O AGENTE HUMANO - parte 3
SYSTEM CRASH!
__ Morpheus, eles nos descobriram. É preciso evacuar os Potenciais.
A mensagem era repetida e analisada pelos computadores da nave exaustivamente, mas Tank já adiantara o resultado das análises.
__A voz é de Mojo, com certeza. O código apresenta a mesma assinatura dele. Eu aposto minha vida nisto.
Morpheus olhava para as telas que pulsavam à cada palavra da mensagem. Eles haviam acabado de recebê-la, e a última coisa que Morpheus podia fazer era ignorá-la. Várias vezes os Agentes haviam enganado capitães de hovercrats através de mensagens falsas, atraindo Soldados para dentro da Matrix e os destruindo. Mas eles nunca haviam encontrado o Oráculo, e ainda não eram capazes de reproduzir a assinatura do código de uma mente humana. Porém, em relação à Matrix, nunca se podia subestimar a capacidade de aperfeiçoamento dos programas do sistema.
__Eu acredito em você Tank. Mojo é um dos soldados mais leais ao Oráculo, e eu devo a ele a minha crença, ele foi um dos que me guiaram até o Oráculo. Nós vamos até lá, mas primeiro encontre um lugar seguro para transmitirmos os nossos sinais para a Matrix.__disse Morpheus, colocando a mão no ombro de Tank.
__Existe um bom lugar a cerca de dez minutos da nossa posição, Morpheus.
__Então nós chegaremos em cinco minutos. Já faz um bom tempo que eu não pego nos controles da minha nave.
Morpheus se afastou da mesa do operador e se dirigiu para o outro lado da Nabucodonossor, onde Trinity estava pilotando a nave. Ao seu lado, em uma das cadeiras de transmissão, estava Neo, com os olhos cerrados. Morpheus olhou para a parte de trás da cadeira de Neo e viu que o Escolhido estava conectado ao computador da nave.
__Ele está treinando de novo?__ perguntou para Trinity.
__Sim, ele já esta no programa de simulação a mais de três horas. Ele tinha me dito que precisava melhorar o seu controle sobre projéteis. Tank programara um combate contra dezenas de Agentes armados. Mas eu acho que Neo está exagerando, as vezes vejo sangue escorrendo dos seus lábios...Eu acho que ele devia parar um pouco...
__Não, deixe o assim. Faz parte do seu desenvolvimento. Além do mais, existe uma razão para as ações do Escolhido. Ele deve estar se preparando para combates futuros. Não se pode questionar as ações de Neo, depois da sua mudança. Talvez ele esteja se preparando para o combate que irá terminar com a guerra, como diz a Profecia. Agora passe-me os controles Trinity.
Olhando surpresa para o seu capitão, Trinity levantou-se. Os computadores da nave imediatamente assumiram o controle, enquanto Morpheus se acomodava na cadeira. Trinity conhecia muito o seu capitão, a ponto de saber as mínimas variações de seu humor. E naquele momento, o grande líder estava preocupado.
__Parece que a mensagem que recebemos é verdadeira.__disse Trinity.
__Sim.__disse Morpheus enquanto alimentava o computador de navegação com as coordenadas que foram enviadas por Tank __ Aconteceu o que eu mais temia. Os Agentes estão indo atrás do Oráculo e dos Potenciais. E sem o Oráculo, a Profecia não poderá ser cumprida.
__Morpheus, vou perguntar uma coisa, mas eu queria que você prometesse que não vai ficar ofendido.
__O que é Trinity?
__Estamos indo salvar os órfãos e o Oráculo, ou a Profecia?
Morpheus olhou para Trinity por uns instantes, e depois olhou para Neo.
__Você está perguntando para a pessoa errada, Trinity. Eu estou apenas fazendo o que eu devo fazer.
Neo parou em frente a um enorme shopping center. A última luta havia sido terrível, e partes de sua roupa negra estavam queimadas com a fúria dos últimos combates. Com o intervalo que Tank programara, ele poderia rever todas as suas ações passadas. Estranhamente, não estava exausto. Pelo contrário sentia-se cada vez mais renovado. Isso estava acontecendo nos últimos tempos, quanto mais desenvolvia suas habilidades, mais energia sentia dentro de si.
Era como se não houvesse limite para o que podia fazer dentro do código da Matrix, como se não houvesse um teto para os modos com que sua mente podia quebrar e submeter a programação. Mesmo dentro dos limitados recursos do Programa de Simulação da nave, as suas habilidades cresciam cada vez mais depois de cada luta. Olhando para o shopping, uma construção feita pelo falecido Mouse, Neo disse em voz alta, ordenando ao Programa de Simulação:
__Acionando sistema de controle, senha 1234WT54378RT167TA, usuário Neo. Aumentar o número de Agentes para cinqüenta, não, melhor, cem Agentes com armamento padrão e grau de aleatoriedade de táticas e de armas elevado para 31,4 por cento. Aumentar a velocidade dos Agentes em 60 por cento e o nível de letalidade dos ataques em 75 por cento.
