Draco não entendeu o que aconteceu. Soube desde o segundo seguinte em que acabou de dizer 'Imperius' que não havia dado certo. Não estava entendendo porque Gina, então, desmaiara.
Primeiro lhe veio um medo de tê-la machucado e imediatamente ele brigou consigo mesmo por estar tendo um pensamento deste, "Desde quando você se preocupa com alguém, Draco Malfoy?". Ele sabia que, pela educação que recebera, ou deveria apagar a memória de Gina e largá-la ali ou então dar um sumiço nela de vez. Mas o que ele fez foi totalmente o contrário do que aprendera: guardou sua varinha e caminhou até Gina e agachou-se ao lado da garota. Por alguns momentos ficou observando ela lá, deitada, os longos cabelos vermelhos esparramados sobre a terra. Draco a achou mais linda ainda e uma vontade irresistível de tocar aquele rosto lhe veio à cabeça. Ele levantou a cabeça pra ver se não vinha ninguém, e logo depois estava passando a mão sobre o rosto de Gina e não resistiu pegando também seus cabelos. "Por que eu estou fazendo isso? Por que sempre que chego perto dessa garota me comporto como se não fosse eu?".
Draco ainda estava debruçado sobre Gina, pensando sobre o que iria fazer, quando ouviu uma voz:
-Ei, o que você está fazendo com Gina, Malfoy?
Draco olhou para os lados, não havia ninguém por ali, quem estaria falando então?
Gina também ouviu os gritos vindo de não sei lá onde, mas a voz lhe era familiar, foi aí que ela despertou. Abriu seus olhos lentamente e o que viu primeiramente foi Draco olhando para os lados, procurando por algo. Ela não se lembrava exatamente porque estava deitada ali. Só sabia que estava conversando com Draco e... foi aí que se lembrou: Draco lhe havia lançando um Imperius. "Mas eu estou agindo por mim mesma, acho que não funcionou então...". Mas ela sentia-se meio tonta, resolveu chamar Draco e relou em seu braço, dizendo:
-Malfoy? O que aconteceu?
Draco virou pra Gina e ficou contente por não tê-la machucado, não conseguindo se controlar.
-Pensei que você não estava bem, acho melhor levantar daí. – enquanto Draco estendia seu braço seu braço pra ajudar Gina, ele ficava se perguntando por que estava sendo gentil com ela, por que não havia saído dali a muito tempo, por que a tocara, mas um súbito vento ao seu lado, interrompeu sua linha de pensamento.
E foi Gina que viu primeiro, ainda sentada dando a mão pra Draco, Harry descendo da vassoura, a uns metros de distância deles.
-Gina? Você está bem? – ele empurrou Draco pro lado e ajudou Gina a se levantar – O que ele estava fazendo com você?
Draco sentiu uma vontade enorme de dar um soco em Harry, por ele ter soltado sua mão da de Gina, mas se conteve. Lembrou que seu pai havia lhe dito pra não se meter em confusões com Harry. "A hora dele vai chegar", foram as palavras de Lucio, então ele se conteve. Estava interessado em saber como Gina se comportaria com a chegada do outro garoto. Ficou observando Harry ajudar Gina a limpar a terra de sua roupa, "Era pra eu estar ajudando-a.", ele se corrigiu: "Não, eu não a ajudaria...eu acho que não...".
Roupa e cabelos limpos, Harry perguntou novamente:
-O que ele te fez Gina, me diga.
Pra Gina, mesmo ele querendo ajudá-la, só estava fazendo papel de idiota. "Você sempre me machucou, e agora está querendo me proteger de Draco Malfoy? Tudo bem, ele não é a melhor pessoa do mundo, mas eu acho que ele não me fez chorar tanto quanto você fez". Gina se controlou pra não soltar aquelas palavras, sabia que Harry não tivera intenção de magoá-la em nenhum momento, mas não resistiu:
-Eu e Draco – começou Gina.
"Draco? Desde quando ela me chama de Draco?", pensou Malfoy.
