Durante a viagem inteira, enquanto Gina olhava a paisagem pela janela, ela só pensava em Draco: nos últimos momentos que eles haviam passados juntos na estufa, no que ele havia dito. Ela sabia, bastava um beijo, só um beijo dele pra que ela se entregasse e voltasse atrás com a idéia de ser Auror, pra que o sentimento que ela sentia por ele ficasse maior do que a vontade de fazer Draco ver que estava errado. "Ainda bem que o parei a tempo...".
Gina sabia que aquele trem era específico para a Academia de Auror, mas em momento algum se interessou em notar quem estava embarcando com ela, apesar de ser muito curiosa. Ela mal olhou para os bruxos, parecia que não tinha interesse nenhum em saber com quem ela iria passar um ano inteiro.
Seu pai havia lhe dito que a Academia era escondida dos trouxas, como Hogwarts e qualquer outro lugar mágico, mas tinha uma diferença: era escondida também dos bruxos. Muitos poucos que não faziam parte da organização sabiam da localização exata da Academia. Ela tinha que ser escondida devido ao perigo de ataque das forças das trevas.
Quando Gina sentiu que estavam diminuindo a velocidade, ela se espantou. Tinha estado tão absorvida em suas idéias que achou que a viagem fora curta, e na verdade fora mesmo, já que viajaram aproximadamente uma hora e depois o trem logo entrou em uma passagem secreta. Ela se levantou e saiu de sua cabine. E foi aí que ela começou a notar as coisas a sua volta. Ela pode ver, quando já estava fora, que não havia muitos passageiros no trem, e que eles em sua maioria, eram jovens bruxos como ela, com exceção de alguns e do homenzinho que acenava incessantemente à frente de todos. Gina foi à direção a ele, assim como os outros. E enquanto ela esperava que o restante chegasse pra que o homenzinho começasse a falar, ela se deu conta na frente de onde estava.
A fachada da Academia era muito parecida com o Gringotes, devido a suas paredes totalmente brancas; havia também uma longa escada e logo que ela terminava vinham enormes pilares que sustentavam uma enorme estrutura onde se podia ler em letras enormes: "Academia de Aurors – Ministério da Magia". Gina sentiu um tremor ao ler isso, pois ela sabia que agora não tinha mais volta, ela seria uma Auror, ela enfrentaria bruxos das trevas. "Será que eu consigo?".
-O que você disse?
-Ahn? – Gina se deu conta que fizera a pergunta em voz alta e olhou para o lado. Ela viu um jovem bruxo a lhe olhar, a mão em cima dos olhos cobrindo a claridade do sol. Gina até tentou, mas não conseguiu parar de olhar para o profundo dos olhos azuis dele e se não fosse o homenzinho começar a falar e o jovem desviar a atenção para dele, Gina teria ficado ali encarando o desconhecido.
-Bem, meus jovens, - começou ele – sejam bem-vindos a Academia de Aurors. Eu sou Peter Slyke, o organizador de coisas não organizadas por aqui. – "Um Hagrid da Academia", pensou Gina. – Qualquer problema não didático, é só me procurar. Agora venham comigo, vou lhes mostrar a Aurland.
-Aurland? – perguntou um jovem moreno.
-Sim. Aurland é o pequeno apelido que os alunos deram pra Academia, e com o tempo todos adquirimos. – disse sorrindo, enquanto subia as escadas, seguido por aproximadamente vinte alunos.
"Aurland? Que apelido horrível...", pensou Gina enquanto também subia os degraus feitos de mármore.
Quando Gina entrou na Academia, viu todas suas expectativas de que lá fosse pelos menos parecido com Hogwarts descerem por água abaixo. Começando pelo homenzinho, Peter Slyke, que era o oposto de Hagrid, baixinho e muito magro. Depois veio a própria Academia, ela tinha paredes muito brancas, não feitas de mármore como a escadas da entrada, mas mesmo assim dando um aspecto frio ao lugar. E também havia a separação de quartos. Gina achou que ficaria separada dos homens, assim como em Hogwarts, mas se surpreendeu quando viu que só havia ela e mais outra bruxa na Aurland e que ela teria que dividir um dormitório não com esta bruxa, mas com outros quatro jovens bruxos desconhecidos. Ela quase enlouqueceu.
-Não é justo... – ela dizia pela milésima vez, enquanto estava sentada em sua cama, olhando pro nada.
-Não reclame, querida. Não viemos aqui para nos divertir e sim pra combater!
