Todos estavam ansiosos pela chegada de Gina. Quando o trem parou na estação e os poucos passageiros foram saindo, os Weasley começavam a ficar nervosos, até que finalmente, Gina saiu acompanhada de um jovem de cabelos negros e olhos extremamente azuis. A Sra. Weasley, mesmo com ganas de sair correndo e abraçar a filha, esperou pacientemente que ela viesse pra mais perto, e comentou com Arthur:
-Querido, será um namorado? – disse se referindo a Paul.
-Me parece ser um bom rapaz, Molly.
Os dois ficaram empolgados com a idéia de Gina ter arranjado um namorado novo, ainda mais por ele ser um Auror. Mas infelizmente Gina arrancou todas as esperanças deles o apresentando:
-Esse é meu amigo, Paul Whitman.
Gina abraçou a mãe e o pai afetuosamente. Não estava matando só a saudade, estava querendo diminuir a dor que estava guardada pela morte de Fred, mas impressionantemente ela não chorou. Seus pais já estavam preparados para os montes de lágrimas que ela soltaria ao vê-los, já que ela nunca tinha passado tanto tempo longe deles, ainda mais com a trágica morte de um dos gêmeos. Mas Gina não soltou uma lágrima, não fez nenhum comentário sobre Fred, deixaria isso pra quando estivessem em casa.
Paul, como qualquer um, se impressionou com A Toca. Ele era inglês, mas há muito que não morava lá, mas sim no interior dos Estados Unidos, como ele explicou aos pais de Gina. Ele não estava familiarizado com todos os costumes e modos da Inglaterra, então resolveu a se acostumar com aquilo, começando pela casa dos Weasley, o que seria uma experiência muito diferente; mas ele estava adorando.
Não havia se comentado nada sobre Fred, até que, na hora do almoço, quando Jorge chegou, foi impossível não se falar sobre isso.
Ele aparatou na cozinha, enquanto os quatro conversavam na sala, sentados nos sofás perto da lareira. Logo que apareceu na porta soltou um comentário:
-Olá, pessoal!
Apesar de tudo, era o mesmo Jorge de sempre. Com o mesmo sorriso brincalhão, os mesmos cabelos vermelhos espalhados sem penteado nenhum, as mesmas vestes, as mesmas sardas, mas agora... sem Fred. Gina sorriu ao vê-lo, e até quis dizer alguma coisa enquanto estava indo a ele, mas sua garganta parecia tão seca e não lhe vinha nenhuma palavra suficiente pra dizer o que ela queria, então ela o abraçou.
A imagem de Jorge ali, sozinho, desencadeou uma série de lembranças que ela tinha sobre os gêmeos, sempre tão unidos, aprontando tudo juntos, não se largando por quase nenhum segundo. Era triste demais vê-lo sem o outro irmão, e as lágrimas que antes não se importaram em sair, agora escorriam pelo rosto de Gina, molhando as vestes de Jorge. O Sr. Weasley dava palmadinhas nas costas de Molly, tentando acalmá-la, já que ela estava começando a soluçar também, e Paul permanecia quieto no sofá. Ele sabia que não devia se intrometer.
E quando tudo acabou, quando Gina secou as poucas lágrimas que havia no rosto de Jorge e quando Molly já estava se retirando pra preparar o almoço, tudo pareceu voltar ao normal.
-Seu namorado, Gina? – perguntou Jorge, apontando pra Paul.
-Oh, não, apenas meu amigo, Paul Whitman e esse é Jorge. – por uns instantes Gina se calou. "Jorge. Agora era apenas Jorge, não mais Fred e Jorge...". – Ele se formou comigo.
Apresentações feitas, todos foram almoçar. Os gêmeos não moravam com os pais, assim como o restante dos Weasley, mas depois da morte de Fred, ele acabou largando a loja de Logros que os dois haviam montado, voltou a morar com os pais e entrou para o Ministério também, pra alegria do Sr. Weasley.
Gina e Paul e os outros Aurors novos depois de uma semana foram chamados ao Ministério, no setor de segurança. Eles não poderiam sair logo de cara enfrentando Comensais e afins sozinhos, teriam que ficar durante os primeiros seis meses acompanhados de Aurors mais experientes.