Uma leve flutuação no código do programa indicava que as mudanças haviam sido processadas. "Não existe shopping, nem Agentes,nem ataques, apenas a mente correndo livre...", pensou Neo, enquanto entrava no shopping. As palavras do Potencial que havia lhe mostrado a colher se torcendo ressoavam em sua mente, e inspiravam a expansão de sua consciência para dentro do código da Matrix, e funcionavam perfeitamente com o programa de simulação.
Neo entrou em um amplo espaço central, com dezenas de lojas circundando uma fonte de água rodeada de cadeiras e mesas onde centenas de pessoas conversavam, comiam, liam jornais, etc. Era uma praça de alimentação, com diversas lanchonetes e restaurantes circundando o espaço. Apesar da qualidade da simulação, a simplicidade dos construtos contrastava com as lembranças de Neo sobre a Matrix.
O falecido Mouse fizera milagres com o código do Simulador para criar ambientes realistas, mas para isso, ele programara o sistema para excluir o que fosse supérfluo para a simulação em curso. Assim, as pessoas que estavam no shopping desapareciam quando passavam para uma certa distância de Nitro, apenas para reaparecerem se fizessem a trajetória de volta. Outra coisa que Mouse tirara fora o odor, que apenas aparecia quando Neo chegava perto de alguma comida ou passava em frente a uma loja de perfumes. As cores também eram meio artificiais, muito diferente das sutis texturas da Matrix. "Desculpe Mouse, se eu tivesse despertado antes, você talvez estaria vivo", pensou o Escolhido, cerrando os dentes com a lembrança da traição de Cypher.
Como que ressoando a lembrança do traidor, uma senhora que estava sentada com o seu cachorrinho em uma mesa à esquerda de Neo, próximo à fonte central da praça de alimentação, emite um gemido de dor. Neo se vira sacando uma metralhadora Uzi de sua cintura e dispara em sua direção. O Agente, que já havia incorporado na perua, desviou facilmente da rajada de Neo, pulado para trás de outra mesa onde haviam três adolescentes gritando de desespero, seus Big Macs e Macshakes caindo pela mesa. Neo correu em sua direção e com um salto mortal, passou por cima dos adolescentes e descarregou toda a sua arma na cabeça do Agente, que imediatamente caiu morto.
Neo ainda estava completando o salto quando uma dezena de Agentes se materializaram nas pessoas que corriam desesperadas do lugar, em um círculo em torno do Escolhido. Quando os pés de Neo tocaram no chão, uma tempestade de balas vieram de todos os lados, atingindo em seu caminho, mulheres, crianças, pais, velhos, criando um mar de corpos ao seu redor. Neo fechou os olhos e emitiu um pensamento simples para o código do Simulador, um comando para as balas que se aproximavam rapidamente em sua direção. Vendo com a mente o código do Simulador e a trajetória das milhares de balas que vinham em sua direção, Neo comandou : "Parem!"
As balas pararam completamente em sua trajetória, formando uma constelação de chumbo flutuando em torno de Neo. Os Agentes continuaram disparando, o que forçava o Escolhido a continuar concentrando em todas as trajetórias das balas para pará-las uma a uma. Estas se acumulavam no círculo flutuante em torno de Neo. "Vou tentar uma coisa, " pensou, enquanto absorvia em sua consciência cada uma das balas que flutuavam em seu redor.
"Voltem!"
Como se tivessem sido disparadas novamente, as milhares de balas retornaram as trajetórias que tinham feito em direção aos Agentes. Com milimétricas modificações colocadas por Neo, o efeito das balas nos Agentes fora devastador, varando seus corpos com uma violência impressionante.
__Você já está começando a me dar medo, amor.
Neo virou-se em direção à entrada do shopping. Uma sensação de calor se apossou de seu peito. Era Trinity. Neo sorriu e andou em direção a coisa mais importante da sua vida. Ele podia sentir o perfume de sua pele, mesmo dentro da Simulação.
__Eu ainda não termi... __ disse Neo quando foi interrompido por um tiro vindo do lado direito da entrada do shopping. Em um milhonésimo de segundo, a trajetória da bala se estampou em sua mente. Ela ia até Trinity!
Neo se moveu em uma velocidade inacreditável, e atingiu a bala com o cano de sua Uzi, para desviá-la do rosto de Trinity. A bala explodiu o enorme vidro de uma loja de produtos para computadores, espalhando os cacos de vidro por todos os lados. Aproveitando a inércia do seu movimento, Neo girou o corpo e lançou a Uzi que estava em sua mão em direção ao local de onde partiu o disparo, atingindo em cheio a cabeça do Agente. Antes que esse pudesse se recuperar, Neo gritou:
__ Acionando sistema de controle, senha 1234WT54378RT167TA, usuário Neo. PARAR PROGRAMA DE COMBATE!
Isso apagou completamente o cenário, deixando Neo e Trinity em pé em um branco infinito. Trinity se aproximou de Neo:
__Meu Deus, Neo, você está bem?
Neo olhou para aqueles belos olhos azuis, que o fitavam com preocupação. A beleza de Trinity era sufocante, ele achava difícil acreditar que tinham se encontrado, que, em meio de toda aquela loucura, a felicidade havia entrado em sua vida. Ele não precisava de nada, de mais nada, além da visão daqueles belos olhos azuis. Tomando sua amada em seus braços, Neo falou sorrindo:
__Você se lembra da nossa primeira vez nesse branco todo? Eu estava muito nervoso...
__Nervoso? Não parecia...Você estava com medo de não conseguirmos libertar Morpheus?__ disse Trinity, aproximando seus lindo lábios da boca de Neo.