Gina olhou triste pra o enorme e alto bruxo que a olhava divertidamente. Ela estava por demasiada cansada pra começar uma discussão sobre bons modos e costumes, então simplesmente retribuiu o sorriso zombeiro dele com um triste e deitou na cama. Ela não havia feito nenhum esforço, mas parecia que estava com o corpo muito dolorido e com um sono terrível . Quando estava quase dormindo, alguém lhe cutucou.
-Ei! Precisamos ir!
Gina abriu os olhos devagar, esperando que tudo tivesse sido uma ilusão e que Aurland fosse igual a Hogwarts, mas logo que os abriu inteiramente, já sentiu o brilho das paredes brancas invadirem seus olhos e logo depois viu a imagem da figura que a chamara: o cara dos olhos azuis.
-Ir para onde? – ela perguntou se sentando na cama.
-Para o Salão Principal. Há uma reunião lá dentro de dez minutos.
O sorriso que ele deu, quase a fez se desmanchar pela cama, de tão encantador, mas nada que a afetasse sentimentalmente. Então ela disfarçou seu nervosismo, ou pelo menos tentou e seguiu com ele e os outros para o Salão.
Lá, Gina soube o nome de todos os jovens que estavam entrando, então já foi decorando mentalmente que o bruxo de olhos azuis era Paul Whitman, o que a havia repreendido no quarto era Allan Quiqly e a outra bruxa que também era nova chamava Sarah Griffin. Ficou animada ao ver, bem perto de onde ela estava sentada, Harry, Rony e Hermione, que pareciam bem surpresos com sua presença ali.
-O que você está fazendo aqui em Aurland? – perguntou Rony, quando tiveram oportunidade de se falarem. Gina riu internamente por Rony estar usando aquele apelido ridículo para a Academia, mas respondeu:
-O mesmo que você! – ela disse animada, cumprimentando depois os outros dois do trio.
-Como assim, Gina? – Rony parecia inconformado com a presença da irmã ali.
-Rony – disse começando a perder a paciência com o olhar dele que dizia visivelmente: "seu lugar não é aqui!" – Eu resolvi ser uma Auror como vocês, algum problema?
-Gina, isso pode ser difícil de se agüentar e... – começou Harry. Mas foi aí que Gina ficou brava. Como que Harry poderia saber o que ela podia ou não agüentar?
-Eu não sobrevivi a Lucio Malfoy, não o encarei? Eu posso muito bem...
-Não é tão fácil quanto parece, Gina. Eu demorei algum tempo pra...
Esse foi o limite. Até Hermione, a única que Gina achou que a entenderia, estava querendo fazer com que ela desistisse.
-Me deixem em paz! – disse alto, atraindo a atenção de alguns que estavam por perto. E ela nem esperou a reação dos três, apenas deu as costas e saiu indo para seu dormitório.
Gina já nem se importou mais que teria que dividir o quarto com os quatro rapazes. "Pelo menos eles não me repreendem como os três... ainda não". Ela conseguiu recuperar um pouco de seu humor ao saber pelo carrancudo Quiqly que não encontraria muito com os três, já que eles estavam na turma veterana, ou seja, seis meses avançados e tinham horários diferentes.
E no dia seguinte, muito cedo, Gina se via sentada em uma cadeira ao lado de Sarah, com quem havia feito amizade, numa sala grande demais para os vinte bruxos que esperavam pacientemente alguém chegar. E quando, finalmente a espera acabou, com a chegada de um bruxo de cabelos de palha – "Ele me lembra Colin..." – e rosto muito redondo, todos se animaram.
Gina pensou, desde o começo, que este treinamento seria fácil, já que ela já era uma bruxa formada, já havia passado por um aprendizado, já que era só um treinamento, não a cobrança de Snape de ter todos os ingredientes de poções decorados ou todas as datas das rebeliões de criaturas mágicas que o Prof. Binns exigia. Mas ela estava totalmente enganada.
Toda a simpatia que Gina tinha pelo prof. de cabelos de palha sumiu assim que ele disse que faria um teste bobo neles: a execução do Riddikulus e do Expecto Patronum. Ela observava apreensiva enquanto todos iam executando o feitiço sem nenhum problema, fazendo com que o Bicho-Papão se escondesse ou produzindo um visível Patrono.
-Como eu disse, esse teste é bem simples. Comparado com as defesas que vocês irão aprender aqui, eles são facílimos, mas é necessário sabê-los. Então o próximo, não, não, a próxima, Srta. Weasley, a outra bruxa nova aqui em Aurland.
Enquanto Gina se dirigia pra mais perto do professor, ela tremia de medo. Sabia que não era muito boa em DCAT, ou seja, não era a mais cotada pra fazer esses dois feitiços, principalmente na frente de vários bruxos ótimos e de um professor que dizia que aquilo era moleza.
