aposento que lhe havia sido designado. Sua mala já estava eficientemente no chão, ao pé da cama. Sem realmente prestar atenção no que estava fazendo, Draco pegou sua roupa na bagagem e foi tomar o banho que queria. Quando voltou, sentindo-se consideravelmente melhor, foi que ele percebeu que estava exatamente no quarto em que havia ficado antes, há mais de um ano atrás. Até aquele momento, ele tinha sido bem sucedido em afastar todos os pensamentos dela da sua mente. Ele estivera, afinal, deveras ocupado. Mas de alguma forma, ela encontrara um jeito de se fazer lembrada. Ele sabia que seria inútil agora tentar dormir. Não conseguiria parar de pensar em Gina por mais que tentasse. Nunca conseguia. Por isso, ao invés de deixar-se cair na cama como planejara, ele saiu, num ato de impulso, para procurá-la.

Foi andando pelos corredores do castelo com o coração batendo acelerado, quase tremendo de antecipação. Ao chegar na enfermaria, contudo, não a encontrou. Ele nunca pensou que ela não estaria lá - Gina estava sempre trabalhando. Ouviu alguém perguntar o que ele queria, se estava procurando alguém, mas não respondeu. Apenas se virou e foi embora. Por um instante, pensou em procurá-la nos aposentos dela. Estava quase indo quando mudou de idéia, contudo. Seria extremamente difícil explicar o que ele estava fazendo no quarto dela caso alguém aparecesse e ele não queria sequer imaginar a possibilidade de encontrá-la nos braços de Potter.

Sem conseguir achá-la, então, e também sem conseguir voltar para o seu quarto, Draco andou um pouco a esmo pelo castelo, vendo o movimento das preparações e, por fim, seus pés acabaram por levá-lo às masmorras quando todos que iriam partir para a Fortaleza Negra já haviam partido. Não esperava encontrar Snape lá. Apenas se sentia confortável andando pelos caminhos conhecidos das masmorras. Não ficou, contudo, muito irritado por encontrá-lo. Era bom ver uma cara amiga para variar.

- Sim - Severo respondeu a pergunta que Draco fizera - Dumbledore foi. Todos estão esperando uma batalha difícil.

- Mesmo sabendo com antecedência?

- Mesmo assim. É claro que sem o seu aviso ela seria impossível, Draco - Snape disse observando seu ex-aluno sentar-se em uma das cadeiras em frente à sua escrivaninha - Agora é apenas difícil.

- Nós já vencemos batalhas difíceis antes.

- Sim, já.

- Quem foi para a Fortaleza?

- Todos os membros da Ordem que estão na Inglaterra exceto eu e você, é claro, fora os outros.

- Todos os membros? - Draco perguntou surpreso, sem conseguir deixar de acrescentar mentalmente 'Ah, então Potter não está no castelo!' - Isso não é uma imprudência?

- Se nós perdermos essa batalha, provavelmente a Guerra estará perdida também, então não, não é uma imprudência. É uma necessidade. Ao menos assim, teremos a garantia de colocarmos em prática os nossos próprios planos.

- Que planos?

- Não se preocupe. Você esteve longe tempo demais, mas logo ficará sabendo de tudo.

- Potter está na Fortaleza Negra, então? - Draco perguntou só para confirmar. Snape confirmou com a cabeça - E Weasley? - ele completou, pensando em Gina e subitamente preocupado com ela. Não havia antes considerado a possibilidade dela estar na batalha.

- Por acaso é possível separar aqueles dois? - Severo respondeu, inadvertidamente fazendo com que Malfoy sentisse um punhal sendo atravessado no seu coração - Ou melhor, eu devo dizer: por acaso é possível separar aqueles três? Onde Potter vai, Granger e Weasley com certeza vão atrás!

- Ah! - Draco disse aliviado - Você estava se referindo ao Weasley!

- Não foi dele que você perguntou?

- Não. Eu perguntei da garota Weasley.

- A garota Weasley? - Snape repetiu, sem esconder sua surpresa - Por que a pergunta?

- Nada em particular - mentiu Draco. O professor sabia que ele estava mentindo, mas não disse nada. Apenas lhe lançou um olhar interrogativo e falou:

- Bem, ela está com eles também.

- Está? - Malfoy perguntou, por um momento falhando em esconder a sua preocupação.

- Sim. Ela é Ordem de Fênix agora.

- Ela foi aceita na Ordem? - Draco perguntou surpreso. Realmente ele estivera muito tempo longe - Quem a indicou? - completou, esperando ouvir 'Potter' como resposta.

- McGonagall.

- McGonagall?

- Sim.

- McGonagall a indicou ?

- Draco, você está com algum problema auditivo?

- Não! É só que, bem, eu nunca ouvi falarem da McGonagall indicar alguém para a Ordem.

- Você nunca tinha ouvido falar porque ela nunca tinha indicado ninguém.

- E o que Weasley fez para merecer isso?

- Algo muito estúpido, na minha opinião, mas com certeza bastante grifinório dela. Foi no ataque que os comensais da morte empreenderam em Londres, há oito meses. Entre outras coisas, ela se arriscou para desarmar uma bomba que havia sido colocada em uma escola de jardim-de-infância trouxa. Cinco segundos a mais e ela estaria morta hoje.

- Gina sabe desarmar bombas? - Malfoy perguntou surpreso.

- Gina? - Snape perguntou levantando uma das sobrancelhas - Draco, há algo que você queira me contar? - ele completou, inclinando-se sobre a mesa.

- Não, senhor - o outro respondeu, mantendo a expressão mais neutra que conseguiu.

