-O quê? - disse Rony, entrando na cozinha e se intrometendo na conversa de sua mãe com Gina – Aquela cobra platinada vai vir aqui?
Molly disse, calmamente:
-Sim, querido, a cobra plati – ela olhou pra Gina e viu a cara irritada da filha – quer dizer, Draco Malfoy, irá vir aqui sim. Ela tem tanto direito quanto você de trazer o – ela fez uma cara de desgosto – namorado dela aqui. Aliás, você também não disse para o Harry que ele podia trazer a Srta. Chang?
Gina notou que a mãe não gostava de Cho Chang também. Ela suspeitou que a mãe ainda quisesse que ela e Harry ficassem juntos. "Eu e Harry? Nunca mais...".
-É, Rony, eu não me oponho que você traga a Mione pra cá, então...
-Mas nem a Mione, nem a Cho têm artefatos das trevas embaixo da sala de visitas. – bufou Rony.
-Por quê? Não vá me dizer que você está sugerindo que Draco tem... – Gina fez cara de espantada – Como você descobriu isso?
-Oras, quando eu e Harry entramos na sala da Son... – Rony se lembrou que isso foi algo que o fez quebrar várias regras e não seria muito bom contar na frente de sua mãe – Nossa! Eu esqueci de mandar a coruja pra Mione, já volto! - e saiu rapidinho da cozinha.
-Esse garoto está escondendo algo...
-Mas eu não acredito que possa haver algum artefato na casa de Draco... – falou Gina, pensativa, enquanto também saia da cozinha.
-Ainda ingênua – murmurou a Sra. Weasley pra si mesma – espero que Malfoy não se aproveite da ingenuidade dela... não ia gostar de minha pequena ser usada novamente, como na câmara secreta...
Draco observava o elfo doméstico arrumar suas roupas. Sua vontade era de mandá-lo desarrumar tudo e dizer que não iria viajar, mas fazer isso seria ignorar um pedido de seu pai, o que o faria ficar em uma situação pior. Ele estava meio apreensivo. "E se quando matarem Harry, Gina não me perdoar?", mas foi só aí que Draco se deu conta que se ajudasse nesse plano ele já seria considerado um Comensal, não haveria mais volta. "Sinceramente, eu não sei se quero fazer isso...talvez eu possa..."
-Draco? – foi seu pai entrando, o tirando de suas dúvidas. – Tudo pronto para ir para os Weasley passar suas férias? – Lucio falava isso com um sorriso malicioso estampado no rosto.
-Talvez seja cedo pra eu ir, afinal o Lord só chegará...
-Já lhe disse que quero que você vá um pouco antes para poder conhecer melhor aqueles bruxos trouxas... – vendo o desgosto no rosto de Draco, ele murmurou – e você sabe, nada de confusões com...
-Com Potter, nem Weasleys, e muito menos com o velhote que pode desconfiar. Você já me disse isso milhões de vezes.
O que Lucio não sabia era que essa quietude de Draco que faria eles ficarem desconfiados.
-Espero então que você se lembre disso. Vamos descer, sua mãe já esta te chamando para o almoço, depois você irá partir,não é?!
-Sim – respondeu Draco.
Umas horas depois estavam em frente à porta da mansão, Draco partindo.
-Aparatar. Eu prefiro aparatar.
-Querido, - disse Narcisa – você acabou de aprender, não seria seguro aparatar tão longe assim, ainda mais em um lugar que você nunca esteve.
-Sua mãe está certa, Draco. Vá com a carruagem, demorará mais, mas por enquanto é mais seguro pra você.
"Claro, não é você que vai chegar de carruagem, enquanto eles mal têm dinheiro pra comprar vassouras. Se não fosse Gina eu não me importaria, mas...".
-Eu posso ir de vassoura – insistiu ele.
-De jeito nenhum. Estamos em pleno verão e esse sol pode não lhe fazer bem. Vá de carruagem. Lucio... – disse como se dissesse pra Lucio por fim naquilo.
Draco pensou: "Ela ainda me trata como se eu fosse um bebê, oras, tenho dezessete anos... Quem vê nem pensaria que ela é uma Comensal cruel tanto quanto meu pai...minha família!".
-Draco, vá de carruagem.
Draco já ia revidar novamente, mas estava ficando cansado daquilo e resolveu subir logo.
