Draco pensou que quando chegasse a estação aquela ânsia de querer voltar a Hogwarts passaria, mas ele se decepcionou ao ver que continuava sentindo falta de algo. Quando voltou seus olhos novamente aos seus pais, viu que já estavam longe, conversando com a família Goyle e Crabbe, então deu passos apressados para se juntar a todos.
Logo estavam se despedindo e Draco e os dois brutamontes estavam escolhendo a cabine. E mesmo contente por rever seus companheiros, Draco ainda não se sentia satisfeito.
Gina veio calada o caminho inteiro para a estação. Claro, Rony e Harry ao seu lado não paravam de falar de suas namoradas. Ela já estava enjoada, apesar de gostar muito, de Hermione. Não por ciúmes de Rony, ela sabia que os dois se gostavam muito e ele precisava mesmo de alguém para acalmar os ânimos. Só que agüentar Harry falando que Cho Chang estaria lá em King's Cross esperando por ele, era demais. Tudo bem que ela já há muito se acostumara com a idéia de não ter mais Harry, mas aquilo já era demais. E foi por isso que quando eles chegaram, Gina fez questão de pegar sua bagagem e ir à frente, evitando assim, ver Harry e Cho se encontrando. Já bastava ter aquela imagem dos dois no corredor, em sua memória.
Logo depois de ter guardado suas malas, com ajuda de seu pai e Rony, que reclamou um pouco, pois queria já estar com Mione, Gina foi procurar alguém conhecido nas cabines. Encontrou Colin Creevey e mais alguns alunos do 6º ano da Grifinória e ficou com eles. Não queria sentar com seu irmão: ver ele e Hermione juntos, a faria lembrar que estava sozinha, que se sentia sozinha, e além do mais, ela tinha certeza de que Harry iria atualizar Hermione em relação a Chang.
Draco desceu lentamente do trem, e também foi indo devagar para as carruagens.
-Draco, é pra hoje! – disse Crabbe.
Ele lançou um olhar a Crabbe, que fez, de repente, o menino não se importar mais com a lerdeza do louro. Draco ainda se sentia meio que ansioso por algo, rever algo, mas a sensação não passava, mesmo estando tão próximo do castelo. Então ele teve que reconhecer que não era a escola que ele ansiava. "Mas então, é o quê?", pensava. Então, quando ele Crabbe e Goyle iam entrando, Draco viu um lampejo de cabelos longos e vermelhos balançando, sumindo, logo em seguida, dentro da carruagem. Não pode ver o rosto, mas subitamente, depois da visão dos cabelos flamejantes, Draco sentiu-se melhor, como se ele tivesse se aquecido por dentro. Mas em nenhum momento, Draco associou a sua melhora, com a visão que teve. Ele pensou que era uma idiotice que estava tendo, e que agora havia passado, finalmente.
=*=
Aquele ano estava sendo ótimo pra Gina, pois ela não precisava mais ficar procurando Harry com olhos, ela não se atrapalhava mais com as coisas que tinha na mão quando ele chegava perto, nem se desconcentrava nas aulas pensando em olhos verdes. Era mesmo um ótimo ano, não fosse pela vontade de ter um novo amor. Mas Gina sabia que não era fácil assim se apaixonar, não era simplesmente querer, era algo que acontecia, ela querendo ou não. E ela esperava por isso, mas tinha medo que fosse pela pessoa errada, como foi pela primeira vez, com Harry Potter.
E como a época das provas estava se aproximando, Gina esqueceu um pouco sua solidão. Ela estava empenhada em estudar bastante, queria se destacar em algo, ser boa em alguma coisa, e talvez, pensou ela, conseguisse isso nos estudos.
Foi por isso que no começo de outubro, sempre que alguém entrava na biblioteca, encontrava Gina e Hermione, debruçadas em livros. Hermione ficou muito empolgada com esta súbita vontade de Gina de se sair bem nos estudos, e estava apoiando a ruiva, além de estar estudando muito também, pois era a Monitora-Chefe e pra ela, a Monitora tinha que dar o exemplo.
Uma semana depois, Gina estava indo, depois do jantar, à biblioteca estudar. Teria prova de História da Magia no dia seguinte e queria estar afiada em todas as datas e personagens importantes, e por isso resolveu passar a noite estudando. Seria uma longa noite.
