Epílogo

Foi até difícil pra Gina, mas ela teve que dizer a Harry que não o queria. Só não soube explicar o porquê. "Claro, como eu posso dizer que eu estava esperando um beijo frio, ao invés do beijo quente que ele me ofereceu? Parece maluquice...".

Ela ainda permanecia na enfermaria. Estava lá fazia duas semanas, mas agora já estava bem o suficiente pra poder ir até a janela e observar a forte chuva que caía. Tentava lembrar do seu passado, mas dificilmente conseguia algo importante. Na noite anterior tinha sonhado com um garoto que estava caído no chão, todo sujo de tinta.

Além disso, estava confusa, pois algo que ela tentava esquecer não saía de sua cabeça: a carta de Draco. Todas as palavras pareciam sem sentido, mas uma coisa estava clara: ele dizia que precisava dela. Ninguém nunca tinha dito que precisava dela, não que ela se lembrasse. E agora vinha o Malfoy com toda aquela intimidade que parecia de anos e lhe dizia isto. É algo que mexe com a pessoa.

E observando a chuva, veio a Gina uma vontade louca de se molhar, de tomar um banho nela. No momento seguinte em que teve essa idéia, se lembrou da sensação de estar correndo sob a chuva em uma Floresta com poucas árvores. Parecia muito feliz, e estava com uma pessoa. Ela se lembrou: "Com Draco...".

Tudo voltou tão rápido que Gina sentiu suas pernas bambas e um sorriso bobo formou-se em seu rosto. Lembrou-se dos momentos com Draco em Hogwarts, em sua casa; os momentos horríveis após o julgamento de Cho; as lições que teve na Aurland; as perdas de entes queridos; e também se lembrou das juras trocadas com ele momentos antes do castelo desabar. Sim, agora ela entendia tudo o que Draco dizia na carta, entendia porque não queria Harry. Poderia até pular de alegria por ter todas as suas lembranças de volta, só que uma ponta de dúvida surgiu: "Será que o perdi?". Então, se lembrou da carta - me chame, dizia – e o fez:

-Draco... – murmurou baixinho.

No instante seguinte, como esperava, Draco aparatou na sua frente. Ela lhe sorriu: seu sorriso doce e meigo de sempre e ele entendeu. Aquela era a Gina que ele amou desde o primeiro momento: a garotinha suja de tinta com vestes de segunda mão.

 Deu um passo a frente para abraçá-la, mas ela lançou-lhe um olhar travesso e saiu em disparada pela porta, fazendo com que não restasse outra opção a Draco a não ser segui-la, deixando a enfermeira totalmente irritada.

E quem, minutos depois, observasse o campo de treinamento ao lado do Ministério, poderia ver dois jovens de cabelos louros platinados e vermelhos flamejantes, correndo apaixonados e molhados, debaixo da chuva.

Eles não achavam mais seu amor estúpido.

Fim