Cap. 02: Em Hogwarts

A manhã do dia seguinte passou muito rápido com todos arrumando materiais, apanhando roupas, correndo de um lado para o outro. Enfim, havia chegado à hora de regressar à Hogwarts. O Sr. Weasley arranjara tudo, o Ministério disponibilizou para eles uma chave de portal que os levou diretamente a plataforma 9 1/2. Às 11:00 o Expresso de Hogwarts partia levando uma centena de alunos ansiosos para a mais conhecida escola de magia da Europa. A viagem foi tranqüila e ao anoitecer chegaram ao castelo. Harry, Rony e Hermione entraram no Salão Principal, e se sentaram à mesa de Grifinória olhando o movimento dos alunos que entravam e ocupavam seus lugares. Ao olharem para a mesa dos professores não encontraram Mary Malía.

- Onde ela está? - perguntou Rony.

- Ih, será que ela já desistiu? - perguntou Jorge, um dos irmãos de Rony.

Todos se entreolharam na dúvida. Harry continuou a examinar a mesa. Parou em Snape, ele estava diferente; havia um brilho em seus olhos negros que Harry não sabia como definir. Snape olhava para a porta visivelmente ansioso. E então, a porta abriu-se, mas ao invés de verem a Profa. McGonagall trazendo os alunos do primeiro ano para a seleção, viram uma jovem e linda bruxa. Ela ficou alguns segundos olhando pensativa para o salão. Seus olhos claros estavam marejados de lágrimas, então, depois de um suspiro abriu um sorriso que iluminou seu rosto, virou-se para os alunos novos e entraram no salão.

- Onde está a Profa. McGonagall? - perguntou Hermione num sussurro.

Harry encolheu os ombros. O salão estava quase absolutamente quieto, salvo por algumas exclamações de êxtase que os pequenos alunos soltavam. Harry viu Malía olhar para Dumbledore e viu o diretor sorrir para a professora. Mary retribuiu o sorriso, mas foi um sorriso triste, o que a deixou mais linda ainda. Harry olhou para a mesa dos professores e viu que Snape estava como que hipnotizado, olhava para Malia, mas parecia não a ver. Na verdade, os pensamentos de Snape estavam muito longe, estavam numa noite como aquela, naquele mesmo salão. Mas ele estava sentado numa das mesas dos alunos. A de Sonserina. Aguardava como todos a seleção dos alunos recém-chegados. Foi então que ele a viu, era apenas uma garota, devia ter no máximo 11 anos, mas ele jamais tinha visto uma bruxa como aquela.

Viu a expressão de seu rosto, estava entre radiante e assustada. Olhava tudo com avidez como se quisesse reter cada imagem em sua mente. Ela parou em frente à mesa dos professores e Snape aguçou os ouvidos, não deixando escapar nenhum nome. No meio da seleção, ouviu a Professora Figg dizer:

- Malia, Mary!

A menina se aproximou, sentou-se no banquinho e colocou o chapéu em sua cabeça. "Sonserina, Sonserina" repetia Snape para si. Aguçou ainda mais o ouvido tentando escutar o que queria, mas logo escutou o chapéu seletor gritar: - Grifinória! Mary levantou-se e se dirigiu a mesa do lado oposto a qual Snape se encontrava. Ela sentou-se e por uma fração de segundos seus olhos se encontraram. Alguém entrou no campo de visão logo a seguir, para a cumprimentar e com ódio Snape viu Tiago Potter.

Mary Malía parou junto à mesa principal e fez um sinal para que os alunos aguardassem. Dumbledore levantou-se e anunciou:

- Bem vindos! Em primeiro lugar gostaria de avisá-los que a Profa. McGonagall sentiu uma leve indisposição, por isso, não está presente hoje. Segundo, gostaria de apresentar-lhes a nova Profa. de Defesa Contra as Artes das Trevas, Mary Malia, que veio nos brindar com sua beleza e inteligência. - houve uma ovação. - e em terceiro, gostaria de lembrá-los que por motivos de segurança todos os alunos - e seu olhar pousou em Harry - estão terminantemente proibidos de irem à Floresta Proibida ou deixarem o castelo à noite. Que se inicie a seleção!

