"N/A: Pra poder explicar certinho como se conheceram e mais alguns fatos, eu voltei a fic na época em que Hogwarts ainda era 'segura', então por enquanto eles ainda não têm nenhum relacionamento. Eu simplesmente não consigo parar com esta minha mania de escrever algo e depois voltar os fatos pra explicar melhor a trama...talvez seja por causa de Sidney Sheldon, eu leio muito dos livros dele!" Passado Capítulo 2 – Cabelos negros?

Último dia de aula em Hogwarts, amanhã seria a entrega da Taça das casas, todos entrariam, em breve, de férias.

Gina estava pensando nisso quando saia da sala de DCAT, indo para a sala fria e medonha de Poções, a última aula antes do almoço. Ela também pensava em como era bom poder voltar pra casa, assim no meio das férias, alguém muito especial poderia ir lá, visitar seu irmão, era verdade, mas com Harry Potter em sua casa, pelo menos ela teria mais tempo de observa-lo melhor, ao invés de ficar olhando furtivamente pra ele em Hogwarts. A Toca era seu território, e Gina poderia ter Harry só para ela, pelo menos em seus sonhos!

Ela resolveu fugir do tumulto dos corredores, indo pela ala Sul (*eu não sei nada sobre essa ala, ok?!), que era pouco usada. Ela se lembrou que já se perdera uma vez ali, mas aquilo foi no seu 3º ano, agora que já estava no 5º, ela não achou que poderia se perder por ali novamente.

E por os corredores do Sul serem menos usados, foi que Harry resolveu ir com Cho Chang ali. Há muito ele insistia em ter algo com ela, mas a garota resistia. Mas parece que neste último dia de aula ela resolveu ceder aos encantos do Menino-Que-Sobreviveu. Ela chamou-o e logo depois de algumas palavras trocadas por sussurros nos ouvidos de ambos, eles estavam correndo para os corredores vazios. Era um risco fazer isso no meio da aula, mas os dois achavam que valia a pena, então logo que encontraram um corredor totalmente deserto, jogaram suas mochilas, cheias de pergaminhos, pro lado e se agarraram, dando beijos.

Cho era mais velha que Harry, e por isso ele resolveu avançar mais um pouco do que era permitido as garotas de sua idade, "Ela é mais velha", ele ficava repetindo pra si mesmo toda hora, enquanto foi deslizando sua mão pra baixo da cintura da garota, que parecia estar gostando.

E foi no momento em que Harry já ia subindo a outra mão, que Gina chegou ao corredor. Ela ficou tão chocada com o que estava vendo, Harry se 'amassando' com Cho, que simplesmente não fez nada. Não soltou um grito, não fez barulho algum, não saiu correndo. Só ficou olhando, suas pernas não a deixando sair de lá, pareciam estar grudadas ao chão, seu coração batendo como se fosse explodir, sua garganta seca. Ela sentia nojo, muito nojo. O garoto com quem sonhou desde sua infância, o garoto que ela sempre achou perfeito, que sempre defendeu, que sempre gostou!, agora estava se agarrando com uma chinesinha mais velha em um corredor, escondido. Gina sentiu uma repulsa por Harry, era mais do que ciúme, não era ódio, mas ela teve certeza de que nunca poderia gostar novamente de Harry como um homem, como sempre gostara. E depois de ter esta certeza, ela conseguiu mover suas pernas, e não se importando se eles ouviriam ou não, saiu correndo pelo corredor que havia vindo.

Harry, tendo a impressão de que havia ouvido algo, desgrudou seus lábios de Cho e olhou para o lado. Não vendo nada, logo voltou a agarração com a bruxinha.

Mesmo tendo certeza de que já não amava Harry, mesmo sabendo que ele não merecia suas lágrimas, Gina não conseguiu se segurar. Enquanto corria pelos corredores abarrotados de alunos, trombando neles, empurrando-os, não vendo nada ao seu redor, as lágrimas lhe escorriam sem controle pelo rosto. E Gina odiou mais ainda a maneira como todos a olhavam: como se ela estivesse louca, com dó. Mas ninguém fazia nada para para-la, para ajuda-la, ninguém. Quando finalmente o tumulto havia acabado, havia poucos alunos ainda fora de suas salas, Gina conseguiu encontrar um lugar pra ficar sozinha: outro corredor vazio. Ela sabia que aquele corredor era o da sala de Transformações, que alguém poderia sair da sala, lá do outro lado, mas estava por demais confusa pra se preocupar com alguém a vendo chorando. E então jogou sua mochila no chão, e sentou-se pesadamente, encostando suas costas na parede fria, escondendo o rosto nas pernas abraçadas, chorando.

