Capítulo 13

As palavras de Tomoyo ressoaram na espaçosa varanda, fazendo todos se calarem e se voltarem para fitá-la. Alguns com curiosidade, pois não sabiam o que ela estava falando. Outros abismados, surpresos diante de tal afirmação. Eriol era um destes. O médico estava pasmo. Como ela podia falar em voltar ao acampamento de Ken e roubá-lo com tanta calma?

"Do que está falando, Tomoyo?", ele perguntou, respirando fundo para tentar manter a calma.

"Que tal conversarmos aqui dentro?", ela sugeriu, indicando a sala. "Tenho algo importante para dizer. Ah! E é bom trazer Sato também".

Xiaolang ponderou por alguns instantes. O que a Srta. Daidouji estaria planejando? Por que ela queria ajudar aquele homem e o mais importante, por que ela queria roubar Ken? Só teria as respostas para suas questões se a ouvisse e isso não custava nada.

"Está certo, vamos entrar", ele concordou. "Mu Bai, traga o homem".

O assistente assentiu à contra-gosto. Preferia ter acabado com aquele infeliz de uma vez ao invés de seguir as ordens de seu mestre. Largou Lau Ma, que correu para abraçar o prisioneiro. Ver a irmã se jogar com tanto ímpeto nos braços de um desconhecido – e pior, do inimigo, – aumentou a raiva de Mu Bai, que descontou esta puxando Sato com mais força do que o necessário, fazendo-o tropeçar pelo caminho.

Logo, todos estavam acomodados na sala. Xiaolang e Sakura se sentaram numa cadeira de dois lugares. Tomoyo se sentou em frente ao casal, enquanto Eriol andava de um lado para outro. Mu Bai de pé perto da porta, ficou de olho em Lau Ma, que ainda estava abraçada a Sato, não muito longe dele.

"Pois bem, Tomoyo, já estamos todos aqui", ordenou Eriol. "Explique-se".

"Explicar o quê? O que está havendo aqui?", perguntou Masaki entrando no aposento, e olhando as pessoas à sua volta. Viu Sakura de braços dados com aquele jovem insolente que encontrara na biblioteca, mas notou que havia algo estranho nele... Era o olhar perdido talvez? Já ia comentar algo quando Tomoyo falou.

"É melhor se sentar também, vovô. Acho que isso também vai interessá-lo". O homem ergueu uma sobrancelha, mas se acomodou sem objeções.

"Creio que o senhor é único aqui que não conhece o Sr. Li e seu problema, vovô", continuou Tomoyo. "Então, melhor eu esclarecer tudo. Aquele homem sentado com Sakura é Li Xiaolang e ele é cego".

Masaki sentiu o rosto esquentar ao fitar novamente o casal ao seu lado, embaraçado por seu comportamento rude com o dono da casa onde estava hospedado. Por sua vez, Li sentiu um prazer mordaz ao imaginar a reação do avô de Sakura ante a revelação de Tomoyo.

"E o que tenho para dizer", completou a moça de olhos violeta, "é que existe uma cura".

"O quê?!", Eriol, Li e Sakura exclamaram ao mesmo tempo.

"Existe uma cura para cegueira do Sr. Li", ela repetiu. "E eu sei onde está".

O coração de Sakura disparou e ela apertou um pouco mais a mão do noivo. "Você está querendo dizer que Xiaolang pode realmente voltar a enxergar?".

"Exatamente".

Um pesado silêncio fez-se na sala. Li sentia o coração bater freneticamente também e tinha impressão que todos podiam escutá-lo, tamanha a fúria que este pulsava. As palavras de Tomoyo martelavam em sua cabeça. Havia uma cura. Sempre imaginara que ficaria na escuridão para sempre, no entanto aquela jovem estava dizendo que existia uma cura. Uma cura de verdade... Nunca tivera esperanças que os experimentos loucos de Eriol pudessem funcionar. Mas agora... Agora havia uma esperança... Uma chance de poder enxergar o mundo novamente... Ver sua Sakura...

"Como sabe disso?", a pergunta de Eriol arrancou todos do mutismo que se encontravam.

Tomoyo encarou o médico, que a olhava de maneira desconfiada. "Estou dizendo a verdade. Sato pode confirmar... Durante todos estes anos, Ken orgulhou-se por ter sido responsável pela derrocada do grande Li Xiaolang... E por possuir o antídoto para curar seu inimigo...".

"Mas por que?", Sakura não entendia. "Se Ken deixou Xiaolang cego, por que ia guardar o antídoto?".

"Para fazer Li se rebaixar, implorando pela cura", Sato foi quem respondeu. "O maior desejo de Ken é ver Li humilhado e provar que é o melhor". Novamente todos ficaram calados, pensativos.

