O AGENTE HUMANO - Parte 7
Projeções
O vento virtual rugia pelos ouvidos de Trinity. O velocímetro da Kawasaki negra estava beirando os duzentos quilômetros por hora. "Droga de trãnsito", pensava a guerreira enquanto ia cortando centenas de carros na avenida principal da cidade. Ela havia interceptado um pedido por uma escolta policial enorme para um veículo blindado e tinha certeza que Neo devia estar nele. A fuga dos Agentes que a viram quando tinha tentado chegar ao local onde Neo havia combatido tinha atrasado o seu resgate. Ela bem que chamou Tank, mas por algum motivo ele e Morpheus não estavam na nave. Sem a ajuda de Tank, Trinity teve que nocautear um jovem turista japonês para pegar a sua moto. Ela até teria utilizado um carro, porém o programa de direção não havia sido carregado em sua mente. "Neo, não me deixe sozinha..."
"Trinity..."
Tudo era escuridão. Nada, apenas trevas envolviam seu campo de visão.
"Trinity..."
Uma forma, primeiro indefinida, entrava em foco. Pequenos códigos verdes surgiam das trevas, formando uma imagem. Uma roda, duas, uma moto. Uma pessoa em cima da moto, as formas sendo delineadas lentamente através dos códigos verdes. Os códigos se entrelaçando e compondo a imagem, agora com uma estrada por baixo, carros, tudo formado por pequenos símbolos verdes que desenhavam tudo através de uma complexa teia entrelaçada de códigos. De códigos da Matrix.
Dor. Muita dor. Irrompendo da visão como uma sensação inoportuna.
"Trinity..."
O rosto da pessoa pilotando a moto ficou definido. Era Trinity. Sua voz ecoava no fundo da imagem: "Neo, não me deixe sozinha..."
A Dor forte em seu corpo. Elevando o campo de visão ele pode ver Trinity em sua moto, pilotando a toda velocidade pela avenida. Tudo em código, tudo em sombras esverdeadas sobre uma tela escura.
O seu campo de visão foi ampliando. Ele podia ver todas as avenidas se entrecortando. Ele pode ver todos os carros, caminhões, ônibus em seu incessante movimento. Ele pode ver, andando em uma avenida transversal, um veículo que brilhava de forma intensa dentro da Matrix. Algo em seu interior fazia com que linhas douradas furassem o código do veículo. Uma escolta de seis carros de polícia o circundavam. Virando para outro lado, ele viu Trinity se dirigindo para um cruzamento mais à frente, onde a avenida onde ela estava cruzava com a avenida do veículo blindado.
"Trinity..."
Ele aproximou sua visão do veículo rapidamente, como em um zoom de uma máquina fotográfica digital, passando pelo denso código das paredes do veículo. Os códigos rígidos e impecáveis de cinco Agentes circundavam um corpo que brilhava com raios dourados ofuscantes. Os raios penetravam tudo, sendo apenas refletidos pelos óculos escuros dos Agentes. O corpo estava no chão, com grande parte dos raios dourados saindo de seu pescoço quebrado. Ilusão. Não existe pescoço para ser quebrado, nem vida para ser perdida na Matrix. Com sua vontade, ele tocou no pescoço do corpo jogado no chão.
___"Ces't impossible, mon ami"! "Monsieur" Chaveiro não está disponível no momento, nem para você, nem para ninguém! E diga para os Agentes que te controlam, "monsieur" Defrag, que da próxima vez que mandarem um novatinho de "merde" invadir "mon chateau", eu vou acabar com o meu exílio e voltar para a parte central do sitema. Eles não vão querer perder milhares de pilhas para saciar "loup-garous" e "nosferatus" que não existem nessa versão da Matrix!
Merovíngio enfiou mais um escargot em sua boca. A gigantesca sala de jantar, decorada em uma mistura de estilos medievais e renascentistas, estava com sua massiva parede direta parcialmente destruída pela entrada de Defrag. Depois de ter tido sua entrada pela porta da frente proibida e bloqueada a força por cerca de oito guarda-costas vampiros, o albino perdeu a paciência. Os corpos dos vampiros que se espalhavam em torno de si eram testemunha da fúria do ex-hacker. Defrag usara os vampiros como um aríete e destruíra a parede lateral sala de jantar do castelo. Era nesse local onde , com sua visão do código, vira Merovíngio e uma mulher jantando.