Algumas horas depois, Draco já estava entediado de ver tanto mato em sua frente. Árvores e mais árvores que não acabavam mais, até que com leveza, a carruagem parou. Draco notou que de repente as árvores, gramas e moitas na janela pararam de se movimentar e deduziu que havia chegado. Ele desceu e logo sua mala apareceu ao seu lado, e sem precisar fazer nada, o seu transporte deu meia volta e foi embora.
Draco olhou a sua frente: a primeira vista parecia um bosque. "Mas que coisa, será que a Gina mora numa floresta?". Ele se abaixou e pegou sua mala. Já estava começando a ficar irritado, pois estava num lugar desconhecido e não parecia haver nenhuma alma viva por ali. Já ia dando o primeiro passo em direção a floresta, quando ouviu:
-Eeeei!
Draco se virou. No outro instante ele se sentiu um idiota por não ter olhado atrás de suas costas. Agora sim, ele podia ver ao longe, um pequeno jardim cercado, com alguns gnomos e várias plantas e ervas e logo atrás uma grande casa. Ele se assustou com a feiúra e tortura da casa. "Como alguém pode viver nisso?", perguntou a si mesmo.
Ele teve que andar um pouco até chegar a casa e ficou o tempo todo amaldiçoando a carruagem por tê-lo deixado tão distante do lugar exato. Foi aí que viu quem o chamou, notando uma coisa maior do que a carruagem parada em frente ao jardim.
Era uma espécie de máquina, Draco não sabia direito. Viu que um casal vestido com roupas estranhas saía dele e logo avistou alguém familiar: Granger. Então ele deduziu que aquele era um meio de transporte de trouxas que seu pai comentara outro dia como sendo muito lento e barulhento.
Draco já estava procurando em sua mente alguma ofensa pra dizer sobre a vestimenta de Mione: um vestido azul de verão. Mas aí, se lembrou de que não estava em Hogwarts e não tinha seus amigos pra rirem, e que seu pai havia lhe dito pra não criar confusões. "Pelo menos por enquanto...".
Então, com sua mala na mão, Draco andou mias um pouco, passando por alguns buracos até chegar perto da cerca, onde estava o carro.
"Ser simpático, ser simpático...não acredito que vou fazer isso...".
-Olá, Granger. – disse tentando parecer convincente.
-Oi, Malfoy. – Draco percebeu que ela não estava surpresa pela sua ida A Toca e presumiu que Rony tivesse contado. E Mione, sendo educada, apresentou seus pais: - Esses são meus pais: John e Violet Granger. Este- disse agora pros pais – é Draco Malfoy.
-Boa tarde, Sr. Granger – disse Draco, enquanto o pai de Mione estendia a mão. Draco notou que ele fazia um esforço pra se lembrar de algo.
-Creio que Hermione já comentou algo de você, rapaz. Só que agora não me vem à cabeça...
Draco olhou pra Hermione. Ela estava começando a ficar vermelha nas bochechas de vergonha. Ela evitou o olhar de Draco e disfarçou, falando com a mãe:
-Aquilo é um gnomo – e apontou para um pequeno ser que corria atrás de outro pequeno com uma enorme fruta nas mãos.
-É um enorme prazer conhecer os pais da Monitora-Chefe. – falou Draco, com o pai de Mione – Creio que o senhor deve estar muito orgulhoso dela. – Draco falava tudo aquilo com um enorme tom de ironia que o pai de Mione não percebia, mas ela sim, já que viu o conhecido jeito de Draco durante sete anos.
-Acho que se não irem agora, irão se atrasar, não?!
A mãe de Mione olhou o relógio e viu que realmente era hora de ir. Despediram-se de Draco e Mione e entraram no carro, indo pela mesma estrada que Draco chegara. Mas antes de ir, a mãe de Mione murmurou em seu ouvido:
-Educado este rapaz!
E depois de o carro ter sumido a alguns metros, Draco se virou pra Mione:
-Adorei seus pais!
Falou aquilo com um sorriso nos lábios, mas com a voz tão seca e os olhos brilhando tanto, que por um instante, ela teve medo por seus pais. Então, ela notou que ninguém, depois da barulheira toda do carro, veio recebê-los. Ela resolveu que não faria mal, então, se entrasse no jardim e chamasse alguém.
-Não sabia que era um costume trouxa invadir casas, Granger. – disse ele, enquanto a seguia.
