Oi, pessoal! Aqui estou eu novamente com mais um fic com os personagens de Card Captor Sakura. Gostei muito de escrever este fic; foi minha primeira tentativa de fazer um romance histórico (tomara que tenha dado certo...) e espero sinceramente que vocês apreciem. Esta história estava engavetada já há algum tempo e eu resolvi colocá-lo no ar e terminá-lo de uma vez. É muito chato ficar com uma história inacabada. Bem vamos ao que interessa, o fic! Sakura e sua família estão fazendo uma expedição, mas algo acontece com eles e nossa heroína vai parar na casa de um misterioso guerreiro. E aí... Já falei demais!! Leiam e divirtam-se!
LUZ DA MINHA VIDA
Por Andréa Meiouh
Capítulo 1
Há muito tempo atrás...
A campina estava coberta de neve. Ao sol da manhã, a imensidão branca feria os olhos. Mas o jovem guerreiro estava atento. O inimigo se aproximava, ele podia sentir. Seus olhos, vigilantes, observavam tudo, incansáveis, como um predador à espera de sua caça. O coração batia, acelerado. Aquele era seu dia, sua chance de provar ao clã seu verdadeiro valor. Ele era Li Xiaolang e mostraria a todos que era capaz que trilhar seu próprio caminho.
Subitamente, um grito estridente se vez ouvir. Xiaolang desembainhou uma espada e junto com seus companheiros, iniciou um desenfreado galope rumo à luta de sua vida.
* ~* ~ *
Cinco anos depois...
Sakura, seu irmão, Touya, e seu pai, Fujitaka Kinomoto, cavalgavam num tranqüilo bosque.
"As plantas daqui são maravilhosas", disse o homem mais velho, entusiasmado com a beleza e a variedade das espécies vegetais daquele lugar. "Podemos parar um pouco?" perguntou ao guia que os acompanhava. "Quero desenhar algumas desses espécimes..."
"Sinto muito, professor. Estamos numa região muito perigosa... Há ladrões por aqui e além disso, está escurecendo", o homenzinho respondeu, com uma expressão preocupada. "Melhor apressarmos o passo".
"Vamos fazer uma pequena parada", Touya ordenou. "Bebemos um pouco de água, cuidamos dos cavalos, meu pai faz o desenho dele e depois seguimos".
Levantaram um pequeno acampamento. Sakura estava animada. Era a primeira vez que participava de uma expedição com seu pai, ilustre professor da Universidade de Tóquio. Aproveitou o momento de descanso e se afastou um pouco para fazer suas necessidades. Quando voltava, ouviu barulho de cascos. Seu irmão provavelmente fora procurá-la. Resolveu andar mais rápido. Estancou ao ouvir gritos. Correu e a cena que viu ao chegar mais perto a deixou estarrecida: um grupo de vândalos atacava a caravana de pesquisa. Viu o pai ser esfaqueado. Viu o irmão lutar desesperadamente. Ele virou-se e fitou-a.
"SAKURA! FUJA!", ele exclamou. Aquele momento de distração fora fatal para o moço. Seu adversário acertou-lhe um golpe certeiro e letal.
A jovem fugiu o mais rápido que pode. Lágrimas enchiam-lhe os olhos e borravam-lhe a visão. Não podia acreditar. Seu pai e seu irmão mortos por assaltantes. Estava sozinha no mundo. Não tinha mais ninguém. Tropeçou numa raiz, mas não teve forças de se levantar. Queria morrer junto com sua família.
"Ora, ora... o que temos aqui?", uma voz masculina, um pouco engrolada soou atrás dela. Não percebera que fora seguida. Virou-se e viu um homem aterrador. Cabelos desgrenhados, olhos esbugalhados, dentes podres e um odor fétido. Sakura estremeceu. "Vamos nos divertir, boneca?", ele sugeriu, aproximando-se.
A pobre moça começou a rastejar, tentando fugir daquele pesadelo, porém não conseguiu. O atacante puxou-lhe pelas pernas e tentou beijá-la. Gritando e esperneando o máximo que podia, Sakura acertou alguns golpes no agressor, mas apenas conseguiu deixá-lo irritado.
"Fica quieta!", ele grunhiu, acertando uma série de socos no rosto dela. O mundo de Sakura girou e começou a se apagar. Seu último pensamento coerente foi um pedido: para que tudo terminasse o mais breve possível.
* * *
Duas pessoas observavam uma jovem deitada numa cama.
"Como ela está?", o homem perguntou.
Sua acompanhante respondeu com voz baixa. "Bem... Sofreu muitas agressões, mas irá sarar depressa. Mu Bai chegou a tempo de evitar que algo mais sério acontecesse".
O estranho concordou com a cabeça. "Cuide dela, Lau Ma. Avise-me quando ela acordar".
"Sim, mestre".
* * *
Estavam todos reunidos num lindo campo florido: Sakura, o pai, a mãe e o irmão.
"Estou tão feliz!", a jovem exclamou. "Estamos juntos novamente, como nos velhos tempos!"