Algumas semanas atrás, Draco havia recebido uma carta de seu pai. Carta muito secreta. Nela seu pai passava instruções de como se aplicar alguns feitiços de Magia Negra, que não deram tempo para serem aprendidos nas férias. Os dois feitiços daquela carta eram Crucio e Imperius. Não eram tão difíceis, assim, dizia Lucio na carta, mas era preciso muita concentração e coragem. Draco se sentia irritado por seu pai o estar fazendo correr riscos, pois se alguém descobrisse que ele estava treinando Magia Negra dentro de Hogwarts, seria imediatamente expulso, se não fosse mandado pra Azkaban. Mas mesmo assim, ele foi treinar. E escolheu justamente o dia em que Gina estava na biblioteca estudando.
Depois de ter tomado todas as providências, Draco pegou alguns insetos que estavam num vidro que Goyle lhe havia arrumado.Ele estava saindo de seu dormitório, quando uma voz sonolenta lhe falou:
-Não posso mesmo ir junto, Draco?
Draco irritado por estar sendo interrompido, disse bruscamente:
-Já falei que meu pai disse que eu tenho que praticar sozinho. Vá dormir Crabbe.
Ele virou as costas, enquanto ouvia as reclamações de Crabbe por trás. Teve vontade de praticar as Maldições ali mesmo em Crabbe, mas se conteve e continuou a sair do dormitório. Ele não tinha uma capa invisível como a de Potter, mas não se preocupava com isso, se Filch ou alguém lhe encontrasse, era só aplicar um feitiço de memória, pois este, ele já sabia desde seu 4º ano.
Draco já se encontrava fora da sala comunal da Sonserina. Desceu uns andares e andou mais um pouco e logo encontrou uma sala perfeita para começar seu treino. Mas antes de começar executou alguns feitiços, para evitar que o som saísse de dentro da sala. Ele não queria nenhum intrometido vendo ou escutando o que ele iria fazer.
Não muito longe dali, uma sonolenta Gina arrumava seus livros. "Acho que estudei demais" , pensou bocejando. Quando saiu da biblioteca Gina não ouviu barulho nenhum. "Oh, não, já passei da hora de me recolher... todos já devem estar dormindo...e se Filch me pegar?". E foi nesse instante que Gina ouviu um passo atrás dela. Virou-se, mas não viu ninguém. Só que os passos continuavam e ela sabia que se fosse pega levaria uma detenção, então, se pôs a correr. Virou um ou dois corredores até que chegou a um que não tinha saída. "Estou perdida agora!". Mas por sorte, Gina viu uma porta no fim do corredor e correu até lá.
-Droga, droga! – ela sussurrava – Está trancada! Ah, Gina, pense! Alorromora! - e a porta se abriu.
Draco continuava a tentar, mas não conseguia executar o Imperius. "Concentre-se, Draco, concentre-se", ele repetia pra si mesmo. Respirou fundo, apontou a varinha ao grilo e gritou, pela milésima vez:
-Imperius!
E ele já ia comemorar, pois o grilo parara de se debater, quando ouviu um grito ecoar pela sala. Virou-se em direção a porta e viu uma pálida Gina a lhe olhar amedrontada. O coração de Draco começou a bater mais rápido. "Ela vai me dedurar, e depois meu pai vai me matar! Por que essa garota tinha que estar aqui? Oh, não! É aquela Weasley de novo...".
-Mas como você – ele calou-se. Prestou atenção em uma voz que vinha de fora.
-O que está acontecendo – McGonagall entrou na sala – aqui? – ela encarou Gina, que continuava imóvel como uma estátua e pálida. – Gina Weasley, o que você faz aqui há esta hora?
-E...eeu... – gaguejou Gina. Ela se virou pra pedir ajuda a Draco, mas no lugar onde ele estava só havia o grilo paralisado. – Gina estremeceu – Eu... eu estava estudando quando vi que era tarde e fui voltar para a Grifinória quando... – Draco escondido num canto escuro, ouvia o que ela dizia. Tinha quase certeza de que ela iria delatá-lo, pensou até em executar o Imperius em Gina e fazê-la mentir, mas algo o impediu e ele resolveu escutar o que ela diria – quando...hum, eu ouvi um barulho e entrei nesta sala. Foi aí que vi – Gina apontou ao grilo e Draco gelou - este grilo e me assustei. – Ela abaixou a cabeça – Me desculpe professora...
