Capítulo 10 – O Veneno de Phantos

-Quem você acha que é pra ficar falando de meu pai assim? Como se o conhecesse há anos? – perguntou Draco.

Ele poderia ter agüentado ela falando mal dele mesmo por horas e horas sem se descontrolar, mas começou a mexer com Gina e isto lhe deixava enfurecido. Ele, agora, tinha uma ligação tão forte com ela que lhe afetava muito ouvir palavras acabando com sua moral do mesmo modo que estava perdendo a paciência com ela por ter falado de seu pai. Juntou a raiva sobre Gina e seu pai e já estava apontando a varinha para Cho.

-Ora, Draco, pare de ser infantil. Qualquer Comensal, sabe que seu pai é muito bem visto por Voldemort, seja ele velho ou novo. E me admira muito você, filho dele, se apaixonar por aquela ruivinha nojenta.

-Quando foi que você teve esta brilhante conclusão, Chang? – perguntou sarcástico.

-Não se faça de cínico, Malfoy. Você não parecia estar fingindo quando estava beijando a Weasley na escada, parecia bem sincero.

-Cínico, eu? Por acaso sou eu, então, que tenho andado enganando Potter esse tempo todo? Eu nunca imaginaria que...

-Que eu fosse uma Comensal? Oh, é claro, é difícil acreditar que aquela garota simpática, cheia de amigos e da Corvinal iria ir para o lado das trevas, não é?!

Draco simplesmente odiava ser interrompido. "Respeitar Comensais, respeitar Comensais...". Ele estava se lembrando a toda hora das palavras que seu pai sempre lhe dizia, mas não estava querendo se redimir para uma garota apenas um ano mais velha que ele.

-E eu lá quero saber da sua vida frustrante, Chang? Cale essa sua boca e me explique o que está acontecendo aqui. – A esta altura, Draco já estava aliviado por não ter que precisar salvar ninguém, pois Cho não era a vítima, ela fazia parte de tudo, então ele achou que devia saber de tudo pra resolver se iria embora ou ficava lá e impedisse tudo.

-Vida frustrante? Pois é, ela foi mesmo. Foi a partir do momento em que eu perdi Cedrico. Quando estava com ele não pensava que o amava tanto, até tinha uma queda por Harry – Draco não estava entendendo o porquê dela estar contando isso e ele lá queria saber de sua vida amorosa? – mas quando o perdi, vi que ele era muito importante pra mim, mas já era tarde, ele estava morto.

"Que novidade...", pensou ele.

-Isto não é motivo pra você querer ser uma Comensal, ao contrário, você deveria odiar Voldemort.

-Voldemort? Mas ele não teve culpa de nada. – Agora Draco estava achando que ela realmente não estava bem, "Voldemort não teve culpa?" – Foi por causa do maldito do Harry que Cedrico tocou naquela taça e foi para o cemitério, foi por ele ser o heróizinho que Cedrico acabou se metendo naquela confusão, ou seja, o culpado foi Harry Potter. Ele matou Cedrico.

Os olhos de Cho brilhavam de raiva e Draco agora teve certeza que ela não estava em seu estado normal. "Potter ter matado aquele idiota da Lufa-Lufa?? Essa chinesinha é louca!".

-Está bem. Você já contou o trágico motivo de você vir pras trevas, agora será que dá pra me dizer onde estão os outros Comensais? – perguntou irônico.

-Outros? Que outros? Aqui só estão eu e seu pai. Viu?! Até ele já não tem confiança em você, não lhe contou que mudou de plano?

-Claro que me avisou que o plano seria diferente, mas não pode explicá-lo melhor.

-Seu pai achou melhor, ao invés trazer Voldemort aqui, ele mesmo capturar Harry e levá-lo ao Lord. Assim ele não corre risco de ser pego por algum Auror atento. E como ele sabia que eu estava aqui, achou que nós três daríamos conta de tudo.

-Mas Voldemort sabe de tudo isso? – perguntou incrédulo.

-Claro que não sabe, imbecil. Será uma surpresa, o Lord nem desconfia que estamos aqui.

Draco apertou bem forte sua varinha pra tentar se controlar e não tacar um Avada em Cho.

-Então – ele tentou não ranger os dentes – me explique tudo.

Cho fez um gesto cansado, mas começou:

-Bem, eu irei voltar para aquela casa nojenta para arrastar Harry para cá. Então...

