9-Pesadelo ou Realidade?

                Catherine estava lamentando a forma patética como o professor Binns lecionava História da Magia, quando Flora de Miry interrompeu a aula. Ela não pode deixar de notar que nem todos demonstravam surpresa diante da interrupção. O professor voltou pra sala e anunciou com o mesmo tom sem emoção de sempre, que eles estavam dispensados. Todos abandonaram a sala e foram conduzidos por Flora até a sala comunal sonserina. Chegando lá, encontraram os alunos mais velhos e a professora avisou que iria buscar os do terceiro ano. Quando todos os alunos estavam finalmente reunidos eles ouviram o que havia ocorrido.

                A notícia era a mesma que McGonagall estava dando naquele momento aos grifinórios, entretanto a reação dos sonserinos foi completamente diversa. Catherine foi à única aluna do quinto ano, que parecia aterrorizada ante a notícia. Pouquíssimas pessoas solicitaram corujas. Ela é claro precisava avisar os pais. Na verdade era por eles, que ela temia. Como eles se defenderiam se fossem atacados?

                A decoração, que estaria na mesa da sonserina fora transportada para a sala comunal e os sonserinos com exceção dos alunos mais novos e outros poucos pareciam estar aproveitando o banquete com bastante animação. No entanto, o que irritou Cathy foi à reação de Draco ante aos acontecimentos:

                -Olha, Draco, tudo bem que toda a sua família é bruxa e não corre perigo, mas você não poderia ser um pouco mais sensível?

                -Não estou entendendo o que você quis dizer. Você poderia me explicar?-ao ouvir isso ela ficou muito revoltada.

                -Não, mas talvez você pudesse me dizer como alguém consegue ser tão cínico.

                -Catherine, não é porque meus pais são bruxos, que eles estão a salvo de qualquer perigo. Mesmo os bruxos são incapazes de se defender se forem atacados por muitos dementadores ao mesmo tempo...

                -Como você é hipócrita, Malfoy! Quer saber o Harry tem razão! Não sei como consigo ser amiga de alguém como você!-aquilo foi como um tapa na cara para Draco. Não tanto por ela estar chateada com ele, pois ele tinha certeza de que aquela briga não duraria muito. O que o chateou foi ela dizer que o Potter estava certo.

                Cathy se deitou, mas não conseguiu dormir logo. Seu estado era de grande agitação interior. O medo, a preocupação e a raiva se misturavam dentro dela. O amor e o ódio são sentimentos muito próximos e naquele instante ela já não sabia dizer qual dos dois estava sentindo.

                Muito depois de estarem no mais profundo sono duas pessoas despertaram do mais terrível pesadelo. Nele aquelas duas pessoas viram um homem que já haviam visto em outras duas ocasiões, mas ele estava irreconhecível. Ele estava em um lugar que parecia uma prisão, pois eles podiam ver grades e correntes e a aparência do lugar era nojenta.Logo depois, enxergaram o vulto de uma figura asquerosa, que não parecia ser humana, contudo o era. Ele vinha acompanhado de muitas pessoas envoltas em capas negras cobrindo seus rostos.

                -Enfim chegou à hora de cumprires seu destino. Daqui a um minuto será meia noite do dia das bruxas e você levará o beijo do dementador. Sabe o que isso significa?-o vulto falou e riu, mas sua risada continuava fria e sem alegria.-Ou não sabe ou a experiência de hoje te deixou sem fala não te preocupes o que sentiste hoje foi apenas o começo. Um beijo de dementador dado a meia noite de um dia das bruxas tem um poder especial. Tem a capacidade de te transformar em um dementador. Sim este é o teu castigo, serás uma criatura semiviva e cega, que se alimenta da felicidade alheia. Não combinas contigo, Karkarrof?-o vulto continuou seu lastimável discurso.- Tragam um dementador.-naquele momento uma figura sinistra surgiu.-Tu serás o mais poderoso dentre os seus companheiros.-o vulto disse a figura sinistra.-Agora dê a ele o beijo do dementador!-naquele instante a figura com sua mão pegajosa retirou o capuz e revelou uma espécie de boca.

As duas pessoas, que estavam tendo aquele horrível pesadelo já haviam visto aquilo antes, uma em "sonho" e outra na realidade, mas diferentemente da outra vez nenhum patrono apareceu para salvar o homem desesperado e o dementador aplicou seu beijo. As mudanças fora visíveis o homem ficou instantaneamente sem expressão e depois começou a se contorcer, mas não parecia estar sentindo dor. Na verdade aquele homem não aparentava mais ser capaz de sentir mais nada. Simultaneamente a figura, que agora eles sabiam se tratar de um dementador, pareceu ganhar força e ficar ainda mais sinistra.       