Draco corria. "Por que essa coisa tinha que acabar?". Seu vidro de tinta havia terminado, então ele teve que ir, assim que saiu de Poções, ao dormitório pegar um novo. Só que acabara se distraindo, provocando alguns alunos do primeiro ano da Grifinória, e agora estava atrasado para a aula de Transformações. Ele, e todos os alunos sabiam como McGonagall era severa em relação aos horários, e isso faria com que ele perdesse alguns pontos pra Sonserina. "Ah, mas que mal tem nisso? Grifinória já ganhou mesmo...", mas mesmo assim ele continuou a correr. Virou um último corredor e já conseguia ver a porta da sala, mas por ficar olhando a porta, Draco não pode ver o ponto vermelho que soluçava sentada no chão, e muito mesmo a mochila do ponto vermelho jogada bem no meio do corredor.

Um turbilhão de coisas surgiam na cabeça de Gina, enquanto ela estava encolhida no chão; e todas sempre acabavam com a cena que ela havia visto há pouco. Seu coração batia mais rápido que seus soluços, e mesmo ela tentando parar de pensar em Harry, não conseguia tirar a sensação de um bolo enorme crescendo em seu estômago, e em fez de ela sentir que ia estourar, o bolo estava fazendo-a sentir um vazio enorme, fazendo-a chorar mais e mais, manchando seus olhos castanhos com lágrimas de decepção.

E Gina só percebeu que algo havia acontecido, quando ouviu um barulho de algo quebrando e um "Que desgraça!" vindo da sua frente. Ela levantou o rosto e limpou as lágrimas com a manga de sua veste, que estava toda borrada de tinta preta, mas Gina nem o notou. Ela estava mais concentrada no ponto preto que estava deitado na sua frente. Gina não o reconheceu imediatamente, por os cabelos de Draco estarem pretos, pretos pela tinta que pulou do vidro ao se espatifar no chão, então perguntou, ainda soluçando:

-Você está bem?

Draco também não tinha notado Gina ali ao seu lado. Então, ficou mais irritado ainda por cometer uma idiotice dessas na frente de alguém, e pior, na frente de uma garota.

Ele tentou se levantar, apoiando-se com o braço, mas sentiu uma dor imensa e então deitou novamente a cabeça no chão. Ele sentia seu braço doendo porque havia apoiado-o no chão, tentado inutilmente diminuir o impacto, mas fazendo isso evitou que machucasse o rosto pontudo. Quando deitou a cabeça no chão, Draco sentiu o molhado da tinta e imediatamente retirou a cabeça de lá, não queria sujar seu rosto, apesar dele já estar todo preto... Então ele forçou-se novamente a levantar e desta vez, fazendo careta, conseguiu ao menos se sentar e encarou a menina de cabelos vermelhos e cara preta ao seu lado.

Gina só ficou observando as tentativas de Draco se levantar. Ele não respondera a sua pergunta e também Gina ainda não estava totalmente bem para pensar que deveria ter ajudado Draco – não que ele aceitaria – então ficou ali parada, só olhando mesmo. E quando finalmente conseguiu ver o rosto de Draco, Gina ainda não tinha reconhecido-o. Claro, os cabelos louros platinados de Draco estavam pretos e seu rosto pontudo e pálido também se encontrava parcialmente sujo. Ninguém pensaria que era Draco Malfoy, nem sua própria mãe. E quando ele a encarou, ela teve uma leve impressão de já ter avistado aqueles olhos cinzentos, mas não conseguia lembrar de onde. Ela também nem percebeu, mas ficou tão impressionada como destaque que o preto dava aos olhos claros do garoto desconhecido, que parou de soluçar e a cena que, nos últimos minutos, não saia de sua cabeça, de repente parou de se passar sucessivamente em sua mente, dando lugar só ao que estava acontecendo naquela hora. Ela praticamente não piscava, mas seu devaneio foi cortado por um suspiro de decepção vindo do garoto a sua frente.