-Nós, hum – Gina hesitou um pouco, mas continuou – nós estamos namorando. – Os dois rapazes derrubaram seus queixos até o chão, era inacreditável o que Gina dizia. – E estávamos, hum, aqui escondidos, é, namorando, oras! – Ela tenta ser natural, mas até pra ela esta idéia era ridícula, mas Gina não resistiu, precisava mostrar a Harry que ela também tinha amores, que ela não estava sozinha, não que ele se importasse tanto com a vida amorosa de Gina.
-Ah, não - disse Harry – mais uma fanfic D/G de novo,não! Acho ótimo eu ficar me agarrando com a Cho, mas esse branquelo com Gina não dá! Eu já tive que agüentar Soli...
(Oooops! Esta não é uma fic de comédia! Então não é pra eu ficar usando outras fics! Volta a fita, Harry não disse isso, ok? Ele disse isto):
-O quê? – disse Harry . Ele pôs a mão na testa de Gina – Você não está bem. Já sei, esse Malfoy lhe lançou algum feitiço, não? Preciso te levar a Dumbledore – ele se virou pra Draco, que ainda mantinha a boca aberta de espanto – depois eu falou com você.
-Harry, me solte! Não estou enfeitiçada, eu disse a verdade. Não é, Draco?
Draco se sentiu confuso. Por que ele teria que ajudar a Weasley a enganar o Potter? Então ele olhou pra Harry. "Pra deixa o Potter enfurecido, é claro!", então ele confirmou:
-É claro, – ele não sabia direito o primeiro nome de Gina então disse: - amor. – Só que saiu tão forçado que Gina teve vontade de rir.
-Viu, Harry? Ah, só agora me lembrei do treino! Vamos, Harry! – olhou pra Draco – Depois a gente conversa.
Harry olhou desconfiado pra Gina.
-Não vai dar um beijo de despedida em seu, arght, namorado?
Gina e Draco se olharam atônitos, mais pra parte de Gina.
-Nós não queremos te deixar constrangido, Harry, vamos.
-Ah – disse Draco, sarcástico – mas eu quero deixar o Potter constrangido sim!
Draco rapidamente puxou Gina pra junto de si, dando-lhe um beijo. Isto não era um sacrifício pra Draco, pois ele achava Gina bonita e de algum modo ela já não mais lhe parecia um ser repugnante, como ele achava o resto dos Weasley. Mas aquilo era pra ser um beijo rápido, só para irritar Gina e deixar Harry mais nervoso, só que Draco, simplesmente, não conseguia desgrudar os lábios de Gina e como a menina não reclamava, ele continuava a beijá-la.
-Eu não tenho que ficar olhando isso – disse Harry, já se virando para subir na vassoura.
Gina, então, se desgrudou de Draco.
-Espere, Harry! – e antes de ir ela falou com Draco, parecendo furiosa – E nós precisamos conversar mais tarde sobre isto, Malfoy. Hum, me encontra depois do jantar naquela sala do grilo.– E correu, subindo na vassoura junto de Harry, indo para o campo de Quadribol.
-Ué, mas ela não tinha gostado? – ele sorriu – Pelo menos não reclamou. Acho que quer mais.
E enquanto Draco guardava sua vassoura, satisfeito por já ter atormentado duas pessoas naquele dia, Gina chegava junto com Harry ao campo de Quadribol.
Harry se manteve calado, incapaz de dizer algo sobre a cena que acabara de ver e Gina, mesmo estando nervosa e confusa por causa do beijo de Draco, não pode deixar de sentir um certo gostinho por Harry tê-la visto junto de Draco. "Foi isto, mas aumentado mil vezes, pois te amava, o que eu senti naquele dia...", ela se sentiu tentada a dizer, mas ficou quieta, só o aborrecimento de Harry já a contentou um pouco. Mas foi aí que ela se deu conta do que fez e quebrou o silêncio entre ela e Harry, enquanto desciam da vassoura.
-Hum, Harry... – começou ela.
-Que? – disse ele, friamente.
"Ele está mesmo bravo! E só foi um beijo, não aquela agarração dele e da Chang..."
