Capítulo 4
Shaoran tenta afastar-se do sacerdote, mas esse está implacável, não lhe dando trégua. Cansado e ferido, ele cai ao chão, e o sacerdote empunhando o mangual, desfere um golpe , que seria mortal, mas Shaoran desvia-se, a arma bate no chão de madeira desfazendo-se, os dois caindo em um buraco. Shaoran cai de costas perdendo o fôlego, muito fraco para se levantar.
- O fim dos tempos começou e não pode ser detido. – diz o sacerdote como se estivesse em um transe, com o pé no pescoço de Shaoran, ele ergue uma espada de bronze, que estava presa a sua cintura, pronto para mata-lo.
E abaixa a espada para o peito de Shaoran. Nisso Sakura aparece voando com Alada e invoca escudo para proteger Shaoran. O sacerdote com raiva pela garota tê-lo impedido de novo, vira-se em sua direção e com a espada em punho ataca-a, Sakura pega a carta espada, pronta para lutar, nunca ninguém a havia visto tão brava.
- Você feriu o Shaoran. Não vou perdoar-te.
Shaoran está surpreso por ver Sakura lutando com o sacerdote de igual para igual, sua força crescera muito, ainda mais estando tão brava.
- A grande escuridão está vindo. – diz o sacerdote que parece que tinha saído da realidade.
- Ah, com certeza está vindo, daqui a pouquinho você não verá mais nada. – diz Sakura.
Os dois continuam a lutar, só se ouvindo o retinir do choque entre as espadas, Sakura com um golpe consegue desarmá-lo, mas o sacerdote pega o mangual, e com um golpe certeiro, atinge a espada de Sakura que cai de sua mão, ela invoca a Carta da Luta e lhe dá um chute na mão que está segurando a arma, o sacerdote cego de raiva pega-a pelo pescoço, sufocando-a, ela segura em suas mãos, mas ele é muito forte, Shaoran levanta-se, pega a espada caída e o ataca por trás, ele solta Sakura, que cai quase sem forças, o sacerdote empurra Shaoran para longe, Sakura usa a Carta Poder e afasta o sacerdote de Shaoran.
- Sakura! O medalhão no peito dele. Seu poder está ali. Quebre-o. – grita Shaoran.
Sakura pega a espada do próprio sacerdote e ainda com a Carta Poder dando-lhe força, enterra a espada no peito dele, ele parece surpreso por ter sido derrotado.
- Para cada um de nós que cair, dez surgirão. - diz com um último suspiro, seu corpo sendo envolvido por labaredas de fogo, e no final só restam cinzas no chão.
- Eles adoram dar a última palavra. – diz Sakura.
Ela corre para ajudar Shaoran, ajoelha-se no chão, coloca a cabeça dele em seu colo.
- Você está bem, Sakura? – diz Shaoran com a voz entrecortada de dor pelos machucados.
Ela sorri para ele.
- Shhh. Não fala. Acabou. Estamos juntos. – e beija-o na testa.
Shaoran vai a procura dos anciãos, ele tinha dúvidas sobre o que o sacerdote havia dito sobre outros que virão. Estando sem seus poderes ele não saberia como ajudar Sakura.
Ele vai direto ao ponto.
- O Mago disse que outros virão. O que acontece com a dona das Cartas?
- Seu destino já está traçado. Ela morrerá.
Shaoran sente como se uma garra de gelo apertasse seu coração, estremece.
- Imploro pela vida dela. Peço que dêem algum jeito e devolvam minha magia. Vocês juntos têm esse poder. Não posso protegê-la sem meus poderes.
Uma das anciãs olhou-o com surpresa.
- Está pedindo para ser o que era, mesmo sabendo que com sua magia de volta a maldição ainda estará lá? E que não poderá se aproximar dela? Pela Card Captor?
- Isso é uma questão de amor, não nos diz respeito. – outro ancião se pronunciou, levantando para retirar-se.
- Diz sim. Haverá outros que tentarão. Vocês dizem que não querem envolver-se, mas também podem correr perigo. Eu não posso ficar assistindo tudo de fora. Com minha magia de volta eu posso ajudar Sakura.