Gina nunca havia mentido para um professor, não sabia porque estava fazendo aquilo, não compreendia por que estava protegendo Draco Malfoy. "E onde ele se meteu?".
-Está bem, Srta. Weasley. Desta vez vou relevar por eu ver que isto ocorreu devido ao seu empenho nos estudos. Mas da próxima vez não saia por aí entrando em qualquer sala, só por ouvir um barulho, pode ser perigoso. Agora vamos, eu lhe levarei até a sala comunal.
Gina assentiu e foi saindo, mas antes deu uma última olhada e pode ver os cabelos platinados de Draco, enquanto ele saia da escuridão. Ela sentiu seu corpo tremer ao encarar os olhos cinzas e estava quase dando passos em direção a ele, querendo lhe fazer perguntas, quando McGonagall a chamou de fora e Gina teve que sair da sala.
E Draco, que continuou ali, estava mais confuso ainda. Porque Gina lhe protegeu? Justo a ele que era um Malfoy, da família inimiga dos Weasley, ele inimigo da paixão de Gina, o Potter, e pensando nisso Draco sentiu um certo desgosto. "Como alguém pode gostar daquele idiota do Potter?". Só que o que mais lhe impressionou foi o jeito como Gina o encarou antes de sair da sala. Draco sentiu a mesma sensação de quando viu os cabelos dela, perto das carruagens, uma sensação de conforto por dentro. Só que ele ainda não conseguia admitir pra si mesmo que era aquela ruivinha que lhe dava aquela sensação tão boa de calor, ainda não.
Enquanto Gina ia junto de McGonagall à torre da Grifinória, ela nem prestava atenção às palavras rudes da professora. Estava pensando o porquê dela não ter delatado Draco, pois nem ela mesma entendia porque protegera um Malfoy, que ainda por cima, estava executando uma das Maldições Imperdoáveis. Algumas vezes, enquanto subia as escadas ela até ficou tentada a se virar e dizer a professora o verdadeiro motivo por que gritara, mas algo parecia lhe impedir, "Será que o Malfoy me enfeitiçou?".
E essas dúvidas povoaram a noite toda de Gina, não a deixando dormir direito. Quando acordou estava com os olhos inchados e o corpo dolorido pela noite em claro, mas nada que não permitisse que Gina tivesse uma boa nota na prova de História.
=*=
Nem Draco, nem Gina se cruzaram de novo além de terem se visto no Salão Principal. Mas os dois tinham dúvidas em relação a o acontecido há algumas semanas.
Gina era pra estar com medo de Draco por ele saber usar magia negra, mas ela não mais levava esta imagem de que ele era ameaçador, desde o encontro do ano passado. Pois aquilo fez com que Gina achasse Draco cômico e atrapalhado, adjetivos que não servem pra quem pode fazer algum mal. Só que mesmo ela achando que ele não era assim tão ruim, ela ficava meio preocupada com a idéia de ele usar magia negra. Não com medo, simplesmente preocupada, apreensiva. E essa apreensão a fazia, às vezes, a se sentir tentada a falar com ele, saber porque ele fazia aquilo, "Porque o pai dele é Comensal, Gina! Acorde!", e ela finalmente acordou. Draco iria ser um Comensal... e essa suposição a deixava com uma estranha sensação de perda, mas ela resolveu ignorá-la, tinha coisas mais importantes a se preocupar, como o Quadribol.
Draco estava suado e sua franja, que sempre fora tão certinha, agora estava grudada em sua testa, fazendo com que se sentisse cansado. Desde que Flint, o antigo capitão saíra, Draco assumira o comando do time da Sonserina, o que deixou seu pai muito feliz. Mas ele sabia que precisava ganhar pelo menos um jogo contra a Grifinória para deixá-lo mais feliz ainda, só que parecia impossível com as habilidades de Harry na vassoura.
-Acho que já chega pessoal! – gritou Draco para os outros seis jogadores – Daqui a pouco o pessoal da Grifinória vem pra treinar e eu não quero me encontrar com aqueles arrogantes, (olha quem fala!) metidos a sempre ganharem a taça das casas. Todos pro vestiário!
Como Draco mandou, todos estavam ao vestiário da Sonserina, mas Draco ia pelo lado oposto. Ele teria que guardar sua vassoura já que nem Crabbe, nem Goyle haviam vindo hoje no treino. "Se eu soubesse que era tão chato e cansativo ser capitão, não teria aceitado...", ele pensava enquanto tirava sua franja molhada da testa. Foi aí que viu que alguém saia do Galpão de Vassouras. "Weasley... finalmente vou tirar algumas dúvidas". E foi em direção a garota.