__Não, não era por isso. Estava nervoso por você. Me aterrorizava a possibilidade de você morrer naquele dia...
__Mas eu estou viva, meu amor, e estou com você...__ disse Trinity, beijando-o longamente em seguida. Porém um som eletrônico irritante interrompeu os dois amantes!
__ Tank?__ disse Trinity, no seu telefone celular, que tirara com certa dificuldade de seu casaco. Neo, ainda abraçado a Trinity, olhava para ela curioso. Trinity continuou: __Sim, já estamos prontos, pode terminar a nossa transmissão.
__O que foi?__ perguntou Neo.
__É o Oráculo, Neo. Ela precisa de nós.__ e no intante seguinte, os corpos virtuais de Neo e Trinity desapareceram no espaço da Simulação como a fumaça de um incenso que se queimara por inteiro.
Do lado de fora de um prédio velho, na parte mais pobre da Cidade, um carro negro estava estacionado, os vidros espelhados protegendo a identidade dos seus ocupantes. Dois homens vestidos de terno e com óculos escuros observavam atentamente o prédio. Na parte de trás estava Defrag, com uma roupa branco-acinzentada, tamborilando o encapamento sintético do banco traseiro com ansiedade. Ele olhava a rua, observando crianças brincando com um hidrante que vazava água em profusão. As pessoas passavam por eles, parecendo não notar suas presenças.
__Interessante, vocês podem alterar completamente a percepção das pessoas. O que eles estão vendo nesse lugar onde estamos?
O Agente Brown, olhando por um segundo para o seu colega, virou-se para trás com visível incômodo e disse, a voz fria e pausada escondendo uma prepotência e superioridade gritante:
__Eles vêem apenas lixo jogado na rua. Isso o incomoda, humano?
__Não, nem um pouco. Eu só queria saber quanto tempo ficaremos aqui. Vocês já pegaram aqueles garotos, não encontraram o Oráculo e Neo não apareceu. Acho que o plano de vocês não deu certo.__ comentou Defrag, olhando com desprezo.
__ Eles virão. O plano é matematicamente perfeito, Sr. Defrag. Só existe uma parte da equação que provoca uma aleatoriedade no resultado.
__E qual é ela?
__Você e Neo.
Defrag olhou o Agente Brown com raiva. Como não podiam confiar nele? Com todas aquelas habilidades, Defrag sabia que era impossível para Neo vencê- lo. Impossível, principalmente por causa de um detalhe: a Matrix estava do seu lado. E se a Matrix está do seu lado, quem poderia estar contra ele? O Agente Brown continuou:
__Nós interceptamos uma transmissão deste lugar antes de capturarmos todas as crianças-anomalias. A transmissão tinha sido feita por um antigo programa de proteção que se disfarçava como um velho mendigo negro e que guardava o acesso ao Oráculo. Conseguimos retardá-la antes de enviá-la para os terroristas e deletamos o tal programa. E é claro, colocamos uma rastreador na mensagem, o que nos dará a localização da nave de onde a transmissão estará sendo feita.
__Mas porque fizeram isso? Eu acabo com eles aqui mesmo, dentro da Matrix.
__É sempre bom ter um backup para um plano de ataque. Falhando ou não, Sr. Defrag, nós queremos exterminar com esses rebeldes.
Defrag fitava Brown, que agora se virava para frente a fim de observar a rua. A perfeição da Matrix o fascinava, e cada vez mais Defrag sentia uma identificação com o equilíbrio matemático das Consciências Artificiais, com a complexidade dos algorítmicos mentais que estavam por trás de suas ações. "Será que eles tem o mesmo grau de auto consciência que nós humanos possuímos, ou será que pertencem a uma espécie de consciência coletiva?", pensava. Porém, o grau de independência demonstrada pelo programas que encontrara era enorme, o que indicava que, se existia uma consciência coletiva dentro da Matrix, ela permitia um certo nível de livre arbítrio para os códigos autoconscientes que gerava.
Subitamente, uma flutuação conhecida no código da Matrix chamou a atenção de Defrag. Era uma assinatura característica, uma assinatura que aprendera a reconhecer, logo depois que seus poderes se manifestaram. Uma assinatura gravada e memorizada através das pesquisas no Banco de Dados da Matrix. Um código que lhe queimava de desejo. Sem ao menos pensar, Defrag gritou:
__Trinity! Trinity está aqui! Porém onde....No alto...Deixa eu sair desse maldito carro!
E com um pontapé, Defrag lançou para longe a porta direita do banco traseiro. Saindo rapidamente, Defrag olhou para cima e viu, pulando de um prédio para outro, Trinity em cima de uma moto. Defrag fitou-a paralisado com a beleza de seu corpo perfeito delineado na roupa de vinil negro e com o movimento belíssimo que ela fez, pulando da moto em um mortal para trás e fazendo com que o veículo caísse em direção...