Normalmente os Aurors selecionados para acompanharem os novatos eram os mais velhos, com mais experiência, ou seja, eram sempre os mesmos Aurors velhos e chatos com regras antiquadas. Mas no caso de Gina, houve uma ajudinha do sr. Weasley para que ela ficasse junto de Rony, contra a vontade da ruiva.
-Não! – ela protestou com o responsável – Eu não quero ficar com meu irmão. Ele mal acabou de se formar também e...
-Me desculpe Srta Weasley, mas foi um pedido de seu pai e seu irmão também insistiu para que a acompanhasse. – o bruxo à frente de Gina não informou que Rony quase implorou pra isso. – Vendo que ele sempre estará na companhia da Srta Granger e do Sr Potter, não há motivos pra objetar. O trio Auror é...
-Trio Auror? – perguntou Gina.
-Sim, Potter, Weasley e Granger. Desde que saíram da Aurland são conhecidos assim por estarem sempre juntos. Os Aurors, normalmente, agem sozinhos, em dupla ou em um grupo grande, mas nunca houve um trio. Como Potter está nesse trio, até os membros das trevas já adotaram esse apelido para os três já que nunca se encontra um separado do outro nas missões.
-Ah, sei... – não era novidade pra Gina que os três nunca se separavam, nem mesmo quando Rony e Mione começaram a namorar em Hogwarts Harry se afastou.
Mas então, Gina se viu de mãos atadas e só saiu da sala do bruxo responsável quando ela conseguiu convencê-lo de deixar Hermione como supervisora de Paul, assim não seria tão terrível ter que conviver com o trio.
E a primeira missão de Gina como Auror, foi no dia seguinte à determinação do supervisor. Ela, Paul e o trio Auror foram designados a pegar um grupo de Comensais que estava sempre rondando uma rua de Londres, aterrorizando os trouxas.
Quando chegaram na rua determinada, ficaram na espera dos Comensais que sempre apareciam no mesmo horário. Paul parecia estranhamente quieto, o que Gina achou que era um modo de conter nervosismo dele, mas ela estava totalmente inquieta e só não roia as unhas pra não demonstrar aos outros que estava nervosa.
Depois de alguns minutos, os Comensais apareceram. À primeira vista pareciam trouxas pacíficos com roupas estranhas, mas no momento em que começaram a mexer em suas vestes para pegarem as varinhas, os olhos dos trouxas que caminhavam pela rua iam automaticamente para aquelas pessoas vestidas com estranhas vestes negras.
E Gina, que estava num barzinho onde pudessem vê-los, sentiu um calafrio quando viu novamente aquela veste negra de Comensal e inevitavelmente se lembrou de Draco. Uma sensação terrível de perda a invadiu e ela teve uma vontade enorme de sair dali correndo, ela não queria mais enfrentar nada daquilo. Ela não queria mais ver Draco com aquelas roupas, não queria nada que a lembrasse que ele estaria afastado dela pra sempre. Então, Hermione falou, e bem em tempo, Gina se distraiu.
-Vá lá, Rony. Tente assustá-los dizendo que há vários Aurors por aqui. Se não saírem, teremos que...
-Eu vou! – falou Gina.
-Você, o quê?
-Eu vou, Rony, não adianta. – a voz de Gina era firme, mas por dentro ela tremia de medo e se perguntava o porquê de querer fazer aquilo... "Acho que preciso provar... provar pra mim mesma que posso...".
Gina nem esperou o consentimento do pessoal, e saiu do bar. Ela enfiou as mãos no bolso e segurou por dentro sua varinha, tentando não tremer. Logo os Comensais a viram e também a reconheceram como bruxa, já que os Weasley estavam muito conhecidos naqueles tempos de trevas e qualquer um saberia identificar um Weasley, ainda mais a garota que foi usada pra abrir a câmara secreta e que foi, em partes responsável pela morte do conhecido Lucio Malfoy.
-Aquela não é uma Weasley? – perguntou um.
-Não seja idiota. Agora qualquer um que tiver cabelo vermelho é Weasley?
-Mas aquela é a Weasley, sim! Eu a vi no julgamento da Chang e ela parece bem com aquele que sempre anda com Potter.