O ódio por Ken começou a se avolumar dentro de Xiaolang. Durante todos aqueles anos, vivera isolado, perdido nas trevas... Tudo por causa da inveja de um homem bárbaro e inescrupuloso. Fechou as mãos em punhos, sentindo o corpo tremer de raiva. Nem mesmo a presença doce de Sakura a seu lado conseguia acalmá-lo. Se pudesse ver, caçaria Ken até os confins dos infernos e se vingaria.

Eriol também pensava furiosamente. Ken era um homem cruel. Como pudera fazer tudo aquilo com Xiaolang por cobiça? Olhou para Tomoyo e ela o encarou de volta, com uma expressão determinada. De repente as coisas começaram a se esclarecer na mente do médico... Se Ken tinha a cura e Tomoyo estava planejando voltar ao acampamento, isso só podia significar uma coisa...

"Você quer voltar lá para roubar esse antídoto?", ele se aproximou dela, sem desviar o olhar.

"É isso mesmo", respondeu ela.

"Está louca?!", Eriol disparou. "É muito arriscado! E se eles a pegarem?".

"Você tem uma idéia melhor?", ela rebateu, pondo-se de pé. "Se usarmos o soro em Xiaolang talvez tenhamos a chance de derrotar Ken quando ele invadir a mansão!".

"Ken invadirá a mansão?", Sakura estremeceu.

"Sim", respondeu Tomoyo. "Daqui a uma semana".

"Mas que filho da...", praguejou Mu Bai, sem poder mais se controlar.

A assaltante voltou sua atenção para Sato. O braço direito de Ken estava quieto, uma expressão fria e distante em seu rosto. O único sinal de sentimento era uma veia pulsando em sua têmpora e o modo como o braço dele abraçava Lau Ma possessivamente. Esta o havia livrado das cordas e permanecido ao lado dele durante toda a conversa.

"Posso muito bem entrar naquela fazenda sem ser percebida, mas precisarei de ajuda", disse Tomoyo, olhando diretamente para Hiroshi. "Não sei como chegar lá".

"E o que a faz pensar que eu ajudarei?", replicou o guerreiro.

"Porque acho que não quer que ela sofra", a ladra indicou Lau Ma. "Sabe muito bem o que acontecerá com todos aqui quando seu chefe chegar".

Sim, ele sabia... Ken mataria os homens e se 'divertiria' com as mulheres, do mesmo modo como se divertira com sua irmã e como estava fazendo com a jovem Dae. Ele abusaria delas até cansar e depois as descartaria, como um pano velho. Talvez a jovem de olhos verdes sentada à sua frente tivesse um destino pior, pelo simples fato de ser a mulher de Xiaolang.

"Sim, eu sei", ele respondeu, apertando um pouco mais Lau Ma contra si.

"Então nos ajude! Pelo que ouvi, você também quer se vingar de Ken... Não sei o que ele fez para você, mas acho que juntos teremos mais chances de nos livrar desse bárbaro!".

'Ela tem razão', ponderou Sato. Talvez aquela fosse sua chance de cumprir seu juramento. "Ele destruiu a fazenda da minha família", disse por fim. "Matou meus pais e violentou minha irmã até que ela agonizasse... Jurei vingança e por isso me juntei ao bando. Estava apenas esperando a melhor oportunidade... Parece que, finalmente, ela chegou". Ele fez uma pausa, olhando todos na sala, que encaravam-no surpresos com mais aquela revelação. "Vou ajudar vocês".

"Ótimo", assentiu Xiaolang enquanto se levantava. "Vamos até minha biblioteca planejar tudo com calma". Ele sentiu a noiva se erguer também. "Sakura, vá com Lau Ma e prepare algo para nos comermos". Li não queria que sua flor participasse daquela reunião, ainda mais quando ele ia planejar a morte de um homem.

"Mas, Xiaolang!", ela protestou.

"Sem 'mas', Sakura", ele replicou sério. "Faça o que eu peço, está bem?".

"Não!", a moça exclamou. "Não está nada bem! Você está me deixando de fora de propósito! Também quero ajudar!".

"Não vamos discutir isso agora, na frente de todos, Sakura", Li ergueu a mão, a silenciando. "Estamos todos com fome... Prepare o almoço e depois conversaremos sobre isso". A voz dele não admitia reclamações.

A governanta saiu pisando duro, acompanhada por Lau Ma, enquanto os outros seguiam para a biblioteca. O único que permaneceu na sala foi Masaki que ainda assimilava as informações que acabara de receber. Em apenas um dia, sua vida ficara de pernas para o ar. Descobrira que tinha uma neta ladra, que destratara seu anfitrião, que coincidentemente era noivo de sua outra neta... Sem falar que um assassino cruel estava vindo para matar a todos na mansão... Realmente, aquele fora um dia de grandes e surpreendentes revelações.

* * *

Mais tarde, todos foram se preparar. Haviam decidido que Tomoyo e Sato partiriam naquela mesma noite, visto que se levava um dia de cavalgada até a fazendo dos Wong. Xiaolang e Mu Bai se surpreenderam ao saber que Ken estava tão perto e ainda por cima num local que ambos conheciam. Estranharam o fato de ninguém ter dado falta da família Wong na cidade.