__SAIAM DAÍ SEUS IDIOTAS!__ gritou Defrag, dando um chute circular no vidro dianteiro do carro onde ainda estavam os dois Agentes. Pulando perpendicularmente ao carro, Defrag segurou os dois Agentes pelo colarinho enquanto girava o corpo no sentido anti-horário, lançando-os a cerca de dez metros do carro. No momento em que seu corpo terminava a trajetória, a motocicleta atingiu em cheio o carro, que explodiu violentamente em uma enorme nuvem de fogo.
Trinity aterrisou lançando todo o seu peso na perna esquerda dobrada e com a perna direta esticada para amortecer a queda, com a enorme bola de fogo refletindo em seu capacete negro. Os dois Agentes começaram a andar em sua direção, porém uma segunda figura na sua frente, levantando uma das mãos em um sinal negativo. Era um jovem vestido com uma casaco negro, óculos escuros e com uma expressão séria.
__Hei, acho melhor você pararem por aí mesmo.__ disse Neo para os Agentes. Depois virando-se para Trinity, completou__ Trinity, os Potenciais!
Trinity já estava correndo para dentro do prédio, quando um dos Agentes disse:
__Anomalia, estávamos esperando por você. Nós nos aperfeiçoamos desde o nosso último encontro.
__Então mostrem-me!__ exclamou Neo levantando a mão direita com a palma em sua direção e colocando o braço esquerdo atrás das costas, fazendo um convite para a luta. Porém antes de que os Agentes se movessem, uma voz atrás de Neo disse:
__Infelizmente, hoje é a minha vez, Sr. Escolhido. E garanto que você não lutará com mais ninguém depois de mim...Ou será que tem kung fu no inferno?
Defrag estava em pé em frente aos destroços do carro, seu terno e capote brancos chamuscados pela explosão, com algumas chamas ainda consumindo partes do tecido. Os cabelos quase brancos e sua pele pálida estava completamente machados de fuligem. Uma das lentes dos seus óculos escuros estava rachada, onde um olho vazado fitava Neo com ódio e frieza. Ele olhou por um instante o estado de sua roupa assim como os ferimentos enorme que tinha em suas mãos e sua testa. Olhando para um Neo surpreso, Defrag falou:
__ É lógico que eu não posso enfrentar um sujeito tão importante como você nesse estado. Espere um pouco.__e com um comando mental, um anel de luz verde percorreu o seu corpo desde os pés até a cabeça, concertando completamente sua roupa e seu corpo, até mesmo seus óculos escuros. Assim, impecável, olhou para Neo e sorriu. O Escolhido, completamente tomado de surpresa, exclamou:
__ Quem é você?
Defrag sorriu mais ainda, enquanto ordenava através da linguagem eletrônica da Matrix: " Vão atrás de Trinity e a capturem viva!". E, observando os Agentes entrando dentro do prédio, disse para Neo:
__Eu sou o outro Escolhido, Neo. Mas diferente de você, que fora escolhido pelos homens, eu fui selecionado pela Matrix. Depois de ter sido enganado por você...
Tomando consciência do plano dos Agentes, Neo ataca-os com uma voadora, mas é interceptado no ar com um chute giratório em seu estômago, o que o lançou no capô de um carro velho que estava estacionado no outro lado da rua. A violência do golpe foi tão grande, que o impacto acabou rachando o carro em dois e afundando parte do asfalto que estava embaixo. Levantando-se vagarosamente, Neo viu Defrag caminhando calmamente em sua direção. O estranho albino, de feições perfeitas, como que construídas em um editor de imagens, sorria e lhe estendia a mão.
__ Calma, Neo, ainda é cedo para a dor. A dor virá mais tarde eu prometo, mas primeiro, quero ver o que você pode fazer. Quero ver o que Trinity viu em você de tão especial...
Dentro do prédio, Trinity subia desesperadamente as escadas até o andar onde ficavam os Potenciais e o Oráculo. Os elevadores haviam sido destruídos, o que era um mau sinal. Ela podia ouvir passos a seguindo, e sabia que não eram de Neo. O que poderia ter acontecido? Dois Agentes seriam facilmente derrotados por Neo, o que daria tempo para que ela subisse e levasse os Potenciais para o terraço, onde Morpheus poderia resgatá-los com o helicóptero que eles tinham roubado. Neo havia visto o carro dos Agentes claramente, mesmo dentro da codificação de camuflagem que eles estavam usando. O que podia ter dado errado?
Sem nenhum tempo a perder, Trinity chegou até o andar do Oráculo e, antes de entrar na sala, arrastou uma enorme mesa de recepção até a porta da escada, colocando-a num ângulo de modo a fechar a passagem. Aquilo não pararia um Agente, mas retardaria o seu movimento até que ela pudesse levar os Potenciais para o terraço.
Trinity abriu a porta da sala. Para a sua surpresa, todos os móveis estavam destruídos, e os desenhos infantis que antes decoravam a sala haviam sido arrancados. E no centro da sala, estava um Agente, com uma das mãos no ouvido, como se estivesse recebendo intruções, e com a outra segurando uma pistola Mauser na direção de Trinity. O Agente falou:
__Sim, a terrorista está aqui.
(continua)
FIM DA PARTE TRÊS
Nitro
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SYSTEM CRASH!