-E eu não sabia – disse ela, enquanto batia em uma porta verde – que era costume dos Malfoys namorar Weasleys. Não é estranho? – Hermione não queria começar uma discussão em frente d'A Toca, mas ela não agüentaria as provocações de Draco quieta.
-Oras, isso é tão estranho quanto o seu namorado, um sangue-puro, pobre, mas sangue-puro, namorar uma sang... – ele se calou.
-Namorar uma o quê, Malfoy?
-Nada. – ele havia se lembrado de que os Weasley adoravam trouxas. E se Mione contasse a eles que a chamara de sangue-ruim, ele seria expulso no primeiro minuto.
-Eu sei que você iria me chamar de...
POF!
Hermione e Draco se olharam depois de terem ouvido um estranho barulho de algo "pousando". Os dois apuraram os ouvidos.
POF!
Novamente o barulho, mas desta vez seguido de uma reclamação:
-Gina, sempre por causa de Gina! 'Ela ainda não sabe aparatar!' mamãe diz, 'Então que vá de pó de Flú!', eu digo. 'Ela vai sim, mas vocês também!', nós poderíamos ter aparatado, não, mamãe sempre com essa mania: 'Me sinto mais segura com vocês perto de mim, assim não aprontam nada!'. Oras, nós temos dezenove anos...
-Já sabemos aparatar e também a fazer nossas próprias traquinagens, sozinhos...
POF! POF! POF!
-Que tal se saíssemos daqui, Fred?
-Boa idéia, Jorge. Esta casa já não é mais habitável, ainda mais com aquele 'estátua de cera ambulante' do Malfoy vindo aqui e...
-Draco!!! – gritou Gina que acabava de limpar suas vestes, depois de sair da lareira, e viu Draco na janela. – Mione! Entrem! – e correu para abrir a porta.
-Falando no branquelo... – murmurou Jorge.
-Acho melhor irmos preparar a poção descolorante, Jorge. Ele já a enfeitiçou de novo.
E Draco teve que se segurar quando entrou na casa. A primeira vez que Harry entrou n'A Toca, a achou maravilhosa, por ele sempre ter tido as piores coisas na casa dos Dursley e por ele nunca ter visto uma casa de bruxos. Mas ele já conhecia muitas casas de bruxos e estava acostumado a coisas sempre novas e vendo aquelas coisas velhas e sem muito valor, teve que se controlar pra não sair correndo dali. Por sorte Gina logo o abraçou, assim que ele entrou e Draco pode se poupar uns instantes da visão que ele achou miserável. Mas logo ele ouviu os resmungos de Fred e Jorge por estar abraçando Gina e se lembrou de que estava em território inimigo.
Depois de cumprimentar Hermione, a Sra. Weasley veio em direção a Draco, que agora estava ao lado de Gina, examinando mais a casa enquanto a ruiva lhe enchia de perguntas.
-Ola! – disse Molly para Draco, interrompendo Gina. – Você é o jovem de quem Gina não parou de falar um instante, eu já não agüentava mais ouvi-la. Que bom recebê-lo.
-É um prazer estar aqui, Sra. Weasley, ainda mais em companhia de sua filha. – Ele teve realmente que fazer um esforço pra dizer o "prazer em estar aqui", mas nada que alguém percebesse.
-Vamos, Draco. Eu vou te mostrar meu quarto. – Gina foi puxando Draco escada a cima. Ela deu uma olhada e viu que os gêmeos estavam seguindo ela. – Ok, Fred e Jorge, eu não preciso de ninguém me seguindo.
-Não estamos te seguindo, só estamos indo para o quarto procurar alguns ingredientes pra uma poção aí...
-É, uma poção aí...
-Não ligue pra eles, Draco, vamos.
Draco estranhou os corredores por onde ele e Gina passavam. Em todos os lugares bruxos que ia, estava sempre acostumado a ver vários quadros nas paredes, mas no curto corredor por onde passava agora não havia um único quadro, as paredes estavam nuas. E ele quase perguntou a Gina o porquê de não haverem retratos da família, mas então se lembrou, como se fosse possível esquecer diante do quarto que acabava de entrar, da pobreza da família de Gina e até sentiu um pouco de pena dela. "Será que eu suporto ficar mais alguns minutos aqui?".
-É bem simples – falou Gina – mas eu gosto muito dele.
