Cap. 12 - Os Guardiões das Sombras
Snape e Mary aparataram em Hogsmeade alguns segundos depois. A professora carregava o talismã consigo. Andavam preocupados, sabiam que Voldemort ou qualquer de seus aliados poderiam atacá-los ali, por isso dirigiam-se apressados para Hogwarts. Foi com alívio que Mary entregou a metade do talismã a Dumbledore. Sabia que agora o talismã estava a salvo.
- Precisamos preparar o ritual de nomeação do novo guardião. Quando teremos lua nova? - perguntou Mary.
- Na próxima semana. Na última noite do ano. - respondeu Dumbledore. - Vou mandar uma coruja para os Dursley dizendo que Harry pode regressar à Hogwarts imediatamente.
- Acho bom; agüentar aquelas pessoas deve ser um tormento para Harry. Professor, aqueles Dursley são horríveis! - disse Mary.
- Sim, vou fazer isso agora mesmo. Vocês precisam conversar a sós, não? - disse Dumbledore. Mary e Snape ficaram boquiabertos.
- Como ele... - começou Mary quando Dumbledore saiu, deixando os dois professores sozinhos.
- Não sei. Mas ele está certo. Preciso falar algo com você, Mary. - começou Snape sem saber como continuar.
- Sobre nós? - arriscou-se Mary.
- Sim! Eu estive pensando... eu... queria...hum... você quer se casar comigo? - perguntou Snape de repente. Mary não esperava um pedido de casamento, mas ficou muito feliz com isso. E respondeu:
- Sim. É claro que eu quero! - Snape abriu um sorriso e a abraçou.
Dois dias depois, os preparativos para o ritual estavam acelerados e Harry estava ficando ansioso com a expectativa de se tornar um guardião. Sabia da responsabilidade que isto representava. Seus pais haviam morrido tentando proteger o talismã e ninguém sabe explicar porque ele próprio não tinha morrido também. Ficava pensando como seria este ritual. Se pelo menos, Hermione estivesse ali, ele já revirara a biblioteca e não tinha encontrado nada a respeito. No dia determinado, o último dia do ano, Harry foi chamado à sala de Dumbledore.
- Hoje à noite será realizado o ritual de nomeação, como você já sabe, Harry. Este ritual acontecerá no Templo das Sombras e será conduzido por mim, John e Sophia que formamos a antiga aliança e por Sirius, Severo, Mary e você que formam a nova aliança. Como você ainda não pode aparatar, Harry, irá com John e Sophia numa chave de portal, enquanto nós preparamos o local, está bem? - explicou Dumbledore. E meia hora depois todos se encontravam na Encosta do Desespero em frente ao Templo das Sombras.
Harry nunca havia visto um lugar mais triste do que aquele. Sentiu que aquele era um local que jamais gostaria de rever. Todos entraram no Templo e Harry sentiu a atmosfera do lugar. Era terrível. Sentiu a dor e o desespero daqueles que ali estavam aprisionados. Dirigiam-se para uma espécie de altar na extremidade oposta do Templo. Nenhuma das sombras ousou interferir enquanto eles passavam. Uma luz forte emanava deles fazendo com que as sombras recuassem. Quando chegaram ao altar, Dumbledore pediu que todos formassem um círculo e disse:
- A velha e a nova aliança se reúnem aqui para continuar a missão. O equilíbrio entre o bem e mal deve ser mantido e todos aqueles que ousarem quebrá-lo, nele se perderá. Para protegê-lo um novo guardião foi escolhido, Harry Potter.
Harry foi até Dumbledore e pegou a taça que o diretor lhe oferecia, e tomou o seu conteúdo. Mary aproximou-se de Harry e entregou-lhe a metade do talismã que deveria proteger.
- Guardião da sombra, jure agora proteger o talismã e manter o equilíbrio.
- Eu juro. - respondeu Harry. Na mesma hora, Harry viu o talismã brilhar em suas mãos. Se olhasse diretamente para ele podia ver coisas e lugares que jamais vira antes. Não sabia se via o passado ou o futuro, mas eram coisas terríveis. Mary tocou em seu rosto e Harry a olhou.