-Como você irá fazer isso? Dizendo: "Harry chegou a hora de eu transformá-lo num homem!"? Pois só assim pro Potter querer vir até este bosque... – na verdade ele estava duvidando que o certinho e cavalheiro do Harry fizesse isso – Se você tirar a capa e subir a saia talvez ajude, Chang.

-Cale essa sua boca. Será que você está tão por fora que não sabia que iríamos capturar alguém?

-Claro que eu sabia. Mas eu achava que era você que havia sido pega. Agora vejo que não conseguiram nem pegar a gorda da mãe de Gina. "Claro, ela poderia ter vindo com mil vasos na mão...".

-Isto mesmo, Malfoy. Gina, nós pegamos Gina Weasley.

Draco tentou não demonstrar a tamanha surpresa que ele teve com aquela notícia, mas não conseguiu deixar de arregalar os olhos.

-Você está dizendo que pegou Gina?

Ela sorriu triunfante.

-Preocupada com ela? Agora negue que não gosta da pirralha.

-Ainda insiste nisso? Estou começando a achar que a sua doentia paixão pelo Lufa-Lufa se transferiu pra mim. Ciúmes de Gina? – perguntou sarcástico – Eu só quero saber por que vocês não mandaram eu trazer Gina? – "Assim eu talvez poderia tirá-la de tudo isso..", ele pensou amargurado.

-Logicamente esta seria a sua parte. Mas você estava desacordado e eu não fiquei esperando a donzela acordar, – De novo Draco teve que se controlar, o pescoço de Cho o chamava pra ser enforcado – fui e capturei a garota, ela é tão ingênua!

-E onde ela está agora? – ele perguntou, tentando disfarçar a raiva que estava sentindo.

-Com seu pai, mais além. Continue seguindo a pedra – dizendo isso ela apontou para a pedra que tinha uma seta, e que Draco tinha em sua mão – e você vai encontrá-lo. E eu vou indo, pegar Harry.

Terminando de falar, Cho fez um aceno, como que enxotando Draco e se virou, indo na direção que Draco  veio. Tão logo deu três passos, ouviu Draco gritando "Expelliarmus" e sentiu-se sendo empurrada para frente e sua varinha voando de sua mão. Caída no chão, virou-se e encarou Draco. Ele estava sorrindo e disse:

-Nunca, mesmo que seja do mesmo time, dê as costas a um Malfoy. – depois de dizer isso, Draco lançou um feitiço nela, fazendo-a dormir e conjurou fortes cordas, amarrando-a em uma árvore.

Decidiria o que iria fazer com ela mais tarde. Agora era preciso ir atrás de Gina e de seu pai.

=*=

Cho Chang. Esta era a única coisa que vinha na cabeça de Gina.

Ela estava desacordada, amarrada por cordas muito fortes e deitada no chão. Às vezes, gritava que Cho era uma traidora e chamava por Draco. Isto estava divertindo Lucio, enquanto ele esperava Draco chegar.

Mas depois de uma hora desacordada, Gina conseguiu sair do mundo de terríveis pesadelos que ela estava. Ela tentou, antes de abrir os olhos, coçá-los, então se descobriu amarrada. "Não, não pode ter sido verdade. Por favor, me diga que quando eu abrir os olhos vou ver os gêmeos gozando de minha cara, por favor...". Ela ainda ficou um tempo juntando coragem para abrir os olhos, ficou sentido seu corpo dolorido, e pelo contato, deduziu que estava deitada na terra encoberta de folhas. "Onde será que eu estou? Ah, eu espero que aquilo tudo tenha sido um pesadelo, só um pesadelo...".

Então abriu os olhos. Tudo o que viu foi um tronco de árvore a um palmo de seu rosto, claro que não a deixariam virada para ver tudo o que quisesse. Agora, que já abrira os olhos, Gina tinha medo de se virar e descobrir porque estava ali.

Tentou fazer o mínimo de barulho enquanto ia direcionando seu corpo para o lado oposto do tronco, mas não era fácil, tendo as mãos e pernas amarradas. Conseguiu fazer isso também, sem dar nenhum gemido, já que a cada movimento, ela descobria que uma parte do corpo estava mais dolorida que a outra.

E no momento em que virou seu corpo totalmente, Gina quase gritou de alívio: viu um bruxo com uma capa preta, que tinha uma um enorme capuz jogado para trás. Se fosse só por isso ela nunca iria respirar com esperanças, mas os cabelos, aqueles cabelos em que tantas vezes ela passara a mão, os cabelos platinados de Draco.