Quando Draco olhou mais atentamente para o quarto, viu que era a cara de Gina: doce. Havia um pequeno guarda-roupa que Draco achou que era a primeira coisa que não era tão velha e repugnante na casa, pois era muito brilhante, coisa que ele nunca vira em móvel algum. E nem saberia que aquele "brilho" era verniz, uma espécie de tinta trouxa usada para acabamentos e que o Sr. Weasley tinha descoberto uns meses atrás. Ao lado da cama, coberta com um lençol florido, estava uma mesa, onde os livros de Hogwarts estavam caprichosamente empilhados. As paredes mantinham um tom lilás muito clarinho, e foi daí que Draco tirou a idéia de que o quarto era doce.
E pensando em quartos e decoração, Draco se lembrou que não sabia onde iria dormir. Sabia que os pais de Gina não permitiriam que ele ficasse lá, então, Draco já ia se imaginando dormindo com Harry, Rony e os gêmeos, enquanto perguntava para Gina:
-A Granger virá dormir aqui, não?! - Gina, confirmou com a cabeça e Draco continuou – Então eu irei...
-Falei com mamãe – interrompeu Gina – e ela também achou melhor que você ocupasse o quarto de Carlinhos, já que ele não vem durante este verão.
-Carlinhos? – perguntou Draco.
-Sim, ele é meu outro irmão.
-Gina Weasley – disse ele em tom irônico, não sendo sarcástico como sempre – quantos irmãos você tem?
-São seis meninos. Carlinhos e Gui que você nunca viu, já que saíram de Hogwarts antes de Rony entrar. Percy que foi monitor-chefe por um tempo e que você já deve ter visto, os gêmeos que você viu lá embaixo e também deve conhecer, pois eles jogavam Quadribol, e Rony, que eu nem preciso perguntar se você não conhece, não é? – Ela olhou meio brava pra ele por causa das tantas brigas que ele teve com Rony.
-Nossa, que família enorme, pensei que só eram cinco com você... – Draco ficou pensando nele sozinho naquela casa enorme, não que algum dia desejara um irmão, não, ele gostava só ser ele, de ter pra si toda atenção, de não repartir nada. Mas ele estava pensando no absurdo que era ele sozinho na sua casa e Gina com seu monte de irmãos numa casa tão pequena. Não que ele ficou com pena dos Weasley, mas queria que Gina tivesse mais conforto.
-Vamos ver o seu quarto.
Draco já estava imaginando como seria horrível e pequeno como toda casa, o quarto em que ele ficaria. Mas quando saíram do quarto de Gina e foram para o corredor, os dois ouviram que havia um tumulto no andar de baixo.
-Acho que Harry chegou – murmurou Gina.
Ela falou isso naturalmente e Draco não pode perceber se havia algum sentimento por trás das palavras. Ele já perdera muitas coisas pra Harry, não queria perder Gina, não agora que assumira pra ela e pra ele mesmo seus sentimentos.
-Não íamos ver o quarto? – perguntou Draco enquanto Gina o puxava em direção a escada.
-Íamos, mas podemos fazer isso depois e eu quero ver se Harry trouxe mesmo aquela chinesinha...
Ele a fez parar quando ela já ia começar a descer e puxou-a para encará-lo.
-Ciúmes?
Gina olhou bem fundo nos olhos de Draco, os olhos por onde ela sempre se perdia, mas agora ela viu que ele estava procurando evitar que ela mergulhasse ali, ele queria aquela resposta e ela percebeu que há tempos que ele queria ter feito esta pergunta.
-Não. – respondeu sem hesitar – Não tenho mais ciúmes de Harry, ele que fique com a Chang. Mas mesmo não tendo ciúmes dele e não gostando dele – Gina parou um pouco. Ela não tinha certeza se era bom continuar. Draco poderia achar que ela ainda gostava de Harry. Resolveu que podia arriscar – eu não gosto dela por saber que foi por causa dela que eu perdi Harry. – ela viu a cara irritada e os olhos de Draco começando a ficarem mais fechados. – Mas é claro, que por um lado foi bom vê-la se agarrando com Harry, pois senão não teria parado de gostar dele para gostar de você. – ela sorriu pra ele, mas Draco continuava sério – Você não acredita em mim?
-Acreditar não é a palavra certa, eu acho que apenas aceito sua resposta.
Agora, ela que olhou sério pra ele.
-Draco Malfoy, você acha que eu iria desafiar minha família inteira pra trazer você aqui se não gostasse?
-Talvez você só queria fazer ciúmes ao Potter.