- Não se impressione com o que o talismã te mostra. São coisas velhas e que devemos garantir que não se repitam. - disse Mary telepaticamente.
De repente, ouviram um estrondo fora do Templo. Dumbledore pediu que Sirius e Snape verificassem o que era enquanto terminavam o ritual. Os dois se depararam com Voldemort.
- Saiam da minha frente. - disse Voldemort.
- Você terá que passar por nós. - disse Sirius. Voldemort riu alto e disse:
- Expellimagus. - Sirius foi arremessado violentamente contra uma parede maciça do Templo e caiu desacordado. - Saia da minha frente, Severo, ou você quer que eu passe por você também. - disse Voldemort ironicamente e apontando a varinha para Snape disse: - Imperio! Ajoelhe-se diante de seu mestre.
- Você não... é... meu... mestre - respondeu Snape com dificuldade. Mas não resistiu por muito tempo e caiu ajoelhado aos pés de Voldemort.
- Você jamais deveria ter me traído, Severo. O que pensou, que jamais recuperaria meus poderes? Seu tolo. Ora, vejam só, Mary Malía e Harry Potter! - Os dois saíam do templo. - Acho que não queremos mais surpresas por hoje, não é? Tranqueum! - disse Voldemort e a porta do Templo se fechou imediatamente trancando Dumbledore, John Goodman e Sophia White lá.
Mary olhou ao redor e viu Sirius desacordado e Snape caído de joelhos aos pés de Voldemort. O bruxo das trevas ria e sua risada era fria, sua varinha estava apontada para os dois e eles estavam desarmados. Mary viu, então, a varinha de Snape caída ao chão. E gritou:
- Accio varinha! - a varinha voou direto para sua mão, Snape tentava em vão alertá-la sobre alguma coisa, mas não conseguia se libertar da maldição Imperius.
- Não... po..de...
Mary tentou lançar um feitiço, mas a varinha não respondeu.
- Acho que você não sabia que a varinha de Severo possui um feitiço. Só ele pode utilizá-la. - disse Voldemort divertindo-se. - Preparada para morrer, Mary, Harry? Quem quer ser o primeiro?
- Você jamais possuirá o talismã, Voldemort! - disse Mary se colocando na frente de Harry.
- Se eu matar os dois guardiões, quem irá me deter? - disse Voldemort. - Sim, Mary, eu sei que Harry Potter é o novo guardião. Entregue-me o talismã e eu pouparei suas vidas.
- Você sabe que isso não vai acontecer, Voldemort. - diz Mary. Voldemort, ainda com um sorriso no rosto, diz:
- Vamos ver o que aqueles velhos idiotas te ensinaram, Mary. Cumulus Negrum!
Da varinha de Voldemort saiu uma nuvem negra que se espalhou pela Encosta do Desespero deixando-a mais sombria do que nunca. O nevoeiro foi se aproximando de Mary e a envolvendo, até que ela desaparecesse no meio dele. Mary, apavorada, tentava lembrar-se do feitiço para revertê-lo, mas o nevoeiro parecia querer sufocá-la. Já estava quase sem forças quando ouviu, Voldemort dizer:
- Vamos, Harry, nós dois juntos seremos insuperáveis, imbatíveis. Se unirmos nossas forças, poderemos ter o mundo aos nossos pés.
- Mentiroso! Você jamais dividiria o poder com alguém. - respondeu Harry.
- Se prefere assim, Crucio!
Harry cai ao chão gritando de dor enquanto Voldemort ria alto.
- Seu tolo, você realmente acha que pode me deter? - diz Voldemort rindo cada vez mais alto. - Hoje você não tem uma mamãezinha para morrer no seu lugar!
