Notas da autora: Ahhh, finalmente uma história minha vai pro site!! Eu estou há milênios digitando esse fic, que eu já escrevi há um tempão, mas digitar leva uma eternidade! devo avisar que esse é meio água com açúcar, mas um pouquinho abusado, OK? Afinal, a classificação é PG-13! A propósito, itálicos são os pensamentos do Aoshi. Essa história é no ponto de vista dele, apesar de estar em terceira pessoa.
Bem, eu espero que vocês gostem! Com vocês, o meu primeiro fic publicado...
Particularidades do Casamento
Por Arashi
Misao.
Aoshi não se deu o trabalho de abrir os olhos. Talvez ela estivesse apenas verificando a presença dele no quarto, talvez estivesse apenas passando.
Ela abriu a porta lenta e cuidadosamente, e Aoshi se preparou para mais uma interrupção. Já era a terceira em quatro horas.
- Aoshi-sama?
Suspiro.
- Aoshi-sama?
- Sim, Misao?
Ela tomou fôlego e coragem por quatro ou cinco intermináveis segundos. Não era algo comum Misao pensar antes de falar, e Aoshi abriu os olhos, desconfiado.
- Sim, Misao? – repetiu ele.
- Aoshi-sama? – ela hesitou um pouco – Eu... é que... – ele esperou pacientemente, quase curioso – não gostaria de... por favor...
Aoshi não entendia porque tanta relutância. Ela geralmente não esperava nem meio segundo pra falar, perguntar ou pedir qualquer coisa. Devia ser importante.
- Misao – disse ele, já intrigado, paciência acabando – respire fundo e comece de novo.
- Sim, Aoshi-sama. – ela tomou fôlego – NÃO GOSTARIA DE IR A TOKYO COMIGO???
O grito dela chegou a doer nos ouvidos, e ela passou a ter 100% da atenção dele.
- Ah... desculpa, Aoshi-sama! Eu não quis gritar! - Imagina se quisesse... – Desculpe, por favor. – disse ela com cara de criança que fez arte. Não havia jeito de Aoshi resistir àquele rostinho.
- Tudo bem, Misao. Mas por que quer que eu vá a Tokyo?
O rosto dela se iluminou.
- É que vai ter um grande festival em Tokyo e eu quero ir.
Isso ainda não explica porque quer que eu vá, Misao. Além do mais, pelo que eu sei, Kyoto é que tem grandes festivais. Não Tokyo.
- Kaoru me escreveu uma carta – continuou ela muito empolgada - e disse que vai ser enorme e gigantesco e como já faz muito tempo que não vamos a um festival legal, eu pelo menos, e então... eu sei que não gosta muito de festivais, Aoshi-sama, o barulho e a multidão, mas eu lembro que me levava quando eu era pequena e eu gostava muito e começa em uma semana e eu...
Ela nem se lembrara de respirar.
- Se começa em uma semana – interrompeu Aoshi – devemos sair logo. Amanhã cedo.
- Então você vai, Aoshi-sama? – ele assentiu e Misao abriu um enorme sorriso – Obrigada, obrigada, obrigada!
Ela saiu saltitando e Aoshi deixou escapar um suspiro. Muito bem, Shinomori, sua besta! Agora você vai ter que passar os próximos dias tentando se controlar!
O que estava ficando cada vez mais difícil. Ele costumava sair bem cedo para o templo, antes que ela acordasse, e voltava tarde, quando ela já tinha ido dormir. Tudo para não encontrá-la – longe dos olhos, longe do coração. Mas Misao tinha que ir até ele todos os dias, levar-lhe o chá, e aí ele tinha que fazer de tudo para ignorar a presença dela a seu lado, aquela inocência comovente, aquela alegria contagiante. E o perfume.
Hakoubai-kou. Não combinava com Misao, mas ao mesmo tempo era tão absolutamente perfeito. Inocência e sensualidade reunidas num único ser, duas faces tão diferentes da mesma moeda. Dois lados tão diferentes de uma mulher que ele amava tanto. Mulher não, Shinomori, menina! - repetiu uma voz em sua cabeça. Talvez sua razão. Ela só tem dezessete! Ela é só uma criança, seu pervertido!