Gina não tinha visto Draco se aproximar e levou um susto quando se virou e viu o louro a poucos metros de distância a olhando com um sorriso arrogante nos lábios. "Por que ele tem sempre que se achar o máximo?" Mesmo não gostando da pose de Draco, Gina não pode deixar de reparar como ele se achava diferente do Malfoy de sempre: cabelos molhados, bochechas levemente coradas e a respiração não tão calma como sempre era. Se não fosse o sorriso arrogante, Gina teria gostado de Draco assim, aliás, ela gostou, pois assim que ele a viu ele tirou o sorriso arrogante para dar lugar a uma cara espantada, coisa que Gina não entendeu. Mas ela continuou a apreciá-lo, sempre achava Draco simpático quando ele estava diferente, ou seja, sem aquela pose de superior, sem querer magoar a todos.
No momento em que Gina virou-se e encarou Draco, toda a sua pose, de ser indiferente com ela, caiu. Ele não tinha reparado que Gina era assim tão bonita. Pois das duas vezes em que Draco estivera próximo dela, ele não pode olhá-la muito bem. Na primeira ela estava toda borrada de tinta e lágrimas e ele até que encontrou alguma beleza em seu rosto, mas ele não achou nada demais, e na segunda vez ele nem pode vê-la direito, pois logo se escondeu no canto escuro pra não ser descoberto. "Impossível! Essa Weasley fez algo com o rosto. Ela não pode ser tão bonita assim e eu nunca ter reparado, e ela é uma Weasley... aquele irmão dela é tão horrível!". Draco realmente estava espantado. Mais ainda por ter percebido que Gina parecia a examiná-lo de cima a baixo. Ele estava acostumado a ser alvo de olhos lhe percorrendo o corpo, mas de algum modo, a inocência como Gina fazia aquilo o deixou, pela primeira vez, envergonhado em frente a uma garota, principalmente por estar tão desalinhado devido ao treino. Então ele resolveu falar:
-Gostou? – disse, recuperando seu tom arrogante.
Gina subitamente também se sentiu envergonhada por estar examinando Draco, assim, tão descaradamente. "O que tá acontecendo com você, Gina Weasley?". Mas ela não iria deixar por menos. "Ele já é convencido demais".
-Do que, Malfoy? Ah, de sua vassoura, – disse ela, apontando pra vassoura que Draco segurava – claro que gostei. É uma Firebolt igual à de Harry, não?
Draco sentiu-se irar. Por algum motivo, ele não gostou de ouvir o nome de Harry saindo da boca de Gina, não parecia correto a ele. Ele pensou que estava ficando com raiva pela comparação de sua vassoura com a do grifinório, nem passou pela cabeça que poderia ser ciúmes. Seus olhos se estreitaram.
-Será que você só sabe falar da sua paixãozinha, Weasley? Ou tem algo mais nessa cabeça vermelha? – perguntou Draco, "Por que eu to fazendo isso? Ah, é porque como um Malfoy, eu tenho obrigação de odiar e humilhar os Weasley, incluindo o membro mais novo, no caso, esta garota...". Mas Draco não estava se sentindo muito satisfeito, como se sentia quando fazia isto com Rony. Aquela cena ainda não estava parecendo certa pra ele.
Gina sentiu seu rosto arder de raiva. Se fosse há alguns anos, ela arderia de vergonha, mas agora era de raiva mesmo. Ela não gostava que dissessem coisas que ela não era, ou que ela não sentia, que era o caso agora. Harry não passava de um amigo, não passava do Menino-Que-Sobreviveu, e ela não sentia nada mais além disso, não mais.
-Quem é você pra dizer quem é ou não minha paixão, Malfoy? Por acaso, agora, além de irritante, você é especialista em adivinhação? Preciso avisar Trelawney que tem gente na concorrência... – disse Gina. Ela não estava a fim de ficar ali, trocando desaforos com Draco. Mas algo a prendia, fazendo com continuasse a encarar aqueles olhos cinzentos, mesmo que os dela estivessem mostrando hostilidade.
-Qualquer coruja de Hogwarts sabe que você gosta – ele quase fez careta ao dizer isso – do Potter, acho que só a anta é que não percebeu ainda, ou finge não saber.
