Cap. 06: O Templo das Sombras

Na semana seguinte, depois de tudo arquitetado, Mary e Snape se preparavam para buscar a metade do talismã protegida pela professora.

- Eu só preciso pegar minha capa, Severo.

O prof. Snape a acompanhou até sua sala, estavam passando pelo corredor do primeiro andar, quando de repente:

- ZÁS!

Um elmo de uma das armaduras ficou flutuando a centímetros da cabeça de Mary que olhava boquiaberta para Snape. O professor segurava sua varinha e tentava manter o elmo longe de Mary. Pirraça disparou em gargalhadas. Mary, furiosa, virou-se empunhando sua varinha.

- Desta vez você me paga, Pirraça! - a professora pronunciou algo e Pirraça como que petrificou no ar. Mary conjurou um pergaminho e escreveu algo nele. Depois foi até um Pirraça corporificado e mostrou o que havia no pergaminho.

- Ai, ai! - gemeu Pirraça.

Mary, então "pregou" o pergaminho nas costas de Pirraça. Snape leu um vistoso "Chute-me".

- É uma pena eu não poder ficar aqui apreciando todos os alunos extravasando anos e anos de aborrecimentos, tchauzinho Pirraça, divirta-se. - deu um sorriso maroto e saiu.

- Ai, ai! - gemeu Pirraça, novamente.

Mary e Snape encaminharam-se para o terceiro andar e pararam em frente à bruxa corcunda. Snape disse:

- Já flagrei Harry Potter diversas vezes rondando este mesmo ponto. Eu tinha certeza de que ele estava desrespeitando alguma norma da escola.

Mary nem se deu ao trabalho de responder. Tirou a varinha das vestes e pronunciou a palavra mágica:

- Dissendium!

A corcunda se abriu, dando lugar a passagem secreta que os levaria em segurança até Hogsmeade. Mary entrou primeiro com Snape logo atrás. Ao chegarem, Mary reparou a expressão de Snape, ele devia ter odiado a "viagem". Eles saíram do porão da Dedosdemel e deixaram a loja em silêncio absoluto. Hogsmeade estava deserta naquela hora, na rua via-se apenas dois vultos negros deslizando, quase sem fazer ruído algum. Mary ouviu, então, um barulhinho e sua atenção atingiu ao ponto máximo. Continuou andando e numa curva, aguardou com a varinha em mãos. Snape parou ao lado dela também esperando. Ouviram alguém se aproximando, Mary surpreendeu a pessoa que os seguia. Era Pedro Pettigrew.

- Ora, ora. Olá Pedrinho! Há quanto tempo, hein? Mas, você está muito bem para um bruxo morto! - disse Mary mantendo os olhos fixos num Pedro trêmulo.

- Oh! Olá Mary. Você por... aqui? - respondeu Pedro, agarrando disfarçadamente sua varinha e gritando: - Imperius!

Mary foi atingida por uma fraca luz branca, mas não houve nenhum efeito. Mary continuou olhando para Pedro, sentia uma levíssima pressão em sua mente que lhe ordenava entregar o talismã. Mary riu diante desta ridícula tentativa.

- Eu acho que não! Você vai precisar de mais força para tirar o talismã de mim! - Mary apontou sua varinha para Pedro que sentindo o perigo transformou-se em um rato.

- Ah! Não vai fugir não! - Mary se atirou atrás de Pedro que tentava freneticamente fugir da perseguição da bruxa. De repente, Mary soltou um grito de dor e Snape correu para ajudá-la. Mary estava quase deitada no chão, tirando a mão de um buraco. Snape reparou que a mão dela estava sangrando.

- O miserável me mordeu!

Snape conjura algumas ataduras e faz um curativo nela.

- Vamos encontrar Sirius logo, já já os Comensais vão aparatar por aqui.

Snape concordou com a cabeça. Continuaram andando e logo viram um enorme cão negro que Mary e Snape reconheceram. Os dois seguiram o cão até a caverna onde estava escondido. E ali o cão voltou a ser Sirius Black.

- Vocês precisavam fazer tanto barulho? Devem ter despertado os mortos!

- Exatamente! - disse Mary - Encontramos Pedrinho, Sirius.

- Isso não é nada bom, Mary. Como ele sabia que vocês estariam aqui hoje? - Sirius olhava para Snape com desconfiança.