Ao ouvir Voldemort ironizar o gesto de sua mãe, Harry sentiu algo queimar dentro dele. Sentia um ódio profundo. Sentia uma vontade de matá-lo. Ele era o culpado por ter crescido sem pais, sem carinho. Ele era o culpado por ter crescido sem saber quem realmente era. Ele era o culpado por todos o olharem como se fosse diferente. Seu ódio crescia e ao mesmo tempo crescia uma luz em torno do talismã, mas Harry parecia não perceber. Era exatamente isso que Voldemort queria. Que Harry usasse o talismã para tentar matá-lo.
Harry escutava vozes falando ao seu ouvido. Vozes que diziam que ele poderia usar o talismã para acabar com sua dor. Para acabar com Voldemort. Sua cabeça zunia, sim podia usar o talismã, usaria para o bem destruindo o pior dos bruxos das trevas... Ouviu então, uma outra voz:
- Resista, meu filho! Não se entregue ao talismã! - dizia a voz de Tiago. E ao escutá-lo, Harry sentiu um calor invadindo seu peito. Olhou para o talismã que brilhava intensamente e, então, de repente se apagou. Havia conseguido.
- Garoto idiota! Avad... - começou Voldemort.
Mas, antes de terminar, viu Mary liberta do nevoeiro se aproximar de Harry. Mary uniu as duas metades e começou proferir um feitiço. Harry repetia as palavras da madrinha:
- "Guardiões das sombras, amigos de outrora. Cumpram seu juramento agora".
A porta do Templo das Sombras se escancarou, libertando Sophia, John e Dumbledore, que se juntaram a Mary e Harry. Viram se aproximando uma dezena de fantasmas. Eles tinham uma marca no peito e Harry reparou que esta marca tinha o formato do talismã, e logo soube que deveriam ser os antigos guardiões. Começou a reparar em suas fisionomias, eram homens fortes e de aspecto austero, transmitiam confiança e força em seu olhar. Eram quase todos desconhecidos a Harry, menos um: seu pai. Formavam um círculo em torno de Voldemort.
- Vocês acham que podem me deter? - disse Voldemort com arrogância. - Vocês não são nada.
- Afaste-se, Tom Riddle. - disse Dumbledore. Voldemort tremeu de ódio ao ouvir Dumbledore o chamar assim.
- Como você ousa, seu velho maluco. - começou Voldemort. - mas, pensando bem, é muito bom tê-los reunidos aqui. Todos os meus inimigos. Assim destruo todos de uma vez. - Apontou sua varinha para Harry e disse: - Avada Kedavra.
Uma luz verde saiu de sua varinha, ninguém se mexeu. A luz foi se aproximando de Harry, Tiago se colocou à frente do filho e absorveu a luz da maldição.
- Esse feitiço não tem efeito sobre nós, antigos guardiões, Voldemort. - disse Tiago sorrindo.
Todos os guardiões apontaram suas varinhas para o bruxo das trevas e exclamaram:
- Luci Poterum!
Uma luz prateada iluminou a Encosta do Desespero, envolvendo a todos numa claridade que irradiava paz. Voldemort correu para dentro do Templo das Sombras. Mas, quando a claridade transpôs a porta do Templo, este começou a desmoronar. Até não restar pedra sobre pedra. O Templo das Sombras ruíra. Com o fim do Templo os guardiões também desapareceram, despedindo-se com um aceno dos membros das duas alianças.
- Será que Voldemort... morreu? - perguntou Harry.
Dumbledore olhou para Sophia.
- Eu não sei, Alvo. Não consigo penetrar na mente dele. - disse Sophia.
- Ele não está aí. - disse Mary.
- O quê? - todos disseram, olhando espantados para Mary.
- Ele aparatou assim que entrou no Templo. Covarde miserável!
- Ele não poderia, Mary. Isso demandaria uma força descomunal. Nem ele conseguiria! - disse John Goodman.
- Você tem certeza, Mary? - perguntou Dumbledore.
- Absoluta, professor. - confirmou Mary. - Ele fugiu.
- O que isso quer dizer, professor? - perguntou Sirius.
- Quer dizer que ganhamos uma batalha, mas ainda há muita luta pela frente! - sentenciou Dumbledore. - Mas, por hoje chega e devemos retornar a Hogwarts.
