Capítulo 08

Escuridão.

Ela se sentia envolvida por um manto escuro, morno e confortável, como se estivesse mergulhada numa água quentinha. Não queria sair dali. Ali, seus problemas não a alcançariam. Ela não teria que se preocupar em fazer tudo para agradar o pai.

Seu pai...

O rico nobre não a amara. Ele queria um filho homem. Ter uma filha mulher não estava em seus planos. Ele a achava inferior e inútil. E a acusava pela infelicidade da mãe. Ela fazia tudo que podia para alegrá-lo, mas nada parecia satisfazê-lo. E suas tentativas frustradas resultavam apenas em uma coisa: agressão física. Seu pai não hesitava em bater nela sempre que tinha vontade.

"Mulheres não são nada!", a voz de Kenji Daidouji soou no meio da escuridão. "Você não é nada, Tomoyo! Nada!".

Não! Ele estava errado! Ela era alguém. Ela tinha valor!

Seu pai era um homem egoísta e preconceituoso. Ele não sabia valorizar as coisas boas que tinha, como sua mãe. Sonomi morreu tentado lhe proteger da violência do pai. Mas antes de partir, ela conseguir livrar a filha de tantas atribulações: Sonomi matou Kenji.

"Você é uma desgraça a minha família!", outra vez a voz de Kenji ecoou, gerando calafrios na jovem.

"Desgraçada!".

'Não...'

"Inútil!".

'Não...'

"Infeliz!".

'NÃO!'.

* * *

Eriol observava sua paciente com redobrada atenção. A moça chegara num estado deplorável. Inúmeros hematomas, alguns cortes e até queimaduras. A pessoa que fizera tudo aquilo a ela era um bárbaro sem limites.

Xiaolang tinha certeza que Ken estava por trás daquela atrocidade. Ninguém mais podia ser tão desumano e Eriol tinha que concordar. Ambos conheciam Ken há muitos anos e sabiam que o bandido seria capaz de fazer qualquer coisa para obter o que queria. E seus homens também seguiam a mesma linha. E o que quer que tenham feito àquela jovem que jazia no leito, no 'laboratório' de Eriol, tinha a assustado e traumatizado de tal modo que a pobre chorava e tremia mesmo estando inconsciente.

"Eriol?", ele escutou a voz doce de Sakura o chamar. "Eu trouxe um pouco de comida...".

A jovem se aproximou, trazendo nas mãos uma bandeja. Só ao sentir o cheiro saboroso da comida, foi que Eriol percebeu que estava faminto. Perdera o jantar da noite anterior e o almoço daquele dia. Estava tão preocupado com a moça machucada que não se importara em comer.

"Obrigado, Sakura", ele agradeceu, enquanto desocupava um espaço em sua mesa para a amiga depositar a bandeja. "Estava esfomeado mesmo".

Sakura o brindou com um de seus doces sorrisos antes de perguntar como estava a paciente.

"Estou preocupado, Sakura...", respondeu o médico. "A febre não está cedendo e ela está delirando...".

"Lau Ma foi à cidade buscar as ervas que acabaram. Ela e Pei Pei não demorarão a chegar", comentou a noiva de Li. Sakura se aproximou da cama e sentou-se ao lado da doente. "Sabe, fico imaginando o que ela passou... Deve ter sido horrível".

Eriol sabia o que havia acontecido com Sakura e como Mu Bai a encontrara. Se havia alguém ali que entender melhor aquela jovem era Sakura. Um silêncio se seguiu às palavras de Sakura, quebrado apenas pelo barulho dos pauzinhos batendo no fundo da tigela, enquanto Eriol saboreava sua refeição.

"Você vai ficar boa", murmurou Sakura, segurando a mão da jovem, numa tentativa de confortar a estranha e a si mesma. "Você vai ficar boa".

* * *

Os insultos iam se seguindo, um atrás do outro. A escuridão ia se desfazendo enquanto outras vozes começaram a se misturar com a de Daidouji. Tomoyo tentou se abraçar, se proteger contra as afrontas verbais a qual era acometida desde que se entendia por gente.

"Eu tenho um serviço pra você, Tomoyo Daidouji...".

Ken.

Um flash de luz a envolveu e Tomoyo se viu novamente no acampamento dos homens de Ken. Ainda podia sentir as mãos passando por seu corpo, as palavras obscenas que lhe dirigiam, a força dos socos e chutes de Ken.