Draco olhou a garota. Algo nela o fazia lembrar de alguém, mas de quem? Ele pensou por uns segundos, mas sem tirar os olhos da garota. "Weasley, Rony Weasley. Ela lembra ele, mas em que?". Ele a observou atentamente, das vestes e roupas pretas até o cabelo flamejante e foi aí que murmurou:

-Oh, não! É a irmão do Weasley...

Gina o olhou confusa. Aquela voz não lhe era estranha, aqueles olhos não lhe eram estranhos, ela o observou mais atentamente, aquela mecha não manchada, que ela viu que era loura, também não era estranha.

-Draco Malfoy? – ela perguntou, incrédula.

-Claro, Weasley. Será que além de horrível você também ficou cega? É, horrível, sua cara está toda preta e...

Draco foi interrompido por uma gargalhada alta de Gina. Ela tentou se segurar por uns momentos, mas era impossível não rir sabendo que aquele menino todo sujo de tinta preta, era Draco Malfoy, o pomposo e arrogante Draco Malfoy.

-Você – ela colocou as mãos na barriga – você deveria se ver – sua barriga doía de tanto rir – moreno!! – ela não agüentou e se deitou no chão, rindo mais ainda da cara de incredulidade dele, uma sobrancelha levantada, a boca levemente torcida pro lado e os olhos frios. Os cabelo de Gina começavam a ficar pretos também, devido a tinta espalhada no chão.

Draco sentiu-se tentado a rir também, mas controlou-se e encarou-a com os olhos faiscando. "Moreno, eu? Não sabia que os Weasley também tinham, além de problemas financeiros, problemas mentais",ele foi pensando enquanto passava a mão pelos cabelos e notou que estavam molhados. "Oh, não!" Ele olhou pra sua mão que antes já estava suja, mas agora com a passada no cabelo estava mais preta ainda. Sentiu-se tentado a sair correndo e se olhar no espelho, se arrumar, tirar toda a tinta de sua roupa, mas continuou sentado ali e voltou sua atenção, novamente, a Gina.

Ela continuava a rir, e a paciência de Draco começava a diminuir. Ele se sentia humilhado ao vê-la rindo dele em um momento tão patético quanto aquele. Ele não conseguia aceitar a idéia de uma Weasley rir da cara de um Malfoy, seu rosto, por trás da tinta, começava a ficar vermelho de raiva. Ele se levantou, lentamente.

Gina parou de rir quando viu que Draco se levantava. Ele a olhava com tanto brilho nos olhos, brilho de ira, que ela o achou ameaçador, mesmo todo sujo. Ela passou a mão no rosto de nervosismo e ao ver sua mão suja, constatou que sua cara também estava preta. Sentiu-se envergonhada com isso, mas Draco parecia pior.

Ele a encarou. Estava imaginando algum feitiço para faze-la sofrer antes de lhe apagar a memória. Mas foi só ele dar o primeiro passo, para escorregar na pedra do chão, que agora estava mais lisa do que nunca, que seu plano de ser vingativo com Gina, escoou bueiro abaixo. Ele só sentiu-se desequilibrar porque viu suas pernas subindo e depois sentiu o chão duro batendo em sua bunda. Fez um barulho tão alto que, por alguns instantes, Draco imaginou que todos iriam sair de suas salas ver o motivo do estrondo. Mas logo esqueceu isto, porque começou a ouvir novamente a risada de Gina.

Ela não conseguia se controlar. O segundo tombo de Draco era muito mais engraçado do que sua cara preta. Era mais engraçado por Draco ter parecido tão ameaçador e no instante seguinte estar novamente no chão, caído. Ela achou que nunca mais iria encontrar nada mais engraçado.

Já que ele não podia fazer nada, ficou ali, sentado com a bunda doendo, esperando Gina parar de rir. E quando ela finalmente se controlou, a tinta já estava começando a secar. Ele a olhou, com desprezo.

-Faça um feitiço para limpar tudo isso, Weasley. – era como se Gina fosse uma criada.

E mesmo sentindo menos desdém por Draco, agora que vira ele tão sujo e desalinhado, tão embaraçado e tão engraçado, mesmo assim ela ficou irada por ele a tratar como uma qualquer.

-Por que eu deveria? – disse, enquanto tentava limpar suas mãos com as vestes, sujando-as mais.