"Você não devia estar aqui, Sakura", disse Nadeshiko Kinomoto, acariciando levemente o rosto da filha. "Aqui não é seu lugar, querida".
Os olhos de Sakura encheram de lágrimas. "Mas, mamãe... Por que não posso ficar com vocês? Eu quero tanto...".
A bela mulher, de aspecto angelical, apenas sorriu. Fujitaka respondeu no lugar dela. "Sabemos disso, querida... E também desejamos que fique conosco... Porém você tem um destino a cumprir... Precisa seguir seu caminho".
Sakura observou sua família se afastar. Tentou segui-los mas estava presa, como se estivesse com os pés colados no chão.
"Cuide-se, monstrenga", o irmão se despediu antes de sumir.
"NÃO! TOUYA! PAPAI! MAMÃE! NÃO ME DEIXEM!", ela gritou, desesperada.
"Adeus, querida. Em breve, nos veremos novamente", foi a vez de Nadeshiko desaparecer.
"MAMÃE! POR FAVOR! NÃO QUERO FICAR SOZINHA!"
"Você jamais estará sozinha, meu amor", falou Fujitaka com seu doce sorriso. "Estaremos sempre com você". Ele começou a esvaecer. "Não se esqueça disso, filha. Adeus!"
"NÃÃÃOOOOOO!".
* * *
Os gritos de Sakura chamaram a atenção de todos na casa. Lau Ma correu depressa para o quarto, onde aquela inesperada hóspede estava instalada e encontrou-a sentada na cama, abraçada aos joelhos, chorando desesperadamente. Aproximou-se devagar. "Senhorita...", ela chamou. "Está tudo bem?"
Sakura levantou a cabeça e viu aquela mulher desconhecida. A crise de choro começou a diminuir. "Onde estou?", quis saber.
"Não se preocupe...", Lau Ma respondeu. "Está num lugar seguro agora. Aqui ninguém vai lhe fazer mal". Enquanto falava, a mulher servia uma caneca de água. Estendeu-a para Sakura. "Tome. Beba um pouco e tente se acalmar".
A jovem aceitou a água. E enquanto bebia, lembrou-se dos fatos ocorridos anteriormente. Seu pai e seu irmão foram mortos. E ela... Não conseguiu recordar. "O que aconteceu comigo?", perguntou, ainda fungando.
Lau Ma sentou-se na beira da cama. "Você foi muito machucada, mas já tratei de seus ferimentos e logo você ficará boa. Agora, deite-se. Você tem que descansar bastante".
Sakura obedeceu sem protestar. "Obrigada por cuidar de mim", agradeceu.
Lau Ma apenas sorriu e acariciou os cabelos dela. "Não tem nada o quê agradecer... Agora durma", ordenou suavemente. Viu a jovem fechar os olhos vermelhos e levemente inchados e cair no mundo dos sonhos.
* * *
Era uma noite fria e sem lua. O inverno estava se aproximando. Xiaolang resolveu sair de seus aposentos para caminhar um pouco. Passos soaram atrás dele. "Como ela está?" perguntou a seu assistente e melhor amigo, Mu Bai, que se achegara.
"Dormiu novamente. Lau Ma acha que ela teve um pesadelo", o homem respondeu.
"Isso é normal, depois de tudo o que ela passou", Xiaolang fez uma pausa. "Qual a situação do grupo dela?"
Mu Bai respirou fundo. "Todos mortos. Cheguei a tempo de evitar que um dos malfeitores violentasse a moça, mas os demais não pude salvar".
Os dois homens pararam de andar. "Sabe quem foi que fez isso?", Xiaolang questionou.
"Foram os homens de Ken", respondeu Mu Bai.
"Ken...", o rosto de Xiaolang contraiu-se com ódio. "Reúna um grupo de homens e faça uma ronda. Veja se encontra mais algum sinal de Ken e seus comparsas por aí. Aproveite também e faça um enterro decente para o grupo assassinado", ele ordenou.
"Isso já foi providenciado, mestre".
"Ótimo. Então, vamos treinar". Os dois encaminharam-se para a área de treinamento. A mente de Xiaolang fervia. 'Ken... O que você está fazendo aqui? Como conseguiu me encontrar?', pensou irritado.
* * *
Na manhã seguinte, Sakura acordou melhor. Não tivera mais sonhos aquela noite. Levantou-se da cama e foi até o toucador, para lavar o rosto. Assustou-se com a imagem que viu no espelho. Um grande hematoma cobria o lado direito da face, desde o olho direito, que estava inchado, até o queixo. Imagens vieram-lhe a mente. Um homem sujo e fétido agarrando-a, rasgando as roupas dela . Começou a chorar novamente. Perdera a família, a inocência e ainda por cima, ficara deformada. Do que adiantava continuar vivendo?
A porta do quarto se abriu e uma jovem, aproximadamente da idade dela, entrou. Trazia na mão um pote de barro e uma toalha limpa. Seu sorriso desfez ao ver Sakura chorando. "O que houve, senhorita? Está sentindo dor?", perguntou preocupada.