A pose esnobe do dono do castelo fazia o sangue virtual de Defrag ferver. Merovíngio era tudo que Defrag desprezou em sua vida de hacker obeso e excluído, um ser que vivia pela estética, humilhando todos aqueles que não eram capazes de estar à sua altura. O antigo Marc Hauser jamais teria uma chance de conhecê-lo, seria mais um verme para ser esmagado pelo ego gigantesco do excêntrico europeu. Seria Merovíngio um Exilado? Defrag sabia da existência dos exilados, porém o código do Merovíngio não parecia ser o de um programa. Humano ele não era mesmo, o seu código pulsava completamente livre das amarras impostas pela Matrix. Parecia dotado de uma complexidade impressionante e ao mesmo tempo primitiva, rude, sem as sutilezas dos códigos dos Agentes. Porém isso não o ajudava em obter o Chaveiro. E sem o Chaveiro ele não teriam as mãos que poderiam matar o Escolhido.
__ Preciso do Chaveiro. E essa é a segunda e última vez que peço educadamente. Onde está ele?
A belíssima mulher que estava sentada do outro lado da enorme mesa de carvalho trabalhado em motivos barrocos sorri e colocando o copo de vinho que estava bebendo disse:
__"Chéri", você não vai me apresentar o seu amigo, que tão delicadamente interrompeu o meu jantar, o único que consegui ter sozinho com você esta semana? É a primeira vez que ele nos visita nessa versão, não é?
Defrag olhou para a belíssima mulher, sentindo a costumeira timidez de seu passado. Apesar de ter modificado sua aparência, Defrag ainda se sentia como o gordo e obeso Marc Hauser, principalmente perto de mulheres bonitas. A mulher olhava-o com desdém, mais interessada em provocar o seu companheiro do que na sua presença.
__Ele não é meu amigo nem meu convidado, "chérie" Perséfone. E já está de saída, não é mesmo, "Monsieur" Defrag!
__Eu só saio daqui com o Chaveiro. Não precisa me indicar onde ele está, eu vou destruindo todas as paredes desse seu belo castelo até achá-lo. Agora com licença, ou será que vou ter que matar vocês dois?
Perséfone arregalou os olhos em uma mistura de surpresa e diversão. Logo depois ela olhou para Merovíngio, que apertava os lábios com força, como que contendo uma explosão de raiva e a dirigindo para o olhar. Logo em seguida, o rosto de Merovíngio relaxou, dando lugar a uma riso irônico. Batendo palmas, Merovíngio exclamou:
__Bravo! Bravo, "Monsieur" Defrag. À cada versão sua você está ficando cada vez mais melodramático. E psicótico. Não me lembrava de você ser tão determinado das outras vezes. O que será que mudou? Uma "femme", talvez? Bem, não importa, o "Monsieur" irá falhar novamente. Bah! Será que o Arquiteto não se cansa de mandar pseudo-escolhidos para tentar levar o Chaveiro? Isso é "ridicule"!
O riso foi a gota d'água para Defrag. Em um pulo, o albino subiu em cima da enorme mesa de carvalho e correu em direção à Merovíngio. Sua velocidade era impressionante. Com a consciência expandida, Defrag conseguiu medir exatamente a distância exata para interromper a corrida, dar um impulso e atacar com um chute voador em direção ao rosto de Merovíngio. No momento do impacto, uma enorme força irrompeu por baixo de sua perna atingindo o seu corpo em cheio e lançando-o por cima de Merovíngio. Isso fez com que Defrag colidisse com enorme parede do fundo da sala. Um enorme quadro renascentista foi completamente destruído, junto com dois vasos enormes e uma pequena mesa do século XVI.