-Draco! – ela descobriu que sua voz estava fraca, já que ao invés de um chamado, soara mais como um suspiro, mas felizmente ele ouvira e estava se virando.

Gina já estava se preparando para dar um sorriso a ele, feliz por estar perto de alguém que realmente gostava. Ela sabia que teria um ataque se encontrasse Cho em sua frente. Não haveria ninguém pior a se encontrar naquele momento.

Mas quando o louro à sua frente se virou, Gina descobriu-se totalmente enganada. Havia alguém sim, e muito pior, alguém que ela jamais imaginaria encontrar naquela situação, por mais óbvio que fosse: Lucio Malfoy.

-Vejo que acordou, Weasley. – Lucio riu, uma risada seca, vendo o pavor crescendo nos olhos de Gina – Draco logo chegara, aliás, - ele se mostrou irritado – ele está muito atrasado.

Gina sentiu cada pedacinho do muro de esperanças, que ela estava construindo quando estava com os olhos fechados, caindo pesadamente. Ela sentiu que seu coração começou a bater rápido, e viu-se desejando que morresse naquela hora mesmo. Não queria de jeito nenhum ser usada como foi há anos atrás, seria muita tortura, ela não acreditava que resistiria, não queria resistir, estava abrindo a mão de tudo, pela primeira vez desejou que sua vida se acabasse.

E não agüentando mais o olhar frio de Lucio, "Bem, ele lembra muito Draco antes de tudo acontecer...", fechou seus olhos, tentando se concentrar só no cheiro adocicado que vinham das folhas secas próximas ao seu nariz. Mas então ela caiu em si: "Espera aí, Draco está atrasado? Eu...ele não pode estar junto nisso, não poderia ter me enganado todo esse...mas Cho conseguiu enganar Harry, Draco talvez.. NÃO! Não pode ser tudo mentira...". Gina estava vendo novamente seu mundo se despedaçando.

Primeiro fora Harry, sua paixão desde a infância. Ela foi desiludida de uma forma totalmente brusca, ao seu ver, teve que parar de sonhar com todas as coisas que planejara ao lado de Harry, teve que destruir o romantismo sentido por ele.

E quando ela já não tinha esperanças de nada, surge Draco, todo frio e desinteressado, mas Gina sabia que tinha algo mais, e por mais que não quisesse se apaixonar de novo, se descobriu estando ao lado de Draco. Mas ela não se arrependia, por ter finalmente conhecido o que era ter amor correspondido, por saber como era bom ter alguém a abraçando e lhe dando carinho, por poder compartilhar emoções com alguém.

Mas agora, novamente, ela estava sendo forçada a se desiludir, a ver que tudo aquilo que tanto desejara com Harry e se realizara com Draco era MENTIRA.

Ela se lembrava que quando Draco a salvou da queda no Quadribol, que ela sabia que nunca mais duvidaria dos sentimentos dele quando o olhou nos olhos e viu que eles eram verdadeiros, se lembrava muito bem. Mas jogada ali no chão, Gina não via outra alternativa a não ser acreditar que tudo não se passava de fingimento, já que os fatos lhe eram esfregados na cara: Draco a enganara para mais um plano de trazer Voldemort à tona.

Ela tinha consciência de que tinha uma parte de si lutando ferozmente pra tentar não acreditar no que estava acontecendo, pra acreditar em Draco, no relacionamento dos dois. Claro, ela se sentia tentada a seguir este lado do fato, mas se ele não tivesse nada haver com aquilo tudo, por que, diabos, Lucio estaria esperando por ele?

-É CLARO QUE ELE ESTÁ METIDO EM TUDO ISSO! – ela gritou. E foi aí que seu deu conta, que devido aos seus pensamentos, lágrimas estavam escorrendo há muito tempo pelo seu rosto. Então, ignorando a enorme dor no seu corpo, se virou rapidamente para o lado da árvore, começando a chorar e, agora sim, chorando conscientemente.

Lucio, que já estava levemente irritadiço com o atraso de Draco, ficou mais ainda ao ver a garota gritando. Desde que ela lhe chamara de Draco, ele estava com uma vontade louca de lhe descontar sua raiva, pelo atraso. Mas sabia que por enquanto era necessário manter a garota viva, só até Potter vê-la. Ele pensou em tacar outro feitiço para deixá-la desacordada, mas achou que causaria mais impacto em Potter se a visse chorando e histérica como estava.

