16- Fuga desesperada:

                Catherine por um instante ficou resignada. Pensou que caso morresse, talvez encontrasse seus pais em algum lugar. Depois concluiu que mesmo que sua mãe fosse uma trouxa e a tivesse abandonado no orfanato, pelo menos não abortara. Dera-lhe a chance de viver e devia isso a ela. Não, não podia desistir, não tinha esse direito, era necessário lutar! Era jovem e ainda tinha muita coisa para realizar. Precisava descobrir a verdade e viver ainda muitos anos. Aquela resolução foi muito útil uma vez que Cathy foi a primeira a ser atingida:

                -Imperio!-um dos vultos a amaldiçoou.- Saia daqui agora sem interferir em nada. Simplesmente vá embora.- ela hesitou.

                Uma parte dela queria obedecer. O homem, a voz fora claramente masculina, lhe oferecia a chance de escapar sem nenhum risco. Entretanto, havia Hermione e ela não podia ser egoísta a ponto de abandona-la lá. Além do mais ela não confiava muito naquele oferecimento tão bondoso. Seus dois lados travaram uma luta e a esperta Mione aproveitou, naquele instante crucial, a distração dos comensais já que todos estavam com a atenção voltada para o efeito do Imperius, e...

                -Expelliarmus!-o feitiço não foi muito forte apenas o suficiente para libertar Cathy da maldição.

Uma vez livre ela percebeu que não havia mais escolha. As duas começaram a fugir desesperadas. Dois dos homens começaram a persegui-las, enquanto o outro ajudava o atingido a se levantar e a recuperar a varinha. Os que foram atrás delas lançavam azarações tentando lhes atingir. Eles não ficaram muito tempo sozinhos, logo os outros os alcançaram e juntaram-se a eles lançando feitiços. Além de correr, as duas ainda tinham que se preocupar em desviar o que era quase impossível. Era óbvio que mais cedo ou mais tarde eles as alcançariam. As masmorras lhes pareciam mais escuras e sombrias do que nunca.  Temiam pelo fato de não conhecerem os corredores e a qualquer momento poderem ficar sem saída. Era muito tarde e para Cathy não havia possibilidade de alguém as encontrar e ajudar.  Mione naquele momento ficaria feliz até em ver o desagradável professor de poções, Severo Snape.

-Impedimenta! - os comensais continuavam tentando acertá-las e só não tinham conseguido até o momento devido a distância e a suas péssimas pontarias.

O inevitável aconteceu! Elas viraram no local errado até o fim do corredor somente para confirmar suas piores suspeitas. Acabara! Estavam presas! Não havia mais esperanças. Mione começou a gritar em pânico total e Cathy acabou não se segurando e juntou-se a ela. Aquele berro denotava a frustração, o desespero e principalmente o medo que tomavam conta delas.

-Vocês realmente achavam que conseguiriam escapar? Agora vêem a besteira que fizeram! Retardaram seu destino, no entanto era impossível evitá-lo.- a última frase ele disse se dirigindo unicamente a Hermione.- Tudo bem me forneceram uma boa desculpa para me divertir um pouco. Parem com o barulho ninguém irá ouvi-las!- apenas Catherine se calou.- Crucio!- ele amaldiçoou a grifinória As reservas de falsa calma de Cathy se esgotaram rapidamente, ela já não conseguia mais disfarçar a tensão e se conter, voltando a gritar o mais alto que conseguia. – Silêncio!- ela achou melhor não desafiá-lo.- Você foi ainda mais tola que sua amiguinha. Eu te ofereci a chance da sair ilesa, se fosse esperta teria aproveitado a oportunidade. Achou que pudesse salvá-la?- perguntou apontando para Mine com a cabeça.- Você é uma vergonha para a Sonserina!- com o canto do olho ela percebeu que a amiga se recuperava.

-Podemos discutir isso! Os senhores não podem, simplesmente, porque não confiei nas suas boas intenções e não os permiti me controlar, me classificar como uma vergonha para casa a qual pertenço. Garanto-lhes que possuo várias características que justificam a decisão do Chapéu Seletor.

-E nós somos os duendes do Papai Noel! – um deles exclamou.

-Ahn? Tomaram alguma poção de crescimento ou estão usando pernas-de-pau por baixo dessas capas pretas? – ela questionou fingindo não entender a ironia.

Ela falava o mais alto possível na tênue esperança de alguém, não importava quem, a ouvisse e as ajudasse. Percebeu que Mione estava pronta e voltou a tentar chamar a atenção deles para si.

-Não estava brincando! Realmente não tenho dúvidas de que a sonserina é a casa perfeita para mim. Os senhores mal me conheciam. Como podem se considerar capazes de me classificar?

-Qual seu sobrenome?

-Vocês dão importância demais a um nome. O sangue não determina tanta coisa assim. Eu não sei de que família descendo.- ela retrucou.