-Vamos atormenta-la, então!
Os três Comensais se dirigiram risonhos em direção a Gina. Quando estavam próximos, ela disse:
-Há... – "Esqueça Draco... esqueça!" – Há Aurors cercando essa região. Eu espero que vocês cooperem e evitem confusão e saiam pacificamente daqui. – Gina não estava acreditando que estava conseguindo dizer aquilo sem tremer, mas só que ela não conseguia encarar os olhos de nenhum dos bruxos a sua frente, apesar de sempre lhe ser dito que aquilo era sinal de fraqueza e eles perceberam.
-Garotinha Weasley, você acha que serve pra isso? Pra Auror? Mal consegue nos amedrontar com essa sua voz fina. Dê o fora você, antes que acabemos com mais um membro da sua família.
Gina respirou fundo diante da risada que eles davam na cara dela. Não, ela não poderia desistir tão fácil assim.
-Eu vou...
-Você não vai nada. – o bruxo que já estava com a varinha na mão a levantou – Fique quieta. Agora você irá conosco.
Ela começou a ficar com raiva, estava com muito medo e totalmente nervosa, mas a ira que estava sentindo por aqueles três parados a sua frente parecia estar dominando e antes que qualquer um deles pudesse fazer algo, Gina pegou sua varinha e lançou um Expelliarmus no Comensal que havia falado. Mas logo que a luz do feitiço saiu de sua varinha, outra luz veio em sua direção a jogando do outro lado da rua, caindo em cima de um trouxa curioso.
Imediatamente, Harry, Hermione e Rony saíram do barzinho e já foram atirando feitiços certeiros nos dois Comensais que estavam de pé. Paul foi diretamente no lugar onde Gina estava. Ele pensou que a encontraria abatida, assustada, mas ao contrário, Gina parecia extremamente calma.
-Você está bem? – ele perguntou.
-Estou sim. Mas olhe... – ela pareceu arrependida – eles fugiram.
Paul olhou pro lugar onde o trio correu e viu que agora os três estavam acalmando os trouxas, ao invés de enfrentar os Comensais, que haviam aparatado.
-Vamos... – ele disse, enquanto estendia a mão pra que ela se levantasse.
-Viu?! – disse Rony, quando se aproximou de Gina – Por que disso, Gina?
-Rony eu...
-Nós poderíamos ter pegado aqueles Comensais, mas você tinha que...
Gina estava frustrada por ter sido tão boba com aqueles Comensais e agora, Rony vinha acabar com a pouca confiança que ela tinha.
-Eu queria tentar! Você acha que eu fiz aquilo pra aparecer? NÃO! Eu queria apenas... – ela se calou. Como explicar que ela precisava provar algo pra si mesma? – Eu...
-Você pode ter aprendido muito nesses tempos – começou Mione, quando se juntou ao grupo – e também pode ter amadurecido, Gina, mas você ainda não estava preparada pra encarar três Comensais, assim. Foi uma atitude...
-Muito corajosa! – disse Harry – Não foi certo e você correu um grande risco, mas foi muito corajosa, Gina.
Rony e Hermione olharam perplexos pra Harry. Aquela era a hora em que os veteranos davam uma bronca na novata que queria parecer experiente e Harry vinha com elogios. Os dois já iam reclamar quando notaram que Harry daria conta do que estava querendo.
-Harry... – Rony ainda tentou.
-Será que eu posso falar com Gina? – perguntou ele a Rony.
Rony estava muito irritado com o que Gina havia feito e mais ainda agora por Harry estar defendendo-a quando deveria estar reprimindo, mas sabia que Harry nada faria pra prejudicar a irmã, então assentiu com a cabeça e os dois foram para o barzinho onde antes estavam escondidos.
-Eu não pensei que... – começou Gina, tentando achar algum motivo pra ter sido tão precipitada.
-Escute, Gina. – de repente pareceu a Gina que Harry lembrava o Prof Lupin ensinando algo – A melhor coisa a se fazer agora que você está nesses primeiros meses é observar. Qualquer um sabe que a prática é muito diferente da teoria, e no treinamento de Auror não é diferente. Você aprendeu muito na Aurland e nós dois sabemos como foi difícil, não é?!