"Quero que entre na mansão de Li", ela ouviu Ken falar outra vez. "Ganhe a confiança dele, seduza-o, enfraqueça-o...".

Apesar de ser uma fora da lei, Tomoyo não era promíscua. Jamais tivera intimidade com um homem. Quando vivia nas ruas de Tóquio, aprendera a se defender para evitar que fosse molestada ou abusada por desconhecidos. E mesmo sendo uma ladra, Tomoyo tinha o mesmo sonho que as outras garotas de sua idade: encontrar alguém que a amasse de verdade e formar uma família feliz e amorosa. No entanto, o destino parecia não concordar com seus anseios. Ken queria que ela conquistasse Li Xiaolang, levando-o pra cama.

"Você não terá dificuldades com Xiaolang, mesmo que fosse feia... Xiaolang é cego. Eu o ceguei".

Enjoada, Tomoyo escutava Ken se vangloriar pela desgraça de Li. O bandido ria e contava como descobrira o sumério, uma planta rara cujo óleo causava dormência e paralisia quando aplicado no corpo. Ken jogara uma quantidade considerável nos olhos de Xiaolang numa batalha, o que causara a cegueira. Tudo por inveja. Inveja da riqueza, da influência e poder da família Li. Inveja de Xiaolang. Ele era o homem perfeito. Seus comandados o admiravam e lhe eram fiéis, seus superiores o tinham em alta estima. Mulheres caiam aos seus pés. Ele era inteligente, honesto... E melhor guerreiro que qualquer um naquele esquadrão.

"Sabe o que é mais irônico nisso tudo?", Ken lhe perguntou um dia. "A pessoa que cegou Xiaolang é a única que sabe como curá-lo. Eu me certifiquei bem disso".

Ken havia matado o boticário que lhe fornecera o óleo de sumério para que o homem não dissesse a ninguém como produzir o antídoto. O contraveneno do sumério era um soro feito a partir das flores de uma planta egípcia. A aplicação devia ser diária até que o membro paralisado voltasse a responder. No caso de Xiaolang, até que seus olhos voltassem a ter sensibilidade.

"Só eu tenho este soro e ninguém mais sabe como produzi-lo... Xiaolang ficará cego para sempre e quando eu, finalmente, colocar minhas mãos nele, o farei rastejar, implorando pela cura... E então eu o matarei! E você vai me ajudar, querida Tomoyo...".

Não... Ela não queria ter participação naquele plano medonho de Ken. Ela não era assassina. E por não concordar com Ken, Tomoyo fora espancada sem piedade.

* * *

Lau Ma e Pei Pei caminhavam pela feira de Hong Kong, por entre outros homens e mulheres. Estavam à procura de ervas para preparar os ungüentos necessários para o tratamento da mulher que aparecera na mansão.

"Olhe, srta. Lau Ma!", exclamou Pei Pei, correndo para uma das barracas, que vendia tecidos e alguns adereços femininos. "Veja que lindo!". A garota se referia a um corte de seda vermelho-intenso, com estampas de flores de cerejeira douradas. Era um tecido lindo. "Poderíamos fazer um quimono maravilhoso para o casamento da srta. Sakura com Mestre Li".

Lau Ma teve que concordar com a garota. O pano era formidável. Tinha um brilho especial e daria uma roupa muito bonita. Perguntou do vendedor quanto custava um corte e encomendou alguns metros. Faria uma surpresa para Sakura.

Depois de fazerem todas as compras, as duas deixaram a feira, a caminho de volta para mansão. Estavam tão entretidas conversando sobre a possível roupa de casamento de Sakura que não perceberam o homem que caminhava na mesma direção delas, mas no sentido contrário. O choque foi inevitável.

"Ai!", exclamou Lau Ma ao cair no chão, derrubando os pacotes. Erguendo a cabeça, ela deparou-se com o motivo de sua queda. Um homem muito alto, de olhos escuros, a fitava. Os cabelos dele estavam presos numa trança, mas algumas mechas haviam se soltado e caíam-lhe pelo rosto másculo. Havia também uma pequena cicatriz na bochecha direita.

"Srta. Lau Ma!", ela ouviu Pei Pei lhe chamar. "A senhorita está bem?".