Mary Malia desenrolou o pergaminho e começou a chamar os alunos para a seleção. Finda esta, sentou-se à mesa dos professores (ao lado de Snape) e deu-se início ao banquete.

Na manhã seguinte, todos estavam entusiasmados para iniciarem as aulas. Harry, Rony e Hermione conferiram seus horários e viram que teriam aula de Trato das Criaturas Mágicas com Hagrid. Os gêmeos Weasley teriam aula de DCAT. Perto da cabana de Hagrid, Harry ouviu a voz arrastada de Draco Malfoy.

- Meu pai está se reunindo com os conselheiros da escola para acabarem com esta palhaçada. Onde já se viu um gigante nos ensinando! Aposto como logo, logo nos veremos livres desta aberração.

Hermione precisou entrar na frente de Harry e Rony para evitar que eles avançassem em Draco.

- Não liga - repetia Hermione. Mas era difícil não reparar naquele sorrisinho arrogante de Malfoy, que assim que os viu, falou:

- Como esta escola está decadente! Imagine só, escolher uma sangue ruim como monitora.

A aula também não foi grande coisa. Desde o caso de Bicuço, Hagrid parecia ter perdido a confiança e só trazia "animais" que não tinham a mínima graça, agora estavam "estudando" filhotes de morcego-vampiro, que até seriam interessantes se, pelo menos, abrissem os olhos, mas eles só dormiam e os alunos nada tinham que fazer. Na hora do almoço houve um alvoroço, alguns alunos do sétimo ano entraram excitadíssimos no salão, comentando sobre a aula que acabaram de ter. Os gêmeos Weasley sentaram-se ao lado de Rony.

- Esta foi simplesmente a melhor aula de DCAT que eu já tive - começou Jorge

- Malía é ótima. Ela realmente manja das artes das trevas.

Neste exato momento, Snape passou por eles, perpassou seus olhos negros e frios e comentou no seu habitual tom sussurrante:

- Vocês se impressionam com muito pouco! - Harry lembrou-se que ele parecia bastante impressionado na noite anterior, o que comentou com Rony. Harry não teve certeza se o professor ouviu seu comentário, mas Snape o olhou com tal fúria que Harry ficou satisfeito em estar no Salão e não sozinho com o professor.

Harry olhava para a mesa dos professores. A profa. Malia entrou acompanhada por dois bruxos idosos. Um era um homem quase tão velho quanto Dumbledore, porém, era muito gordo e tinha o rosto redondo e rosado o que lhe conferia um ar bonachão. Lembrava a Harry um Papai Noel exótico. A outra era uma bruxa alta e elegante, tinha os cabelos muito brancos exatamente como suas roupas. Sentaram-se próximos a Dumbledore e passaram o almoço entre cochichos. A aula da tarde seria nas masmorras com o detestável Prof. Snape.

A aula estava insuportável. O professor passeava entre as fileiras de alunos criticando o trabalho dos alunos da Grifinória e elogiando os da sua casa. Então, como sempre ocorria nesta aula, a poção de Neville começou a borbulhar mais do que devia. Quando estava tentando consertar a poção, Snape ouviu alguém bater a porta. Sem desviar os olhos do caldeirão fumegante, Snape fez um aceno e a porta se entreabriu.

- Com licença, prof. Snape. - disse Mary Malía parada a porta. - posso dar uma palavrinha com o senhor?

Snape que no momento estava adicionando algumas gotas de ristópelo de alcatina na poção de Neville errou a dosagem ao ouvir a voz suave de Mary. Harry e Rony se entreolharam. A poção começou a inchar, parecia um pequeno vulcão entrando em erupção. Snape ficou mais branco do que o costume e ralhou com Neville:

- Garoto idiota. Você não viu que estava adicionando gotas a mais!

- Mas era o senhor que estava...

- Cale a boca.

- Calma, Severo. - disse Mary - Isso não é o fim do mundo. Aposto como ele pode ajeitar tudo, não é mesmo?

Neville tentou dar um sorriso para Mary, mas todos sabiam que o garoto era péssimo em poções, principalmente, quando pressionado por Snape.