__ Morpheus, eles nos descobriram. É preciso evacuar os Potenciais.
A mensagem era repetida e analisada pelos computadores da nave exaustivamente, mas Tank já adiantara o resultado das análises.
__A voz é de Mojo, com certeza. O código apresenta a mesma assinatura dele. Eu aposto minha vida nisto.
Morpheus olhava para as telas que pulsavam à cada palavra da mensagem. Eles haviam acabado de recebê-la, e a última coisa que Morpheus podia fazer era ignorá-la. Várias vezes os Agentes haviam enganado capitães de hovercrats através de mensagens falsas, atraindo Soldados para dentro da Matrix e os destruindo. Mas eles nunca haviam encontrado o Oráculo, e ainda não eram capazes de reproduzir a assinatura do código de uma mente humana. Porém, em relação à Matrix, nunca se podia subestimar a capacidade de aperfeiçoamento dos programas do sistema.
__Eu acredito em você Tank. Mojo é um dos soldados mais leais ao Oráculo, e eu devo a ele a minha crença, ele foi um dos que me guiaram até o Oráculo. Nós vamos até lá, mas primeiro encontre um lugar seguro para transmitirmos os nossos sinais para a Matrix.__disse Morpheus, colocando a mão no ombro de Tank.
__Existe um bom lugar a cerca de dez minutos da nossa posição, Morpheus.
__Então nós chegaremos em cinco minutos. Já faz um bom tempo que eu não pego nos controles da minha nave.
Morpheus se afastou da mesa do operador e se dirigiu para o outro lado da Nabucodonossor, onde Trinity estava pilotando a nave. Ao seu lado, em uma das cadeiras de transmissão, estava Neo, com os olhos cerrados. Morpheus olhou para a parte de trás da cadeira de Neo e viu que o Escolhido estava conectado ao computador da nave.
__Ele está treinando de novo?__ perguntou para Trinity.
__Sim, ele já esta no programa de simulação a mais de três horas. Ele tinha me dito que precisava melhorar o seu controle sobre projéteis. Tank programara um combate contra dezenas de Agentes armados. Mas eu acho que Neo está exagerando, as vezes vejo sangue escorrendo dos seus lábios...Eu acho que ele devia parar um pouco...
__Não, deixe o assim. Faz parte do seu desenvolvimento. Além do mais, existe uma razão para as ações do Escolhido. Ele deve estar se preparando para combates futuros. Não se pode questionar as ações de Neo, depois da sua mudança. Talvez ele esteja se preparando para o combate que irá terminar com a guerra, como diz a Profecia. Agora passe-me os controles Trinity.
Olhando surpresa para o seu capitão, Trinity levantou-se. Os computadores da nave imediatamente assumiram o controle, enquanto Morpheus se acomodava na cadeira. Trinity conhecia muito o seu capitão, a ponto de saber as mínimas variações de seu humor. E naquele momento, o grande líder estava preocupado.
__Parece que a mensagem que recebemos é verdadeira.__disse Trinity.
__Sim.__disse Morpheus enquanto alimentava o computador de navegação com as coordenadas que foram enviadas por Tank __ Aconteceu o que eu mais temia. Os Agentes estão indo atrás do Oráculo e dos Potenciais. E sem o Oráculo, a Profecia não poderá ser cumprida.
__Morpheus, vou perguntar uma coisa, mas eu queria que você prometesse que não vai ficar ofendido.
__O que é Trinity?
__Estamos indo salvar os órfãos e o Oráculo, ou a Profecia?
Morpheus olhou para Trinity por uns instantes, e depois olhou para Neo.
__Você está perguntando para a pessoa errada, Trinity. Eu estou apenas fazendo o que eu devo fazer.
Neo parou em frente a um enorme shopping center. A última luta havia sido terrível, e partes de sua roupa negra estavam queimadas com a fúria dos últimos combates. Com o intervalo que Tank programara, ele poderia rever todas as suas ações passadas. Estranhamente, não estava exausto. Pelo contrário sentia-se cada vez mais renovado. Isso estava acontecendo nos últimos tempos, quanto mais desenvolvia suas habilidades, mais energia sentia dentro de si.
Era como se não houvesse limite para o que podia fazer dentro do código da Matrix, como se não houvesse um teto para os modos com que sua mente podia quebrar e submeter a programação. Mesmo dentro dos limitados recursos do Programa de Simulação da nave, as suas habilidades cresciam cada vez mais depois de cada luta. Olhando para o shopping, uma construção feita pelo falecido Mouse, Neo disse em voz alta, ordenando ao Programa de Simulação:
__Acionando sistema de controle, senha 1234WT54378RT167TA, usuário Neo. Aumentar o número de Agentes para cinqüenta, não, melhor, cem Agentes com armamento padrão e grau de aleatoriedade de táticas e de armas elevado para 31,4 por cento. Aumentar a velocidade dos Agentes em 60 por cento e o nível de letalidade dos ataques em 75 por cento.
