Cap. 05: Vitalizum Rest Mortalis

A semana demorou a passar, parecia a Harry que o dia tinha duplicado de horas, tão ansioso estava para que o fim-de-semana chegasse. Hermione conseguiu um livro na biblioteca onde explicava o que era o feitiço de vitalização. Era realmente muito complicado.

- O feitiço precisa ser feito no dia exato, calculado a partir da data de nascimento e de morte da pessoa. Depois esperar o quarto quadrante da lua entrar em Júpiter. Neste exato momento, deve-se jogar a poção, aqui não diz qual, sobre os restos da pessoa morta. Como eles vão conseguir isso? - perguntou Hermione. Harry e Rony deram de ombros - Ah, tá! Aqui está dizendo que pode ser alguma coisa de um descendente, então eles vão jogar a poção em você, Harry. Depois, - Hermione continuou a ler - deve-se recitar a fórmula: "Pelo poder da magia branca, Vitalizum Rest Mortalis". A fórmula deve ser pronunciada por um bruxo amigo e muito poderoso, ou sua energia vital será sugada. É isso! - disse Hermione fechando o grosso livro.

- Mas, não diz que aspecto eles vão ter? - perguntou Harry.

- Não.

- Será que vai ser o Snape que vai preparar a poção? - perguntou Rony desconfiado. - Quer dizer, ele não ia com seu pai, né Harry?

- Mas, foi o próprio Dumbledore que deve ter pedido para ele fazer a tal poção. Ele não faria nada que prejudicasse a busca. - disse Hermione sem muita convicção.

Harry ficou preocupado. E se Snape tentasse se vingar de seu pai, aprontando uma peça? Não, Hermione estava certa, Snape não arriscaria perder a confiança que Dumbledore depositava nele. Enfim, chegou o sábado e Dumbledore pediu que Harry fosse ao escritório dele à meia-noite. Harry não conseguia controlar a ansiedade, mal se distraiu com o quadribol e olha que ele adorava o mais espetacular esporte dos bruxos. Às onze e meia, Harry decidiu ir:

- Mas ainda falta meia hora, Harry. - disse Rony.

- Mas eu não agüento mais ficar esperando. Se ainda não tiver chegado ninguém eu peço para o professor Dumbledore me explicar o tal feitiço com calma. - falou Harry completamente agoniado.

Harry bate a porta do escritório e encontrou todos lá, estavam todos ansiosos.

- Que bom que você chegou, Harry. Podemos começar, professor? - perguntou Sirius.

- Ainda não está na hora, Sirius.

- O feitiço precisa ser feito com a máxima precisão. Não podemos desperdiçar a oportunidade. O quadrante lunar só entra novamente em Júpiter daqui a oito meses. Não podemos nos dar ao luxo de perder tanto tempo. - disse Mary.

- Certo, mas não poderíamos ir preparando as coisas? - perguntou Sirius.

- Não há mais nada que arrumar, Sirius. - disse Goodman - só precisamos aguardar a hora.

Faltando cinco minutos para meia-noite, Dumbledore pediu que todos formassem um círculo. Dentro dele, Dumbledore derramou a poção preparada por Snape. Dirigiu-se a Harry e pediu:

- Harry, preciso de um pouco de seu sangue. Vou fazer um pequeno corte na sua mão, está bem?

- Ham-ham. - Harry lembrou-se que Voldemort também precisou de seu sangue para recuperar um corpo. Mas, agora seriam seus pais. Estava tão ansioso que mal sentiu o corte na mão. Dumbledore espalhou as gotas do sangue de Harry pela poção.

- Agora, concentrem-se. Mary está preparada?

- Sim. - Mary apontou sua varinha para a mistura e pronunciou a fórmula: - Pelo poder da magia branca, Vitalizum Rest Mortalis.

Da varinha da professora saiu uma luz branca ofuscante, ouviu-se um canto de pássaros como se mil fênix cantassem ali dentro. Quando a luz atingiu a mistura, esta começou a borbulhar. Harry deu um passo para trás, Sirius e Snape também recuaram. O barulho era ensurdecedor. A luz branca começou a se espalhar pela sala, até que ninguém enxergasse mais nada além da luz. Com o coração acelerado, Harry não sabia o que fazer. Então, de repente, a luz começou a enfraquecer. Harry conseguia ver alguns vultos a sua volta, mas não conseguia distinguir quem eram. Mas, com certeza havia mais vultos agora do que na hora que começaram. Harry contou, além dele, havia mais oito vultos. Seu coração deu um salto, havia dois vultos a mais, dois.

Os dois vultos foram então se aproximando de Harry. E o garoto pôde enfim reconhecer suas fisionomias. Eram, sem dúvida alguma, seus pais. Havia um brilho em torno deles que os faziam parecer anjos. Sorriam para Harry, e ele retribuiu o sorriso.

- Bem-vindos, meus queridos! - disse Dumbledore com a voz emocionada. Sophia discretamente limpava os olhos úmidos enquanto Goodman chorava abertamente. - Que bom vê-los novamente. Tiago sorriu para o diretor e falou:

- É muito bom rever velhos amigos! Harry, meu anjo.