-Hum, sabe, eu não queria que você comentasse com ninguém que eu e Mal...Draco estamos, hum, namorando. Você poderia fazer isso pra mim? – perguntou apreensiva.
-Nem pro seu irmão? – ele também perguntou, malicioso.
Gina fez cara de espantada.
-Por favor, Harry, muito menos pra ele! Ele mataria Mal...Draco e eu...por favor!
-Ok, Gina, não contarei nada a ninguém. Só espero que você não esconda isto por muito tempo... – disse ele, quando já estavam chegando perto dos outros jogadores.
-Obrigada! – "Mas como eu vou esconder uma coisa que nem existe?", ela se perguntou, querendo rir.
E assim foi o treino de Quadribol da Grifinória. Harry, agora capitão, era ainda o apanhador, Simas Finnigan e Colin Creevey ficaram no lugar dos gêmeos Weasley, Gina, Lilá Brown e outro garoto do ano de Gina, eram os artilheiros e Rony acabou pegando o lugar de Olívio Wood nas balizas.
Numa hora, enquanto descansavam um pouco, Rony perguntou a Harry o motivo de ele estar tão nervoso e desatento ao pomo. Harry deu um significativo olhar a Gina, mas apenas disse:
-Não dormi muito bem esta noite... – mentiu Harry.
Rony, temeroso, perguntou:
-Sua cicatriz não está doendo, não é? Pois se estiver Você-Sabe....
-Ah, pare de bobagens, Rony! – irritou-se mais ainda Harry – Não tem nada a ver com Voldemort... – e Harry se irritou mais ainda ao ver Rony ter calafrios – Ele não aparece faz muito tempo. Pare com isso!
-Ele ficou dez anos desaparecido e depois retornou, Harry... Não acredito que não vá...
Harry não deixou Rony terminar e foi indo chamar o resto dos jogadores pra continuar o treino. Ele não era mandão e obsessivo como Olívio, mas fazia o time treinar bastante.
E enquanto tentava, em vão, acertar a goles nas balizas, o pensamento de Gina estava longe. "Meu primeiro...meu primeiro beijo...Malfoy deu-me meu primeiro beijo...não posso acreditar...", só naquela hora que Gina havia se tocado daquilo. Não que nenhum menino tenha se aproximado dela, mas é que Gina sempre o afastava por sua paixão por Harry. Sempre sonhou que seria com ele seu primeiro beijo, mas depois que se desiludiu, ela nem mais pensara sobre isso. E agora já havia acontecido, fora algo, pra ela, tão repentino e rápido, que nem se dera conta do que estava realmente fazendo. Só sabia que estava nos braços de Draco, e que aquilo não parecia tão mal, parecia até bom e ela sabia que ela poderia ter ficado ali por horas, junto dele, se não fosse Harry reclamar. "Ele que me puxou...por que ele me beijou? Um Malfoy nunca beijaria uma Weasley e...".
-Giiinaa!!! – Gina olhou pro lado, viu Lilá gritando – É sua vez, vá! – Então, afastando Draco do pensamento, ela agarrou a goles, tentando desta vez acertá-la nas balizas.
"Será que ele irá ao encontro?", ela se perguntou, enquanto tacava a goles.
-Oops! Errei de novo, desculpe Harry! – ela tentava se desculpar por não ter conseguido fazer um gol desde que eles começaram o treino.
=*=
Draco não precisou pensar muito se iria ou não a sala. Claro que ele iria. Estava muito curioso em descobrir por que Gina lhe protegera naquele dia e por que ela inventara aquela história de que eles namoravam, para o Potter. Poderia ser ruim a ele se alguém mais soubesse desta mentira, estragaria a reputação de um sonserino namorar uma grifinória, ainda mais um Malfoy com uma Weasley.
Quando ele saiu da sala comunal da Sonserina, inventando uma desculpa qualquer aos dois capangas, Draco se sentia totalmente seguro de si, arrogante como sempre. Mas à medida que ia avançando os passos para a sala combinada seus passos já não eram tão certos e ele sentia que estava começando a surgir alguma força que o puxava para lá, uma necessidade de falar com Gina, de vê-la novamente, de tê-la em seus braços. Mas é claro que Draco não interpretou assim; pra ele aquilo era nervosismo por estar fazendo algo totalmente contra a ética da sonserina e de seu pai: se encontrar secretamente com uma grifinória.