Naquele instante Hermione se levantou e já erguia a varinha quando...

-Estupefaça!- a garota caiu no chão desmaiada, estuporada. – Achou que fossemos tão idiotas assim? Não cometeríamos o mesmo erro duas vezes. Tolinha!

-Expelliarmus!-Cathy desarmou o homem no auge do pânico. Para sua sorte o feitiço foi forte o suficiente para atirar o agressor contra uma armadura e a espada que ficava erguida o feriu.

 Outro comensal se apressou em vingar-se. Ela sofreu todas as dores do crusciatus era como se milhões de farpas a perfurassem uma a uma. Logo já não conseguia se sustentar de pé e acabou caindo. Infelizmente ela bateu com a cabeça na estátua de pedra. Um último berro de desespero ecoou nas masmorras como um som deprimente de desolação. Quando a maldição a abandonou a dor persistiu e ela ficou com uma sensação de fraqueza extrema.  Levantar-se era impossível, não possuía forças nem ao menos para falar.

Foi naquele instante que ocorreu algo que inicialmente pareceu a Cathy pura sorte, a melhor das coincidências. Antes de fechar os olhos e parar de lutar ela avistou algo que primeiramente considerara uma ilusão, uma miragem e só depois se convenceu de que era real. Harry e Rony estavam ali. Ela não sabia como simplesmente apareceram do nada, só depois se lembrou da capa de invisibilidade. Um dos homens estava amarrando Mione e infelizmente os dois garotos tiveram a mesma idéia simultaneamente.

-Expelliarmus.-ambos lançaram o feitiço. O comensal foi jogado longe e se bateu fortemente na parede, além de ter perdido a varinha.

Contudo, aquilo chamou a atenção dos outros dois para a presença deles. Se as garotas estivessem em melhores condições, aquilo teria dado certo, pois assim elas teriam oportunidade de se levantarem e ajudarem. Não sendo esta a situação tudo o que ocorreu foi que os comensais ganharam um novo alvo. Ao ver aquilo as últimas forças de Catherine se esgotaram e ela desmaiou.

Um duelo se seguiu. Os meninos tentavam atacar e se proteger, mas era difícil. Os comensais usavam maldições imperdoáveis e pareciam dispostos a tudo inclusive a matar. Pelo menos a Rony, pois era do conhecimento geral que o mestre desejava ele mesmo matar o Potter.  Os dois estavam alucinados com a idéia da glória que adquiririam capturando o odiado menino que sobreviveu.

-Imperio!-finalmente conseguiram acertar Rony com maldição.- Largue a varinha!- o garoto até tentou lutar, entretanto o vazio o dominava. Aquela sensação de calma hipnótica não o deixava raciocinar. Então ele simplesmente abriu a mão e abandonou seu único instrumento de defesa. –Vá até a menina da Sonserina. Sente de costas para ela.

O outro comensal conseguiu inutilizar Harry por alguns minutos foi até onde Rony e Cathy estava sentou-a apoiada no garoto e os amarrou.

-Impedimenta!- Harry conseguira se livrar do feitiço e atacou de surpresa o homem que amaldiçoara o amigo.  O Imperius perdeu seu efeito, no entanto, era tarde demais. Rony já estava preso e Harry sozinho. Ao menos só restava também um comensal.

-Agora é entre nós dois, Potter!

-Expelliarmus!- o menino tentou em vão, pois o homem se protegeu antes. A luta seguiu assim aparentemente empatada. O comensal desistira do Imperius, pois percebera que o garoto era capaz de resistir. Em um momento particularmente complicado para Harry no qual ele fora acertado por um crusciatus, surgiu um vulto também trajando vestes negras, porém com o rosto descoberto. Nem Rony, nem Harry jamais ficariam novamente tão felizes por verem Snape.

-Estupefaça.- o professor estuporou o comensal que caiu estatelado no chão. Virou-se para o que Harry paralisara e achou melhor estuporar também. Depois soltou Rony e achou melhor cuidar de Catherine...-Enervate!-a garota abriu os olhos ainda com a cabeça latejando e confusa. Depois de se assegurar de que ela não iria desmaiar novamente, Snape resolveu acordar Granger.-Enervate!- ela inicialmente sentiu-se um pouco perdida, mas ficou muito feliz ao ver seus amigos.

-O que vamos fazer com eles?- Hermione perguntou

                -Deixá-los aqui.- o professor respondeu secamente.

-Vão fugir!- a garota insistiu.

                -Eu sei - ele retrucou. - Chega de perguntas senhorita Granger será que não compreende que não se encontra em posição de me questionar.Você está bem?- perguntou se dirigindo a Cathy que ainda demonstrava estar atordoada.