-Cale a boca, garota, Potter logo estará aqui – "E eu espero que Draco chegue antes", pensou iradoe você poderá gritar a vontade para ele salvar essa sua medíocre vidinha.

Ela não reprimia seus soluços. Não, ela queria que eles ficassem mais altos, mais altos pra não poder escutar a voz de Lucio, voz tão familiar aos ouvidos dela, já que era quase idêntica à de Draco. "Draco, Draco...". Ela tentava se esquecer desse nome, dos beijos frios, das palavras afetuosas, dos cabelos platinados, da pele tão pálida que ela sempre tentava deixar um pouco avermelhada, mas nunca conseguira. Só que era impossível esquecer, já que se ela estava ali jogada no chão e uma parte da culpa era dele, ela assim pensava.

"Ingênua, é isso que eu sou. Fred, Jorge, Rony, Mione, Harry, todos achando que eu havia sido enfeitiçada, mas desta vez nem foi preciso me controlar como Riddle fez, eu simplesmente caí apaixonada como uma tola, como eu sempre fui...Rony disse, é ele disse que havia artefatos das trevas nos Malfoy, mas eu não quis acreditar. Oh, é claro que há, foi Malfoy que pôs aquele diário em minhas coisas, Draco sabia lançar um Imperius e nunca havia me passado pela cabeça que ele seria um Comensal depois que ficou comigo".

Gina estava começando a se odiar por não ter tido consciência do que estava diante de seus olhos. Apesar dela sempre ter sido alertada por seus pais de todos esses perigos, apesar de ter sofrido tudo aquilo no seu primeiro ano e apesar de sempre ver Harry passando por dificuldades, Gina ainda tinha fé que as pessoas podiam ser boas. E agora, ela simplesmente arrancara aquele tipo de idéia da cabeça. Ela foi obrigada a ver que não era bem assim, que não eram todos que tinham boas intenções ou que podiam se arrepender de seus erros. Agora ela estava, realmente, entendendo o lado das trevas, e por isso mesmo que estava se odiando, por só ter visto isto agora, quando já era tarde demais.

"E o que te resta fazer a não ser esperar a morte, Virgínia Weasley? A não ser que você ainda tenha esperanças que Harry consigo virar o jogo e te salvar?! PARE de ter esperanças, elas já te fizeram sofrem tanto...". Ela estava cansada de toda vez que achava seu mundo maravilhoso, vir alguém e lhe tacar um balde de água fria, lhe acordando pra realidade, uma realidade nada feliz.

Ela fechou os olhos com força, tentando conter as lágrimas que insistiam em correr, já estava cansada de chorar, pois o que adiantaria ficar se lamentando agora que já acontecera? Nada, não adiantaria nada, então ela ficou com os olhos fechados. O insistente curso de água ainda escorria por seu rosto, mas depois de alguns minutos, de tão cansada e fraca que ela se encontrava, Gina acabou dormindo. Talvez desmaiando seja a palavra certa.

=*=

O que vinha a sua cabeça? Nada além de como estaria Gina. Draco não parava de tentar imaginar o jeito como Cho teria capturado Gina. "Com um Crucio, ou talvez um Imperius...?", se perguntando isso, ele se lembrou da vez que tentara lançar um Imperius em Gina e fracassara. Agora, a pergunta era: por que não conseguira? Ele sabia que não conseguiria fazer mal nenhum a Gina, mas será que esta proteção a ela era tão mais forte do que o domínio que ele tinha sobre algumas maldições? E de novo ele sentiu aquela sensação que tinha de que nem tudo estava nas suas mãos, que nem sempre ele podia controlar suas atitudes.

"Já faz meia hora que eu estou andando e nada, não imaginava que este bosque era tão grande assim...", ele foi pensando em quanto seguia a direção que a pequena pedra em sua mão indicava. Até que alguns metros à frente, ele viu uma clareira e pode distinguir um vulto de preto, que deduziu ser seu pai. "Mas onde está Gina?".

Ele recolocou a pedra em seu pescoço, já que agora podia seguir sem ela. Ele, mal via as árvores ao seu lado, só estava concentrado na clareira, procurando Gina. Ele já tinha reparado que seu pai também o vira, mas queria ver se já avistava Gina antes de chegar perto dele, precisava saber como ela estava.

-Draco! – falou Lucio quando ele se aproximou – Pensei que não chegaria nunca. Encontrou Chang no caminho?