-Foi... – ela disse, se lembrando que sem a ajuda dele não teria conseguido acompanhar o começo das aulas.
-Lá eles ensinaram os feitiços, proteções, truques e tudo mais, mas ensinaram quando você deve usá-los? A maioria sim, mas não há uma regra pra que você aja sempre da mesma forma, nem que eles ajam assim, então o melhor jeito de se aprender como agir, como se comportar em certas situações, como utilizar todos esses feitiços que você aprendeu é aproveitar esses meses que você tem com a gente pra observar como agimos. Claro, você terá que ajudar também, mas sempre em segundo plano, aprendendo ainda, OK?!
Gina sentiu o carinho com que Harry falava aquilo e sabia que ele estava querendo ajudá-la. Ela estava tão vulnerável, que só conseguiu abraçá-lo em agradecimento.
-Obrigada Harry – disse, antes de começar a chorar, atraindo a atenção de algum dos trouxas que restavam no bar.
Ela ficou assim um tempo, só chorando no ombro de Harry, enquanto esse não fazia nem dizia nada, só passando as mãos em suas costas, tentando consolá-la. E quando finalmente ela parou, levantou sua cabeça do ombro dele e o encarou. Harry, sem perceber o quão íntimo aquele gesto era, tirou uma mecha do olho de Gina, colocando-a atrás da orelha da ruiva e depois colocou a mão no rosto de Gina, enxugando as lágrimas.
E Gina sabia o que viria a seguir. Sabia que não haveria amor nenhum naquilo, sabia que não iria contribuir em nada pra que Draco saísse de sua cabeça, então, antes que Harry tomasse o primeiro passo para beijá-la, Gina falou:
-Acho que o pessoal do Ministério chegou.
Harry não notou que ela quis cortar aquele momento, ele não percebeu que ela havia percebido o que ele queria, então não ficou constrangido. Saiu com Gina de dentro do barzinho e logo viram vários bruxos falando com os trouxas, apagando a lembrança das artes mágicas que houve ali.
-Vamos embora? – falou Harry, quando chegou perto dos amigos.
Os três concordaram e logo já estavam de volta no Ministério da Magia. Pra muitos aquele dia foi perdido, mas pra Gina foi de muito proveito. Naquele dia ela tirou o conselho que a ajudou a conseguir se tornar uma boa Auror, pois depois disso, ela fez o que Harry disse, apenas observou o trio agir, observando as táticas, os feitiços usados, observando tudo. Cada dia ela aprendia mais, cada dia ela ficava receosa em encarar Harry, ele tinha um brilho estranho nos olhos...
E passado os meses em que ela e Paul tinham que ficar com os supervisores, os dois resolveram permanecer juntos, agindo como uma dupla. Toda vez que Gina se deparava frente a frente com um Comensal, ela se fazia de ingênua, inocente, assim ele acabava se distraindo dando brecha pra que Gina agisse. Ela aprendeu que isso era o melhor a se fazer depois da sua primeira experiência. Não iria adiantar nada ela tentar dominar a situação com voz firme, já que não acreditariam nela e ririam, então ela se fazia de sonsa.
=*=
Cada vez mais crescia a fama da família Weasley no mundo mágico e isso preocupava Draco, já que Gina era um membro dessa família. Arthur fazia um ótimo trabalho no Ministério depois que mudou de setor, ajudando a combater os bruxos das trevas; Rony também era bem conhecido por estar sempre junto de Harry, que era o principal alvo de Voldemort e também havia Gina. Ela não estava entre os destaques da família, mas já havia prendido em Azkaban alguns Comensais e isso contava.
E por isso Voldemort não estava nada contente. Ele estava irritado por Harry sempre conseguir fugir de seus ataques, por ele ter sempre a ajuda da familiazinha de ruivos que o acolhia desde pequeno. Então, o dia que Draco mais temeu chegou.
Em uma das reuniões que Voldemort sempre fazia com seus principais Comensais, ele incluiu em uma lista os Weasley como prioridade. Aquela lista, sabia Draco, era das famílias que não se juntavam as forças das trevas e que atrapalhavam, e muito, pra que Voldemort alcançasse o auge do poder. Draco também sabia que cedo ou tarde, as famílias que estavam na lista iam sumindo, ou seja, todos os membros eram mortos, se não pelos Comensais, pelo próprio Voldemort.