Sakura ainda estava aborrecida com o noivo e também estava disposta a fazê-lo entender e aceitar seu ponto de vista nem que tivesse que abrir aquela cabeça dura. Sabia que ele fazia tudo isso para poupá-la, mas o detalhe era que Sakura não queria ser poupada. Queria participar! Queria ser uma companheira atuante e ficar ao lado de Li em todos os momentos. Não fora criada para ser uma esposa quieta e submissa... 'Ah, Xiaolang vai ouvir umas poucas e boas...', pensava enquanto se dirigia para o aposento do noivo.

Outro que estava com a mente fervilhando era Eriol. Andava de um lado para o outro em seu quarto como uma fera enjaulada. Sabia da necessidade daquele roubo e admirava a coragem de Tomoyo por estar disposta a fazê-lo, mas... Era tudo muito arriscado! Sato distrairia a gangue enquanto Tomoyo entraria nos aposentos de Ken na fazenda dos Wong e roubaria o soro. Ela podia ser uma ótima assaltante, mas estava indo direto para o covil das cobras... E se alguém a pegasse? E se a seguissem? E se ela precisasse de ajuda? Era melhor impedi-la antes que ela saísse... Dirigiu-se para o quarto da Srta. Daidouji e bateu na porta com firmeza.

Tomoyo abriu a porta e deparou-se com um irrequieto Eriol. Ele parecia estar bastante preocupado. "Eriol? O que está fazendo aqui?".

"Precisamos conversar", disse ele entrando e fechando a porta atrás de si.

"Conversar?", ela estranhou. "Agora? Estou ocupada...".

Eriol notou alguns utensílios em cima da cama e uma roupa negra em cima do baú. Havia uma corda, um gancho, algumas kunais, que pareciam bem perigosas. "Onde guarda tudo isso?".

"Fundo falso", ela apontou para o baú. "O que quer, Eriol? Preciso me arrumar".

"Por que está fazendo isso, Tomoyo", ele a encarou. "Não vê como isso é perigoso?!".

"Estou fazendo isso para ajudar... Nossas vidas estão em risco!", a moça respondeu. "Prefere ficar aqui e esperar aquele calhorda nos atacar?".

"Claro que não!", ele exclamou. "Mas isso também não é motivo para você voltar lá... Eles quase a mataram! Imagina o que farão se a pegarem outra vez!".

"Eles me matarão de qualquer jeito, Eriol! E se é para morrer, quero morrer fazendo algo bom... Algo que realmente tenha valido a pena... E talvez essa seja a única chance de fazer seu amigo voltar a enxergar. Você não se importa?".

"Claro que me importo! A cura de Xiaolang também é importante para mim... Mas também me importo com você...", a expressão dele suavizou. "E se algo acontecer?".

Tomoyo sentiu um arrepio. Ele se importava com ela! Sentiu o coração disparar. "Não se preocupe... Sou muito boa no que faço... Ninguém irá perceber que entrei lá e nem perceberão que troquei o frasco". O plano de Tomoyo era substituir o frasco com o soro por outro igual com água. Com a ajuda de Sato, eles encontraram na despensa da mansão uma vasilha bem semelhante. Era só ela entrar, trocar, sair e voltar. Seria tudo bem rápido.

Eriol assentiu, vendo que era perda de tempo tentá-la convencer a não partir. Aquilo era preciso, para o bem deles. "Prometa que vai voltar em segurança", ele pediu, tomando o rosto dela entre as mãos.

"Você sabe que não posso fazer isso...", murmurou a moça, perdida na profundidade daqueles olhos azuis escuros, que brilhavam por trás dos óculos redondos. Aquilo era algo que ela não podia prometer. Era uma boa ladra, mas tudo podia acontecer durante um assalto. Havia uma grande possibilidade dela ser pega, ou até mesmo de não encontrar seu objetivo... Não queria mentir para Eriol. Apoiou as duas mãos no peito dele em busca de estabilidade, já que seus joelhos estavam tremendo demais.

"Então volte viva pra mim", ele pediu, diminuindo o pouco espaço que havia entre eles e beijando-a com paixão. Tomoyo correspondeu à carícia com a mesma intensidade. Depois daquele dia extenuante, tudo o que precisava era de um carinho, um conforto... E ali, estava Eriol, lhe oferecendo o que ela mais queria. Nem pensou em resistir. Estava pronta para ele.

No instante seguinte, estavam na cama, mãos apressadas desfazendo laços, abrindo botões... Tomoyo fechou os olhos, desejando que, por apenas um momento, pudesse esquecer quem era, o que precisava fazer... Mas não podia. E foi necessária toda sua força de vontade para descolar seus lábios de Eriol e falar.

"Pare, por favor...", ela implorou, baixinho.