Com a ajuda da garota, Lau Ma se ergueu. "Estou bem, Pei Pei, não se preocupe", e voltando-se para o homem, tentou se desculpar. "Sinto mui-".

"É melhor olhar por onde anda, mulher", disse ele, frio, antes de se afastar. Lau Ma ficou parada no mesmo lugar, espantada com a frieza do desconhecido.

"Srta. Lau Ma?", ela sentiu Pei Pei puxar-lhe a manga da túnica. "Está tudo bem mesmo?".

Sacudindo a cabeça para tirar a imagem daquele homem da mente, Lau Ma sorriu para a garota. "Sim, Pei Pei. Estou bem. Vamos recolher nossas coisas e voltar logo. Devem estar preocupados conosco".

Elas juntaram os pacotes espalhados pelo chão e se dirigiram apressadas para a mansão. Teriam que caminhar um bom pedaço até chegar em casa.

Sato viu a mulher e a adolescente partirem. Ele estava vigiando os moradores da mansão Li há tanto tempo e sabia exatamente quem eram as duas. A mais nova era filha do cozinheiro e a mais velha era uma das empregadas de confiança de Xiaolang e irmã de seu braço direito.

'Lau Ma...', ele repetiu o nome da mulher que vinha observando com um pouco mais de atenção há alguns dias.

* * *

"Vadia imprestável!".

As palavras de Ken causavam tremores em Tomoyo, fazendo-a recordar-se de seu próprio pai, que a xingava e espancava desde que era uma garotinha pequena.

"Mate o médico e a moça".

Enquanto explicava seu sórdido plano, Ken lhe dissera que os prováveis empecilhos que ela teria para o sucesso de sua empreitada eram o médico e a mulher que viviam com Xiaolang. Ela teria que matá-los.

"Faça o que eu digo ou o velho morre".

O 'velho'. Masaki Amamiya. Seu avô.

Tomoyo não sabia como Ken descobrira a respeito de seu avô, mas não podia permitir que ele machucasse Masaki e nem que este sofresse por sua causa. Ele era sua família. A única pessoa que a amara de verdade, além de sua mãe.

"Meu avô não...", choramingou ela. "Por favor...".

* * *

Sakura estava encantada com o corte de tecido que Lau Ma e Pei Pei lhe presentearam. Era uma seda vermelha brilhante e muito bonita. Daria um ótimo quimono. Porém a jovem noiva se sentia pouco à vontade com aquele presente e com os preparativos de seu casamento. Não que ela estivesse desanimada. O problema era que ela não se sentia bem preparando uma festa com uma doente na casa. Talvez fosse melhor adiar a data... Só não sabia como falar isso com Xiaolang.

"Não gostou do presente, srta. Sakura?".

Levantando os olhos da fazenda, Sakura viu uma mulher, por volta dos quarenta entrar em seu quarto. Era Min Soo, a copeira, mãe de Pei Pei e Yuelin. Assim como Lau Ma e Mu Bai, a matriarca da família Zhang trabalhava há muitos anos com o Li e lhe era extremamente leal. Min Soo fora dama de companhia da mãe de Xiaolang antes de casar com Huike, o cozinheiro.

"Adorei, Min Soo. É muito bonito".

"É sim e você ficará lindíssima com ele, senhorita...", a mulher passou a mão no tecido. "Vou chamar as outras mulheres para começarmos a medir e cortar seu quimono. O casamento se aproxima...".

"Um momento, Min Soo", pediu Sakura. "Não sei se é certo fazermos isso agora...".

"Certo o quê? O que está falando, senhorita?", estranhou a copeira.

"Preparar a roupa... A festa... Não acho adequado...".

"Por quê?", questionou Min Soo, confusa. "É o seu casamento com Mestre Li. Temos que arrumar tudo".

"Eu sei, mas é que me sinto mal estando tão feliz e organizando uma festa enquanto há uma pessoa doente na mansão", respondeu Sakura, de olhos baixos.

"Ah, entendo", sorriu a mulher, compreensiva. "E o que pretende fazer?".

"Não sei", falou a jovem com sinceridade. "O que você acha?".

A mulher do cozinheiro se aproximou de Sakura e pôs a mão em seu ombro, num gesto de conforto. "Acho que deve seguir com os preparativos, querida. Tenho certeza que Mestre Eriol logo irá curar aquela jovem e receio que Mestre Li não ficará muito satisfeito ao ouvir falar em um adiamento".