E o Lord sempre designava Draco pra trabalhos estrangeiros, o que fazia com que ele não participasse muito do que acontecia nos planos dentro da Inglaterra. Assim, já fazia dois anos que Draco não via Gina. Ele sabia que ela crescera como Auror, como também sabia que esse crescimento estava ligado ao fato dela ter um parceiro Auror sempre ao seu lado e isso o deixava incrivelmente irritado.
Três meses depois dos Weasley terem entrado pra lista de prioridade, Voldemort convocou outra reunião e desta vez ele estava extremamente irritado.
-Três meses e nenhum foi pego! Vocês são incompetentes? – ele falava baixo e calmamente, mas como sua voz tão cortante e rosto tão horrível, aquilo valia dez vezes a mais do que um grito. – Não acredito que aqueles Weasley sejam tão poderosos assim que nenhum de vocês possa acabar com eles! Pilcher aqui vai armar um plano pra acabar de vez com isso, vamos começar pelo mais influente, vocês irão acabar com Arthur Weasley.
Draco gelou quando ele ouviu seu nome sendo chamado por Voldemort para participar na morte do Sr Weasley. Não que ele tivesse alguma compaixão, mas ele sempre ficava mal quando alguém da família de Gina morria. Ele sabia que ela ficaria triste, então ele se irritava por nunca conseguir deixar de pensar nela.
Ele esperou que todos saíssem e foi falar com Voldemort. Pra infelicidade de Draco, Voldemort nunca ficava sozinho, tendo sempre a companhia de Rabicho e de Noel Pilcher.
-Mestre – ele começou – eu peço que me deixe fora da captura, quer dizer, do extermínio de Arthur Weasley.
O Lord das trevas encarou Draco, e este se sentiu como se o outro estivesse vendo sua alma, de tão profundo que era o olhar do Lord. Ele temeu que Voldemort o matasse imediatamente, mas ao contrário, o outro apenas falou:
-Por quê?
-Porque ele não quer prejudicar a familiazinha da namoradinha. – disse Pilcher com cara de nojo.
-Que namorada? – defendeu-se Draco.
-Que namorada? Não seja cínico, Malfoy, qualquer um sabe que você gosta daquela ruivinha dos Weasley e que você matou seu pai por ela. Aquele sua história de que não podia ter feito nada, que ela havia se jogado pra dentro de sua proteção não engana ninguém, Malfoy. Você quis salvar aquela garota, você gostava dela e ainda gosta – acusou Pilcher.
Draco já ia falar algo, quando Voldemort começou:
-Está claro que qualquer um sabe disso. Eu não condeno você por isso, Draco. Você gostava daquela garota. Você sacrificou seu pai por um interesse seu. Às vezes, temos que fazer isso. – Voldemort falava como se deixar Lucio morrer fosse a mesma coisa que mentir num jogo pra sair ganhando – Lucio era necessário aqui, mas se você teve que matá-lo, vamos aceitar.
-Mas Mestre – tentou Pilcher.
-Fique quieto, Noel. Malfoy priorizou seu interesse e eu não o condeno por isso. – se voltando novamente pra Draco ele continuou – Aquela garota Weasley está fazendo algum estrago por aqui, mas não é grande coisa, então por enquanto não há necessidade de exterminá-la. Por enquanto. Mas é necessário acabar com Arthur Weasley, acabar com ele pra que o resto da família fique fraca e você vai, Draco.
Draco assentiu com a cabeça e saiu o mais rápido que pode dali. Ele estava se sentindo horrível depois do que Voldemort falou sobre a morte de seu pai. Voldemort o estava comparando com ele, e Draco sabia que ele não tinha nem um pingo de igualdade com o Lord. Ele teve vontade de sumir dali e abandonar de vez Voldemort, por mais que quisesse ficar por seu pai, mas logo ele tirou a idéia da cabeça, pois Voldemort nunca o deixaria vivo se ele o abandonasse, assim como fez com Snape. E Draco faria até o fim a vontade de seu pai, custasse a ele qualquer coisa, até sua vida.