E ele se surpreendeu mais ainda quando chegou a porta e o seu coração começou a bater rápido, que ele quase que podia ouvi-lo, e em sua cabeça começaram a surgir dúvidas. E ele ficou ali, coração acelerado, a mente em turbilhão. "Por que eu estou tão nervoso assim pra me encontrar com a Weasley? Aliás, por que eu sempre perco o controle de mim mesmo sempre que estou com ela? Por que a beijei? Por que maldição eu estou me sujeitando a me encontrar com ela escondido numa maldita sala...". E ele continuou ali, parado, pensando se ia ou não entrar.
Gina também estava nervosa com o encontro. Não sabia o que tinha acontecido quando Draco lhe lançou o Imperius, só se lembrava de que havia desmaiado e de depois ouvir a voz de Harry e começar a mentir pra ele. Aliás, ela estava realmente muito arrependida por ter feito aquilo. Sabia que não poderia ter perdido a chance de deixar Harry de queixo no chão, mas namorar o Malfoy foi demais. Mas foi com esse pensamento que ela se deu conta de que já não estava se sentindo tão solitária e abandonada...
Ela não quis admitir de imediato a si mesma, mas beijar Draco Malfoy fez com que seu ego aumentasse, porque, apesar de ele ser da Sonserina e ser um possível Comensal, ele tinha uma aparência apresentável, ou seja, ele era lindo, tirando que aqueles olhos cinzas, mesmo sendo frios, davam um charme a ele. "Não acredito que eu consegui reparar tudo isso no Malfoy só no pouco tempo que eu fiquei com ele...", ela ainda não havia percebido, mas já tinha reparado muito mais coisas em Draco, mesmo contra a vontade.
Mas foi só quando ela chegou ao corredor da tal sala e viu Draco parado, indeciso, que Gina teve certeza do que ela não estava querendo admitir pra si mesma. Suas pernas começaram a vacilar, e ela parou, vendo que ele ainda não há havia visto. Gina pôs a mão no peito e pode sentir o coração bater mais rápido. "Não. Não pode ser...", ela, ao contrário de Draco, já conhecia esses sintomas, "Pernas tremendo, coração acelerado... não, eu não posso estar apaixonada pelo Malfoy... eu nem ao menos o conheço... aliás, conheço sim...ele vem de uma família de puro-sangue tradicional e rica; ele é da Sonserina e pratica Maldições Imperdoáveis escondido numa sala e depois pratica em mim ao ar livre. Sinceramente, Gina Weasley, volte a gostar de Harry. Você não pode ser tão tonta assim pra se apaixonar por um garoto só porque ele te deu seu primeiro beijo, você não pode!"
Ela resolveu, então, fugir de Malfoy e tentar esquecer que ela sabia que estava começando a se apaixonar por um sonserino que a usava de alvo, mas ouviu a voz arrastada de Draco por trás.
-Fugindo de mim, Weasley? Mas não foi você que marcou este encontro? – ele disse com sarcasmo.
Gina sentiu suas bochechas esquentarem, ficando vermelhas, antes de ela se virar para olhar pra Draco. "Ah, não, Gina! Será que você não muda? É só se apaixonar por um garoto que já começa a ruborizar e tremer? Pare com isso, garota...". Ela não sabia o que iria dizer a Draco, sua mente parecia vazia desde o momento em que ouviu a voz dele, mas quando o encarou e viu o sorriso sarcástico de Draco, como se ele já estivesse marcando pontos com a tentativa de fugir dela, Gina se viu a falar firmemente e no mesmo tom que o de Draco: sarcática (coisa que ela nunca pensaria que faria):
-Pois não era eu que estava que nem um medroso parado na frente da porta. Quem estava querendo fugir, Malfoy??