Draco, mal ouviu as palavras do pai. Ele estava concentrado era no volume inerte jogado na terra a uns quatro metros de onde ele e seu pai estavam. Ele tentou disfarçar o seu espanto e medo de que Gina não estivesse bem, mas sentiu que suas pernas estavam falhando.

-O que você disse pai? – Draco dirigiu seus olhos ao pai, sua voz firme, mas na verdade ele não o via, não conseguia tirar da cabeça a imagem de Gina largada ali.

-Perguntei se você encontrou Chang. Ela já foi buscar Potter?

Draco tentou tirar Gina de sua cabeça, pelo menos por enquanto, e se concentrou no que planejou dizer ao pai para que eles pudessem ir embora e desistir do plano, pra salvar Gina.

-Encontrei. – Lucio nunca repararia que Draco estava abalado, não se só prestasse atenção em sua voz, pois suas pernas estavam ligeiramente trêmulas e seus olhos, às vezes, tentavam escapar para o lado de Gina – Mas não aqui no bosque, encontrei lá na casa mesmo. – mentiu ele - Eu estava no quarto, mas pude ouvir quando um dos Weasley escutou a conversa que ela estava tendo com Potter sobre ter capturado a Gina e eles logo a pegaram.

-Como assim pegaram?

-Um daqueles gêmeos, não deixou Chang fazer chantagem com Harry e a pegou. Potter bem que quis sair e ir atrás de Gina, sozinho, mas os Weasley acharam melhor chamarem alguns Aurors antes. – ele fez uma pausa – Acho melhor irmos embora daqui antes que eles cheguem.

-Tem razão, Draco, se formos pegos agora o mestre não me perdoará por ter agido sem o conhecimento dele.

-E o que vamos fazer com Gina? – perguntou tentando dar um ar desinteressado.

-O que você sugere? – perguntou Lucio, querendo testá-lo.

-Acho que poderíamos largá-la aí. Eles a acharão depois. – "Quando eu voltar para pegar a Chang eu posso tirar Gina daqui..."

-Claro que não! – Lucio disse irritado com a vulnerabilidade de seu filho – Vamos matá-la! Ela já nos deu muito trabalho, e um Weasley a menos é sempre uma vantagem.

Naquela hora, Draco quase se deixou ser descoberto, querendo gritar que não. Não deixaria seu pai matá-la, mas se controlou. "Eu vou achar uma maneira de ajudá-la a escapar, eu vou".

-Co...como o senhor irá matá-la?

Lucio sorriu.

-Eu ia deixar isto para você! – Draco sentiu começar a se desesperar por dentro – Mas acho que ela precisa ser um pouco torturada antes de morrer, então eu vou fazer de outro modo. Espere um instante – dizendo isso, Lucio aparatou para onde quer que fosse.

Draco quase deu um pulo de alegria, poderia salvar Gina. Teria que se ver com seu pai depois, mas Gina ficaria bem, ele só precisaria agir rápido. Ele foi até o corpo inerte dela e agachou-se. Levemente a mexeu.

-Gina, vamos, acorde, Gina!

Gina começou a sentir uma dor terrível, pois alguém estava chacoalhando seu ombro. Ela não queria abrir os olhos, não queria acordar e ver que seu mundo estava desmoronado, mas uma voz a chamava, uma voz arrastada e que agora estava um pouco rouca, ela conhecia aquela voz, então abriu os olhos.

Draco não poderia descrever o quão aliviado ele ficou ao ver Gina abrir os olhos. Sim, ela parecia muito fraca e frágil, mas estava viva, poderia se recuperar.

-Gina você está bem?

Ela já tinha planejado tudo o que iria dizer quando o visse. Estava cansada de sempre ser enganada e mesmo que fosse morta teria que despejar tudo aquilo em alguém, todo seu sofrimento, e seria em Draco. Mas no instante em que olhou em seus olhos, que pareciam tão preocupados e tão afetuosos, ela esqueceu tudo o que havia pensado e só uma frase vinha em sua cabeça: "Ele me ama". Ela não podia ignorar o brilho de alívio que via, nem o jeito delicado e cuidadoso como ele estava a segurando. Ela até já tinha esquecido que o braço dele, atrás de suas costas, estava lhe dando uma dor tremenda, só importava o sorriso que ele tentava manter no rosto.