"Por que não me disse que eu fui estu--", a jovem de olhos verdes não conseguiu terminar a frase.
"Simplesmente porque você não foi", Lau Ma respondeu, colocando o pote em cima do móvel.
Sakura ficou confusa. "Como assim? Eu me lembro do homem me batendo...".
A outra deu um sorriso gentil e compreensivo. "É... Realmente, ele bateu muito em você, mas não teve tempo de completar o serviço... Meu irmão estava passando por aquela área, ouviu seus gritos e a salvou".
"Então ele salvou a minha vida", falou Sakura com os olhos distantes. "Talvez tivesse sido melhor ter me deixado ficar lá para morrer".
"Não diga isso!", Lau Ma exclamou. "Uma mulher jovem e bonita como você tem toda a vida pela frente. Não deve desejar morrer".
"Posso ser jovem, mas não sou bonita", Sakura respondeu abatida. "Olhe para mim... Pareço um monstro... Quem se interessaria por alguém assim...".
Lau Ma tentou animá-la. "Não se preocupe com isso", disse ela, pegando o queixo de Sakura e erguendo levemente o rosto dela para passar o ungüento. "Logo, logo, o inchaço vai diminuir, esse roxo vai sumir e você ficará novinha em folha. Confie em mim".
Sakura deu um fraco sorriso. "Obrigada", disse ela, observando a outra jovem limpar a mão e pegar uma escova de cabelo. O modo delicado com que era tratada fez com que relaxasse um pouco mais.
"Sabe de uma coisa...", Lau Ma começou, enquanto escovava os cabelos castanhos claros da visitante. "Eu ainda não sei seu nome".
"Eu sou Sakura Kinomoto", a jovem respondeu. "E você?".
"Pode me chamar de Lau Ma, senhorita Sakura. Eu vou cuidar de você enquanto estiver hospedada aqui".
"Esta é sua casa?".
"Não", respondeu Lau Ma. "Eu apenas trabalho aqui. Esta casa é do meu mestre, Li Xiaolang".
"Então devo agradecer a ele por tudo o que fizeram por mim...", falou Sakura. Mas ela logo percebeu que Lau Ma ficara um pouco incomodada. "Que foi, Lau Ma?".
A chinesa deu um sorriso amarelo. Sabia que seu mestre não receberia a jovem. Ele fora explicitamente rígido ao declarar que não queria a hóspede nas proximidades de seus aposentos. Todos deviam cuidar muito bem da moça, mas não podiam deixá-la se aproximar da ala oeste da mansão, a ala reservada a ele.
"Não é nada, senhorita", Lau Ma respondeu. "Você está com fome?", perguntou tentando mudar de assunto.
"Sim! Estou morrendo de fome", disse Sakura encabulada, enquanto seu estômago roncava, na expectativa de um café da manhã.
"Então vamos até a cozinha! Vou lhe preparar um maravilhoso desjejum!", a sombra que cobria os olhos de Lau Ma desaparecera. Ela já estava se afeiçoando aquela jovem, que fora parar sob seus cuidados.
"Prefiro não sair daqui, Lau Ma...", Sakura abaixou a cabeça. "Não quero que os outros me vejam assim".
A outra balançou a cabeça, negando categoricamente. "Você não pode ficar trancada no quarto o tempo todo. Além disso, andar um pouco, pegar sol, respirar ar puro não irá lhe fazer mal... Pelo contrário. Agora, levante-se e vamos!"
Sakura ainda estava hesitante. "Mas não tenho roupas...", tentou argumentar, mas foi interrompida.
"Temos muitas roupas aqui para a senhorita usar... É só escolher!" Lau Ma respondeu abrindo um grande baú, que estava encostado na parede do cômodo.
A jovem de olhos verdes se aproximou e tocou numa peça. "Que roupas lindas! De quem são?", perguntou curiosa.
"Das irmãs do meu mestre. Elas se casaram há alguns anos e deixaram vários itens pessoais aqui. Estão todos limpos e bem conservados. Pode pegar o que quiser", a empregada respondeu sorrindo.
Sakura pegou um quimono verde-claro, acariciou-o, sentindo a textura gostosa da seda... Haviam várias coisas dentro da arca. Seria maravilhoso poder usar uma coisa tão delicada... Deu seu primeiro sorriso genuíno. "Acho que tem razão, Lau Ma. Não fará mal se eu sair um pouco...".
* * *
N/A: Bem, gente, este é o primeiro capítulo da minha nova saga para Sakura e Xiaolang. Para esclarecer algumas coisas: a história se passa em Hong Kong, no fim do século XIX. Sakura é filha de um professor universitário, uma pessoa liberal e estudada que criou a filha do jeito ocidental. Xiaolang é um guerreiro de uma tradicional família chinesa. Como disse antes, é minha primeira tentativa de escrever um romance histórico. Se estiver algo errado, peço que me desculpem.
Críticas, sugestões, qualquer idéia, mandem-me um e-mail: andreameiouh@msn.com. Ficarei esperando as opiniões de vocês. Responderei a todas as mensagens com prazer. Um beijo e até o próximo capítulo.