Mas era cada vez mais difícil se convencer disso também. Primeiro fora o perfume, envolvente, inebriante; e de repente Misao se revelara aos seus olhos. Olhos azuis profundos se abriram, lábios tentadores se partiram, e uma bela voz se fez ouvir. Misao. Difícil acreditar que fosse a pequena Misao que ele fizera dormir tantas vezes no passado. Difícil crer que aquelas curvas, aquela pele macia, aquelas pernas – Kami, as pernas – tudo aquilo pertencesse a Misao. Mas era ela, não havia dúvida. A criança que ele ajudara a criar tinha se transformado na mulher que ele agora amava, e nada poderia fazer Aoshi sentir-se mais culpado.
E agora eles iam viajar juntos. Por cinco dias. Cinco dias de controle absoluto, cinco dias sozinho com ela.
Como alguma coisa podia ser o inferno e o paraíso ao mesmo tempo?
Dia seguinte
Aoshi esperava por Misao no portão da frente do Aoiya, olhando o movimento na rua. Não precisou esperar muito; logo Misao surgiu, e atrás dela vieram os outros, para desejar boa viagem. Ela substituíra há algum tempo o short por uma calça no mesmo estilo (coisa que Aoshi lamentou muito), desde que Okina decretara que ela não tinha mais idade para sair por aí mostrando as pernas. Era uma roupa um tanto estranha para uma mulher, mas definitivamente algo prático para viajar. E além disso, carregava uma pequena bolsa, assim como ele. Oh droga...ela está linda. Shinomori, sua besta, por que diabos foi concordar com essa idiotice?
- Ohayou, Aoshi-sama.
- Ohayou, Misao. - Você está mesmo bonita, pensou Aoshi ao vê-la. Mas uma voz na sua cabeça continuava a insistente reprimenda: pare com isso, Shinomori! – Você já está pronta?
- Sim, Aoshi-sama. Okon e Omasu disseram que queriam ir – isso, assim elas te distraem e você não me tenta! – mas depois desistiram...
Já não sei mais se fico feliz ou triste... Cinco dias juntos e sozinhos. Kami-sama, me proteja.
- Então vamos.
Ela saiu saltitante, e Aoshi relaxou um pouco. Apesar de a face criança de Misao lhe ser tão agradável quanto o lado maduro que ela às vezes mostrava, não era tão provocante. Enquanto ela cantarolasse e pulasse como um coelhinho, tudo estaria bem.
Ou talvez não.
Dois dias depois
Não. Definitivamente não está nada bem. Nada bem. Nem mesmo escolher a estrada mais movimentada de todas ajudou. Eu, Shinomori Aoshi, Okashira da Oniwabanshuu, estou perdendo a cabeça por uma menina de dezessete anos!
Quer dizer, garotinha não seria o termo mais apropriado. Mulherão. Apesar do tamanho, é o que ela é.
A voz dentro de sua cabeça voltou a atormentar:
Pare com isso, Shinomori, pare! É Misao, lembra, aquela garotinha pra quem você fazia origami!
Kami, ajude-me. A garotinha cresceu... Ele respirou fundo. Acalme-se, Aoshi. Ela é só uma criança. Apesar de ela ter dito milhões de vezes que te adora, isso não passa de uma fase. Cabe a você dar o limite, não vá fazer algo estúpido. Ela confia em você. Você é o guardião dela. E nada mais.
Por todos os deuses, ela está fazendo de propósito! Ninguém consegue ser tão sexy sem querer! Ela está me seduzindo! Respire, Shinomori, respire!
- Aoshi-sama, quer um pouco?
Ele piscou e voltou à realidade. Misao estendia o cantil, com um sorriso:
- Quer um pouco?
- Sim, obrigado. – ele pegou o cantil das mãos dela e bebeu a água. Misao aproximou as mãos da nascente e lavou o rosto.
- Está bem quente para um dia de outono, não, Aoshi-sama?
Se está...
- Ehr... está bem abafado sim. Pode ser que chova no fim do dia.
- Então é melhor andarmos depressa. - Aoshi assentiu - Kuwara ainda está longe.
Aoshi tentou se concentrar, mas estava difícil. Ainda era o segundo dos cinco dias de caminhada e ele já sentia seu auto-controle se esvair. Era tudo que não precisava.
Misao abandonara o cantarolar e os saltinhos já no início da caminhada, para infelicidade de Aoshi. Cada vez mais ele amaldiçoava a si mesmo por ter tido a estúpida idéia de ir até Tokyo a pé. Realmente, tinha que acabar com aquela desconfiança sobre os trens. Teria poupado muita dor de cabeça.
Mas aí seria só um dia de viagem com ela.