O médico ergueu-se nos cotovelos e fitou-a com olhos escurecidos de desejo. Queria estar com Tomoyo, porém algo na voz dela o fez parar de imediato. Eriol a viu rolar para o lado e se sentar, as costas viradas para ele.

"Tomoyo?", perguntou, pondo-se ao lado dela.

Ela engoliu em seco, para reprimir a vontade de chorar. "Desculpe, mas não podemos continuar... Preciso estar totalmente concentrada para mais tarde... E se fizermos... Bem... Você sabe... Não conseguirei pensar em outra coisa".

Eriol passou as mãos pelo cabelo, numa tentativa de se controlar. Sentia-se mais do que desapontado. Era como se, depois de um longo período de fome, alguém lhe desse a comida mais saborosa que existe, para tirar dele assim que experimentara o primeiro pedaço. O que queria mesmo era deitar aquela mulher, tão misteriosa e, ao mesmo tempo, tão conhecida, na cama e terminar o que haviam começado.

"Acho que vou tomar um banho frio", pensou em voz alta, enquanto se levantava.

"Eriol...", ela o chamou, a voz ainda trêmula. "Sinto muito".

"Eu também sinto", foi tudo o que ele respondeu antes de sair.

* * *

Sentada perto de uma vela, Lau Ma tentava terminar uma costura, em vão. Seus pensamentos estavam voltados para Hiroshi. Queria vê-lo, mas estava sendo vigiada de perto pelo irmão. Mu Bai a instalara em seu próprio quarto e resolvera ficar ali com ela. Sabia que o irmão estava aborrecido. Bastava ver o modo como ele andava de um lado para o outro, como uma fera enjaulada. Além, é claro, da expressão carrancuda que ele tinha naquele exato momento. Abaixou o bastidor e fitou o irmão com olhos suplicantes. Desde que haviam se recolhido, ele não dirigira a palavra a ela.

"Mu Bai... Fale comigo, por favor", ela pediu.

O irmão parou no lugar e fitou-a, os olhos castanho-escuros estreitando-se perigosamente. "Falar?!", ele disparou, entre os dentes. "Falar o quê? Que seu comportamento foi digno de uma rameira? Que foi humilhante para mim ver você defender e se abraçar àquele bandido? Que estou com nojo de você agora?!".

"Irmão...", Lau Ma abaixou a cabeça, lágrimas descendo-lhe pelas bochechas. "Sinto muito... Não pude me controlar...".

"Você se deitou com ele?", era mais uma afirmação do que uma pergunta.

Lau Ma não respondeu. Apertava as mãos, nervosa, com medo do que o irmão poderia lhe fazer. A honra de uma mulher era a única coisa que esta tinha de valor. Era a única coisa que a fazer ser respeitada aos olhos da sociedade. Ela não se importava em ter dormido com Sato, mas sabia que se todos soubessem, a desonra cairia sobre ela. E também sobre seu irmão.

"Responda!", ele exclamou, exaltado, sacudindo-a pelo braço.

"Sim...", ela soluçou. O irmão a largou, como se ela fosse algo asqueroso.

"Eu devia lhe dar uma surra, Lau Ma... Pela humilhação que me fez passar... Pela desonra que trouxe para nossa família...". Ele cruzou os braços, indiferente ao choro da irmã. "Todos na casa devem estar pensando que você é uma vadia agora".

"Não sou uma vadia...", a jovem protestou, apesar da voz fraca.

"Mas se comportou como uma!", ele praticamente cuspiu as palavras na cara dela.

"Eu gosto dele...".

"E eu espero sinceramente que ele morra", Mu Bai respondeu, dando as costas para ela.

* * *

Mais tarde, naquela mesma noite, Xiaolang, Sakura, Eriol, Tomoyo e Sato se encontraram no pátio defronte à mansão. Dois cavalos, cheios de suprimentos e outros materiais necessários, batiam os cascos e se remexiam logo atrás deles. Os animais pareciam perceber o clima de ansiedade que havia no ar.

Para se chegar até a fazenda dos Wong era necessário um dia inteiro de cavalgada, por isso estavam saindo àquela hora da noite, quase de madrugada. O que também facilitaria passarem desapercebidos por qualquer policial ou bandido que estivesse vigiando a área. Tanto Sato como Tomoyo estavam vestidos de preto e a jovem ladra havia prendido os cabelos num coque, para melhorar o disfarce.

"Boa sorte", Sakura disse à prima, estendendo a mão.

"Obrigada", Tomoyo respondeu, dando um leve sorriso.

Eriol se aproximou e tomou o rosto da jovem entre as mãos, dando nela um beijo suave e apaixonado. Sakura arregalou os olhos, segurando uma exclamação, e Xiaolang faria o mesmo se pudesse ver o que estava acontecendo. Sato simplesmente não reagiu.

"Tenha cuidado", disse o médico quando se separaram.

"Eu terei", respondeu a moça, antes de se virar para montar.