-Se eu quisesse fazer ciúmes ao Harry eu me agarraria com você na frente dele igual ele fez. – ela começava a ficar vermelha. Não queria estar brigando agora com Draco. "Por que disso?".
-Se não gosta dele, nem quer fazer ciúmes, por que não gostar de Cho Chang? – Draco quase chegou a ponto de ser sarcástico de novo, quase.
-Não gosto de Chang pelo mesmo motivo de não gostar daquela sonserina, Pansy Parkison. Você pensa que eu não me lembro que você dançou com ela em um dos bailes de inverno? E que eu não reparo que ela sempre fica de olhos vidrados em você quando está na mesa da Sonserina, ou até mesmo que ela ficou parada perto de nós lá na estação?
Ele sorriu internamente. "Se Gina viu tudo isso que a Pansy fez, se ela lembra que eu fui com ela num baile inverno, então ela gosta de mim. Mas por que eu estou tendo dúvidas disso? Ah, porque ela tem uma antipatia pela namorada de sua ex-paixão...Não sei...".
-É, eu sei que Pansy gosta de mim. –ele sorriu, mostrando-se convencido.
-Oras, Draco, agora você vai ficar se gabando por ter uma garota com cara de buldogue apaixonada por você? – agora era Gina que estava visivelmente com ciúmes de Draco.
-Não. Estou me gabando por ter a garota mais linda.
Ela, então, sorriu.
-Sou eu?
-Não. É outra garota, não sei se você já viu uma ruivinha tímida da Grifinória que teima em dizer que é uma boa jogadora de quadribol e que agora vai ser Monitora-Chefe de Hogwarts? Pois é, é por ela que eu estou apaixon...
Gina não o deixou terminar. Puxou-o pela capa e beijou-o feliz. Ela não poderia querer nada mais agora que estava nos braços dele, o mundo parecia não existir, só havia Draco mantendo-a protegida junto de si.
E eles estavam tão envolvidos naquele clima, que não perceberam que as vozes da sala estavam aumentando, ou seja, chegando mais perto deles. E mesmo que tivessem escutado, não se separariam, pois fazia um mês que não se viam e esta foi a primeira vez que puderam se entregar um ao outro sem ter ninguém ao lado.
-...no ministério. As leis mágicas são fabulosas e aprender sobre elas será um prazer. A McGonagall disse que... – Mione se calou e parou, assim como Harry, Rony e Cho, mas apesar do choque ela já segurou o braço de Rony prevendo que aconteceria.
-Será que esse Malfoy tem que ficar se agarrando com Gina bem aqui na escada?
Então Gina sentiu os lábios de Draco se separando dos seus e ele olhando pra baixo, e foi só aí que percebeu que os outros estavam lá e se sentiu envergonhada.
-Se preferir, Weasley – falou Draco – eu e Gina podemos ir para o quarto dela fazer isso e umas coisas a mais.
Gina corou mais ainda e não gostou que Draco tivesse dito aquilo. Mas não reclamou vendo que Rony estava muito nervoso e que se ela brigasse com Draco só iria piorar as coisas, então notou que Cho Chang estava lá também, ao lado de Harry. E parecia que ela estava gostando da cena que estava começando a acontecer.
-Olha aqui, Malfoy, você está na minha casa e eu exijo respeito com...
-Rony! – interrompeu Gina, descendo as escadas com Draco junto. – Esta casa também é minha. Então não desrespeite você um convidado meu. – Ela se virou pra Harry sorrindo – Ola!
E enquanto Gina o cumprimentava e a Cho, Hermione tentava levar pra fora Rony, que agora estava irritado com Draco e com Gina, por ela ter defendido Draco.
Gina reparou – ela era muito ciumenta – que apesar de estar bem junto de Harry, Cho não tirava os olhos de Draco, não como se tivesse paquerando ele, mas como se tivesse o avaliando, e não gostou nada disso.
E quando estavam sentados na mesa, jantando, já com Percy, Gui e o Sr. Weasley – que recebeu Draco, não com simpatia, mas com respeito – Gina não agüentou mais os olhares da chinesa sobre ele e murmurou em seu ouvido.
-Mais um motivo pra não gostar mais ainda dessa Cho: ela não tira os olhos de você.