Uma leve flutuação no código do programa indicava que as mudanças haviam sido processadas. "Não existe shopping, nem Agentes,nem ataques, apenas a mente correndo livre...", pensou Neo, enquanto entrava no shopping. As palavras do Potencial que havia lhe mostrado a colher se torcendo ressoavam em sua mente, e inspiravam a expansão de sua consciência para dentro do código da Matrix, e funcionavam perfeitamente com o programa de simulação.
Neo entrou em um amplo espaço central, com dezenas de lojas circundando uma fonte de água rodeada de cadeiras e mesas onde centenas de pessoas conversavam, comiam, liam jornais, etc. Era uma praça de alimentação, com diversas lanchonetes e restaurantes circundando o espaço. Apesar da qualidade da simulação, a simplicidade dos construtos contrastava com as lembranças de Neo sobre a Matrix.
O falecido Mouse fizera milagres com o código do Simulador para criar ambientes realistas, mas para isso, ele programara o sistema para excluir o que fosse supérfluo para a simulação em curso. Assim, as pessoas que estavam no shopping desapareciam quando passavam para uma certa distância de Nitro, apenas para reaparecerem se fizessem a trajetória de volta. Outra coisa que Mouse tirara fora o odor, que apenas aparecia quando Neo chegava perto de alguma comida ou passava em frente a uma loja de perfumes. As cores também eram meio artificiais, muito diferente das sutis texturas da Matrix. "Desculpe Mouse, se eu tivesse despertado antes, você talvez estaria vivo", pensou o Escolhido, cerrando os dentes com a lembrança da traição de Cypher.
Como que ressoando a lembrança do traidor, uma senhora que estava sentada com o seu cachorrinho em uma mesa à esquerda de Neo, próximo à fonte central da praça de alimentação, emite um gemido de dor. Neo se vira sacando uma metralhadora Uzi de sua cintura e dispara em sua direção. O Agente, que já havia incorporado na perua, desviou facilmente da rajada de Neo, pulado para trás de outra mesa onde haviam três adolescentes gritando de desespero, seus Big Macs e Macshakes caindo pela mesa. Neo correu em sua direção e com um salto mortal, passou por cima dos adolescentes e descarregou toda a sua arma na cabeça do Agente, que imediatamente caiu morto.
Neo ainda estava completando o salto quando uma dezena de Agentes se materializaram nas pessoas que corriam desesperadas do lugar, em um círculo em torno do Escolhido. Quando os pés de Neo tocaram no chão, uma tempestade de balas vieram de todos os lados, atingindo em seu caminho, mulheres, crianças, pais, velhos, criando um mar de corpos ao seu redor. Neo fechou os olhos e emitiu um pensamento simples para o código do Simulador, um comando para as balas que se aproximavam rapidamente em sua direção. Vendo com a mente o código do Simulador e a trajetória das milhares de balas que vinham em sua direção, Neo comandou : "Parem!"
As balas pararam completamente em sua trajetória, formando uma constelação de chumbo flutuando em torno de Neo. Os Agentes continuaram disparando, o que forçava o Escolhido a continuar concentrando em todas as trajetórias das balas para pará-las uma a uma. Estas se acumulavam no círculo flutuante em torno de Neo. "Vou tentar uma coisa, " pensou, enquanto absorvia em sua consciência cada uma das balas que flutuavam em seu redor.
"Voltem!"
Como se tivessem sido disparadas novamente, as milhares de balas retornaram as trajetórias que tinham feito em direção aos Agentes. Com milimétricas modificações colocadas por Neo, o efeito das balas nos Agentes fora devastador, varando seus corpos com uma violência impressionante.
__Você já está começando a me dar medo, amor.
Neo virou-se em direção à entrada do shopping. Uma sensação de calor se apossou de seu peito. Era Trinity. Neo sorriu e andou em direção a coisa mais importante da sua vida. Ele podia sentir o perfume de sua pele, mesmo dentro da Simulação.
__Eu ainda não termi... __ disse Neo quando foi interrompido por um tiro vindo do lado direito da entrada do shopping. Em um milhonésimo de segundo, a trajetória da bala se estampou em sua mente. Ela ia até Trinity!
Neo se moveu em uma velocidade inacreditável, e atingiu a bala com o cano de sua Uzi, para desviá-la do rosto de Trinity. A bala explodiu o enorme vidro de uma loja de produtos para computadores, espalhando os cacos de vidro por todos os lados. Aproveitando a inércia do seu movimento, Neo girou o corpo e lançou a Uzi que estava em sua mão em direção ao local de onde partiu o disparo, atingindo em cheio a cabeça do Agente. Antes que esse pudesse se recuperar, Neo gritou:
__ Acionando sistema de controle, senha 1234WT54378RT167TA, usuário Neo. PARAR PROGRAMA DE COMBATE!
Isso apagou completamente o cenário, deixando Neo e Trinity em pé em um branco infinito. Trinity se aproximou de Neo:
__Meu Deus, Neo, você está bem?
Neo olhou para aqueles belos olhos azuis, que o fitavam com preocupação. A beleza de Trinity era sufocante, ele achava difícil acreditar que tinham se encontrado, que, em meio de toda aquela loucura, a felicidade havia entrado em sua vida. Ele não precisava de nada, de mais nada, além da visão daqueles belos olhos azuis. Tomando sua amada em seus braços, Neo falou sorrindo:
__Você se lembra da nossa primeira vez nesse branco todo? Eu estava muito nervoso...
__Nervoso? Não parecia...Você estava com medo de não conseguirmos libertar Morpheus?__ disse Trinity, aproximando seus lindo lábios da boca de Neo.