"Tomoyo! Espere!". Alguém chamou da mansão.

O grupo se voltou para ver Masaki se aproximar com passos rápidos. O senhor parou de frente da neta e, num gesto súbito, a abraçou. Tomoyo, assustada com aquela demonstração de afeto do avô, demorou a corresponder, mas aos poucos foi relaxando e logo abraçava o pai de sua mãe com mesmo carinho.

"Não vá, minha querida", ele disse entre lágrimas.

"É preciso, vovô", a moça respondeu, afastando-se do homem. "Estou fazendo isso por todos nós".

"Está na hora", disse Sato, montando em seu animal.

Tomoyo assentiu com a cabeça, deu um último abraço no avô e também subiu em seu cavalo. Os dois partiram sem olhar para trás.

Masaki ficou olhando as duas figuras se afastarem rapidamente. 'Proteja nossa neta, Mayumi', ele pensou, enquanto limpava o rosto. De repente, sentiu uma mão tocar seu ombro. Voltou-se e viu Sakura lhe sorrindo, com Xiaolang um pouco atrás dela.

"Vai dar tudo certo, vovô, não se preocupe", disse a jovem.

O homem sentiu-se bem ao ouvir a filha de sua Nadeshiko finalmente chamá-lo de avô. Sorriu de volta, mais calmo.

"Obrigado, Sakura".

* * *

Os dois cavalgavam horas sem parar. Sato impunha um ritmo forte, sem se preocupar com a mulher que vinha logo atrás de si. Tinha pressa em chegar no acampamento. Passara as últimas horas, pensando, refletindo. Considerava-se um homem realista, até um pouco pessimista, e por isso mesmo estava com um mau pressentimento quanto àquilo tudo. Tinha dúvidas se o plano armado por Black Linx e Xiaolang funcionaria. No entanto, em seu íntimo, desejava que tudo desse certo. Estava cansado de mentir, de fingir ser algo que não era. Sua alma atormentada pela vingança precisava de paz.

Haviam pego um caminho alternativo para não passarem pela vila. O sol já estava alto e eram alvos fáceis, na claridade do dia. Não demoraram muito para chegar na primeira parada. Cavalgariam mais algumas horas juntos e depois se separariam. Tomoyo daria a volta para chegar pelos fundos da fazenda, indo pelo riacho, enquanto Sato faria o caminho normal.

"Vamos parar aqui", disse Hiroshi, apeando do cavalo, quando chegaram perto do rio. "Os animais precisam descansar".

Tomoyo também parou e desmontou. Tomou um longo gole de água e pegou um pão dentro do alforje. Repartiu ao meio e deu um pedaço para Sato. Os dois se sentaram embaixo de uma árvore e comeram em silêncio, olhando os animais pastarem.

"Este rio é o que vai para a fazenda dos Wong?", perguntou a jovem olhando para o curso de água à frente deles.

"Sim", respondeu Hiroshi. "Estamos bem adiantados. Li nos deu bons cavalos".

"Podemos nos separar aqui então", disse ela, depois de uma pausa para engolir o último pedaço do pão.

Sato concordou com a cabeça e se levantou. Apontando para o rio, ordenou que Tomoyo seguisse até encontrar um grande salgueiro-chorão. Não muito longe da árvore, ela encontraria uma trilha, na qual deveria caminhar até chegar aos fundos da casa da fazenda.

Tomoyo ouviu tudo atentamente, experimentando a sensação de nervoso e excitação que sentia antes de um roubo. Montaram em seus respectivos cavalos e se separaram seguindo por caminhos diferentes. Já estava no final da tarde quando ela alcançou o salgueiro. Não havia como errar. A velha árvore tinha o tronco e os galhos arqueados, e suas folhas tocavam a água do rio, balançando levemente contra o vento. Silenciosamente, prendeu o cavalo num galho próximo e esperou a noite cair.

Na outra trilha, Sato também sentia um frio na boca do estômago. Precisava fazer alguma atividade para aquele nervoso passar. Resolveu seguir o resto do caminho a pé. Ia demorar um pouco mais para chegar, mas não se importava. A caminhada o ajudaria a esfriar a cabeça. Livrou-se de qualquer sinal que indicaria que o cavalo era da mansão Li e pôs-se a andar. Quando chegou no acampamento, já estava anoitecendo.

Guang era o responsável pela ronda daquela noite. Estava sentado, afiando e limpando suas adagas, quando viu Sato se aproximar, puxando o cavalo. "Ei, parceiro!", ele se ergueu. "O que está fazendo aqui? Não era para ficar vigiando os otários lá naquela casa?".

"Isso não é da sua conta, Guang", Sato nem se dignou a olhar para o homem baixinho. "Onde está mestre Ken?".

"Lá atrás, com o resto do pessoal".

Hiroshi se dirigiu para o local onde os homens costumavam fazer as refeições. Ouviu Guang gritar, pedindo um prato de comida, mas não deu muita atenção. Até que seria bom que aquele imbecil morresse de fome. Seria um a menos para se livrar.