-Talvez eu... – ela tentou dizer.
-Vamos, minha jovem! – disse o professor enquanto abria ao baú que guardava o Bicho-Papão.
E Gina nem olhou o bicho, já foi se virando e indo abraçar o professor antes mesmo que ela pudesse ver o enorme Basilisco que se transformou.
Rapidamente outro aluno aplicou o feitiço, fazendo o bicho se retirar para caixa.
-Ei! – disse o prof. tirando Gina de seus braços – O que aconteceu minha jovem?
-Eu...eu...não suporto, não consigo olhar pra... pra essa coisa! – ela disse tremendo.
-Se você mal consegue encarar um Basilisco, não conseguirá ser uma Auror. – disse Allan Quiqly, deixando Gina mais pra baixo ainda.
-Sr. Quiqly, seria tamanha ignorância encarar um Basilisco, o senhor deve saber, não?! Mas não é ignorância não saber encarar nossos medos. Srta. – disse se voltando pra Gina – vamos tentar novamente.
Demorou algum tempo pra que Gina conseguisse repreender o Bicho-Papão pra dentro, mas depois de muitas tentativas frustradas ela superou o medo da cobra. E depois veio o Patrono. Nesse Gina se saiu melhor, mas era irônico ela ter que pensar em algo positivo, feliz, quando só vinham coisas ruins em sua cabeça, já que o professor só comentava dos ataques dos Comensais, da maneira deles agirem e Gina lembrava de Draco.
Mais tarde, ela foi junto de seus outros colegas, para o refeitório. Ela conversava com Paul sobre os feitiços e proteções que tinham aprendido e sobre a dificuldade de Gina com eles.
-Talvez você devesse treinar mais e...
-Gina!
Gina olhou e viu Harry vindo em sua direção.
-Olá, Harry. – Gina ainda estava ressentida pela noite anterior, mas como era só Harry, ela resolveu esquecer. – Onde estão Hermione e Rony?
Harry pareceu meio embaraçado.
-Bem, eles... hum... Precisaram ficar a sós.
-Ah, sei...
-Você é Harry Potter? – perguntou Paul.
-Ah, me deixa apresentar: Harry, este é Paul Whitman, meu colega de dormitório e este, como você já sabe Paul, é Harry Potter, amigo de meu irmão.
-Seu amigo também, Gina.
-Oh, sim, é claro. – Gina se mexeu, como se lembrando de algo ruim - Harry, vocês souberam do ataque que ocorreu a Hogwarts?
-Sim... Infelizmente o Ministério não pode fazer nada. Dumbledore está muito abalado.
-Dumbledore? Você conhece Alvo Dumbledore? – perguntou Paul, incrédulo.
-Sim, eu e Gina o conhecemos, em Hogwarts. – Gina acenou com a cabeça, afirmando o que Harry disse e depois perguntou:
-Mas você viu Dumbledore depois do ataque? Ele parecia estar sumido, assim como Sirius.
Harry não pode evitar um sorriso.
-Os dois estão aqui.
-Nossa, que bom. Todos estavam preocupados com os dois.
-Bem, - disse Harry, mudando de assunto – e o que vocês acharam desse primeiro dia?
-Muito proveitoso. – disse Paul.
-Sim, foi. Mas eu tive algumas dificuldades...
-No quê?
-Na primeira aula de Defesa e Ataque. Foi difícil conseguir deter o Bicho-Papão e também criar um Patrono. Mas eu me preocupo mais com esses novos feitiços, me parecem muito mais difíceis.
-E são. – disse Harry, parecendo pensativo – Talvez eu, hum, poderia te ajudar.
-Como?
-Poderíamos treinar juntos. Depois do jantar somos liberados.
-Mas Harry, como nós temos que acordar cedo, seriam horas de sono perdidas pra você.
-Tudo bem, Gina, se você quiser, eu te ajudo.
-Oh, obrigada! – disse abraçando ele.
Combinaram que começariam naquele dia mesmo e depois, quando Gina ia com Paul para a aula de Truques e Armações, ela notou que ele estava menos simpático do que era antes e resolveu perguntar:
-Algum problema, Paul?
-Nenhum... – ele parecia meio incerto e então disse: - Gina, você e Potter me pareceram mais do que amigos. Você...
Gina riu com o comentário dele. Ela se lembrou da paixonite que tinha por Harry, da cena dele e Cho, de como ela conheceu Draco, de Draco em sua casa.
-Oh, não! Somos apenas amigos, nada mais, nunca houve nada.