Ele não sabia mais o que fazer. Escolhera a estrada Toukai por ser a mais movimentada, contrariando seu hábito de escolher uma trilha mais discreta: tudo para que eles não ficassem muito tempo a sós. E havia várias hospedarias ao longo do caminho: assim, eles não precisariam dormir ao relento ou dividir alguma cabana. Porque, se algo assim acontecesse, ele não tinha certeza se poderia resistir. Ou melhor, tinha certeza de que não poderia resistir.
Como não estava resistindo agora. Misao lavava o rosto despreocupadamente, sem sequer desconfiar o que cada movimento seu fazia a ele. Não é possível, ela está fazendo isso de propósito! Pare com isso, Misao, pare de tentar me seduzir!
Ela se levantou e virou-se para ele com o habitual sorriso infantil estampado no rosto:
- Já podemos ir, Aoshi-sama.
Ela é só uma criança. Olha só esse sorriso, ela jamais poderia seduzir alguém, deve ser a criatura mais inocente do universo! Por que eu fico pensando esse tipo de besteiras sobre Misao?
Eles caminharam durante toda a manhã, e Aoshi estranhou que Misao, apesar de sorridente, estivesse falando pouco. Não precisou pensar muito para descobrir porquê.
Ele tinha sido muito ríspido com ela, rude, no dia anterior. Em sua opinião, não havia alternativa para afastar a tentação, mas o choro e os soluços dela no quarto ao lado da hospedaria fizeram Aoshi se arrepender amargamente. Sua vontade fôra de atravessar a parede que os separava, secar-lhe as lágrimas, confortá-la... Mas resistiu. E essa resistência era a causa do sorriso vazio que ela agora ostentava, e do silêncio desconfortável que reinava entre eles.
Perdoe-me, Misao. Não pense que eu sou tão insensível. Eu sei que você gosta de mim. E eu também... mas não devemos. Se eu abrir a guarda pra você agora, pode ser fatal.
O silêncio instalado entre os dois foi ficando ainda mais desconfortável com o passar do dia. Misao estava tão monossilábica quanto Aoshi, e quase não falara nada desde o almoço. Ele nunca tinha pensado que Misao poderia dar esse tipo de tratamento a alguém, especialmente a ele, e aquilo o estava deixando louco. Por mais que se sentisse terrivelmente culpado por magoá-la, por fazê-la chorar à noite, ele estava absolutamente apaixonado por aquela atitude silenciosa, misteriosa. Era quase como um segredo que ela parecia guardar. Longe de ser uma punição, o tratamento gelado de Misao estava deixando Aoshi ainda mais tentado.
Que tratamento, idiota! Ela está magoada, é só isso! Pare de fantasiar, isso não é alguma técnica de sedução ensaiada, ela está triste! Ela pensa que você faz isso porque não gosta dela!
Aoshi suspirou. Não poderia haver equívoco maior.
A tarde caiu e com ela veio a chuva. Misao pareceu apreciar a garoa fina que envolvia seu corpo, e arriscou um comentário:
- Que coisa fantástica é a chuva, não é, Aoshi-sama?
Fantástica é a visão que eu estou tendo daqui... Aoshi sacudiu a cabeça. Poderia se esmurrar por esse último pensamento.
- Gosta tanto assim da chuva, Misao? – ele não precisava perguntar. Não tinha esquecido o quanto ela gostava de sair na chuva quando era criança. Afinal, era ele quem ia com ela.
- É que na chuva tudo parece mais verdadeiro, mais puro. – disse ela com os braços abertos e olhando para o céu - A gente pode sentir o cheiro da terra e das flores, sabe? – ela virou para ele de repente – Devia tentar, Aoshi-sama, respire beeem fundo!
Ele obedeceu. Sentiu o cheiro da terra, das folhas e flores à sua volta. E sentiu o cheiro dela. Hakoubai-kou. Misao, por favor, por que tem que usar isso?
Ele abriu os olhos e encontrou Misao sorrindo. A chuva parecia ter devolvido o bom humor a ela.
- Consegue sentir? – perguntou ela.
Se consigo...
A chuva apertou um pouco.
- Aoshi-sama, acho que devíamos procurar abrigo.
Aoshi assentiu e os dois aceleraram o passo. Em pouco tempo conseguiram avistar uma pousada, a única em toda aquela área.
- Tomara que eles tenham vagas – disse uma já ensopada Misao.
Aoshi concordou. Provavelmente, com a chuva, a hospedaria estaria cheia, e talvez não houvesse nenhum quarto disponível.
- Com licença – disse Aoshi ao entrar.
- Oh, boa tarde! – respondeu a jovem recepcionista.