Draco poderia lhe dar mil respostas que a fariam se sentir humilhada ou então poderia dizer outra coisa que os fariam ficar ali a noite inteira debatendo. Ele até gostava de discutir com Gina, não sabia porque, mas gostava. Só que ele sentia uma necessidade de conversar com Gina calmamente, então disse:
-Acho melhor nós entrarmos, Weasley. Filch pode chegar aqui e nos dar uma detenção.
Gina acenou com a cabeça e os dois entraram na sala. Enquanto Gina acendia as velas, Draco conjurou duas poltronas, posicionado-as uma em frente à outra, seria mais fácil assim para conversarem. E enquanto ele fazia isso, sentia-se nervoso pelo que viria a seguir. "Por que eu estou com medo de uma simples conversa? E por que, maldição, toda hora que eu olho para aqueles cabelos vermelhos me vem uma vontade louca de toca-los?". Ele se sentou e esperou Gina acabar com as velas. Quando tudo estava iluminado, ela se sentou também. Por alguns momentos, um ficou olhando pra cara do outro, esperando e como Draco viu que Gina não começaria, ele começou.
-Por que você me chamou aqui?
Gina apertava uma mão com a outra, nervosamente, mas suas palavras sempre saindo firmes. Ela achava estranho, mas gostava de ficar brigando com Draco também.
-Por que você me beijou?
-Por que você mentiu pro Potter?
-Pra que você ficou treinando Imperius?
-Por que você não me denunciou a McGonagall?
-Por que você não responde as minhas perguntas?
-Por que você não responde as minhas?
Os dois se encaravam, os olhos brilhando. Aquilo seria uma das marcas do relacionamento futuro deles: brigas e discusões, opiniões contrárias.
-Por que eu me apaixonei por você?
E foi só no momento que as palavras saíram, sem pensar, que Gina se deu conta do que havia dito. Ela, como se quisesse voltar às palavras, pôs as mãos na boca, ruborizando até as raízes do cabelo.
A primeira coisa que veio a cabeça de Draco foi achar graça. "A Weasley apaixonada por mim?". Mas logo depois ele sentiu algo o revolvendo por dentro, aquela mesma sensação outra vez. Claro, ele já havia ouvido várias garotas falarem que o amavam, algumas verdadeiras e outras não. Mas saindo da boca de Gina e não sendo uma declaração de amor direta, Draco não soube como agir. "Rir na cara dela? Não... Tacar-lhe um feitiço? Também não... Sair correndo daqui? Hum, talvez... Dar-lhe um beijo? Bem possível... Dizer-lhe que a amo igual eu sempre engano as outras?...". E foi aí que ele já não teve certeza de nada. "Como você não sabe se gosta ou não dela? Claro que você não...", e sua linha de pensamento foi cortada por soluços. "Não acredito que ela começou a chorar...". Ele sabia que não sabia o que fazer quando via Gina chorando, aquela experiência do ano passado o mostrara isso.
Gina não sabia exatamente porquê estava chorando. Sabia que havia feito uma besteira revelando seus sentimentos recém descobertos a Draco, sabia que aquela paixão lhe daria muitas dores de cabeça, sabia que Draco se aproveitaria ao máximo disso, só não entendia porque não paravam de sair lágrimas de seus olhos.
Draco ficou observando Gina por mais algum tempo, a cabeça baixa, os cabelos vermelhos balançando a cada soluço e as mãos escondendo o rosto. "O que eu faço?", ele pensava, apreensivo. Foi quando algo lhe veio a cabeça: "Hum...não agir com a cabeça? Se eu na fizer isso vou agir com o que?". Num primeiro momento, ele ficou indeciso entre sair da sala e deixar Gina ali ou lançar-lhe outro Imperius. "Não...não vai dar certo, algo não me deixa abandoná-la e eu também sei que não conseguirei lançar-lhe nenhuma maldição...o que está acontecendo com você, Malfoy?". E ele obteve a resposta quando parou de pensar e se deixou levar por um impulso.