- Acontece, Mary, que o senhor Longbottom é uma catástrofe ambulante. - rosnou Snape.

Mary tornou a olhar para Neville e abriu um lindo sorriso. Sentou-se diante do garoto.

- Aposto como ele consegue! Vamos Neville, o que é necessário para tirar o efeito do ... o que foi que você usou aqui, Severo?

- Ristópelo de alcatina. - respondeu Snape irritado, evitando o olhar de Mary.

- Não sei. - respondeu um trêmulo Neville.

- Vamos, Neville, concentre-se - Harry viu Mary olhar fixamente para Neville, ele podia apostar como sabia o que a professora estava fazendo. Então, viu Malía acenar com a cabeça para Neville e o garoto responder:

- Acho que devemos adicionar algumas gotas de... hum... suco de melinda.

Mary e todos os alunos olharam para Snape. O professor retirou um frasco que continha um líquido vermelho-berrante de dentro de suas vestes e pingou quatro gotas. No mesmo instante, a poção tomou o aspecto que deveria conter. Snape virou-se para Mary e perguntou:

- O que você gostaria de falar comigo? Ou será que só queria tumultuar minha aula?!

- Oh não, claro que não, Severo. Quase me esqueci! A profa. McGonagall voltou a se sentir indisposta e Dumbledore pediu que eu verificasse se você ainda tem um pouco daquela poção?

- Vou buscá-la. - Snape saiu e Mary voltou-se para Neville. O garoto sentiu mais uma vez uma leve pressão na mente e ouviu:

- Não deixe que ele te assuste! Lembre-se, o segredo é concentração.

Neville como que hipnotizado repetiu em voz alta: - concentração.

Harry ouviu, então a voz arrastada de Malfoy:

- Professora, é uma honra tê-la aqui. Meu pai ficaria encantado se te conhecesse.

- Imagino! - disse Mary de um modo frio. Seus olhos se fixaram em Draco. - Sr. Malfoy, suponho? Mas, eu já conheço seu pai.

- Então, a senhora sabe o quanto ele é poderoso?

- É, pode-se dizer que tive este ... privilégio.

Snape voltou com um frasco que entregou a Malía.

- Ah, obrigada, Severo. - e saiu dando uma piscadela para Neville. Snape também olhou para o garoto, mas diferentemente do olhar da professora, seu olhar não demonstrava nenhum traço amistoso.

- Que demonstraçãozinha patética. Por acaso, o senhor acha que minha aula é local para suas brincadeiras, Sr. Longbottom? Menos dez pontos para Grifinória.

Neville abaixou a cabeça quase chorando, então, algo aconteceu:

- Isto é injusto. Foi o senhor que... - mas não terminou a frase. O rosto de Snape estava a centímetros do de Neville. E a sua coragem desvaneceu.

- O senhor ousa me contestar, Sr. Longbottom? Menos dez pontos para Grifinória.

Depois do jantar desta noite, quando todos já estavam se recolhendo, Harry foi chamado ao escritório de Dumbledore. Quando chegou lá, encontrou ali reunidos ao diretor, os dois bruxos idosos que Harry já havia reparado, a Prof. McGonagall e o Prof Snape. O diretor apresentou Harry ao casal, eram John Goodman e Sophia White, antigos amigos de Dumbledore. Ambos sorriram para Harry.

- Você está ficando muito parecido com seu pai, Harry. - disse John Goodman.

- Espero que você siga os passos de Tiago. Ele era realmente um dos melhores. - falou Sophia White, limpando uma lágrima dos olhos. O Prof. Snape estava com uma expressão de quem acabara de levar um pisão numa unha encravada.

- O senhor não pode adiantar o motivo desta singular reunião? - perguntou Snape azedo como sempre.

- Ainda não, Severo, ainda está faltando... - Dumbledore foi interrompido por uma batida na porta. Mary vinha acompanhada por Sirius Black - Bom, acho que agora estamos prontos para começar. Como vai Sirius? - completou Dumbledore.

- Muito bem, prof.! Harry?! - Sirius abraçou o afilhado.

Snape olhava com tal desprezo para Sirius que Dumbledore achou melhor começar a reunião de uma vez.