                -Não sei. Acho que bati com a cabeça.- Snape conjurou um curativo.- Vamos até a minha sala.- eles andaram pelos corredores úmidos e escuros revivendo as emoções do ataque, principalmente as meninas, pois em suas mentes as sensações daquela corrida desesperada ainda se estavam extremamente vívidas.

                Ao chegarem à sala, o professor foi até a lareira, ascendeu-a depois agarrou um punhado de pó brilhante e atirou-o nas chamas. Harry lembrou-se de tê-lo visto fazer isso quando estava no terceiro ano.

                -Madame Pomfrey, preciso falar com você!- Snape gritou para o fogo.

Eles observaram surgir uma sombra enorme que rodopiava muito depressa. Segundos depois, a enfermeira saiu da lareira, sacudindo cinzas de suas vestes.   

                -Está doente professor?- ela perguntou ao se recompor.

                -Não, mas estou com uma aluna que bateu fortemente com a cabeça. Já fiz um curativo só que não sou tão bom nisso quanto você.

                -Por que não a levou para a ala hospitalar?

-Achei melhor não levá-la a enfermaria para evitar que alguém mais tomasse conhecimento do assunto.

-O que aconteceu com esses alunos?

-Por sorte nada de extremamente grave, entretanto por pouco não foi mais um desaparecimento e este poderia ter sido coletivo.

-Ainda bem que o professor conseguiu evitar isso! E então? Qual das duas?

-Examine a ambas, por favor!-ele respondeu e virou-se para a lareira novamente e repetiu o processo só que dessa vez chamando a professora McGonagall.

-O que foi Severo?- ela perguntou com voz de quem ainda não está completamente acordada.

-Como você pode ver estou com três alunos seus aqui e precisamos decidir a punição deles.

-Isso não podia ter ficado para amanhã?

-Impossível se considerarmos as conseqüências que a irresponsabilidade deles quase provocou. - ao ouvir isso a professora pareceu despertar e quase recuperar totalmente seu costumeiro ar eficiente.

-Ocorreu mais um ataque? - ela indagou mesmo já sabendo a resposta.

-Sim e dessa vez se eu não tivesse aparecido quatro alunos teriam sido vítimas de sua própria inconseqüência e estariam agora em algum lugar, talvez até mortos.- o professor confirmou as suspeitas dela e complementou com aquilo para assustar os alunos que estavam de ouvidos atentos na conversa.

-O que acha que eles pretendiam com isso?- ela inquiriu atônita.

-Não creio que tenha sido de propósito.- ele lançou um olhar de esguelha para os outros ocupantes da sala, ela demonstrou na expressão que compreendia e os dois saíram.

Enquanto isso, Madame Pomfrey vira o machucado de Cathy, a obrigara a tomar uma poção com um gosto terrível de cor amarelo esverdeada e fizera um outro curativo. Os outros também ingeriram uma poção, só que a deles era calmante e de cor alaranjada. Depois disso a enfermeira retornou para a ala hospitalar.

-Você ainda não me disse o que estava fazendo nesta parte do castelo.- Catherine questionou Hermione.

-Te procurando.- Mione respondeu antes que os meninos tivessem oportunidade de falar qualquer coisa e pedindo com o olhar que eles não a desmentissem.

-E vocês?-Cathy perguntou aos meninos.

-Ficamos preocupados. Ela não voltava, então resolvemos procurá-la – Rony retrucou.

-O que você queria comigo Mione?

-Te pedir para tentarmos de novo. Acho que é isso que deveríamos fazer. Vamos voltar a ser amigas?

-Claro!-depois do que acontecera Cathy finalmente compreendera o que Sirius dissera e o fato da outra ter tomado a iniciativa e eliminado a necessidade de um pedido de desculpas tornava a reconciliação perfeita.

-Vocês cumprirão duas detenções. Não haverá perda de pontos, porque o ocorrido não deverá ser conhecido por ninguém fora daqui.- os professores retornaram a sala e comunicaram o castigo. Depois disso acompanharam os alunos até seus salões comunais.

Mais tarde, Catherine já adormecera pelo efeito de um sonífero que Madame Pomfrey lhe dera, quando se viu envolta em trevas. A canção voltou a invadir seus ouvidos. Doce, calmante, trazendo uma paz e uma esperança que nenhum remédio da enfermeira poderia lhe fornecer. A mesma imagem do belo pássaro foi logo substituída pela visão da mulher, mas continuou a estar lá como uma sombra. Enfim outro sonho como todos os outros que pareciam nunca trazer respostas, apenas perguntas cada vez mais dúvidas.

-Serei breve! Até onde irias para realizar teu desejo?- naquele instante o significado da pergunta anterior se tornou inteligível para a garota. Entretanto, ela ainda não sabia como decidir. Acharia mais simples que o espectro ou o que quer que fosse aquela mulher revelasse logo o que era preciso fazer. De outra forma, como saberia se seria capaz ou não?