Então, alguns dias depois, o plano já estava traçado e os Comensais designados foram pra ação.
Arthur estranhou muito quando chegou em casa e não encontrou ninguém justamente na hora do almoço. Não desconfiou nem um pouco que a casa estava com um feitiço temporário para desencorajar qualquer um da família que fosse ali, menos ele, é claro. Ele entrou e foi chamando por Molly, como sempre fazia. Vendo que ela não se encontrava na cozinha, ele foi subir as escadas para o quarto, mas no momento em que pôs o pé no primeiro degrau, Arthur sentiu algo em suas costas e logo caiu desmaiado com o efeito do feitiço.
Não demorou muito pra que ele acordasse e se visse amarrado em sua poltrona e cercado por cinco Comensais. Draco não estava entre eles, pois ele disse que ficaria na posição de vigia e não havia ninguém que o tirasse da porta da cozinha, onde ele estava naquele momento.
Então, lá na sala, enquanto Arthur permanecia sentado na poltrona, lhe foram aplicados vários feitiços para que ele revelasse segredos do Ministério, pra que ele falasse algo. Mas como se esperava, ele não disse nada, e depois de algum tempo acabou perdendo a consciência. Desistindo de tentar, Rabicho acabou por matar de vez Arthur, cumprindo com as ordens de Voldemort.
E enquanto eles saíam pra fora da casa, Draco foi comentando:
-Esse Pilcher é muito bom com contra-feitiços, não? Ele acertou quando disse que poderíamos tirar todas as proteções que estavam aqui... – disse apontando pr'A Toca.
-Draco, você não está bem. Elogiando Pilcher? – comentou Zabini
-Não. Eu só estou dizendo que ele podia ter vindo aqui tirá-los, ao invés de ficar lá com o Lord.
-Se não fosse por ele, não saberíamos qual usar – falou Rabicho.
-Tá puxando o saco do Pilcher agora também? – perguntou Malfoy.
-Vamos embora! – disse ele, tentando fugir do que Draco disse.
Gina e seus outros irmãos ficaram muito abalados com a morte do pai, assim como ficaram com a morte dos outros irmãos, mas o efeito que fez em Molly foi acima de qualquer um.
Ela não teve reação nenhuma quando soube da notícia, a não ser desmaiar e logo quando acordou e viu que não era mentira, se acabou num choro que durou muito tempo. Enquanto ocorriam as cerimônias, Molly parecia sem vida, pois não tinha vontade própria, não falava nada, nem comia, parecia nem viver. Aos poucos depois de algumas semanas, conseguiu voltar a si e continuar sua vida, mas começou a emagrecer de uma forma surpreendente e nunca mais teve a alegria ou nervosismo que sempre tivera antes. Parecia que continuava a viver por querer o bem dos filhos, no mais transparecia que ela já não se importava consigo mesma. E todos sofriam com isso.
Mas mesmo assim, um mês depois, como já havia sido marcado há muito, Rony e Hermione se casaram, apesar dos protestos de alguns, pois estavam em guerra.
Aquele foi um bem pros Weasley e pra Harry também. Eles estavam vivendo em um período muito desgastante e ter pelo menos essa alegria amenizava um pouco o sofrimento que tinham que enfrentar todos os dias.
Foi um ano inteiro planejando, vigiando, infiltrando bruxos em Hogwarts pra que o verdadeiro ataque a Voldemort começasse.
Fazia quase quatro anos que Gina não botava os olhos em Draco. Desde aquele dia na estufa, que ela não sentia aquela sensação boa ao estar do lado dele. Anos que passaram rápido ao ver dela, mas que lhe deram grande experiência e força, coisa que ela pouco tinha quando os dois se bateram pela primeira vez. Ela sentia uma enorme vontade de vê-lo e dizer que ainda o amava, mas depois pensava consigo mesma: "De que vai adiantar? Não teremos nada mais... nunca mais... Se conforme Gina!".
E era nisso que ela pensava enquanto seguia naquela noite com Paul pelo que tinha restado da Floresta Proibida. Estavam quase chegando perto da cabana de Hagrid quando ela o parou.