Draco foi até Gina, lentamente ele se agachou em frente à poltrona e, tentando não assustá-la, ele a envolveu com seus braços, dando lhe um abraço. Sentiu que Gina, primeiramente, quis se afastar, mas logo não resistiu, tomada por algo maior, e também passou os braços por trás dele, as lágrimas saindo mais agora.
Um calor imenso invadiu o corpo de Draco, aquela sensação de conforto, e ele percebeu que aquilo era a coisa certa a fazer e a apertou mais junto a si. A partir daquele momento Draco percebeu que nada em sua vida era melhor do que aquela sensação ao estar perto de Gina. Ele sabia, agora, o porquê da ansiedade em chegar a Hogwarts, o porquê da vontade de tocar os cabelos de Gina, o porquê do Imperius não ter funcionado: ele estava amando Gina. E aquela certeza não o apavorou, pois era uma coisa boa, mesmo ele tendo consciência de que enfrentaria muitos problemas...
Gina não entendia porque Draco estava a abraçando. "Ele deve estar zombando de mim...", ela pensou, mas não conseguiu se soltar dele. Era uma sensação tão boa de algo realizado, de amor correspondido, coisa que ela nunca havia sentido com Harry. Era como se realmente Draco fosse feito pra ela, só pra ela. Almas Gêmeas. Mas um súbito medo voltou, "Ele deve estar me enganando... Draco Malfoy não pode amar... eu também não posso amá-lo, seria tolice... mas parece bom amá-lo...". Então ela apertou-se mais a ele, como se quisesse prendê-lo junto a si.
Só que passados alguns segundos, Draco afrouxou os braços ao redor de Gina, e ela, já sem as persistentes lágrimas, lamentou-se por aquele momento mágico estar se acabando, e já ia abrir boca pra dizer algo quando sentiu os lábios de Draco nos seus, beijando-a, e os braços dele a apertando novamente. Foi aí que ela teve certeza: "Ele realmente gosta de mim...".
E foi só depois de muitos minutos e beijos, que com muita relutância de ambas as partes, eles desgrudaram as bocas. Draco sentou-se no chão e ficou a encarar os olhos castanhos de Gina, que agora tinham um brilho de felicidade. E ela também não pode deixar de sorrir ao ver que Draco já não tinha aquele ar arrogante, nem parecia mais haver uma barreira impedindo ela de o conhecer realmente. Ele quebrou o silêncio:
-Não acredito que estamos apaixonados... não acredito que eu estou apaixonado, como você fez isso?
-Como você fez eu me apaixonar por você, é a pergunta. Me parece estranho ver você tendo algum sentimento, Draco.
Agora, ele gostou de ouvir seu primeiro nome da boca de Gina, soou natural, intimo e foi aí que ele se lembrou de algo, e perguntou meio envergonhado, pois do nada parecia que ele conhecia Gina inteira, mas não sabia uma coisa.
-Hum...Eu não sei ao certo seu primeiro nome. O Potter o havia dito...Meggie? Nanny? Betty? Bem, eu nunca havia me preocupado com isso...
Gina deu outro sorriso, fazendo Draco respirar aliviado. Ele pensou que ela ficaria irritada e agora aquilo importava pra ele, tudo o que dizia a respeito dela importava agora.
-É Virgínia, simplesmente Gina. Gina.
-Gina... Gina Weasley. Oh, não…
-Que foi? – Gina perguntou, vendo que Draco fazia uma careta.
-Você não percebeu? Só agora que eu, realmente, me dei conta. Você Weasley, eu Malfoy, você Grifinória, eu Sonserina...
-Você do lado das trevas, eu do outro lado... – Draco já percebeu que iriam começar a brigar novamente.
-Por que eu do lado das trevas?
-Por quê? Hum, quem estava praticando Imperius e sabe-se lá o que mais aqui nesta sala outra noite? – perguntou ela, já brava.
-Oras, aquilo era só um aprendizado apropriado a um Malfoy. Em minha família não consideramos nada impróprio, qualquer tipo de feitiço, seja ele o efeito, é mágica, isso que importa. Não há mal nenh...