Draco já havia reparado, quando foram apresentados, que Cho o olhou de uma maneira diferente, mas nem ligou, achando que a garota estava estranhando sua presença ali e agora que Gina falara isso, Draco reparou um pouco depois, que ela realmente o olhava muito. Ele gostou de Gina ser tão ciumenta assim, e viu que ela era muito atenta a pequenos detalhes, quase mais que ele.
Mais tarde, depois do jantar, Gina mostrara a Draco o quarto de Carlinhos e como Draco imaginou era como todos os cômodos da casa, pequeno e bem simples. Não estava gostando da idéia de ter que dormir naquela cama pequena se comparada a sua, sem seus enormes travesseiros e lençol macio, mas estava aceitando por não ter que dormir com nenhum dos Weasley ou com Harry.
Depois disso Gina lhe mostrou o banheiro e Draco foi para o banho, enquanto Gina foi ao seu quarto.
Lá, já estavam Cho e Hermione sentadas em suas camas. Era quase impossível de andar, devido ao colchão colocado no chão. Hermione estava numa cama em cima da de Gina, depois que ela falara com o Sr. Weasley que os trouxas faziam isso e era chamado de beliche. Então com alguns feitiços ele pode colocar a cama em cima da de Gina, dando assim para as três dormirem no quarto pequeno.
E enquanto Gina colocava seu pijama, Cho lhe falou:
-Você parece gostar muito do Draco Malfoy.
Gina tentou ser o mais simpática possível.
-Gosto sim, do mesmo jeito que ele gosta de mim.
Ela pensou ter notado que Cho tinha achado engraçada a sua resposta, mas achou que foi impressão.
E Hermione, que desceu de sua cama e se sentou ao lado de Gina na dela, também resolveu participar da conversa.
-Gina, eu te confesso que achei muito estranho este seu namoro Draco. – ela demorou um pouco pra continuar – Você tem certeza de que Draco não está te enganando, te usando?
-Tenho, Mione, sei que ele gosta mesmo de mim. Senão não teria se arriscado pra não deixar eu cair no chão naquele jogo, e teria conseguido lançar o... – Gina se lembrou de que Draco lhe tentar lançar um Imperius não era uma prova de amor e muito menos algo pra se orgulhar – nada não.
-Eu acho que Malfoy gosta de você sim, Gina, ou ele não viria aqui. – falou Cho.
-O que tem demais vir aqui, Cho?
-Oras, deve ter sido duro pra ele convencer os pais a deixá-lo vir na sua casa. Soube que seu pai e o dele não se entendem muito bem.
-É, ele disse que não foi muito fácil, mas conseguiu. Esse verão será um dos poucos momentos que teremos juntos. Pois eu logo voltarei pra Hogwarts. Mas Draco ainda não sabe o que irá fazer.
-E você, Cho, Harry nos disse que estava se especializando em Quadribol, pretende ser professora? – perguntou Mione.
-Acho que professora ou talvez treinadora de algum time pequeno, não me decidi ainda. Mas eu também achei muito interessante esta sua especialização, Mione. – comentou.
-O que tipo de especialização é essa, Mione? – perguntou Gina, que não estava na hora em que Mione falou com Harry, Cho e Rony, ela estava 'ocupada' com Draco.
-Eu vou me especializar nas leis mágicas, Gina. Depois que eu terminar o curso vou ver se consigo um emprego no Ministério.
-Acho que todas nós já temos nossos futuros planejados. Espero que tudo de certo. – falou Gina.
E um pouco perto dali, Draco saia da banheira, depois de terminado seu banho. E quando já tinha terminado de se enxugar e já ia pela milésima vez reclamar internamente por não estar em sua casa, no seu banheiro, - "E pensar que eu irei ficar aqui por pelo menos duas semanas...suportando esses malucos dos irmãos de Gina e esses cômodos tão pequenos" – Draco notou que a pequena pedra que ele trazia pendurada em um colar escondido por dentro de suas vestes, e que agora estava junto de suas roupas, brilhava, parou de reclamar e foi logo apertando a pedra que estava quente. Logo uma mensagem, em letras muito pequenas apareceu na pedra verde, e Draco leu: 'Mudança de planos. Estaremos aí amanhã'.
Draco ainda ficou um tempo trancado no banheiro tentando absorver a idéia de que ele só teria mais algumas horas pra decidir pra que lado ele ficaria, até que Rony, irritado, bateu na porta.
-Ei, Malfoy, têm mais quatro aqui querendo usar o banheiro. Dá pra passar logo seus cremes de beleza e sair daí?