-Oh, Draco! – ela pôs seus braços amarrados atrás do pescoço dele, tentando esquecer a dor que sentia, tentando esquecer que duvidara do amor dele. Só não conseguia conter as lágrimas que insistiam em cair novamente. – Pensei que você tinha me usado, pensei que você não sentisse nada por mim.

-O que eu sinto por você, Gina, é maior do que eu mesmo, nem sei descrever – por mais em apuros que eles estivessem, Draco não pode deixar de pensar que ele já estava falando aquelas frases bobinhas de novo. Ele estava a apertando tanto, querendo ter certeza de que ela estava mesmo ali, segura em seus braços, que estava  inconsciente do quão duro –e quão bom ao mesmo tempo - estava sendo pra ela ter seus braços lhe apertando as costelas.

Ela se sentiu comovida demais com as palavras dele, por mais que já soubesse que o amor deles era representado por gestos, pois palavras não eram suficientes. Então, logo sentiu ele a beijando, e naquele momento, se esqueceu de tudo, consciente apenas da presença de Draco.

Ele sentiu em seu lábio, o gosto das lágrimas dela. "Ela sempre é chorona assim?". Realmente queria ficar ali com Gina, não se separar mais dela, mas lembrou-se de que aquele não era o lugar certo para estarem perdendo tempo, então a soltou.

-Precisamos ir embora daqui. – ele disse.

Gina nem ao menos se lembrava porque ela estava ali, mas no momento em que Draco disse aquilo, a dor no corpo voltou, o medo de ser morta também e se lembrou que Draco não estava ali por acaso. Ela sabia que ele a amava, disto ela não tinha mais dúvidas, mas o quanto ele tinha participação em sua captura?

-Draco...

Ele estava concentrado em tentar lembrar o feitiço de desatar nós, mas lhe fugia a mente.

-Que foi?

Ela não viu outra maneira que não fosse direta.

-Você é um Comensal?

-Eu...

Um estalo, e Lucio apareceu. Draco tratou de se levantar o mais rápido que pode e não conseguiu responder a Gina.

-Vejo que acordou, Weasley. É bom. Assim você fica sabendo como será sua morte.

Gina sentiu um calafrio lhe subindo a espinha e tentou buscar alívio nos olhos de Draco, mas ele estava com os olhos fixos no frasco que Lucio segurava.

-Este frasco – continuou ele – está cheio com um veneno muito poderoso. Ele é feito com uma espécie de cacto muito rara. Foi feita por seu tio-avô Phantos, Draco. Em estado líquido, esta substância azulada é inofensiva, mas basta entrar em contato com o ar para que ela entre em ebulição e se transforme em uma fumaça nada agradável. – ele sorriu – Você só precisa inalar pouquíssima coisa para começar a sentir seu corpo se rasgar por dentro, como se tivesse recebido um Crucio. Depois de um minuto respirando, já não é mais possível mover bruscamente nenhuma parte do corpo, à não ser a boca, para que a vítima possa gritar bastante de dor. Passados cinco minutos, quando o veneno já estará circulando em todas as veias, você já não consegue respirar, nem seu coração bate mais, e morre com uma dor nada agradável. Infelizmente, há um defeito neste veneno, caso o processo de inalação dele for de menor do que cinco minutos, a pessoa sai viva. Mas não fique contente com isso, Weasley, você respirará tempo suficiente para que ele faça efeito.– Terminando de falar, Lucio deu mais um sorriso nada amistoso para Gina.

-Este é o Veneno de Phantos? Aquele que você nunca me deixou usar? – perguntou Draco tentando manter a calma.

-É, sim. Você poderia ser descuidado e matar-nos, por isso nunca o deixei pegá-lo.

-Mas...mas por que usar um veneno tão raro como esse em Gina? – ele estava tentando ganhar tempo.

-Draco, parece até que você está tendo pena desta aí! – ele disse isso irônico, o que deixou Draco aliviado – Eu quero que ela sofra muito, sofra para que saibam que não capturam um Comensal e saem livres, pra que saibam que o Lord Voldemort está novamente voltando.

Draco olhou para Gina. Ela já não parecia ter mais esperanças algumas e aquele brilho de felicidade que ele viu quando ela abriu os olhos parecia ter sumido. "Alguma maneira, tem que haver alguma maneira...".

-Talvez em cinco minutos os Aurores já podem ter chegado aqui.  – tentou Draco.

-Não se preocupe com isso, Draco. Ficaremos aqui, observando a Srta. Weasley sofrer até morrer. Não há nenhuma maneira de dar errado.