- É uma boa pergunta, Black! - respondeu Snape também muito desconfiado.

- Bom, não adianta tentarmos descobrir quem nos traiu agora. Ainda teremos muito com o que nos preocupar hoje. Vamos?

- E a sua mão? - perguntou Sirius preocupado, tomando a mão da colega entre as suas. Snape fechou a cara.

- Eu agüento. Vamos, não temos muito tempo. Para a Encosta do Desespero. - e aparatou, seguida pelos dois bruxos.

A Encosta do Desespero era um alto morro descampado. Seu cume ermo tinha o aspecto desolado. Era comprido e plano e as únicas coisas ali que pareciam ter vida eram exatamente os três bruxos que acabavam de aparatar. Havia, ainda, um antigo castelo quase em ruínas para onde os três se dirigiam.

- Que lugar mórbido. - sentenciou Sirius.

- É o Templo das Sombras. - respondeu Mary. - Quando entrarmos, vocês verão as sombras escravizadas pelo talismã. Elas tentarão impedir que a gente chegue até ele. Não se preocupem, elas não podem nos ferir, mas não prestem atenção ao que elas dizem. Simplesmente ignore-as.

Ao se aproximarem, a porta se abriu e eles entraram num amplo salão sombrio. Tudo estava revirado como se uma batalha tivesse sido travada ali dentro.

- Lumus. - disseram os três e as varinhas emitiram luz.

Na fraca claridade, o salão parecia ainda mais desolado. Havia muita coisa espalhada pelo chão: elmos, escudos, pedras e rochas, mas havia mais, havia uma sensação no ar que dava um frio na espinha. Eles sentiam que eram observados e viam vultos se delineando nas paredes. Logo, os três estavam cercados por sombras grotescas de homens jovens e velhos que rastejavam tentando agarrá-los. Snape e Black foram impedidos de passar, enquanto ouviam Mary falar em suas mentes em meio a outras vozes: "Não dêem atenção ao que elas falam. Apenas sigam em frente". Mas, não era assim tão simples. Elas pareciam gritar, pelo menos gritavam dentro da cabeça deles coisas horríveis, coisas que eles preferiam esquecer. Eles tentavam resistir, mas iam ficando para trás, a voz suave de Mary foi sumindo dentre as outras.

Mary se aproximava, agora, de um grande altar onde estava algo que brilhava fortemente. A luz parecia cegar quem se atrevesse a olhá-la diretamente. De repente, Mary estancou. Diante dela estava uma imensa sombra, parecia um bruxo. Era alto, seu rosto era magro e seu sorriso, frio. Ele dirigiu-se diretamente a ela:

- Mary, pegue o talismã e use-o! E então, tudo será seu! TUDO!

Mary sentiu sua força desvanecer. A imagem de vários Comensais ajoelhados a seus pés parecia a fascinar.

- Eu...poderia!

A imagem não parou por aí, Mary via agora o próprio Voldemort se curvando diante de seu poder. Ela seria reconhecida como a maior bruxa branca que já existiu. Mary esticou as mãos e para sua sorte a sentiu latejar. Assim, saiu do transe provocado pela sombra e percebeu que quase sucumbira diante do perigo. De repente, tudo começou a se encaixar; o ataque de Pedro, a mordida. Sim, tudo fazia sentido. Mary recuperou o autocontrole e disse numa voz segura:

- Afaste-se sombra! Deixe a guardiã passar.

A sombra se encolheu frente à força daquela bruxa e deu passagem a Mary. Ela subiu até o altar e pegou a metade do talismã. Colocou-o em volta do pescoço e saiu dali. Ao passar por Snape e Black, eles repararam que ela estava séria. Os dois a seguiram em silêncio.

- Vamos embora logo. Este lugar me dá arrepios! - disse Mary numa voz cansada. - Para Londres. - dizendo isto aparatou.

A madrugada em Londres estava fria e chuvosa. Os três aparataram num beco escuro onde sabiam que não encontrariam nenhum trouxa. Mas, então, ouviram algo:

- Sirius, é melhor você andar como cão, é mais seguro! Sua foto foi estampada nos jornais deles.

Sirius, imediatamente, transformou-se num enorme cão negro. Saíram do beco e andaram pela rua quando foram cercados por um grupo de rapazes, um deles mostrou um canivete. Mary olhou para o rapaz que vacilou ao sentir uma leve pressão em sua mente.