"Tem razão, Min Soo", sorriu Sakura. "Obrigada pelo conselho".

"Estou sempre às ordens", respondeu a copeira. "Agora vamos tirar suas medidas. O quimono tem que ficar pronto o mais rápido possível".

* * *

No 'laboratório', Eriol e Lau Ma tentavam abrandar a febre da jovem paciente. A moça tremia e balbuciava coisas incoerentes.

"Ela está muito agitada, Mestre Eriol", observou a irmã de Mu Bai.

"Eu sei, Lau Ma, e por isso é importante abaixarmos a febre dela", respondeu o médico. Os dois continuaram a tarefa em silêncio, umedecendo o corpo quente de Tomoyo com um pano molhado em água fria. Alguns momentos depois, Lau Ma tornou a falar.

"Mestre Eriol, eu ouvi alguns comentários na feira...".

"Que tipos de comentários, Lau Ma?".

"Há alguns dias, desapareceu uma jovem japonesa na cidade. A polícia e o avô dela estão à sua procura. Provavelmente virão por aqui. Será que não é ela?", perguntou a moça, indicando a jovem deitada na cama.

'Só há um jeito de saber', ponderou Eriol enquanto se levantava. "Tome conta dela para mim, Lau Ma, por favor".

"Aonde vais, Mestre Eriol?".

"À cidade".

* * *

No hotel, Masaki ouvia atento mais um relatório de busca do Inspetor Kim. A polícia já havia vasculhado os arredores e as fazendas ao sul e à oeste da cidade. Faltavam as ao norte e à leste. Masaki sabia que tudo estava muito devagar, mas não podia culpar o pobre policial. Kim estava com poucos homens para ajudá-lo, além de também ter outro caso: o roubo da casa do prefeito. Um ladrão muito esperto entrara na residência da maior autoridade local e levara todos os objetos de valor, não deixando nada para trás. E o Inspetor Kim também estava à procura deste gatuno.

Os dois homens conversaram por mais alguns instantes, antes do policial ir embora. Masaki se preparava para o jantar quando o dono da pousada lhe avisara que tinha mais uma visita. Achando estranho, pois não conhecia ninguém naquele lugar, o Sr. Amamiya desceu até o saguão e encontrou um jovem à sua espera.

Eriol observou atentamente o homem que se aproximava. Talvez não fosse parente da jovem que estava na mansão Li. Precisaria abordar o assunto com muito cuidado. Apresentando-se, o médico disse o motivo de sua presença ali, contando-lhe a respeito da moça que aparecera machucada na casa de seu melhor amigo. Masaki concordou em visitar a paciente para verificar se esta era realmente sua neta. Os dois partiram de imediato para a Mansão Li.

Chegando lá, Eriol levou Amamiya até o quarto onde a moça estava deitada. E, com lágrimas nos olhos, Masaki reconheceu Tomoyo.

"Oh, Tomoyo!", exclamou o velho, sentando-se ao lado dela e segurando-lhe a mão. "Oh, querida... Vai ficar tudo bem. Vovô está aqui agora". A jovem se acalmou com o toque e as palavras do senhor. Em silêncio, Eriol e Lau Ma se retiraram do aposento.

* * *

"Então ela é a jovem desaparecida que comentam na cidade?", perguntou Xiaolang.

Ele e Sakura estavam na biblioteca e tinham acabado de ouvir Eriol e Lau Ma contarem a respeito do Senhor Amamiya e sua neta.

"Sim", afirmou o médico. "O nome dela é Tomoyo Daidouji. Estava sumida há uma semana".

"Que motivos Ken teria para seqüestrar essa Daidouji?".

A pergunta de Li ficou no ar. Qual seria a ligação entre aquela moça e Ken? E por que ele a mandaria justamente para a mansão?

"Como pode ter tanta certeza que foi Ken quem a seqüestrou, Xiaolang?", indagou Sakura, apreensiva. Só de pensar no homem que ordenara o ataque à caravana de sua família, sentia calafrios. Além disso, algo incomodava Sakura, mas ela ainda não sabia dizer o que era. Desde que ouvira o relato dos amigos, tinha um estranho pressentimento. Alguma coisa estava para acontecer. Será que era isso que Xiaolang também estava sentindo?