Sentado no chão na base da parede destruída, Defrag olhou para a mesa. Merovíngio havia se levantado e sorria ironicamente.Porém o que chamou a atenção de Defrag era a criatura que surgia da mesa, saindo de dentro da madeira como um fantasma, atravessando a madeira como se ela não existisse. Era a criatura que havia desviado o seu ataque, um ser completamente sem cor, com dreadlocks brancos ao invés de cabelos e óculos escuros, que completavam o sinistro rosto fantasmagórico. Um arrepio correu pela espinha de Defrag. Agora ele sabia que "fantasmas" existiam.
E sem que Defrag percebesse, da parede acima de sua cabeça, outro "fantasma", absolutamente idêntico ao que estava em pé em cima da mesa, surgia silenciosamente. Em sua mão direita, uma navalha luzia, preparada para um arco de movimento que terminaria no pescoço de Defrag!
__Droga, o que a gente vai fazer com esse menino?__ reclamava Tank, caminhando de volta para a Nabucodonossor. O caminho de volta parecia mais fácil, agora que sabiam onde pisar. O terreno das Colméias Negras era completamente irregular, feito mais para as Aranhas-Babás, do que para humanos.
Bodhi era carregado por Morpheus, pois seus músculos ainda não podiam fazer nenhum movimento mais forte. Sem ter sido utilizados por toda uma vida levaria semanas de tratamentos intensivos para que Bodhi pudesse andar pela primeira vez em sua vida. O menino era muito leve, o que facilitava para Morpheus carregá-lo nas costas, porém isso deixava o capitão completamente vulnerável. Se eles fossem atacados, Tank teria que lhe dar cobertura até que ele pudesse colocar Bodhi em um local mais seguro. O que poderia significar a morte dos três.
__Toda mente livre é preciosa Tank. Bodhi poderá nos dar mais detalhes de onde os órfãos estão.
O menino estava completamente desmaiado, o esforço do despertar havia consumido todas as forças daquele frágil corpo. Mas para Morpheus, tudo estava acontecendo de acordo com a Profecia. Por algum tipo de milagre, nenhum Sentinela havia os perturbado no caminho de volta a nave. Essa sensação foi confirmada quando Morpheus viu a Nabucodonossor intacta. Tank se entusiasmou:
__A Nave! Encontramos a nave a ainda estamos vivos! Rá! Espera só eu chegar em Zion e contar isso para o pessoal! Morpheus, eu vou na frente para preparar o computador de bordo!
Tank correu para a nave, enquanto Morpheus caminhava mais lentamente.
"Isso está fácil demais, até mesmo para um milagre.", pensou Morpheus, enquanto subia as escadas da Nabucodonossor. Colocando Bodhi em uma maca, Morpheus fechou a escotilha inferior e se dirigiu para Tank, que já estava entretido com a programação do computador da nave.
__Pronto, capitão, estamos prontos para zarpar. Para onde vamos?
__Preciso de um bom ponto de transmissão. Temos que enviar as informações que temos para Trinity. Porém, tem algo errado aqui, está muito fácil...
__Deixa de ser pessimista, chefe. Vamos nessa!__ disse Tank, enquanto acionava os campos eletromagnéticos da Nabucodonossor. Com o som de explosões elétricas, a nave levantou-se do ponto onde estava. Porém, o brilho de milhares de pontos vermelhos irrompeu nos sensores de radar da nave. Pontos vermelhos que circundavam a nave por todos os lados.
__Meu Deus...__ exclamou Tank, olhando para o visor frontal da nave.
__Bem que precisamos de um agora...__exclamou Morpheus, ao olhar para os visores laterais da nave.
Circundando a Nabucodonossor, centenas de Sentinelas flutuavam, seus olhos vermelhos preenchendo o campo de visão dos passageiros da nave. Outras mais se aproximavam, saindo dos seus esconderijos em torno da nave, como caranguejos prestes a recolher o as criaturas que a maré trouxe para a areia.
(continua)
Escrito por Nitro (Newton Jr.)