Ken estava sentado em frente à fogueira, rindo da piada de um de seus homens, quando Sato chegou à roda. O líder da gangue se levantou. "Sato... Espero que tenha um bom motivo para ter voltado...".

"Minhas provisões acabaram", respondeu o outro, sentando e pegando uma coxa da ave que os companheiros haviam acabado de assar no fogo, sentindo Ken olhá-lo fixamente.

"Por que está ferido?".

"Arranjei uma confusão na vila. Estava com fome", Hiroshi disse de boca cheia, esperando que o chefe engolisse aquela desculpa.

Olhando com o canto do olho, Sato viu o chefe assentir com a cabeça, pegar outro pedaço do pato e se sentar ao seu lado. Ficaram comendo em silêncio, enquanto em volta deles, o resto do grupo conversava, contava piadas, ria, se gabavam dos roubos, das pilhagens, dos assassinatos, da mulheres que tiveram... Hiroshi ouvia tudo, imaginando como poderia distrair aqueles homens, especialmente Ken.

A oportunidade surgiu quando, alguns momentos depois, Guang se aproximou, com cara de poucos amigos, parando na frente de Sato.

"Você esqueceu de levar minha comida".

O guerreiro não se deu o trabalho de levantar os olhos e sequer parou de comer. "E daí?".

"Eu te disse que estava com fome", disparou o outro.

"Isso não é problema meu", disse Sato, jogando um osso na fogueira, fazendo-a crepitar mais forte e lançar faíscas para o alto. E depois, pegou o último pedaço do pato e começou a comer.

"Esse pedaço era meu!", reclamou Guang, zangado. "Me dá!".

"Vem pegar...", o canto dos lábios de Hiroshi se ergueu, num sorriso sardônico.

Soltando um grito irado, Guang lançou-se sobre Sato. Este desviou rapidamente, evitando a cabeçada. Viu Guang perder o balanço e cair no chão. Deu uma risada trocista. Isso que só fez a raiva do outro aumentasse. Limpou as mãos na calça e esperou pela retaliação do colega, que não demorou a chegar. A gangue fez um círculo ao redor deles e torciam, gritando, num desejo de inflamar mais a luta. Estavam há tanto tempo parados naquela fazenda, que qualquer movimentação era bem vinda. Ken observava tudo com uma expressão neutra.

Quando Guang chegou para aplicar outro golpe, Sato deu-lhe um soco no estômago. Sabia que podia acabar com aquela briguinha em dois tempos, mas precisava distrair todos para dar tempo de Black Linx efetuar o roubo. Guang dobrou-se ao meio, sentindo dor nas entranhas e falta de ar. Deu dois passos para trás e respirou fundo, tentando recuperar o fôlego. Sentiu mais raiva quando ergueu a cabeça e viu Sato parado como se nada estivesse acontecendo. Soltou um grunhido por entre os dentes e voltou a avançar em Hiroshi.

Sua intenção era apenas distrair a atenção daqueles porcos, mas no fundo estava se divertindo vendo aquele homem pequeno, burro e idiota avançando sobre ele. Guang tentou lhe desferir um soco no rosto, mas Sato apenas o bloqueou. Outros e mais outros socos de Guang tentaram alcançar a face do guerreiro, mas foram todos bloqueados pelos braços fortes de Hiroshi que, já farto daquilo, se abaixou e, com uma rasteira, fez Guang cair no chão de bunda. Os homens riram com mais gosto, irritando mais o companheiro deles, que levantou o rosto apenas para ver Sato relaxando os ombros mais uma vez.

Guang se levantou, correu até um dos que formavam a roda e pegou um bastão pesado, usado inúmeras vezes para matar várias pessoas de forma cruel. Com a pesada arma nas mãos, cruzou rapidamente o espaço que o separava de Sato, com uma fúria descontrolada.

"Eu juro que vou matar você, seu desgraçado!!!", gritava enquanto avançava cada vez mais na direção de Sato.

"Idiota", soltou com um leve sorriso nos lábios.

O bastão cortou o ar, porem o rápido lutador se abaixou, impedindo que o acertasse no seu rosto. Guang avançava nele, tentando o acertar de todas as maneiras.

"Está dançando como uma mulher!".

O comentário sarcástico provocou nova onda de risos na roda de bandidos, até mesmo Ken começava a se divertir com aquela luta. Este olhava para Sato com uma certa admiração, aquele homem desconhecido, com certeza, seria sua principal arma para o seu plano da derrocada de Li Xiaolang. Ken podia se visualizar na figura de Sato, forte e imponente, enquanto Li estaria lutando como Guang, lutando como uma mulherzinha. O terrível bandido soltou uma gargalhada com sua própria visão.

Sato desviou os olhos rapidamente para Ken e sua gargalhada. No fundo, aquilo o irritou um pouco. E esta pequena distração foi o suficiente para Guang acertá-lo com o bastão. O lutador caiu no chão com um pequeno corte na altura da sobrancelha.