- Boa tarde – respondeu ele – há algum quarto disponível?
- Bem.. – respondeu a moça, examinando-os de cima a baixo – eu vou verificar. Papai?
Um homem robusto e alto aproximou-se.
- O que foi, Shizuka? Oh, sim, clientes. – ele observou os dois – Lamento, mas só temos um quarto disponível.
Misao corou e virou-se para Aoshi.
- Será mais do que suficiente – respondeu o Okashira – somos apenas dois.
- Acontece, senhor...
- Shinomori.
- Shinomori-san, que esta é uma hospedaria familiar. Portanto, nós não permitimos...
- Não permitem que um homem e uma mulher dividam o quarto – completou Misao, olhando para Aoshi, nervosa.
- Isso não será problema – respondeu Aoshi – afinal, não sei porque não poderia dividir o quarto com minha própria esposa.
Misao olhou de novo para Aoshi, um tanto assustada. Ele, por sua vez, continuou com a mesma expressão neutra no rosto. Ela engoliu em seco e encarou os donos da hospedaria com o mais próximo que consegui arranjar de um sorriso amigável.
- Bem – respondeu o homem – se é assim, sigam-me.
Aoshi e Misao seguiram o homem em silêncio. Aoshi não sabia o que dizer a Misao; a bem da verdade, não sabia nem mesmo o que pensar. Tinha dito a primeira coisa que lhe viera à mente – afinal, eles precisavam de um lugar pra passar a noite – mas se perguntava se não tinha cometido o maior erro da sua vida. Agora teria que passar uma noite inteira com ela!
O dono da hospedaria guiou-os por um corredor longo até o quarto que iriam ocupar. Era quase uma construção à parte, separada dos outros quartos e parecendo bem maior.
- Nós chamamos esse quarto de "suíte nupcial". É uma idéia que importamos do ocidente, um quarto especial para casais. – ele abriu a porta e eles entraram – apreciem sua estadia.
O homem se retirou e aoshi e Misao ficaram sozinhos no quarto. Ela olhou em volta e empalideceu. Aoshi se apressou em explicar:
- Espero que não se importe com essa mentira, Misao, mas precisávamos de um lugar pra ficar.
- Na-na-na-não, Aoshi-sama – respondeu ela, o rosto vermelho – Tudo bem, eu entendo.
- É melhor não me chamar assim na frente deles, Misao, ou vai estragar tudo.
- E.. como eu devo te chamar, Aoshi-sama?
- Eu tenho um nome, Misao, e esse –sama não faz parte dele.
Ela ficou mais vermelha ainda. Aoshi, por sua vez, tentava desesperadamente expulsar os pensamentos que estavam não paravam de passar por sua mente. Pare com isso, Shinomori, não vai acontecer nada!
Misao olhou em volta novamente e baixou a cabeça, constrangida. Havia flores por todo o tatami, e pétalas de rosa por sobre o único futon já desenrolado.
- Ehr... Aoshi-sama, quer dizer, Aoshi... só tem um futon.
- Eu sei. E pra que mais? – ele tentou se controlar – Pare com isso! – fique com ele, eu vou dormir ali do lado.
- Mas Aoshi – protestou ela – vai estar moído de manhã!
- Se encontrar algum outro jeito, me avise. Mas agora...
- A-a-atchim!
- ... não acha que devia tomar um bom banho quente?
- É... - respondeu ela – Não se preocupe, não vou demorar.
- Não se apresse.
Aoshi suspirou, tentando se manter calmo. No banheiro ao lado, Misao cantava em seu demorado banho. Mas era um cantarolar diferente: ela estava usando a "voz sexy" que fazia quando queria "enganar algum trouxa" na estrada – e deixando Aoshi completamente alucinado.
Será que esse lugar está te dando idéias também, Misao? Não, não, ela só está cantando. Só isso! Pare de ter idéias, seu pervertido!
Aoshi tinha dado uma volta pelo quarto e descobrira que a tal "suíte nupcial" era nada mais nada menos que um quarto maior que a média com um banheiro privativo. Luxuoso, sim, mas nada que valesse a fortuna que eles estavam pagando. Mas a privacidade compensava. Ninguém podia ver ou ouvir nada do que se fizesse no quarto, o que era uma beleza para um casal... se ao menos eles fossem um.
Mas depois dessa noite...
Argh, cale a boca, Shinomori!
Ele ouviu os passos dela voltando e se recompôs.
- Aoshi-sama, quer dizer, Aoshi, o banho está livre.