Para ver as outras partes e as capas de
cada um dos episódios, visite-nos no
www.nitro.blogger.com.br
e deixe um comentário e suas teorias sobre
o terceiro filme do Matrix! Obrigado pela
atenção e espero que estejam gostando da
leitura. :)
__
Projeções
O vento virtual rugia pelos ouvidos de Trinity. O velocímetro da Kawasaki negra estava beirando os duzentos quilômetros por hora. "Droga de trãnsito", pensava a guerreira enquanto ia cortando centenas de carros na avenida principal da cidade. Ela havia interceptado um pedido por uma escolta policial enorme para um veículo blindado e tinha certeza que Neo devia estar nele. A fuga dos Agentes que a viram quando tinha tentado chegar ao local onde Neo havia combatido tinha atrasado o seu resgate. Ela bem que chamou Tank, mas por algum motivo ele e Morpheus não estavam na nave. Sem a ajuda de Tank, Trinity teve que nocautear um jovem turista japonês para pegar a sua moto. Ela até teria utilizado um carro, porém o programa de direção não havia sido carregado em sua mente. "Neo, não me deixe sozinha..."
"Trinity..."
Tudo era escuridão. Nada, apenas trevas envolviam seu campo de visão.
"Trinity..."
Uma forma, primeiro indefinida, entrava em foco. Pequenos códigos verdes surgiam das trevas, formando uma imagem. Uma roda, duas, uma moto. Uma pessoa em cima da moto, as formas sendo delineadas lentamente através dos códigos verdes. Os códigos se entrelaçando e compondo a imagem, agora com uma estrada por baixo, carros, tudo formado por pequenos símbolos verdes que desenhavam tudo através de uma complexa teia entrelaçada de códigos. De códigos da Matrix.
Dor. Muita dor. Irrompendo da visão como uma sensação inoportuna.
"Trinity..."
O rosto da pessoa pilotando a moto ficou definido. Era Trinity. Sua voz ecoava no fundo da imagem: "Neo, não me deixe sozinha..."
A Dor forte em seu corpo. Elevando o campo de visão ele pode ver Trinity em sua moto, pilotando a toda velocidade pela avenida. Tudo em código, tudo em sombras esverdeadas sobre uma tela escura.
O seu campo de visão foi ampliando. Ele podia ver todas as avenidas se entrecortando. Ele pode ver todos os carros, caminhões, ônibus em seu incessante movimento. Ele pode ver, andando em uma avenida transversal, um veículo que brilhava de forma intensa dentro da Matrix. Algo em seu interior fazia com que linhas douradas furassem o código do veículo. Uma escolta de seis carros de polícia o circundavam. Virando para outro lado, ele viu Trinity se dirigindo para um cruzamento mais à frente, onde a avenida onde ela estava cruzava com a avenida do veículo blindado.
"Trinity..."
Ele aproximou sua visão do veículo rapidamente, como em um zoom de uma máquina fotográfica digital, passando pelo denso código das paredes do veículo. Os códigos rígidos e impecáveis de cinco Agentes circundavam um corpo que brilhava com raios dourados ofuscantes. Os raios penetravam tudo, sendo apenas refletidos pelos óculos escuros dos Agentes. O corpo estava no chão, com grande parte dos raios dourados saindo de seu pescoço quebrado. Ilusão. Não existe pescoço para ser quebrado, nem vida para ser perdida na Matrix. Com sua vontade, ele tocou no pescoço do corpo jogado no chão.
___"Ces't impossible, mon ami"! "Monsieur" Chaveiro não está disponível no momento, nem para você, nem para ninguém! E diga para os Agentes que te controlam, "monsieur" Defrag, que da próxima vez que mandarem um novatinho de "merde" invadir "mon chateau", eu vou acabar com o meu exílio e voltar para a parte central do sitema. Eles não vão querer perder milhares de pilhas para saciar "loup-garous" e "nosferatus" que não existem nessa versão da Matrix!
Merovíngio enfiou mais um escargot em sua boca. A gigantesca sala de jantar, decorada em uma mistura de estilos medievais e renascentistas, estava com sua massiva parede direta parcialmente destruída pela entrada de Defrag. Depois de ter tido sua entrada pela porta da frente proibida e bloqueada a força por cerca de oito guarda-costas vampiros, o albino perdeu a paciência. Os corpos dos vampiros que se espalhavam em torno de si eram testemunha da fúria do ex-hacker. Defrag usara os vampiros como um aríete e destruíra a parede lateral sala de jantar do castelo. Era nesse local onde , com sua visão do código, vira Merovíngio e uma mulher jantando.