"O gosto da terra é ruim, não?", perguntou debochado.

Guang voou até ele, tentando lhe chutar o rosto para aproveitar melhor o momento de fraqueza do inimigo, porém Sato rolou para o lado, evitando ser atingido. Levantou-se com um pulo e cerrou os olhos no homem nojento que estava a sua frente. Se antes aquilo era diversão, agora tinha virado uma luta de verdade.

O homem menor avançou na direção dele, tentando lhe desferir mais um golpe com o bastão. Sato o pegou no ar e olhou Guang com fúria, fazendo-o tremer-se todo. Puxou a arma das mãos dele e jogou no chão com força. Deu dois passos na direção dele, ouvindo todos gritando o seu nome alto.

"Sato! Sato!"

"Mate logo este verme!", gritavam.

E assim ele vez. Avançou em Guang, socando-lhe e desferindo inúmeros chutes e voadoras, de uma forma até cruel. Se matasse Guang, seria menos um a invadir a mansão de Li. O coitado do homem nem ao menos tentava se defender, apenas deixava-se ser socado pelo experiente lutador. Com uma voadora no rosto, Guang caiu novamente ao chão, não se levantando mais. Sato olhou para a criatura estirada à sua frente, limpou as mãos sujas de sangue na calça e encarou os outros homens, que o fitavam com espanto e admiração. Ken se levantou e parou ao seu lado, rindo de Guang, que sangrava, gemia e se retorcia de dor no chão.

"É um verme, me arrependo da comida que eu gastei com ele".

Ele fez um gesto com a cabeça e dois homens se levantaram para 'jogar o lixo fora'. Sato sabia o que acontecia com os homens doentes ou muito feridos da gangue. Eram jogados no matagal mais próximo para morrerem de uma vez. Um sentimento de remorso lhe passou pela cabeça.

"É bom tê-lo de volta, Sato. Estávamos sentindo falta de diversão por aqui".

Sato não respondeu. Estava com tanto nojo daquele homem que preferiu ficar quieto. Ken bateu de leve no seu ombro, num gesto de camaradagem e se virou, mandando todos se recolherem e determinando outro bandido para ficar no lugar de Guang na ronda daquela noite.

Hiroshi fitou a imagem odiada de Ken se afastar e sua mente se voltou para Black Linx. 'Tomara que ela tenha conseguido', pensou, preocupado.

* * *

Taciturna, Tomoyo caminhava pela trilha e logo chegou à residência dos Wong, conforme Sato havia lhe dito. Sorrateira, correu até a pequena habitação, olhando para os lados, verificando se havia alguém por ali. Mas pareciam que estavam todos longe. Já estava ouvindo gritos entusiasmados há algum tempo. Sato conseguira arranjar uma distração boa. Precipitou-se pela janela mais próxima, entrando na casa. Analisando o aposento onde estava, constatou que se encontrava na sala. Tinha uma lembrança vaga daquele lugar. Estivera entorpecida de dor na sua 'visita' anterior. Precisava descobrir onde era o quarto que Ken dormia.

Com passos silenciosos, foi avançando pela casa, atenta a todos os detalhes. Parou diante de uma porta que parecia ser do quarto principal. Mas antes que deslizasse a porta, esta se abriu, revelando a figura de uma jovem, segurando uma vela. Tomoyo pôde ver claramente o pavor nos olhos da garota, assim como percebeu que ela ia gritar. Cobriu os lábios dela com a mão e puxando-a para dentro do quatro.

"Shhhhh...", sussurrou a ladra. "Por favor, não grite... Não vou machucá-la".

Não houve resposta. A trêmula menina tinha os olhos arregalados, cheios de medo.

"Você é a Dae, filha do Sr. Wong, não é?", Tomoyo perguntou.

Dae virou um pouco a cabeça, tentando fitar a mulher que a segurava por trás. Como ela sabia seu nome?

"Escute, Dae... Preciso de sua ajuda... Vou soltá-la, mas, por favor, não grite, ok?".

Por alguns momentos, Dae ficou parada, sem responder. Tomoyo sentiu seu nervoso aumentar, enquanto os gritos do lado de fora pareciam diminuir... O que quer que Sato estivesse fazendo, com certeza já estava acabando. Precisava ser rápida, Ken logo iria se recolher para dormir. Estava quase desistindo da ajuda da garota, quando a sentiu balançar a cabeça, assentindo.

Tomoyo virou a menina de frente e a encarou. Olhando-a com cuidado, notou olheiras debaixo dos olhos negros e vários hematomas e escoriações, não apenas no rosto, mas também nas outras partes do corpo que não estavam cobertas pelo quimono roto e sujo. Sentiu o coração doer ao se lembrar das coisas que Sato lhe dissera a respeito daquela garota. De como Ken a tratava.