__Não, não era por isso. Estava nervoso por você. Me aterrorizava a possibilidade de você morrer naquele dia...
__Mas eu estou viva, meu amor, e estou com você...__ disse Trinity, beijando-o longamente em seguida. Porém um som eletrônico irritante interrompeu os dois amantes!
__ Tank?__ disse Trinity, no seu telefone celular, que tirara com certa dificuldade de seu casaco. Neo, ainda abraçado a Trinity, olhava para ela curioso. Trinity continuou: __Sim, já estamos prontos, pode terminar a nossa transmissão.
__O que foi?__ perguntou Neo.
__É o Oráculo, Neo. Ela precisa de nós.__ e no intante seguinte, os corpos virtuais de Neo e Trinity desapareceram no espaço da Simulação como a fumaça de um incenso que se queimara por inteiro.
Do lado de fora de um prédio velho, na parte mais pobre da Cidade, um carro negro estava estacionado, os vidros espelhados protegendo a identidade dos seus ocupantes. Dois homens vestidos de terno e com óculos escuros observavam atentamente o prédio. Na parte de trás estava Defrag, com uma roupa branco-acinzentada, tamborilando o encapamento sintético do banco traseiro com ansiedade. Ele olhava a rua, observando crianças brincando com um hidrante que vazava água em profusão. As pessoas passavam por eles, parecendo não notar suas presenças.
__Interessante, vocês podem alterar completamente a percepção das pessoas. O que eles estão vendo nesse lugar onde estamos?
O Agente Brown, olhando por um segundo para o seu colega, virou-se para trás com visível incômodo e disse, a voz fria e pausada escondendo uma prepotência e superioridade gritante:
__Eles vêem apenas lixo jogado na rua. Isso o incomoda, humano?
__Não, nem um pouco. Eu só queria saber quanto tempo ficaremos aqui. Vocês já pegaram aqueles garotos, não encontraram o Oráculo e Neo não apareceu. Acho que o plano de vocês não deu certo.__ comentou Defrag, olhando com desprezo.
__ Eles virão. O plano é matematicamente perfeito, Sr. Defrag. Só existe uma parte da equação que provoca uma aleatoriedade no resultado.
__E qual é ela?
__Você e Neo.
Defrag olhou o Agente Brown com raiva. Como não podiam confiar nele? Com todas aquelas habilidades, Defrag sabia que era impossível para Neo vencê- lo. Impossível, principalmente por causa de um detalhe: a Matrix estava do seu lado. E se a Matrix está do seu lado, quem poderia estar contra ele? O Agente Brown continuou:
__Nós interceptamos uma transmissão deste lugar antes de capturarmos todas as crianças-anomalias. A transmissão tinha sido feita por um antigo programa de proteção que se disfarçava como um velho mendigo negro e que guardava o acesso ao Oráculo. Conseguimos retardá-la antes de enviá-la para os terroristas e deletamos o tal programa. E é claro, colocamos uma rastreador na mensagem, o que nos dará a localização da nave de onde a transmissão estará sendo feita.
__Mas porque fizeram isso? Eu acabo com eles aqui mesmo, dentro da Matrix.
__É sempre bom ter um backup para um plano de ataque. Falhando ou não, Sr. Defrag, nós queremos exterminar com esses rebeldes.
Defrag fitava Brown, que agora se virava para frente a fim de observar a rua. A perfeição da Matrix o fascinava, e cada vez mais Defrag sentia uma identificação com o equilíbrio matemático das Consciências Artificiais, com a complexidade dos algorítmicos mentais que estavam por trás de suas ações. "Será que eles tem o mesmo grau de auto consciência que nós humanos possuímos, ou será que pertencem a uma espécie de consciência coletiva?", pensava. Porém, o grau de independência demonstrada pelo programas que encontrara era enorme, o que indicava que, se existia uma consciência coletiva dentro da Matrix, ela permitia um certo nível de livre arbítrio para os códigos autoconscientes que gerava.
Subitamente, uma flutuação conhecida no código da Matrix chamou a atenção de Defrag. Era uma assinatura característica, uma assinatura que aprendera a reconhecer, logo depois que seus poderes se manifestaram. Uma assinatura gravada e memorizada através das pesquisas no Banco de Dados da Matrix. Um código que lhe queimava de desejo. Sem ao menos pensar, Defrag gritou:
__Trinity! Trinity está aqui! Porém onde....No alto...Deixa eu sair desse maldito carro!
E com um pontapé, Defrag lançou para longe a porta direita do banco traseiro. Saindo rapidamente, Defrag olhou para cima e viu, pulando de um prédio para outro, Trinity em cima de uma moto. Defrag fitou-a paralisado com a beleza de seu corpo perfeito delineado na roupa de vinil negro e com o movimento belíssimo que ela fez, pulando da moto em um mortal para trás e fazendo com que o veículo caísse em direção...