"Acho que nisso eu tenho que concordar...", pensou Gina. E ela teve um ímpeto de sair dali, largar o Malfoy como naquele dia no corredor de Transformação, mas ficou e resolveu enfrentá-lo, foi aí que começou.
-Se algum dia eu nutri um sentimento que não fosse amizade pelo Harry, hoje já não mais o tenho, Malfoy.
Draco, de repente, sentiu um alívio com aquelas palavras... Sentiu-se mais confiante pra começar o assunto que o levou a se aproximar de Gina.
-Weasley, só por curiosidade, por que você não me delatou, aquela noite pra Profa. McGonagall? Ficou com medo de mim?
Gina sentiu vontade de rir. "Medo dele? Hoje já não tenho mais...".
-É impossível ter medo de alguém que a gente vê todo lambuzado de tinta se espatifando com a bunda no chão... – ela se conteve e segurou um riso, pois viu que Draco começava a ficar vermelho, não sabia se de raiva ou vergonha. – Mas se eu for ser sincera com você, Malfoy, coisa que você não é com ninguém, eu não sei porque não te delatei... – Gina brigou consigo mesma por ter dado uma resposta tão tola.
Vendo a vulnerabilidade de Gina, Draco esqueceu por uns momentos as palavras de antes sobre ele todo lambuzado e de algum modo se viu mostrando sua fraqueza.
-É, eu também não seu como eu te deixei agir, quando eu poderia tê-la amaldiçoado com o Imperius que eu havia acabado de aprender... Foi bom você não ter me delatado – Draco disse isto como um agradecimento, mas Gina, tendo uma imagem de Draco, achou que ele há havia ameaçado.
-Desisto de manter uma conversa civilizada com você, Malfoy. Eu te fiz um favor, arriscando ser expulsa junto com você, se descobrissem, e você me ameaça? – Draco se espantou, novamente, por Gina falar tão...tão...como ele poderia descrever? "Tão Malfoy...". – Pois saiba que eu não tenho medo de você, não mais. – Gina estava perdendo o controle do seguro – Tenho certeza de que você não tem coragem de me atingir com um Imperius. – Ela o encarou, desafiante e se arrependendo internamente por ter dito aquilo, "Você nem o conhece, Gina, mas sabe que ele é um Malfoy, talvez um futuro Comensal, por que você disse aquilo... Não quero imaginar o que ele me fará fazer enquanto estiver com a maldição...".
Até Draco não gostou de Gina ter lhe dito aquilo. Pois agora ele teria que fazê-lo, já que não gostava de perder nenhum desafio. Pelo menos ele tentaria.
-Você pediu, Weasley – ele disse não muito confiante, mas não demonstrando isso a Gina.
E ela se arrependeu mais ainda ao ver ele tirando a varinha de dentro das vestes de Quadribol e apontando pra ela. "Hum, ele vai fazer me falar com Harry...oh, não...".
Enquanto Gina ficava imaginando a forma como Draco a faria se declarar pra Harry, ele tentava se concentrar pra poder realizar o feitiço. Praticara depois daquele dia, mas só havia passado um mês, não era tanto tempo pra estar com o feitiço totalmente perfeito, mas ele fora desafiado. "Concentre-se, Draco, concentre-se".
Draco apertou mais a varinha e encarou Gina a fundo. Algo naqueles olhos castanhos o distraiu por segundos, mas ele logo voltou a si ao perceber que ela estava começando a tremer. Sem abaixar a varinha ele disse:
-Tá com medo, Weasley?
Gina respondeu, com a voz firme:
-Claro que não! É este vento que está muito gelado... – disse se abraçando.
Foi então que Draco reparou que estava mesmo ventando, pois os cabelos de Gina estavam balançando levemente, mas por mais que se revoltassem não atingiam seus olhos, como se não quisessem quebrar a linha de visão dos olhos dele com os de Gina. "Ela está linda...". Ele quase abaixou a varinha, mas logo se deu conta de que estava se distraindo, pois ele viu que no rosto de Gina começava a se formar um sorriso. Então ele ergueu a varinha novamente e disse:
-Imperius!
Gina ainda conseguiu fechar os olhos antes que o fecho de luz, que vinha em sua direção, a atingisse. E ela ainda pode senti-lo bater em seu peito, antes de perder os sentidos.