Ele não esperava que ela fosse lhe responder, ou pelo menos achou que ela hesitaria um pouco, mas a voz de Gina foi firme e clara, o que deixou Draco mais revoltado.

-Deveria por deixar esta – ele apontou a mochila – coisa no meio do caminho. Deveria por ter feito eu desperdiçar  um conjunto de vestes e  um vidro de tinta novo, por eu ter torcido meu braço na queda e por eu ter me sujado todo e ter perdido a última aula de Transformação. - Tanto ele quanto ela, sabiam que a última semana de aulas era um mero ato convencional, ou seja, não se passavam nada novo, só se comentavam as notas, revisavam algo e tiravam dúvidas, não faria mal a Draco perder esta aula.

Ela não queria 'obedecer à ordem' de Malfoy, mas não podia deixar de admitir que fora erro dela deixar a mochila jogada no meio do corredor. Mas isto a fez lembrar do motivo dela ter saído correndo, dela estar chorando: Harry. Aquela cena que ela já havia, pelo menos, afastado um pouco de sua cabeça, voltara. Gina achou que seria ridículo chorar na frente de Draco, mas aquela sensação de vazio havia voltado tão forte quanto antes e ela simplesmente não conseguiu se controlar quando aos poucos as lágrimas despontavam em seus olhos e os soluços voltavam. Então ela começou a chorar novamente, a cabeça escondida, de novo, nos braços, só os cabeços vermelhos balançando devido aos soluços. Nem Draco, nem ela viam, mas seu rosto ficava mais e mais manchado com as lágrimas escorrendo.

E Draco, simplesmente, não soube o que fazer. Ele achava que Gina chorava por ele ter sido tão grosso com ela. "Me esqueci que os Weasley não têm dinheiro...ela não poderá pagar os meus 'prejuízos' com esta queda...mas nem saber fazer um feitiço de limpeza já é demais...". Então, ele murmurou alguns feitiços, limpando seus cabelos, o rosto e o chão. Não que ele se importasse como chão sujo, mas é que ele poderia escorregar novamente ali, o que ele não queria e suas vestes ele mandaria lavar ou simplesmente jogaria fora, pra um Malfoy não faria falta. Mas o que o estava perturbando mais era Gina chorando. Não que ele já não tivesse feito várias garotas chorarem, mas é que Gina parecia tão perturbada e já fazia tempos que ela estava lá e as manchas de tinta davam um toque de carência maior a ela. Ele já havia esperado ela parar de rir dele, não? Então por que não esperar ela parar de chorar? "Não Draco, esta Weasley só acabou com seu dia... acho que vou subir a sala comunal...". Ele deu um passo, ainda pensativo, mas num ato impulsivo ele se virou e sentou-se ao lado de Gina, não sabendo porque fazia isso.

Gina sentiu a presença de Draco ao seu lado. Ela pensou que ele havia ido embora, mas ele ainda estava lá, e ainda por cima, sentada ao seu lado. Como ela soube que era ele? Ela nunca conseguiria explicar a ninguém, mas sentiu calafrios quando ele se sentou ao seu lado, então, soube que era ele.

Ela sabia que agora que estava sofrendo uma decepção, precisava mais do que nunca de alguém do seu lado, de qualquer um, até de Draco Malfoy. E foi por isso, por ter alguém do seu lado, que Gina parou de chorar, que ela conseguiu se controlar.

Draco, ao lado de Gina, pensava: "Que garota estranha... num estante ela está rindo como uma louca e agora está chorando como uma coitada, o que ela é na verdade?.". Ele sentiu que Gina havia levantado a cabeça, e os soluços pareciam menos freqüentes, então olhou pro lado dela. Gina estava mais descabelada agora e seu rosto tinha rastros claros entre o rosto preto, causado pelas lágrimas. Ela, então, esfregou a mão, borrando a cara novamente. Mas mesmo estando toda borrada de tinta daquele jeito, Draco a achou bonita, da maneira dela, mas bonita. Só que aquilo não o afetara, ainda. Então, ele a olhou com um certo gosto, como se gostasse de vê-la ali, chorando, ele sempre gostava de ver menininhas sofrendo por ele, seja qual fosse o motivo.