Aoshi mal conseguiu disfarçar o seu olhar, deixando Misao vermelha de novo. Ela tinha os cabelos molhados e caídos sobre as costas, livres da trança habitual. Fazia muito tempo que Aoshi não a via assim; na verdade, desde que a deixara em Kyoto, dez anos antes. Porém, dez anos antes ela era apenas uma menininha bonita, não uma mulher bonita num yukata semi-transparente. Respire, Shinomori, respire fundo!
Mas respirar fundo só piorou a situação.
Uma MULHER num yukata transparente e cheirando a hakoubai-kou. Perfeito, é o paraíso, eu morri e fui pro céu.
- Aoshi-sama?
Não, é o inferno, só pode ser. É castigo. Kami-sama pode ser tão cruel...
- Aoshi-sama?
Ele piscou e voltou à realidade.
- Sim, Misao? – Respire, não, não respire, cuidado como perfume dela!
- Eu disse que o banho está livre.
- Ah, claro. – disse ele se levantando – Obrigado.
Misao sentou-se sobre o futon e começou a pentear os cabelos, cantando de novo. Aoshi suspirou e foi tomar seu banho. Um banho bem frio.
Ele demorou bastante, rezando para que Misao já estivesse dormindo quando terminasse. Mas quando ele saiu, Misao continuava acordada, sentada sobre o futon.
- Eu estive pensando, Aoshi-sama...
- Aoshi.
- Desculpe, Aoshi-s... Aoshi. É que é tão estranho te chamar assim! Bem, é que eu não acho justo que você durma nesse chão duro.
- Eu não me importo, Misao.
- Podemos dividir o futon!
É brincadeira, né?
- Ele é bem grande, maior que um futon de casal comum.
- É verdade. - Bastante apropriado para o que eu tenho em mente... – Nem pensar, Misao! - respondeu Aoshi, num tom de voz que não se lembrava de ter usado antes - Eu e você dividindo o futon! Que espécie de sugestão é essa?
Aquela que eu esperava ouvir.
- Ma-ma-mas Aoshi-sama não tem nada de mais... – respondeu ela, com uma cara de quem não estava entendendo nada.
Aoshi empalideceu. Tinha acabado de se denunciar.
- E-eu sei, Misao. – disse ele se recompondo – Mas não é... apropriado. Fique com o futon e não se preocupe comigo.
- Eu não acho justo, Aoshi!
- Não discuta, Misao – Por favor, não me conteste – Pode dormir – disse ele esticando os músculos, tentando se livrar da tensão. Misao abriu um sorriso:
- Cansado, Aoshi-sama?
- Apenas um pouco tenso – respondeu ele, fingindo desinteresse – Oyasumi, Misao.
- Espere, Aoshi-sama!
- Aoshi. Quantas vezes...
- Certo, certo. Aoshi. Me desculpe. – ela hesitou – é que.. já que vai dormir no chão mesmo... poderia dormir aqui do meu lado? É que assim eu não vou me sentir tão sozinha.
Misao, ou você é a criatura mais inocente do universo ou isso é um plano muito bem...
- Aoshi? – insistiu ela.
- Claro, claro. – respondeu ele se aproximando.
- Obrigada.
Ele se sentou ao lado dela e se preparou pra dormir. Misao estendeu um travesseiro, que ele aceitou prontamente, e abriu um sorriso:
- Confortável?
- Tanto quanto possível – respondeu Aoshi. Misao sorriu e se inclinou sobre ele. O coração de Aoshi parou por um segundo e então ela aproximou os lábios do rosto dele num beijo terno e suave.
- Oyasumi nasai, Aoshi... meu marido.
Aoshi ergueu as sobrancelhas em espanto e encostou a mão no rosto. Misao sorriu novamente e se deitou.
- Durma bem.
Ela fechou os olhos e silenciou, enquanto Aoshi continuava com a mão no rosto, sem acreditar no que tinha acabado de acontecer, a respiração em suspenso. Ela fez mesmo isso? Aoshi olhou para ela, deitada ao seu lado, os cabelos soltos emoldurando o rosto e cobrindo os ombros. E sorriu. De olhos fechados, quase adormecida, Misao não pôde ver o primeiro sorriso que provocara nele. Apenas pôde sentir os dedos dele em seus cabelos e um sussurro no pé do ouvido:
- Oyasumi nasai, Shinomori Misao.
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E aí, o que vocês acharam? Comentários, por favor! Eu quero reviews! E vamos ao próximo capítulo, o que acontecerá no dia seguinte???
Arashi