__SAIAM DAÍ SEUS IDIOTAS!__ gritou Defrag, dando um chute circular no vidro dianteiro do carro onde ainda estavam os dois Agentes. Pulando perpendicularmente ao carro, Defrag segurou os dois Agentes pelo colarinho enquanto girava o corpo no sentido anti-horário, lançando-os a cerca de dez metros do carro. No momento em que seu corpo terminava a trajetória, a motocicleta atingiu em cheio o carro, que explodiu violentamente em uma enorme nuvem de fogo.
Trinity aterrisou lançando todo o seu peso na perna esquerda dobrada e com a perna direta esticada para amortecer a queda, com a enorme bola de fogo refletindo em seu capacete negro. Os dois Agentes começaram a andar em sua direção, porém uma segunda figura na sua frente, levantando uma das mãos em um sinal negativo. Era um jovem vestido com uma casaco negro, óculos escuros e com uma expressão séria.
__Hei, acho melhor você pararem por aí mesmo.__ disse Neo para os Agentes. Depois virando-se para Trinity, completou__ Trinity, os Potenciais!
Trinity já estava correndo para dentro do prédio, quando um dos Agentes disse:
__Anomalia, estávamos esperando por você. Nós nos aperfeiçoamos desde o nosso último encontro.
__Então mostrem-me!__ exclamou Neo levantando a mão direita com a palma em sua direção e colocando o braço esquerdo atrás das costas, fazendo um convite para a luta. Porém antes de que os Agentes se movessem, uma voz atrás de Neo disse:
__Infelizmente, hoje é a minha vez, Sr. Escolhido. E garanto que você não lutará com mais ninguém depois de mim...Ou será que tem kung fu no inferno?
Defrag estava em pé em frente aos destroços do carro, seu terno e capote brancos chamuscados pela explosão, com algumas chamas ainda consumindo partes do tecido. Os cabelos quase brancos e sua pele pálida estava completamente machados de fuligem. Uma das lentes dos seus óculos escuros estava rachada, onde um olho vazado fitava Neo com ódio e frieza. Ele olhou por um instante o estado de sua roupa assim como os ferimentos enorme que tinha em suas mãos e sua testa. Olhando para um Neo surpreso, Defrag falou:
__ É lógico que eu não posso enfrentar um sujeito tão importante como você nesse estado. Espere um pouco.__e com um comando mental, um anel de luz verde percorreu o seu corpo desde os pés até a cabeça, concertando completamente sua roupa e seu corpo, até mesmo seus óculos escuros. Assim, impecável, olhou para Neo e sorriu. O Escolhido, completamente tomado de surpresa, exclamou:
__ Quem é você?
Defrag sorriu mais ainda, enquanto ordenava através da linguagem eletrônica da Matrix: " Vão atrás de Trinity e a capturem viva!". E, observando os Agentes entrando dentro do prédio, disse para Neo:
__Eu sou o outro Escolhido, Neo. Mas diferente de você, que fora escolhido pelos homens, eu fui selecionado pela Matrix. Depois de ter sido enganado por você...
Tomando consciência do plano dos Agentes, Neo ataca-os com uma voadora, mas é interceptado no ar com um chute giratório em seu estômago, o que o lançou no capô de um carro velho que estava estacionado no outro lado da rua. A violência do golpe foi tão grande, que o impacto acabou rachando o carro em dois e afundando parte do asfalto que estava embaixo. Levantando-se vagarosamente, Neo viu Defrag caminhando calmamente em sua direção. O estranho albino, de feições perfeitas, como que construídas em um editor de imagens, sorria e lhe estendia a mão.
__ Calma, Neo, ainda é cedo para a dor. A dor virá mais tarde eu prometo, mas primeiro, quero ver o que você pode fazer. Quero ver o que Trinity viu em você de tão especial...
Dentro do prédio, Trinity subia desesperadamente as escadas até o andar onde ficavam os Potenciais e o Oráculo. Os elevadores haviam sido destruídos, o que era um mau sinal. Ela podia ouvir passos a seguindo, e sabia que não eram de Neo. O que poderia ter acontecido? Dois Agentes seriam facilmente derrotados por Neo, o que daria tempo para que ela subisse e levasse os Potenciais para o terraço, onde Morpheus poderia resgatá-los com o helicóptero que eles tinham roubado. Neo havia visto o carro dos Agentes claramente, mesmo dentro da codificação de camuflagem que eles estavam usando. O que podia ter dado errado?
Sem nenhum tempo a perder, Trinity chegou até o andar do Oráculo e, antes de entrar na sala, arrastou uma enorme mesa de recepção até a porta da escada, colocando-a num ângulo de modo a fechar a passagem. Aquilo não pararia um Agente, mas retardaria o seu movimento até que ela pudesse levar os Potenciais para o terraço.
Trinity abriu a porta da sala. Para a sua surpresa, todos os móveis estavam destruídos, e os desenhos infantis que antes decoravam a sala haviam sido arrancados. E no centro da sala, estava um Agente, com uma das mãos no ouvido, como se estivesse recebendo intruções, e com a outra segurando uma pistola Mauser na direção de Trinity. O Agente falou:
__Sim, a terrorista está aqui.
(continua)
FIM DA PARTE TRÊS
Nitro
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