Agora Gina reconhecia Draco. Com os cabelos limpos e arrumados, o rosto pálido e pontudo aparecendo, este era o Draco Malfoy de sempre, que infelizmente não parecia mais engraçado. Então, ela notou que ele parecia estar meio que gostando de vê-la assim e arrematou, como se lesse os pensamentos dele:

-Não estou chorando por você, Malfoy. É por um outro motivo que não lhe interessa. – Gina sentiu novamente a sensação de vazio, de angústia se formando, mas desta vez ela sabia que era capaz de suportar, era capaz de não chorar. Só não sabia porque agora conseguia.

Draco ficou surpreso com ela, depois de ter se acabado de chorar, estar falando firme com ele. Parecia, achou ele, que quando ela ficava nervosa ou se alterava, ficava mais corajosa.

-Que pena, Weasley. Você não sabe quão feliz eu ficaria se soubesse que você chorava por mim. – disse em tom de deboche – Acorde.

Gina foi ficando mais irada. "Não é só porque ele é mais rico que eu que pode me tratar assim. Ah, mas porque eu ainda estou aqui com esse panaca?". Pensando nisso, Gina se levantou.

-Não tenho que ficar te suportando, Malfoy.

Draco agora realmente a achava louca. "Ela muda de temperamento muito rápido... Que garota estranha, só podia ser uma grifinória mesmo...". então, ele ficou observando uma Gina com mechas negras e rosto sujo sair meio desajeitada, virando o primeiro corredor que havia achado.

Ele ainda permaneceu algum tempo, sentado lá. E foi só por ter ouvido a sineta tocar e um bando de alunos invadirem o corredor novamente, que Draco percebeu que passou aquela aula inteira com a Weasley. Ele ignorou os olhares que lhe lançavam por ele estar sentado no corredor, com as roupas toda manchadas e se levantou, indo para a Sala Comunal da Sonserina.

=*=

Depois do almoço, Draco foi as últimas aulas do ano. Ele tentava se concentrar nas palavras dos professores, nas piadas idiotas de Crabbe e Goyle, mas a única coisa que conseguia fazer era se concentrar na risada doce que ecoava na sua cabeça, a risada de Gina, e com isso ele ficava com mais raiva da garota. "Por que eu estou assim, tão desatencioso? O que há demais nessa risada 'tão sem graça' da Weasley?", ele pensava. E a única coisa em que ele conseguiu pensar sem se distrair foi no que seu pai havia dito, em uma carta, dias atrás: o maior orgulho que você poderá me dar Draco, vencer Potter  e se tornar um Comensal de nosso Lord. Ele sabia que vencer o Potter era meio que impossível, mas ele poderia ser um Comensal, claro que poderia. Só que Draco não sabia se era mesmo aquilo que ele queria...

Gina passou apressada pela sala comunal, não querendo que seu irmão a visse, mas com cabelos daquela cor, flamejantes, era impossível não ser notada.

-Giiina! – era Rony chamando.

Ela se virou na direção da voz de Rony, estava quase perto da Mulher Gorda, "Mais alguns segundos, e eu podia ter escapado...". Não era de Rony, realmente, que ela estava fugindo, mas de quem estava ao seu lado: Harry. "Como encara-lo depois de tê-lo visto se agarrando com a Chang?". Relutante, ela foi até eles.

-Ola – disse para o irmão, evitando Harry.

-Gina, você não vai acreditar! – o ruivo parecia muito entusiasmado – Harry irá passar as férias inteiras n'A Toca! Não é demais? Mamãe e papai autorizaram!

Gina lançou um rápido olhar para Harry, que lhe deu um sorriso simpático, fazendo com que ela quase se esquecesse da mágoa que tinha no coração, mas logo aquela imagem perturbadora voltou, a imagem dele e Cho e Gina adquiriu um brilho de desgosto nos olhos, desviando os olhos e voltando-se, novamente, para Rony.

-Que bom. – disse sem nenhum sentimento. E Harry, não notando isso, disse também entusiasmado:

-Gina, tenho outra novidade! Eu e Cho, a apanhadora da Corvinal, estamos namorando! – os olhos de Harry agora tinham um grande brilho de felicidade, Gina pode perceber e isso fez com que lágrimas viessem aos seus olhos, mas ela se segurou, tentando não chorar na frente de Harry.

Hermione, que estava junto deles também, foi à única que notou a mudança de Gina, percebendo o baque que foi receber aquela notícia, ainda mais do próprio Harry. Ela tentou livrar Gina daquele sufoco:

-Acho que devemos ir pro jantar, não?!