A pose esnobe do dono do castelo fazia o sangue virtual de Defrag ferver. Merovíngio era tudo que Defrag desprezou em sua vida de hacker obeso e excluído, um ser que vivia pela estética, humilhando todos aqueles que não eram capazes de estar à sua altura. O antigo Marc Hauser jamais teria uma chance de conhecê-lo, seria mais um verme para ser esmagado pelo ego gigantesco do excêntrico europeu. Seria Merovíngio um Exilado? Defrag sabia da existência dos exilados, porém o código do Merovíngio não parecia ser o de um programa. Humano ele não era mesmo, o seu código pulsava completamente livre das amarras impostas pela Matrix. Parecia dotado de uma complexidade impressionante e ao mesmo tempo primitiva, rude, sem as sutilezas dos códigos dos Agentes. Porém isso não o ajudava em obter o Chaveiro. E sem o Chaveiro ele não teriam as mãos que poderiam matar o Escolhido.
__ Preciso do Chaveiro. E essa é a segunda e última vez que peço educadamente. Onde está ele?
A belíssima mulher que estava sentada do outro lado da enorme mesa de carvalho trabalhado em motivos barrocos sorri e colocando o copo de vinho que estava bebendo disse:
__"Chéri", você não vai me apresentar o seu amigo, que tão delicadamente interrompeu o meu jantar, o único que consegui ter sozinho com você esta semana? É a primeira vez que ele nos visita nessa versão, não é?
Defrag olhou para a belíssima mulher, sentindo a costumeira timidez de seu passado. Apesar de ter modificado sua aparência, Defrag ainda se sentia como o gordo e obeso Marc Hauser, principalmente perto de mulheres bonitas. A mulher olhava-o com desdém, mais interessada em provocar o seu companheiro do que na sua presença.
__Ele não é meu amigo nem meu convidado, "chérie" Perséfone. E já está de saída, não é mesmo, "Monsieur" Defrag!
__Eu só saio daqui com o Chaveiro. Não precisa me indicar onde ele está, eu vou destruindo todas as paredes desse seu belo castelo até achá-lo. Agora com licença, ou será que vou ter que matar vocês dois?
Perséfone arregalou os olhos em uma mistura de surpresa e diversão. Logo depois ela olhou para Merovíngio, que apertava os lábios com força, como que contendo uma explosão de raiva e a dirigindo para o olhar. Logo em seguida, o rosto de Merovíngio relaxou, dando lugar a uma riso irônico. Batendo palmas, Merovíngio exclamou:
__Bravo! Bravo, "Monsieur" Defrag. À cada versão sua você está ficando cada vez mais melodramático. E psicótico. Não me lembrava de você ser tão determinado das outras vezes. O que será que mudou? Uma "femme", talvez? Bem, não importa, o "Monsieur" irá falhar novamente. Bah! Será que o Arquiteto não se cansa de mandar pseudo-escolhidos para tentar levar o Chaveiro? Isso é "ridicule"!
O riso foi a gota d'água para Defrag. Em um pulo, o albino subiu em cima da enorme mesa de carvalho e correu em direção à Merovíngio. Sua velocidade era impressionante. Com a consciência expandida, Defrag conseguiu medir exatamente a distância exata para interromper a corrida, dar um impulso e atacar com um chute voador em direção ao rosto de Merovíngio. No momento do impacto, uma enorme força irrompeu por baixo de sua perna atingindo o seu corpo em cheio e lançando-o por cima de Merovíngio. Isso fez com que Defrag colidisse com enorme parede do fundo da sala. Um enorme quadro renascentista foi completamente destruído, junto com dois vasos enormes e uma pequena mesa do século XVI.