Depois disso Gina viu que Paul voltou a ter seu antigo bom humor, mas não associou isso ao que ela havia dito sobre Harry.
A aula de Truques e Armações havia sido muito boa. Gina ficou espantada com todas as artimanhas que os Aurors tinham descoberto dos Comensais e simplesmente amou o professor que lhe davam aula, por ele constantemente sumir sem ninguém perceber e ensinar as coisas de maneira divertida.
E logo ela teve que admitir que estar ali era ter um aprendizado e não um treinamento como pensara no início. Ela estava aprendendo coisas fantásticas e também assombrosas como quando o Prof de Fatos e Conseqüências mostrava fotos de batalhas entre Comensais e outras. E tudo isso que ela aprendia durante o dia, treinava com Harry à noite.
Ela ficou feliz ao ver que Hermione e Rony não vinham junto com ele. Gostava do jeito que Harry lhe explicava as coisas, da atenção que ele dedicava só a ela. Assim, os dois acabaram ficando mais amigos criando uma aliança de união. Gina até pensou que podia se apaixonar novamente por Harry, já que estava tão próxima dele e tão volúvel longe de Draco, mas viu surpresa que nenhum sentimento estava se manifestando nela, a não ser uma enorme amizade. Enquanto a Harry...
Já fazia quase seis meses que o grupo novo havia chegado na Aurland. Gina, que no começo se recusara a falar o estranho apelido pra Academia, agora via a pronunciá-lo naturalmente, mas não fora só isso que mudara nela. Ela tinha aprendido a controlar seus medos e algumas outras emoções. Já não gritava e nem saia correndo quando via um vampiro ou um diabrete, assim como agora enfrentava Allan Quiqly de cabeça erguida quando ele vinha com comentários ferinos. Era outra.
Mas ela morria de saudades de casa, de sua família. Não era permitido, por tempo nenhum, em situação nenhuma, sair da Aurland, mas por sorte, podiam mandar corujas ao familiares, então Gina sempre enchia Errol de cartas para os Weasley quando ele vinha. Era seu único meio de comunicação com o outro lado.
=*=
Era fim de noite quando eles já tinham terminado. Draco estava muito cansado, mas continuava ali de pé olhando para o corpo imóvel aos seus pés. O corpo de Fred Weasley. Esse Weasley, apesar dos anos que passaram, Draco conhecia, por ter jogado Quadribol. Mas agora, não sabia exatamente qual dos dois gêmeos que estava ali, morto. Só sabia que aquele, não importando se era Fred ou Jorge, era irmão de Gina e por isso ele não saia de perto.
Zabini, um dos Comensais veteranos, chegou perto de Draco.
-Ei, garoto, vamos embora, já não há mais o que fazer e o Lord deve estar impaciente.
Sim, não havia mais nada o que fazer. Os Comensais haviam sido designados para desabitar Hogsmead e agora estava feito. A maioria dos habitantes foi morta, sendo que alguns, como Jorge, conseguiram escapar com vida. Por todos os lados só se viam casas e lojas destruídas e o mais horrível disso era ver os corpos dos bruxos que as habitavam, caídos no chão, sem vida.
-Quem deu fim nesse? – perguntou Draco, apontando pra Fred.
-Ah, esse? Fui eu – disse Zabini com naturalidade e sem nenhum remorso. – Ah, não, não fui eu. Eu estava tentando pegar o outro, agora me lembro, havia dois. Este aí foi Pilcher que pegou enquanto eu perseguia o, acho que, irmão dele. Não consegui pegá-lo, mas Pilcher, como se vê, conseguiu acabar com esse. Ele é muito competente...
Draco apenas acenou com a cabeça. "Desse jeito Pilcher vai acabar com todos os Weasley, já foram dois. Mas até que não seria má idéia...".
=*=
Desta vez o choque pra Gina foi muito maior. Primeiro porque ela adorava os gêmeos e perder um deles nunca lhe passou pela cabeça; e quando coisas tão impossíveis acontecem, são mais difíceis de se aceitar. Segundo porque ela não poderia contar com o apoio de Rony, Hermione, nem Harry, já que eles haviam se formado há uma semana. Terceiro que ela não pode voltar pra casa para o velório e enterro, pois não era permitido de maneira nenhuma sair de Aurland enquanto se estava em treinamento.
Elaa queria sumir.
Mas felizmente, ela conseguira em Paul um bom amigo e foi com ele que ela encontrou apoio pra continuar a acompanhar as aulas e continuar a se dedicar ao aprendizado de Auror. E depois disso, eles haviam se aproximado tanto, que alguns meses depois, foi inevitável pra Gina não ouvir:
-Estou apaixonado por você.
