Música: O homem que sabia demais, Skank.

Ele sabia que o amor é um tiro
Num alvo além da visão
Capaz da miragem mais linda
No olho de um furacão

Quando Dumbledore pediu a Severo Snape, naquela noite, após o Torneio Tribruxo, que retomasse alguns de seus antigos contatos e amizades, Harry viu o professor ficar mais pálido do que o costume. O garoto sabia o perigo que Snape iria correr, pois ouvira o próprio Voldemort dizer que ele pagaria pela traição com a vida. Snape cumpriu a ordem do diretor, mas se pudesse optar não gostaria de voltar, não queria lembrar-se de seus erros passados. Era doloroso demais! Hogwarts 20 atrás: Um jovem rapaz estudava na biblioteca. Era inteligente e astuto. Desde que chegara a Hogwarts mostrara grandes habilidades mágicas que o lhe conferiram um lugar na Sonserina, mas havia algo errado nele. Havia um interesse por magia negra e uma ânsia por poder que sua pouca idade não sabia controlar. Fora seduzido pelo lado negro, muito cedo, afinal, todos que conhecia estavam deste lado... Então, um dia teve uma visão extraordinária: viu uma "fada" de olhos verdes que o enfeitiçou. E deste dia em diante sua vida se tornou uma tortura. Estava amando alguém que não deveria amar... mas para o coração não existem preconceitos, isto, é invenção dos homens.

Sabia que o desejo é um rio
Cheio de eletricidade
Como um animal no cio
Indiferente a felicidade

No princípio, contentava-se apenas em ficar observando-a. Mas o tempo foi passando e seu amor, crescendo até se intensificar de tal forma que era doloroso olhá-la e não poder tocá-la. Ninguém jamais foi capaz de suspeitar que ele sentia algo mais por ela, além de desprezo. Nunca, nunca deixara transparecer seus sentimentos, "isso é coisa para os fracos", pensava. Seus caminhos eram diferentes, seus ideais eram diferentes. E indiferente a felicidade, seguiu em frente, em busca de poder junto a seus iguais.

Ele sabia que sua velha paixão
Debochava da velha moral
Como um feitiço absurdo
Muito além do bem e do mal

Ainda hoje, acordava durante a noite, sobressaltado. Mesmo depois de tantos anos, acordava e sonhava com o rosto dela e se perdia na lembrança de seus olhos verdes. Ele a amara com loucura e... em silêncio. O preconceito sempre falando mais alto: Um sonserino jamais deveria se envolver com uma sangue-ruim. Isso era inadmissível! Principalmente para uma família tradicional e preconceituosa como a sua. Assim, tentando aliviar a dor, aliou-se ao Lord das Trevas. O poder o faria esquecer. O poder anestesiaria a dor de não possuí-la.

O homem que sabia demais
Não sabia esquecer
Nem voltar atrás, pois sabia mais
Muito mais do que podia saber

Agora, era muito difícil encarar a realidade. Mesmo com ela batendo a sua porta. Não queria se lembrar, mas como esquecer se o menino estava ali? Com os mesmos olhos verdes o encarando todos os dias, todas as horas, jogando-lhe na cara a sua escolha errada, jogando-lhe na cara toda sua culpa. Como esquecer que não fora capaz de salvá-la? Como voltar e encarar os antigos comparsas que ainda possuíam os mesmos preconceitos que a mataram? Agora, deixando a segurança do castelo e ao olhar para o antebraço e ver a marca de seu maior erro quase transparente, murmurava baixinho: Faço isso por você. Só por você!

Continuava sempre sozinho
Procurando entender a razão
Que lhe tornava um ser tão sabido
Mas não explicava a solidão.

Descobriu o erro tarde demais. Buscou ajuda no velho professor, mas nada havia a ser feito. Não sabia quem era o traidor, arriscou-se tentando descobrir. Espionou, trouxe valiosas informações, mas nada que pudesse salvá-la. Busca vã... Sempre sozinho, esta seria sua sina. A solidão, que ironia, sua companheira.

FIM