A anciã que havia falado primeiro, encarou esse jovem corajoso que estava pronto para sacrificar sua própria felicidade por amor a Card Captor.
- O que está feito não pode ser desfeito. Mas o que não está feito pode ser evitado. – ela disse.
- As dobras do tempo não foram feitas para satisfazer caprichos de seres inferiores. – o ancião que estava em pé pronto para sair, retornou e disse baixinho a mulher.
- Está enganado. Ele está disposto a sacrificar sua felicidade por amor a Card Captor. Ele não é um ser inferior. – a anciã admirava a coragem do jovem
Os dois se encararam, e o ancião mais velho convenceu-se daquelas palavras. Virou-se para Shaoran e disse.
- Há uma possibilidade. Mas não encare levianamente. Este dia será como se nunca tivesse existido, vinte e quatro horas do instante que o sacerdote atacou primeiro, pegaremos de volta.
- Então nada disso aconteceu. Sakura e eu....- ele não conseguiu terminar a frase. Com um suspiro continuou. – Quem nos impedirá de fazermos exatamente a mesma coisa?
A anciã encarou-o com seriedade.
- Tu. Só tu carregarás a lembrança desse dia. Conseguirá viver com esse fardo?
Shaoran os encarou sem hesitação.
Sakura esperava ansiosamente por ele. Mas sua expressão ao chegar disse-lhe que nem tudo correra bem.
- O que houve? – ela perguntou com medo de ouvir a resposta.
- Fui ver os anciãos e pedir para ter minha magia de volta. – ele disse de uma vez, não adiantava esconder-lhe a verdade.
- O que? Por que Shaoran? – ela disse com um olhar de aflição.
- É para seu bem, Sakura, e das pessoas que estão ao nosso redor.
- Não. Você não fez isso.
- Sakura, entenda. Se eu continuar sem magia, como vou protegê-la? O sacerdote disse que outros virão.
- E daí? Isso é problema meu.
- Não. – ele falou com firmeza. – Eu não vou ficar parado enquanto você se arrisca para proteger a mim e aos outros.
- Não me importo. Shaoran, estamos juntos de novo.
- Sakura, você viu o que aconteceu ontem. Isso é ruim para você e ruim para as pessoas que queremos ajudar.
- Eu não me importo. – ela repete.
- Importa-se sim. Como poderemos ficar juntos, se o preço é sua vida, ou a vida de um amigo.
Ela o encara , sem conseguir dizer nada, sabe que ele está com a razão, só não quer aceitar o inevitável. As lágrimas escorrem pelo seu rosto.
Ele a abraça apertado.
- Então o que vai acontecer? – ela pergunta com o rosto enterrado em seu peito.
- Os anciãos vão dar-nos o dia de volta. Voltando o tempo para que eu mate o sacerdote antes que ele lance o feitiço para tirar minha magia.
- Quanto.....- ela não consegue perguntar quanto tempo resta-lhes, a garganta presa.
Shaoran olha o relógio e vê que faltam apenas 1 minuto para as 9:00, o exato instante que ela entrara na sala de treinamento no dia anterior.
- Mais 1 minuto.
- Um minuto???. – Sakura se desespera. – Não é tempo suficiente.
- Não temos escolha. Está feito Sakura. – seu coração aperta-se ao ver o desespero dela.
- Diga-me... – ela fala chorando. – Como é que vou seguir com minha vida? Sabendo que tivemos o que não poderemos mais Ter? – o desespero dela tornando esse momento muito mais difícil do que Shaoran previra.
- Não vai. Ninguém vai saber nada além de mim.
- Shaoran. Tudo o que vivemos....
- Nunca aconteceu.
- Aconteceu. Eu sei que sim.
- Sakura. – ele a abraça, lágrimas deslizando por sua face, a aperta forte, com a sensação de que será muito difícil continuar depois do que passaram.
- Não é tempo suficiente. Não é tempo suficiente.
- Psiu. Calma Sakura.
- Eu nunca vou esquecer. Não vou esquecer o que vivemos. Eu nunca vou esquecer. – ela não se cansa de repetir.
- Sakura.
Os dois se abraçam como que querendo evitar o que está prestes a acontecer.