Claro, ela sabia que o bruxo tinha um carinho a mais por ela – não era à toa que Draco percebeu que ela notava as coisas facilmente – mas não tinha imaginado que ele tivesse tanta consideração a ponto de se apaixonar. Ela havia, depois de tantas demonstrações e ensinamentos, aprendidos com o prof de Truques e Armações, criado malícia em relação às pessoas, mas em momento algum pensou que a aproximação de Paul tivesse algo com sentimentos amorosos. Então ela não sabia o que dizer.
-Bem, Paul, eu...
-Você? – de repente, ele parecia um garotinho de dez anos esperando doce.
-Eu... Eu não posso, quer dizer, não consigo me apaixonar.
-O quê? Como assim... Você tem algum trauma?
Se não fosse a cara de sério dele, Gina até riria. "Trauma... é parecido com isso, mas não se pode chamar de trauma. Chama-se Draco".
-Não, é que...
-Já sei! Você gosta do Potter. – Gina abalançou a cabeça – Não? Então qual era o nome...Drago, Drago Malkoy. Eu ouvi você dizendo esse nome outro dia enquanto dormia.
Ela quase riu de novo. "Malfoy não iria gostar que errassem seu nome, mas iria adorar saber que eu falo seu nome dormindo... oh, mas talvez ele já tenha me esquecido. Quem sabe eu poderia...". Passou pela cabeça de Gina começar um relacionamento com Paul, tentar esquecer Draco, mas ela sabia que só estaria enganando a si mesma e a ele, pois a sua paixão por Draco ainda permanecia muito forte e mesmo distante dele não diminuía.
-Sim, Paul. Eu amo Draco Malfoy. Sinto muito.
-Malfoy... Não me é estranho.
-Lucio Malfoy já foi citado como um dos Comensais que havia mentido pra sair impune quando Voldemort sumiu tentando matar Harry. Draco Malfoy é seu filho.
-Você se apaixonou por um filho de Comensal?
-Não. Por um Comensal. Agora ele também serve ao Lord das Trevas.
-Gina, então você não...
-Eu sei. Mas não consigo evitar.
Os meses restantes ao treinamento de Gina finalmente passaram, e logo ela se via com seus colegas a ouvir as palavras do responsável pela Academia.
-É com orgulho que eu vejo mais este grupo de Aurors formados. Espero que todos vocês cumpram com o dever de proteger a comunidade bruxa de toda essas trevas. O poder de Você-Sabe-Quem vem aumentando consideravelmente e sabemos o quanto é importante lutar para detê-lo. E lembrem-se...
-Ele vai falar aquilo de novo? – cochichou Gina.
-Aposto que vai! Não muda nunca esse discurso. –murmurou também Paul.
-Como ele quer que nós enfrentemos Voldemort se nem ele mesmo consegue pronunciar o nome dele? – zombou Gina.
-Temos que agradecer por não ter sido ele a ter dado aulas, senão o mundo mágico estaria perdido com Aurors treinados pelo Sr. Paker.
Paul e Gina continuaram com as risadas enquanto o Sr. Paker terminava o discurso.
-...Não se esqueçam: se a situação exigir usem o botão, não hesitem nisso.
Gina olhou para a sua capa de Auror. Não era muito diferente das capas normais de bruxos, mas tinha dois pequenos detalhes que quase não eram notados: uma pequena marca do lado esquerdo da capa, algo como uma águia (marca dos Aurors) e um botão dourado, preso na gola. Gina olhou para o botão, mas sem tocá-lo. "Nenhum Auror nunca usou, não irei ser eu que me acovardarei assim...".
Gina estava mais do que feliz quando voltava para casa. Ela estava na cabine junto de Paul, Sarah e Allan, que depois de tanto perturbá-la e levar foras, acabou se entregando e fazendo amizade com a ruiva. Uma coisa a deixava feliz também: ela era um animago. Gina nunca tinha pensado que seria um animago; ela não achava necessário, mas todos os Aurors eram. Não estavam registrados nos livros comuns, para não serem alvos fáceis, mas estavam registrados na Aurland, o que já era suficiente. E ela escolhera um animal que sempre gostara: um gato.
Todos estavam muito felizes enquanto voltavam pra casa, mas bem lá dentro escondiam a ansiedade e o medo do que viria a seguir. Eles não estariam vendo teorias ou só praticando feitiços, eles estariam atacando bruxos de verdade, estariam enfrentando poderes malignos e isso assustava a todos. Assustava a Gina principalmente por ela saber que teria que enfrentar a quem ela mais queria bem: Draco.