"Estou procurando um frasco como este", disse a moça de olhos violeta, tirando um objeto da sacola que trazia no bolso. "Você sabe onde está?". A garota fitou o objeto, sobrancelhas franzidas. "Isso é muito importante, Dae", continuou Tomoyo. "Tente se lembrar se já viu Ken com algo assim... Eu vi uma vez, mas não sei onde ele guarda. Por favor, tente se lembrar".

Dae tinha os olhos cravados no frasco. De repente, virou-se e foi direto para um baú. Tomoyo ficou logo atrás dela, vendo-a remexer nos objetos que tinha ali dentro. Sentiu o coração disparar quando Dae ergueu uma bolsinha de couro.

"É isso?", perguntou ansiosa.

"Sim".

A moça abriu a corda que fechava a sacola com dedos trêmulos e retirou de seu interior o que estava buscando. O soro que iria ajudá-los. A cura para a cegueira de Li. Engoliu em seco, a garganta subitamente apertada. Quando ia agradecer, uma voz a interrompeu.

"Onde está a minha garotinha?".

'KEN!', gritou a mente de Tomoyo em desespero. O que faria agora? Ela e Dae se entreolharam, ambas repletas de pânico. Se Ken a pegasse ali, a mataria. E mataria Dae por tê-la ajudado.

Os passos de Ken estavam mais audíveis. Ele estava dentro da casa.

"Venha!", murmurou a garota, puxando Tomoyo pelo braço. Levou a ladra até uma porta, que dava para o quarto de banho, contíguo ao quarto de dormir. Ela pegou a bolsa de Ken e colocou o frasco falso dentro, dando o verdadeiro para Tomoyo. E depois saiu.

Encostada na parede, observando por uma abertura da porta, Tomoyo viu Ken entrar no aposento, segundos depois que Dae guardava a sacola de couro. Houve tempo apenas da garota sentar-se em cima do grande baú e tentar disfarçar. Dae estava visivelmente trêmula.

"Ah... Aí está você, pequena...", Ken se aproximava, olhando a jovem com luxúria. Tomoyo sentiu vontade de vomitar. "Venha... Vamos nos divertir um pouco".

Ele a puxou pelos cabelos para erguê-la, fazendo-a gritar de dor. Soltou uma gargalhada cruel e, enquanto uma mão segurava Dae pelos cabelos para mantê-la presa, a outra começava a rasgar o quimono velho que ela usava. A garota esperneava, mas não era páreo para a brutalidade daquele homem.

Tomoyo afastou-se da fresta, fechou os olhos e apoiou-se na parede, em busca de sustento. Sentia-se tonta, enojada... A pobre menina enfrentava um horrível suplício e nada podia fazer para ajudar. Apertou bem os olhos e cobriu os ouvidos com as mãos, tentando não ouvir os gemidos de prazer de Ken e os gritos angustiados de Dae. Uma lágrima escorreu por sua bochecha. E depois outra, e mais outra...

Não soube por quando tempo ficou ali, chorando silenciosamente pelo destino daquela menina inocente. Quando conseguiu se recompor, voltou a olhar pela fresta. Viu Ken nu, estirado na cama, roncando. E Dae, abraçando os joelhos, encolhida como uma bola. A garota também chorava. Os olhares das duas se encontraram e Tomoyo sentiu-se terrivelmente mal. Não pôde fazer nada para impedir aquela maldade. Mas Dae não parecia estar preocupada com isso. Com os olhos e a cabeça, indicou a janela, sinalizando para Tomoyo sair.

Concordando, abriu a porta devagar, o mais quieto possível. Atravessou o quarto e aproximou-se de Dae.

"Eu...", murmurou, mas a menina fez sinal para que ela se calasse.

"Vá!", Dae fez com os lábios, sem emitir som algum. "Vá!".

Tomoyo se virou e saiu da casa, tão silenciosa e furtiva quanto entrou. Ninguém a viu. Correu até o salgueiro, desamarrou o cavalo e, num trote desembestado, rumou de volta à mansão Li, com as imagens do que tinha acontecido naquele quarto pululando em sua mente, sentindo a garganta apertada e os olhos arderem.

* ~ * ~ *

N/A: Ai, gente, este foi o capítulo mais difícil de escrever... Desculpem pela demora. Foi realmente difícil pra mim encontrar o tom certo para algumas cenas deste capítulo. Acho que a partir de agora será assim, pois já estamos chegando no ápice e na conclusão da história.

Quero agradecer pelos comentários, reviews e pelos votos de melhora. Obrigada a todos, de coração. E quero fazer um agradecimento especial a Kath, pela tremenda ajuda que tem me dado. O crédito da cena da luta entre Sato e Guang é todo dela, sou péssima para escrever brigas. Não sei se conseguiria me desenrolar se não fosse por ela e pelas longas conversas que temos no ICQ. Obrigada, amiga!

Um grande abraço a todos e até o próximo capítulo.

Andréa Meiouh