-Paul... estou com medo...
-Vai dar tudo certo, Gina, você vai ver. Tenho certeza de que o trio Auror já está lá dentro e que logo, logo Voldemort estará destruído.
-Não sei, eu não estou me sentindo muito bem, é uma sensação estranha... Estou mesmo com medo, Paul. – ela apertou a mão do amigo.
-Gina, você está parecendo aquela garotinha que entrou na Aurland sem saber direito os feitiços. Esse pesadelo finalmente vai acabar e vamos poder viver sem nenhuma ameaça. Vamos!
Gina seguiu com Paul, mas pra ela parecia que o pesadelo estava começando a partir daquele momento. E ela estava certa.
No momento em que saíram da área onde estava a Floresta, os dois foram surpreendidos por dois Comensais. Um deles, Gina nunca havia enfrentado, mas sabia se tratar do famoso Comensal Pilcher, que virara braço direito do Lord ao lado de Rabicho.
Os dois foram pegos tão de surpresa, que Gina mal viu os Comensais e já foi lançada pra longe. Por uns instantes ela quase pensou que perderia a consciência, mas viu que conseguia abrir os olhos e viu que Paul estava sendo atacado pelos dois Comensais, enquanto ele tentava sozinho se defender.
Ela havia aprendido a ter algum controle, então não saiu gritando, como seria normal. Posicionou-se e quando viu que era o momento certo lançou o ataque.
O feitiço que Gina lançou era muito difícil e exigia precisão. Tinha que ser proferido no exato momento em que o outro combatente proferisse o outro feitiço. E foi isso que Gina fez quando Pilcher lançou um Avada em Paul. Com o feitiço de Gina, qualquer fosse o que Pilcher havia lançado em Paul voltaria pra ele, e foi isso que aconteceu.
Gina pode salvar Paul de Pilcher, acabando com ele, mas não pode prever que o outro Comensal lançasse um Avada no amigo que era tão querido. Ela viu que não adiantaria ficar ali pra chorar, só perderia sua vida, então tratou de correr de volta pra Floresta, não dando chances pra que o outro Comensal a pegasse. E esse, nem foi atrás, de Gina, tratou de sair correndo pra avisar Voldemort do que acontecera com Pilcher.
Draco ia quase correndo pra sala de Voldemort. Era visível que tinha alguma coisa acontecendo, mas ele não parou pra perguntar a ninguém, melhor ir direto a Voldemort.
Quando chegou lá, Draco se espantou. Encontrou alguns importantes Aurors, o Ministro, e também o trio Auror amarrados em um canto. "Podem dizer qualquer coisa de Voldemort, mas não podem dizer que ele não é ótimo pra capturar reféns!".
Ele olhou pra Voldemort esperando que pelo menos uma vez pudesse ver alegria ou pelo menos contentamento naquela cara de cobra, já que ele estava com o tão desejado Harry Potter nas mãos. Mas Draco percebeu que Voldemort estava variando entre ódio mortal e raiva delirante. Então só se postou na frente do mestre sem dizer nada, pois logo ele foi gritando.
-Aquela sua maldita namoradinha matou Pilcher! Agora está fugindo pela Floresta Proibida e você vai atrás dela. – foram poucas as vezes que Draco vira o Lord assim, tão fora de si. Normalmente Voldemort ameaçava calmamente, o que era quase pior – Junte um grupo e traga aquela garota em uma hora, pois logo eu vou começar a matar esses daí e quero que ela esteja aqui!
Draco nem pensou pra sair rápido dali, pois Voldemort podia acabar com ele naquela hora mesmo, já que sua raiva era visivelmente grande.
Ele logo reuniu um grupo de quatro Comensais e foi atrás de Gina. Logicamente pegou os mais burros e incompetentes, pois não queria que ela fosse achada por eles, e sim que ele a achasse. Ele estava irritado também, por Gina ter se exposto tanto, pois teria que se arriscar muito, agora, pra ajudá-la. "Por que ela, de algum modo, não me procurou na hora? E justo agora que essa maldita chuva vai cair?".
"N/A: Recomendável ler o capítulo 1 antes de ler o próximo, para relembrar alguns fatos!".