"Algo aqui dentro", ele apontou para a cabeça. "Sinto que devemos ter cuidado com esta mulher, seja ela quem for...".

"O que faremos então, mestre?", perguntou Lau Ma.

"Prepare um quarto para o homem, Lau Ma", respondeu Li. "Vamos acolhê-lo e ficar de olho na neta dele. Assim que ela estiver recuperada, eles partem".

"Sim, senhor", concordou Lau Ma, se curvando graciosamente e partindo para executar suas tarefas. Sakura a acompanhou para conversar com o novo hóspede e saber se precisava de mais alguma coisa.

* * *

"Tomoyo... Tomoyo...".

Uma voz doce tirou a jovem Tomoyo de seu tormento interior. Era uma voz cujo dono ela jamais se esqueceria.

"Não se preocupe, querida... Tudo vai ficar bem...".

'Mamãe...'.

"Jamais a deixaremos, princesa...". Uma voz masculina juntou-se à de Sonomi. "Nós a amamos".

'Vovô...'.

Sentindo aquecida com a presença, a confiança e o amor das duas pessoas mais importantes de sua vida, Tomoyo foi se acalmando. Tudo ia dar certo. Ela daria um jeito de resolver toda aquela confusão na qual se metera.

* * *

Sr. Amamiya?".

Masaki estava tão concentrado que não tinha percebido que o médico que lhe levara até ali havia saído, bem como não percebera seu retorno. Hiiragisawa voltara desta vez acompanhado por uma jovem muito bonita, com cabelos castanhos e grandes olhos verdes. Como sua Nadeshiko.

"Pois não?", disse ele, voltando sua atenção para os recém-chegados.

"Conversei com meu amigo e o senhor poderá ficar aqui na mansão até que sua neta se recupere", disse Eriol.

"Muito obrigado".

"Esta é Sakura Kinomoto", continuou o médico, indicando a jovem ao seu lado. "Ela é governanta da casa e futura esposa do Sr. Li. Qualquer coisa que precisar, basta pedir a ela".

Masaki, entretanto, não ouvia mais as palavras de Eriol. Sentia como se tivesse levado um soco na boca do estômago. E conseguia apenas fitar Sakura com intensidade. Sakura. Sakura Kinomoto. A filha de sua filha Nadeshiko com o professor Fujitaka. Sua outra neta.

"Sr. Amamiya? O senhor está bem?", perguntou Sakura, notando o estado do velho.

"Desculpe-me... Mas pode repetir seu nome?", ele pediu.

"Sakura Kinomoto, senhor...". O que havia de tão importante no seu nome que fazia aquele pobre homem tremer? Perguntou-se Sakura, levemente assustada. "Algum problema?".

"Desculpe-me perguntar novamente...", o homem parecia febril, com olhos brilhantes e rosto vermelho. "Sua mãe se chamava Nadeshiko, Nadeshiko Amamiya?".

Finalmente, Sakura compreendeu. Nadeshiko Amamiya era o nome de solteira de sua mãe. Será que aquele homem sentado à sua frente era algum parente de sua falecida mãe?

"Sim...", ela respondeu com voz fraca.

Numa velocidade surpreendente para a própria idade, Masaki se levantou e abraçou fortemente Sakura. "Oh, Deus!", chorou ele. "Finalmente encontrei você".

Abobalhado, Eriol olhava a cena sem saber o que fazer. "Sr. Amamiya? O que está acontecendo?".

Enxugando os olhos, Masaki tentou se recompor. "Eu vim à Hong Kong com Tomoyo a procura da família da minha filha que estava desaparecida, Sr. Hiiragisawa...".

"Isso quer dizer que...", Eriol arregalou os olhos, entendendo finalmente.

"Sim... Eu sou pai de Nadeshiko Amamiya. E você, minha cara Sakura, é minha neta".

* * *

N/A: Este foi o capítulo oito. Nossa, foi mais rápido que eu pensei! Espero que tenham gostado.

Para quem está aflito esperando pelas cenas de ação, não se preocupem. As coisas começaram a ficar mais agitadas nos próximos capítulos. Quero agradecer novamente a todos (todos sem exceção!) que me mandaram comentários, reviews e e-mails. Gente, muito obrigada de coração. Vou tentar postar o capítulo nove o mais rápido possível. Um beijo para todos e até mais.

Andréa Meiouh