-Não há mal? Oras, Draco, não há mal em controlar alguém com um Imperius, nem há mal em fazer a pessoa sofrer de dor com o Cruciatus? Isso é crueldade.
-É magia. – ele não queria discutir um assunto com Gina que ele sabia que não acabaria em lugar nenhum. – Voltando ao assunto que eu queria chegar, nós iremos ter problemas com nossos pais, com nossas casas aqui em Hogwarts, com seus irmãos, com Harry Potter...
Gina também se deu conta do que aquela paixão causaria na vida dos dois, que até se esqueceu do que estavam falando e prosseguiu com o assunto das famílias.
-Hum... você tem razão, nossos pais, nossas casas, meus irmãos... Espera aí... Por que Harry também?
Draco voltou a ter seus olhos frios.
-Você não viu como ele ficou quando você disse que estávamos namorando, e piorou quando eu te beijei? Ele gosta de você Gina... Aquele heróizinho gosta de você...
-Ah, ele não gosta não – disse Gina se lembrando da agarração de Harry com Cho, mas já sem se importar tanto – Tenho certeza de que ele não gosta... eu o vi ano passado se agarrando com uma garota...
-Foi naquele dia?
-Foi...
Draco sabia que só porque ele estava se agarrando com outra garota não significava que Harry não gostava de Gina, mas resolveu ficar quieto, aquilo poderia fazer com que Gina se desinteressasse por ele, o que ele duvidava que poderia acontecer.
-Mas deixa o cicatriz pra lá, então... Teremos problemas com nossas famílias, principalmente, quando eles souberem que estamos namorando – ele disse esta última palavra devagar, querendo causar impacto em Gina, o que causou.
Ela lhe sorriu.
-Na...namorando? Desde quando Sr. Malfoy?
-Desde hoje cedo, você que disse.
-Oh, me esqueci – disse ela, se abaixando pra beijá-lo e quando o soltou, falou preocupada – Mas realmente é estupidez ficarmos juntos...iriam nos matar... acho que não...
-Não diga que não devemos. – ele falou firme – Mas parece idiota mesmo fazer isso. Só que eu não sei se vou conseguir ficar longe de você, agora que tenho você.
Gina sorriu novamente. "Não parece em nada com o Draco que entrou aqui... Que ótimo!". Abraçou-o.
-Acho que nós não devemos esconder, então... pode ser pior...
Draco ficou em dúvida. Não queria de jeito nenhum, decepcionar seu pai. Mas ele sabia que uma hora ou outra ele acabaria descobrindo, seria melhor saber por ele mesmo, não?!
-Tem razão. Amanhã é sábado, nós podemos nos encontrar na biblioteca logo de manhã, pra escrevermos, será melhor se o fizermos juntos.
-Está bem.
Logo, os dois estavam se despedindo e tomaram, cada um, o seu caminho para as respectivas salas comunais.
Na manhã seguinte, quando Gina entrou na biblioteca a viu vazia, a não ser por um garoto louro num canto, pensando em como explicaria algo inexplicável ao seu pai.
-Olá! – disse ela, se aproximando.
-Gina! – ele já ia se levantando para lhe dar um beijo, quando Gina lhe fez um sinal, apontando Madame Pince.
E então, sem beijo de cumprimento, foram os dois começar a difícil tarefa de explicar aos pais a súbita paixão que os envolveu por um membro da família inimiga. Demoraram bastante, trocando idéias, tomando cuidado com as palavras, e quando finalmente acabaram, trocaram as cartas, lendo o que o outro escreveu.
-Ei – exclamou Gina – meu pai não é um paspalhão do Ministério. Apague isso, Draco.
-Só se você apagar esse: frio e sujo do Lucio Malfoy também aceitará...
-Hum, não apagamos nada e ficamos quites, ok?
-Tá bom – disse ele pegando a carta de volta. Mas enquanto Gina ia guardando as tintas e penas, Draco escreveu em sua carta, no final: Isso não muda meus planos com o Lord.
Alguns minutos depois estavam Draco e Gina soltando duas corujas, que levavam cartas que seriam realmente difíceis de se engolir por suas famílias.