Epílogo
Ele a encara surpreso por estarem de volta onde tudo começou, e ainda não refeito das emoções que acabaram de viver.
- Vamos fazer o que combinamos. A partir daqui cada um segue seu caminho. Até conseguirmos achar uma maneira de quebrarmos o feitiço. E se não conseguirmos.....– diz Sakura na sala de treinamento na casa de Shaoran.
- Esquecer um do outro? – ele fala encarando-a, uma dor no olhar que a surpreendeu, e fez seu coração ficar pequeno.
- É. Isso...Acho que devemos esquecer. – e se encaminhou para a porta.
Nessa hora entra o sacerdote pela janela. Shaoran mais que depressa pega sua espada e enfia no peito dele, quebrando o medalhão que ele trazia no pescoço.
Sakura olha-o surpresa.
- Isso foi irreal. Como soube o que fazer?
- É um sacerdote Zaratustra, mas de uma outra linhagem, Ahura-Mazda. – ele explica. - Eu ando lendo muito. – acrescenta sem saber mais o que dizer.
Ela faz um aceno com a cabeça.
- Então eu acho que está encerrado. É só o que temos para dizer.
E virando para a porta ela sai, de suas vistas e de sua vida.
- É. – diz Shaoran para o silêncio da sala. Não sabendo como continuar sem a mulher que ama e que amará para o resto de sua vida.
Skid Row
Acordei ao som da chuva torrencial,
O vento sussurraria e eu pensaria em você
E em todas as lágrimas que chorou, que chamavam meu nome,
E quando você precisou de mim, eu correspondi.
Eu desenho um quadro dos dias passados,
Quando o amor ficou cego e você me fazia ver.
Eu fitaria uma vida inteira em seus olhos,
De forma que eu sabia que você estava lá para mim,
Vez após vez, você estava lá para mim.
Lembro-me de ontem – caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia - eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e a cada dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer - eu lembro de você.
Nós passamos o verão com a capota abaixada,
Queria que depois fosse sempre deste jeito.
Você disse "eu te amo, babe" sem um som,
Eu disse que daria minha vida por apenas um beijo,
Eu viveria por seu sorriso e morreria por seu beijo.
Lembro-me de ontem – caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia - eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e cada dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer - eu lembro de você.
Nós tivemos nossa porção de momentos difíceis,
Mas esse é o preço que pagamos.
E através disso tudo nós mantivemos a promessa que fizemos,
Eu juro que você nunca estará solitária.
Acordei ao som da chuva torrencial
Que levou um sonho sobre você.
Porém nada mais poderia te afastar,
Pois você sempre será meu sonho realizado.
Minha querida, eu amo você.
Lembro-me de ontem - caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia - eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e cada dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer - eu lembro de você.
Lembro-me de ontem - caminhando de mãos dadas,
Cartas de amor na areia - eu lembro de você.
Através das noites sem dormir e cada dia interminável,
Eu queria ouvir você dizer - eu lembro de você.
Eu agradeço a quem leu a história até o final. Espero que tenham gostado.
No seriado no qual é baseada, a história termina nesse ponto, mas eu sempre quis que tivesse uma continuação.
Logo estarei postando Eu Vou lembrar de Você (Parte 2)
Muito obrigada a Pritty, por ter editado o texto. Ficou ótimo. (quando eu escrevi essa fic a Pritty estava viva, era minha editora, e grande amiga)
Cá, valeu por ter lido e ter gostado, como sempre você é uma amigona, por nunca criticar o que eu faço.
Obs: a religião Masdeísmo existiu de fato, houve realmente um profeta chamado Zoroastro, no ano de 600 a.C. Há também referências sobre Ahriman (espírito do Mal) e Auramazda (espírito do bem). Haviam os sacerdotes ofertadores do fogo, e os Magos sacerdotes de sacrifícios, o resto é pura ficção e fantasia.
Obs2: a parte em que Sakura e Shaoran não podem ficar próximos eu tirei de um anime chamado Minha Deusa, achei que a história do Keishi e Beldandi, cabia perfeitamente aqui.
Elogios e críticas, por favor escrevam:-
Rosana (Rô)
robm@teracom.com.br