- De alguma forma, eu não acredito nisso - Snape falou - Mas agora nós não podemos conversar. Eu tenho coisas para fazer - ele disse, se levantando - Depois, Draco, depois - completou, lançando um último olhar na direção de Malfoy. Depois, saiu, deixando-o sozinho na sala.

Inconformado com a sua própria estupidez, Draco apoiou sua cabeça na mesa. Ele sabia que Snape não se conformaria antes de ouvir a história toda e que, depois de ouvir, desaprovaria veementemente. E, para completar sua lista de preocupações, Gina estava no meio da batalha, provavelmente fazendo coisas estúpidas, como se arriscar de novo para salvar vidas alheias e ele não podia fazer nada para impedi-la. Pela primeira vez naquela noite, lamentou ter sido deixado de fora da luta. Ele deveria estar lá, nem que fosse apenas para protegê-la.

Ficou assim, com a cabeça na mesa, por bastante tempo. Horas, provavelmente. Não via realmente nenhum motivo para se mexer. As coisas já estavam ruins o suficiente sem que ele piorasse tudo. Contra sua vontade, contudo, foi arrancado dos seus devaneios por uma voz conhecida vinda da porta.

- Eu acabei de chegar da Espanha e Severo me falou que poderia te encontrar aqui embaixo.

Lentamente, Draco se levantou e se virou para ver Lupin de pé, com as mãos nos bolsos, encarando-o com um olhar divertido. Contra sua vontade, Draco ficou feliz por vê-lo.

- Por que você está me olhando desse jeito? - perguntou.

- Bom, é que Severo parecia extremamente interessado em saber que tipo de correspondência você recebia quando estava na Espanha.

- Como assim? - Draco perguntou, já imaginando a resposta.

- Como, por exemplo, se você recebia cartas de pessoas aqui da Inglaterra.

- Ai, Deus! - Malfoy exclamou, deixando de novo a cabeça cair sobre a mesa.

- Não se preocupe - Lupin falou, colocando a mão sobre seu ombro - Eu falei a verdade: você não recebia cartas de ninguém.

- Obrigado - Malfoy respondeu a contra-gosto.

- Então, qual vai ser a sua desculpa dessa vez?

- Desculpa para quê? - o outro falou surpreso, levantando de novo a cabeça.

- Para salvar todos os nossos pescoços? - Remo completou. Draco se lembrou da ocasião em que ele lhe fizera uma pergunta semelhante há alguns meses atrás. O que mudara desde então? Desviando seu olhar para a janela, Malfoy lembrou a proposta que Frida lhe fizera. Ele sempre temera que, quando chegasse a hora, a parte da sua mente que ainda acreditava no que Lúcio dizia iria vencer. Draco passara os últimos três anos se lamentando por estar naquela Guerra, desejando estar em qualquer lugar do mundo que não fosse ali, no meio do inferno. Traindo Dumbledore, ele poderia conseguir isso mais facilmente. Ele poderia fugir. Mas ele não o fizera. Mais do que isso: ele sentira nojo da traidora e mais nojo ainda da proposta dela. Finalmente, Draco se viu diante da verdade nua: a verdade de que ele não queria se juntar a Voldemort; a verdade de que ele queria derrotar o Lorde das Trevas tanto quanto qualquer Weasley; a verdade de que ele não gostaria de estar em nenhum outro lugar que não fosse no meio do inferno, desde que isso contribuísse para a vitória deles.

- Não - ele respondeu por fim, vagarosamente - Não tenho desculpas dessa vez. Eu apenas fiz o meu trabalho.

- Bom - Lupin falou com um sorriso - Muito bom - e começou a se dirigir para a porta - A propósito - ele virou-se do novo, antes de sair - a batalha está praticamente terminada.

- Já? - Draco perguntou.

- Durou mais de cinco horas, se você acha isso pouco. A Fortaleza manteve-se. Nós vencemos.

- E quanto...

- Não se preocupe. Ela está bem - Lupin acrescentou com um sorriso - Achei que você poderia se interessar pela notícia - completou, virando de novo para a porta.

- Remo - Malfoy chamou antes que ele pudesse sair - Obrigado.

- De nada, Draco, de nada - o outro respondeu, saindo finalmente do escritório e deixando um Draco absolutamente feliz para trás, sozinho para imaginar como seria vê-la de novo após tanto tempo.

- Ah, e, Malfoy - a voz de Lupin chamou novamente, de longe no corredor - Tente não estragar tudo dessa vez, sim?

- Eu vou tentar - Draco respondeu para si mesmo, mas de alguma forma, ele sabia que as chances de conseguir não eram grandes. Com um suspiro cansado, ele deixou a cabeça cair de novo sobre a mesa. Depois, pensando melhor, resolveu ir para seu quarto. A última coisa que queria era encontrar Snape de novo tão cedo. Levantando-se, então, da cadeira, ele caminhou para seus aposentos, preparado para passar o resto da noite virando-se na cama e dormindo mal, inevitavelmente pensando nela. Virgínia Weasley: a garota que simplesmente não saía da sua cabeça. A mulher que ele amava e odiava ao mesmo tempo. O anjo que era a sua ruína e a sua salvação, o seu maior tormento e o seu único consolo.

N/A3: Eu sei, eu sei, a Gina não apareceu. De novo. E foi extremamente cruel da minha parte não dizer logo de cara, mas olhem pelo lado bom: quando ela finalmente aparecer, vocês vão gostar muito mais, certo? Exatamente igual ao Draquinho. Mas não se preocupem, eu prometo, juro de pés juntos, dou minha palavra de escoteira que a Gina vai aparecer no capítulo seis e que vai valer a pena.