Mas Harry ainda esperava alguma palavra de Gina, e vendo isso ela disse, com muito esforço, tentando não mostrar o desprezo que sentia por ele:

-B...bom pra você, Harry. – ela deu as costas pros três e saiu da sala, já não conseguindo mais manter as lágrimas contidas.

=*=

Foi assim, então, que Gina teve que agüentar as férias de verão. Ela via angustiada, Harry mandando flores e cartões para Cho, recebendo cartas, comentando sobre o que a chinesa faria, agora que estava formada, etc. Mas, ao invés disso fazer Gina se deprimir, fez com que ela, aos poucos, apagasse as fantasias que sempre manteve desde pequena, fez com que ela tirasse da cabeça a ilusão de Harry poderia ser seu namorado, seu noivo, seu marido, fez com que ela se tornasse mais 'pé no chão'. Mas mesmo não estando deprimida, Gina sentia uma enorme carência, precisava de alguém para ama-la, precisava mesmo, só que ela sabia que não se renderia a qualquer um, prometera a si mesma. "Nunca mais vou deixar que ninguém faça o que Harry me fez. Que me faça sofrer..." e ela estava realmente empenhada nisso. Por isso, em nenhum momento lhe passou pela cabeça que Draco Malfoy poderia ser alguém que a faria feliz, ela poderia até pensar em Neville Longbotton, mas nenhum lampejo de Draco Malfoy.

Draco, apesar de estar se divertindo muito em suas férias, sentia uma vontade forte de voltar a Hogwarts, e nem ele mesmo sabia o porquê. Talvez seja porque eu quero terminar logo os estudos, meu último ano...", mas inconscientemente ele sabia que não era isso, só que não sabia o que era.

E Draco também mantinha outra questão: ser ou não ser Comensal? Não que ele não gostasse de destruir, de lançar maldições, de usar magia negra, mas é que ele não estava certo de que queria estar sob o comando de Voldemort. Pra Draco, o Lord era um bruxo respeitável, sim, mas ele ainda não tinha certeza se ele merecia o seu respeito. Já vira Voldemort matar um ou dois Comensais, não que Draco se importasse com estes, mas não queria ser devoto a ele e no instante seguinte ser morto. "Mas talvez seja melhor do que eu ser seu inimigo... e meu pai quer muito isso..."

Lucio Malfoy queria, sim, que Draco virasse Comensal. Ele sempre se gabava de seu filho para os outros Comensais: 'Draco vai ser como o pai, um dos melhores Comensais de nosso Lord, vai ser frio e impetuoso, como os Malfoy sempre foram', em partes ele não estava errado.

Draco tinha muito respeito por seu pai. Não que ele tenha lhe dado amor, carinho, mas havia lhe ensinado a ser forte, a enfrentar desafios, a gostar de ser um Malfoy, a odiar Harry Potter. Ele não amava seu pai, mas este grande respeito que tinha, fazia-o ter algum afeto por ele, assim como tinha por sua mãe, mas longe de dúvidas, era ao pai que Draco mais admirava. E era por isso que ele estava quase decidido a ser um Comensal, por seu pai.

"N/A 2:Este capítulo não teve mesmo nada de romântico, mas eu gostei dele, porque, apesar de eu amar o Draco, eu adorei fazê-lo cair duas vezes, adorei ele moreno e adorei a Gina rindo dele. E aqui vai um trecho do livro:

'-Gina – explicou Rony. – Você não sabe como é estranho ela estar tão tímida. Normalmente ela nunca pára de falar...'

Hp e a Câmara Secreta – página 40

'-Deixe ele em paz, ele nem queria isso! – disse Gina. Era a primeira vez que falava na frente de Harry. E olhava feio para Malfoy.'

HP e a Câmara Secreta – página 58

Bom, ela podia não conseguir falar com Harry, mas viu como enfrentou Draco? E se ela conseguiu olhar feio pra ele, também poderia muito bem rir da cara dele, na minha opinião."

"N/A 3: E eu não gostei nada de escrever o Harry se agarrando com a Cho, odeio este ship. Mas eu não gostaria dele com Mione, nem outra garota e precisava de um motivo pra Gina parar com sua paixão. O que seria pior pra uma garota que ver o garoto de seus sonhos se agarrando com uma garota mais velha?"