Capitulo 06 - Recado

Era um lugar bonito, cheio de flores, e o Sol era confortante. Ela estava sentada comendo uma maçã, quando viu um vulto, que foi se aproximando e mostrando seu rosto. Era ele, Cedrico. Ela ficou olhando para ele, sem conseguir se mover. Ele veio em sua direção, e quando ela ia falar, ele fez sinal para fazer silêncio. Se sentou ao seu lado e ficaram olhando a paisagem, ela deitou a cabeça sobre seu ombro e fechou os olhos. Ele acariciou seus cabelos. Parecia tão real, ela estava com Cedrico, como nos velhos tempos. Sentados no jardim, olhando a paisagem. Aquilo era um mundo com amor, um mundo perfeito. De repente ele falou...

- Não podemos viver sem amar, seja feliz, não se feche para o amor, Cho. - ela o olhou, sem entender. E ele continuou. - Eu já não pertenço mais ao seu mundo e não quero me sentir culpado de ver você sozinha e infeliz. Já se passou muito tempo, você precisa viver. Você tem dezesseis anos, é jovem, linda. E sei que quem você escolher será um garoto legal e que merecerá você. Não se prenda à uma lembrança minha, eu sei que sempre vou estar no seu coração, e você no meu, aonde quer que eu esteja, pra sempre. Sempre estarei olhando por você e te protegendo. - ela apenas o fitava.

- Eu sempre vou te amar. - ela disse, com os olhos marejados.

- Eu também. Mas você não pode mais me amar como amou, não mais. Ame as pessoas ao seu redor, não se pode amar uma lembrança.

- Larissa já me disse isso.

- Ela estava certa.

- Eu quero te ver velhinha, com seus netinhos. Para isso é necessário que me esqueça e que abra seu coração novamente. Eu não ficarei feliz em te ver velhinha, sozinha.

- Dói ter que ser obrigada a te esquecer... A tristeza toma conta do meu corpo e não consigo fazer mais nada. - ela disse, o abraçando.

- A dor é diferente da tristeza. A dor nos faz crescer, a tristeza nos afunda e destrói.

- Eu nunca vou encontrar outro. O meu verdadeiro amor é você.

- O verdadeiro amor pode estar à alguns metros de distância, e nem percebemos... Tudo tem seu tempo, até para enxergar o verdadeiro amor. - ele levantou, deu-lhe um beijo na testa. - Lembre-se disso. - e foi andando em rumo ao nada, até que sua imagem desapareceu.

- Não! Não me deixe! - ela gritava.

- Cho, acorde! - Larissa falava à amiga. Cho sentou na cama e a abraçou. - Calma, foi um pesadelo, passou.

- Cedrico. - Cho disse, com os olhos marejados. - Ele... Ele... Ele disse para eu esquecê-lo e... que o verdadeiro amor poderia estar ao meu lado... - ela começou a chorar. Larissa colocou um pouco de água de uma jarra em um copo.

- Tome, beba isso. - a menina ofereceu o copo à amiga, e afagou-lhe os cabelos. - agora, calma, já passou. Foi apenas um sonho.

- Não, não foi só isso. Era ele, eu tenho certeza, ele apareceu pra mim, em sonho. - Cho tinha o olhar fixado em um ponto qualquer do quarto.

- Cho, trate de dormir de novo. Amanhã conversaremos, com calma, está bem? - Larissa pegou o copo que estava na mão da amiga e pôs na mesinha. Cho se deitou e se cobriu.

- Obrigada, Lary. - ela disse à menina, que já estava se deitando também.

- Não se preocupe. - ela respondeu, sorrindo.

O resto da noite foi tranqüila. Sem mais nenhum sonho. Ela acordou antes de todas. Se trocou e desceu para o Salão Comunal, onde só encontrou crianças do primeiro ano. Se sentou em frente à lareira, agora apagada, e ficou pensando em seu sonho. Recordava cada palavra de Cedrico. "O verdadeiro amor pode estar à alguns metros de distância e nem percebemos..." "Será que ele se referia à alguém?" esse era seu pensamento, antes de...

- Conte-me tudo, não esconda-me nada! - Larissa falou, atrás do sofá em que Cho estava sentada.

- Bom dia pra você também, Lary! - Cho brincou.

- Bom dia! - Larissa respondeu, rindo e sentando-se ao seu lado.

- Acho que você está querendo saber do sonho, não é? - Cho perguntou, olhando para baixo.

- Com certeza, me conte tudo, detalhe por detalhe! - ela disse, parecendo excitada.

Cho contou tudo à ela, todos os detalhes do sonho.

- Você acha que era um recado, ou algo do tipo? - Larissa perguntou, ao fim da narrativa.

- Eu não sei... Eu não sei mesmo...

- Vamos tomar café? Estou com fome. - Larissa sugeriu. - Eu penso melhor de barriga cheia.

- Vá você, não estou com fome.

- Só não vale ficar sem fome até o jantar, está bem, mocinha? - ela disse, levantando-se. Cho riu.

- Está bem, mãe. - Cho ironizou.

- Não quero minha filha passando mal! - Larissa entrou na brincadeira. As duas riram e Larissa saiu do Salão, deixando Cho com seus pensamentos.

Será possível um sonho mudar escolhas do futuro?