Capítulo 2
O tabuleiro mágico de Shaoran leva-os em direção aos esgotos de Hong Kong. Seu tabuleiro, agora que não existiam mais Cartas Clow, fora adaptado para rastrear seres com magia.
Os dois iam em um silêncio constrangedor.
- Eu me sinto estranho. – disse Shaoran de repente parando.
Sakura que estava mais a frente, parou, virando-se para ele, meio confusa.
- Eu sei, eu também. Eu vim aqui só para dizer que não podemos mais ficar perto um do outro. Mas a minha vontade é estar ao seu lado.
- Eu quis dizer que me sinto estranho com o poder daquele cara.
Sakura faz uma cara de decepção, achava que Shaoran estava falando da relação dos dois.
- Ah! Vamos esquecer o que eu disse. – e virou-se para seguir adiante, meio constrangida.
Shaoran interrompeu seus passos, com o que disse a seguir.
- Não. É difícil para mim também. Quando estamos separados é mais fácil. Dói todos os dias, mas eu aguento. Agora que está aqui, e eu não posso tocá-la, é insuportável. – suas palavras, carregadas da mesma dor que ela trazia no peito.
Por muito tempo eles olham-se, como querendo fitar a alma um do outro. A distância que têm que manter sendo um tormento para seus corações.
- E o que podemos fazer?- ela perguntou aproximando-se, sem ter noção de que já estava muito perto. Um dos canos na parede estourou, jorrando água. Eles se assustam, afastando-se
- Nada, Sakura. – ele disse. – Não podemos fazer nada.
Shaoran sentia-se de mãos atadas, já havia pesquisado em todos os livros de sua extensa biblioteca, e não conseguira encontrar nada. Resignação, é o que se lia em seu rosto. Sua última esperança estava naquele, que nesse momento eles estavam atrás.
- Será que dá para acharmos esse cara, e terminarmos com isso? – Sakura já sentia-se impaciente com a situação, era insuportável estarem, tão perto e tão longe.
- Vamos separar-nos. – disse Shaoran quando chegaram a uma bifurcação – Meu tabuleiro está confuso, ele deve estar usando magia para atrapalhar.
- Certo, quem encontra-lo primeiro, grita. – disse ela já seguindo pelo lado direito.
Shaoran ficou surpreso por ela não ter ao menos discutido, em outros tempos ela teria tido medo de ficar sozinha. Ele ficou parado, olhando-a afastar-se. Sua vontade era seguí-la, mas ele acalmou seu coração e foi na outra direção.
Mal sabia ele, o quanto ela estava assustada por estar em lugar estranho, mas seus pensamentos foram invadidos pelos acontecimentos daquele dia, não muito distante, quando mataram um sacerdote dessa seita maluca. Sakura nunca havia matado ninguém com seus poderes, mas ele era muito forte, e ela e Shaoran tiveram que unir suas forças para derrotá-lo, mas fora demais, ele não suportara o poder de água e raio juntos. Mas o que viera depois fora muito mais difícil de aceitar.
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Eles estavam na casa de Eriol. Shaoran afastado, tentara dizer-lhe que não poderiam mais ficar perto um do outro, ela não acreditara e correra em sua direção. Eriol e Tomoyo que estavam juntos foram atingidos pelos objetos da sala, que começaram a voar em todas as direções. Ela parara, o terror da destruição que suas magias entrando em contato produziam, atingindo-a como um raio. Ela viu Eriol ajudar Tomoyo a levantar-se, lágrimas de puro desespero escorrendo por seu rosto, quando viu o corte na testa da amiga, produzido por uma lasca de um vaso que se quebrara.
- Está tudo bem. Foi um corte pequeno. – diz Tomoyo, tentando tranquilizar a amiga.
Sakura olha para Tomoyo, mas não vê como tudo está bem. Olha em volta e percebe o estrago que foi feito. Olha Shaoran parado a sua frente, e o que vê em seus olhos a assusta.
- Shaoran! – a pergunta que não queria fazer entalada em sua garganta.