Sentado no chão na base da parede destruída, Defrag olhou para a mesa. Merovíngio havia se levantado e sorria ironicamente.Porém o que chamou a atenção de Defrag era a criatura que surgia da mesa, saindo de dentro da madeira como um fantasma, atravessando a madeira como se ela não existisse. Era a criatura que havia desviado o seu ataque, um ser completamente sem cor, com dreadlocks brancos ao invés de cabelos e óculos escuros, que completavam o sinistro rosto fantasmagórico. Um arrepio correu pela espinha de Defrag. Agora ele sabia que "fantasmas" existiam.
E sem que Defrag percebesse, da parede acima de sua cabeça, outro "fantasma", absolutamente idêntico ao que estava em pé em cima da mesa, surgia silenciosamente. Em sua mão direita, uma navalha luzia, preparada para um arco de movimento que terminaria no pescoço de Defrag!
__Droga, o que a gente vai fazer com esse menino?__ reclamava Tank, caminhando de volta para a Nabucodonossor. O caminho de volta parecia mais fácil, agora que sabiam onde pisar. O terreno das Colméias Negras era completamente irregular, feito mais para as Aranhas-Babás, do que para humanos.
Bodhi era carregado por Morpheus, pois seus músculos ainda não podiam fazer nenhum movimento mais forte. Sem ter sido utilizados por toda uma vida levaria semanas de tratamentos intensivos para que Bodhi pudesse andar pela primeira vez em sua vida. O menino era muito leve, o que facilitava para Morpheus carregá-lo nas costas, porém isso deixava o capitão completamente vulnerável. Se eles fossem atacados, Tank teria que lhe dar cobertura até que ele pudesse colocar Bodhi em um local mais seguro. O que poderia significar a morte dos três.
__Toda mente livre é preciosa Tank. Bodhi poderá nos dar mais detalhes de onde os órfãos estão.
O menino estava completamente desmaiado, o esforço do despertar havia consumido todas as forças daquele frágil corpo. Mas para Morpheus, tudo estava acontecendo de acordo com a Profecia. Por algum tipo de milagre, nenhum Sentinela havia os perturbado no caminho de volta a nave. Essa sensação foi confirmada quando Morpheus viu a Nabucodonossor intacta. Tank se entusiasmou:
__A Nave! Encontramos a nave a ainda estamos vivos! Rá! Espera só eu chegar em Zion e contar isso para o pessoal! Morpheus, eu vou na frente para preparar o computador de bordo!
Tank correu para a nave, enquanto Morpheus caminhava mais lentamente.
"Isso está fácil demais, até mesmo para um milagre.", pensou Morpheus, enquanto subia as escadas da Nabucodonossor. Colocando Bodhi em uma maca, Morpheus fechou a escotilha inferior e se dirigiu para Tank, que já estava entretido com a programação do computador da nave.
__Pronto, capitão, estamos prontos para zarpar. Para onde vamos?
__Preciso de um bom ponto de transmissão. Temos que enviar as informações que temos para Trinity. Porém, tem algo errado aqui, está muito fácil...
__Deixa de ser pessimista, chefe. Vamos nessa!__ disse Tank, enquanto acionava os campos eletromagnéticos da Nabucodonossor. Com o som de explosões elétricas, a nave levantou-se do ponto onde estava. Porém, o brilho de milhares de pontos vermelhos irrompeu nos sensores de radar da nave. Pontos vermelhos que circundavam a nave por todos os lados.
__Meu Deus...__ exclamou Tank, olhando para o visor frontal da nave.
__Bem que precisamos de um agora...__exclamou Morpheus, ao olhar para os visores laterais da nave.
Circundando a Nabucodonossor, centenas de Sentinelas flutuavam, seus olhos vermelhos preenchendo o campo de visão dos passageiros da nave. Outras mais se aproximavam, saindo dos seus esconderijos em torno da nave, como caranguejos prestes a recolher o as criaturas que a maré trouxe para a areia.
(continua)
Escrito por Nitro (Newton Jr.)
Para ver as outras partes e as capas de
cada um dos episódios, visite-nos no
www.nitro.blogger.com.br
e deixe um comentário e suas teorias sobre
o terceiro filme do Matrix! Obrigado pela
atenção e espero que estejam gostando da
leitura. :)
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