- Pai! Mãe! - balbuciava Harry. Os dois cercaram o garoto, um de cada lado.

Mary estava ajoelhada no chão, Dumbledore dirigiu-se a ela:

- Você está bem, Mary? - disse, ajudando-a a se levantar.

- O feitiço me deixou um pouco fraca, só isso! - Mary levantou a cabeça e fitou Tiago e Lílian, lágrimas rolavam pelo seu rosto. - Tiago... Lili... - os dois sorriam para a amiga de tantos anos.

- Como vai, linda Mary! - disse Tiago. Mary abaixou a cabeça e desatou a chorar. Esta era a forma como ele sempre a chamava. Snape ficou afastado do grupo e observava a reação de Mary. Dumbledore achou melhor interromper antes que todos acabassem chorando.

- Tiago, Lílian, estamos vivendo dias difíceis, como vocês bem devem imaginar! Por vários anos vivemos em paz, mas agora Voldemort recuperou seus poderes e quer tomar o poder. Assim, voltou a procurar o talismã. - Tiago e Lílian ouviam com atenção. - por isso foi preciso trazê-los hoje aqui.

- Eu entendi, professor. Vocês precisam nomear um novo guardião - disse Tiago. - e apenas eu sei onde está a metade que falta, não é?

- Exatamente, Tiago. Nós precisamos encontrar o talismã antes de Voldemort. Mas, o novo guardião já foi escolhido, será Harry. - Tiago olha para o filho e diz:

- Esta é uma grande responsabilidade, Harry. Eu e sua mãe morremos por isso.

- Isso, Tiago. Tente convencer Dumbledore a escolher outro guardião!! - começou Mary.

- Porque eu faria isso? - disse Tiago. - Eu acredito que Harry possa cumprir esta tarefa, Mary.

- Ai, mas você é mesmo um cabeça dura! Não percebe que é perigoso e se Voldemort vier atrás de Harry? Lílian, você concorda comigo, não é?

- Sim, é realmente perigoso...

- Viu. - cortou Mary

- Mas, também acho que Harry consiga, Mary. Eu entendo sua preocupação e fico feliz em saber que meu filho estará protegido enquanto vocês estiverem por perto.

- Bom, então está decidido, Harry será o guardião - disse Dumbledore olhando para Mary que estava contrariada. - agora precisamos saber onde está a sua metade, Tiago.

- No dia em que fui pedir para Pedro ser o fiel do segredo, carregava o talismã comigo. - iniciou Tiago.

- Que loucura, Tiago. E se Pedro percebesse...

- Com certeza, me atacaria ali mesmo. Mas, eu estava com o talismã porque sabia que precisava escondê-lo. O problema é que não conseguia pensar onde. Sempre achava que o lugar nunca era 100 seguro. Até que encontrei. Era o lugar ideal. Voldemort jamais o encontraria ali. Quer dizer, jamais imaginaria que pudesse estar ali.

- Onde? - perguntou Sirius curioso.

- Num cofre de um banco trouxa.

- O quê????? - todos falaram juntos. Mary e Dumbledore, porém, sorriam tranqüilos.

- Tiago, você é realmente genial. - disse ela.

- O que isso tem de genial? É uma completa loucura, isso sim! - disse Sirius. Pela primeira e única vez, Snape pareceu concordar com Sirius.

- Acontece que este era o lugar mais seguro. Voldemort jamais pensaria que pudéssemos utilizar algo dos trouxas para esconder um objeto mágico. E geralmente, aqueles que o cercam se orgulham de não ter o mínimo contato com os trouxas.

- Você arriscou demais, Potter! - disse Snape enquanto todos congratulavam a inteligência de Tiago.

- Esta é a nossa diferença, Snape. Enquanto eu arrisco, você calcula. - respondeu Tiago ironicamente. Snape fechou a cara e olhava para Tiago com tal fúria que se ele não estivesse morto, talvez cairia fulminado naquele instante.

- Agora precisamos nos organizar. - disse Dumbledore. - Sirius, você fica encarregado de localizar o banco trouxa e verificar se podemos recuperar a metade ali escondida. Mary, você precisará de ajuda para recuperar a sua metade. Severo, você poderá acompanhá-la nisso, está bem?

- E o que eu faço? - perguntou Harry.

- Por enquanto, nada. - disse Dumbledore. Harry não gostou, queria ajudar de alguma forma, mesmo sem saber em quê.

A reunião estava se encerrando e Harry começou a sentir um aperto no peito. Sabia que seus pais iriam embora, mas queria desesperadamente que eles ficassem ali. Tinham tanto para falar. Dumbledore percebendo a angústia de Harry, falou:

- A partir de hoje, Harry. Você poderá convocar seus pais sempre que deles precisar. É claro, que você precisa ser muito discreto, não queremos que Voldemort descubra que fizemos a vitalização de Tiago e Lílian, não, isso estragaria nossos planos. - Harry se sentiu muito mais aliviado, não seria um adeus, apenas uma breve despedida.