                -Agora meus caros servos o meu reinado vai recomeçar. Os dementadores irão espalhar o terror nos dois mundos. Muitos deles ganharam forças com o beijo que deram esta noite. Infelizmente alguns dos meus mais fiéis servos compartilharam do destino que os senhores acabaram de ver este traidor ter.-o vulto recomeçou a falar.-Infelizmente os meus servos leais, que estavam em Azkaban sofreram danos irreversíveis e por isso foram transformados em dementadores. Para que possam me servir em sua nova forma! Os dementadores estão proibidos de atacar pessoas que portem a marca a não ser que eu assim os ordene e para que seus "queridos filhinhos" não corram riscos enquanto não tiverem idade para se unirem a mim também os proibi de atacar bruxos menores de idade.Para assegurar o cumprimento destas regras cada grupo será acompanhado por um dementador que deu um beijo esta noite, pois esses dementadores além de sentirem as emoções são capazes de captar a áurea de poder e assim distinguirão os bruxos menores de idade e aqueles que possuem a Marca.

                -Sei...Até finjo acreditar que era nos nossos filhos, que ele estava pensando quando deu essa ordem!-uma das pessoas de capa comentou.

                -No que você acha que ele estava pensando?-ouviram alguém perguntar, mas não ouviram a resposta, pois acordaram naquele instante.

                Catherine acordou assustada e tinha certeza de que Harry acabara de ter o mesmo pesadelo e que pouco passava da meia noite. Ela também pensou em ver se os sonserinos tinham ido passear esta noite. No entanto o receio foi mais forte do que sua curiosidade. Afinal se eles estivessem mesmo fora justamente naquela noite então isto confirmaria suas piores suspeitas e ela não se sentia preparada para descobrir a verdade. Ela ficou algum tempo se revirando na cama, pois a dúvida não permitia que conciliasse o sono. Normalmente Cathy era curiosa demais e quando algo intrigava não conseguia pensar em outra coisa até satisfazer sua curiosidade, mas aquele caso era diferente, pois ela tinha medo do que poderia descobrir e esta apreensão acabou vencendo.

                Na manhã seguinte Catherine estava muito cansada e teve vontade de não se levantar. Ela não conseguia acreditar que apenas uma semana se passara desde o feliz dia de seu primeiro jogo de quadribol em Hogwarts. Tanta coisa tinha acontecido em tão pouco tempo, que ela não conseguia compreender.

                A primeira coisa que Cathy fez ao chegar ao salão principal foi se separar da turma da Sonserina e ir procurar Harry. Ela precisava saber se ele realmente tivera o mesmo pesadelo. Aquilo a afligia tanto que ela quase se traiu novamente. Entretanto foi Harry quem tocou no assunto primeiro:

                -Eu tive outro pesadelo esta noite. Preciso contar a Dumbledore. Você vem comigo?-mesmo já sabendo disso ela não pode deixar de ficar arrasada ao ver seu último fiapo de esperança ir embora. No entanto o convite a espantou. Será que ele sabia de algo?

                -Eu acho melhor não. Quer dizer não tem nada a ver eu ir junto. Acho que esta conversa deve ser particular entre você e o diretor.

                -Eu não concordo. O Dumbledore nos chamou para conversar.-Harry retrucou.

                -Eu e você?-ela perguntou surpresa.

                -Sim e o Rony e a Mione.-Catherine se perguntou, porquê não lhe ocorreu que eles iriam junto.-E então você vem conosco ou não?-Harry insistiu.

                -Se é assim claro que eu vou. Nós vamos logo depois do café?

                -Na verdade eu estava pensando em ir agora.Eu estou sem apetite!-ele comentou.-Tudo bem pra você?

                -Claro, sem problemas! Eu também estou sem fome!

                -Peraê, se vocês não estão com fome isso não significa que eu não esteja! Vocês não poderiam me esperar?

                -Rony! Só você mesmo pra querer comer em uma hora dessas! Mas eu tive uma idéia melhor vocês dois podem ir à frente e eu fico aqui esperando o Rony.-Mione opinou. 

               -Tudo bem!-Harry respondeu, mas Cathy ficou nervosa. Ela estava se perguntando por qual motivo Mione tivera aquela idéia. Será que ela desconfiava de alguma coisa?