- Galera, acabei de lembrar que hoje o Johnny Pop vai tocar n'O Inferninho. Vamos para lá!

- É! Falou!

Os rapazes viraram as costas esquecendo-se completamente dos dois bruxos e o cão. Os três continuaram caminhando até chegarem em uma casa sobradada. Mary bateu a porta e esperou que a abrissem. Logo, uma velha senhora a abriu, era Sophia White.

- Entrem, entrem! Venham se aquecer um pouco. E então, Mary conseguiu?

- Sim.

Ao entrarem na sala, avistaram Dumbledore e Goodman que os olhavam com visível ansiedade.

- Aconteceu algo muito estranho, prof. - começou Mary olhando para Dumbledore.

- Ele tentou destruir vocês, não foi!

- Foi! E por pouco não conseguiu.

- Conte-nos como.

- Quando Severo e eu estávamos em Hogsmeade, encontramos... Pettigrew e, eu tentei pará-lo. Bom, ele fugiu, mas antes me mordeu. - Mary mostrou o curativo na mão esquerda.

- Ah! É claro, só assim ele poderia...

- É, mas eu não pensei nisso, sabe, eu realmente acreditei que fosse Pettigrew. - nessa hora Snape olhou-a intrigado. - mas, só percebi depois, quando a sombra de Grindelwald estava me tentando. Só aí...

- Grindelwald? Aquela sombra era de Grindelwald? O que ele queria? - perguntou Sirius.

- Nos destruir.

- Como? Eu pensei que uma sombra não pudesse fazer mal a nós. - disse Snape.

- Ah! E não poderiam, quer dizer, elas só podem nos atormentar, fazer com que acreditássemos no que elas nos mostram ou falam. Assim, nos deixam vulneráveis ao talismã. Mas, elas não poderiam me afetar.

- Porque?

- Por que eu sou uma guardiã.

- E porque aquela sombra te afetou?

- Primeiro, aquela não era uma sombra qualquer, era Grindelwald. É claro que agora ele não passa de uma sombra. Mas, eu estava vulnerável. Quando me aproximei do altar, a sombra de Grindelwald me mostrou o que eu poderia fazer com o talismã, é claro que ela se esqueceu de mencionar que eu seria destruída.

- Não entendo. Se você é uma guardiã, como pode ser vulnerável a uma sombra? - perguntou Sirius.

- Bom, elas não deveriam me afetar, por isso não estava esperando um ataque direto a mim.

- Mas por que ela te afetou, então? - perguntou Snape.

- Por causa disto! - disse Mary, mostrando a mão machucada. Snape e Black olhavam para a mão de Mary sem entender. - quem me mordeu não foi Pettigrew, foi Voldemort.

- Não Mary, não pode ser. - disse Snape incrédulo. - Se fosse ele,... ele teria nos matado ali mesmo. Não perderia a chance.

- Acontece que ele não se contentou com a idéia de apenas nos matar. O que o talismã faz é muito pior do que a morte. Vocês viram! Vocês viram todas aquelas sombras. Se eu tivesse vacilado, nós três seríamos como elas agora.

- Mas como ele fez isso?

- Não sei. Talvez com a ajuda de uma Poção Polissuco. Bom, foi realmente um golpe de mestre. Ele sabia que eu só poderia ser atingida se carregasse em mim algo de um inimigo forte. Se ele nos atacasse abertamente, eu teria me precavido na hora de enfrentar as sombras. Mas, como eu pensei que era Pettigrew...

- Então, através deste ferimento, ele te deixou vulnerável?

- Sim, ao me morder o meu sangue entrou em contato com ele. Assim, eu estava carregando algo dele, entendem; eu não estava pura, e isso me deixou vulnerável.

- Voldemort é realmente brilhante, por isso, é tão perigoso. - sentenciou Dumbledore - Bom, vocês precisam descansar e amanhã cedo voltaremos à Hogwarts.

- Há mais uma coisa que está me incomodando, professor. - disse Snape - ele foi avisado sobre nosso plano.

- Infelizmente o mal está entre nós, mas devemos nos manter unidos. Não adianta ficarmos desconfiando uns dos outros - e olhou para Snape e Black - isso só vai nos afastar e nos enfraquecer.