- Calma Sakura. É só uma fase, nós vamos descobrir como desfazer essa magia. – mas nem ele acreditava nisso, e estava escrito em seu rosto, tão desesperado quanto o dela, que estava mentindo.
- Você está mentindo. – Sakura diz com uma certeza que não é própria de sua natureza. – O que vamos fazer? Como poderemos lembrar-nos de sempre não nos aproximarmos?
- Vou voltar para China. – ele diz de supetão.
- O quê? Vai abandonar-me? Deixar-me aqui? Sozinha? – Sakura não acreditava que isso estava acontecendo.
- Sakura, é até o tempo de descobrirmos como quebrar essa magia, eu vou descobrir, tenha fé em mim, minha flor-de-cerejeira. – Shaoran tentava convencer a si mesmo que tudo daria certo, e sua última esperança estava nos anciãos de seu clã, possuidores de grande magia. – Eu volto Sakura, para ficar para sempre ao seu lado.
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Isso tinha acontecido um ano atrás, e ele não voltara. Ou melhor voltara, mas ficara nas sombras apenas observando-a, protegendo-a. Shaoran tinha ido recentemente a Tomoeda por causa de um mago maluco que se dizia descendente dos Li e verdadeiro dono das Cartas Clow, hoje Cartas Sakura, mas ele era apenas um engodo. Ela tinha ficado com raiva antes, mas agora de cabeça mais fria, entendia seus motivos para manter-se de longe.
Shaoran não descobrira como desfazer a maldição, e talvez esse sacerdote que estavam seguindo fosse a chave para todos seus problemas. Por que eles voltaram? Desde os acontecimentos de um ano atrás, nenhum deles tentara ataca-la de novo. Por que agora? E o mais importante. Por que atacaram Shaoran?
Shaoran seguiu adiante com a estranha sensação acompanhando-o. De repente a sua frente aparece como do nada o sacerdote que atacara-os, Shaoran ergue sua espada pronto para a luta. O inimigo parece mais lento que antes e Shaoran consegue feri-lo, suas mãos ficam manchadas de sangue. O discípulo começa então a falar em um estranho dialeto.
Shaoran sem perda de tempo, e não vendo outra solução, enfia sua espada no peito do sacerdote, antes que outra maldição seja dita, e este cai, morto.
De repente, Shaoran deixa cair a espada e uma estranha luz envolve-o e ele sente uma dor alucinante, cai ao chão, quase sem fôlego.
- O que foi isso? Sinto-me fraco.
Sakura chega correndo, ela tinha ouvido os sons da luta, vendo Shaoran caído corre para ajudá-lo sem pensar nas consequências.
- Shaoran! Você está ferido? – ela pergunta preocupada com as mãos em seus ombros. – Meu Deus, quanto sangue. – ela continua, procurando pelo corpo dele o ferimento.
- Eu estou bem, Sakura, o sangue é dele. – ele diz olhando para aqueles lindos olhos verdes, bem próximo de seu rosto.
De repente os dois assustam-se ao verem-se tão perto um do outro e que nada explode, quebra ou sai voando.
Shaoran abraça-a e a beija apaixonadamente, no momento ele não queria entender o que havia acontecido, só queria ter sua flor-de-cerejeira de novo em seus braços.
Sakura está surpresa mas aproveita esses doces momentos.
Os dois separam-se e olham-se sem entender o que estava acontecendo.
- O que houve? – pergunta Sakura. – Será que ele veio para desfazer o feitiço? Onde ele está? – Sakura vira-se procurando o sacerdote.
- Está ali, eu o matei. Não foi minha intenção, mas teria sido eu. – Shaoran aponta para um ponto um pouco a frente.
- Shaoran. Não tem ninguém ali. – ela diz virando-se para ele.
Surpreso, Shaoran só vê o chão manchado de sangue, mas nada do corpo do sacerdote. Sem entenderem o que está acontecendo, eles voltam para a mansão dos Li.
Continua
NA: Oi pessoal... escrevam, OK?
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