Legenda.
'…' – pensamento.
"…" – fala.
££££££ – sonho.
AMO-TE FINALMENTE
– CAPÍTULO TRÊS –
– Declarações –
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"Sakura…" – disse finalmente, ela ergueu a cabeça e o fitou – "…será que você… você aceitaria jantar fora… comigo amanhã?".
Os olhos de Sakura brilharam.
'Ele está me convidando para um encontro?' – se perguntou.
"Mas é claro, eu adoraria!" – sorriu e sem que percebesse uma lágrima escorreu por sua face, mas foi interrompida pelo toque calejado, porém suave, da mão de um guerreiro. Shaoran a olhou e ela balançou a cabeça.
"Está tudo bem! Eu acho que devemos ir dormir!" – disse levantando-se.
"Posso ficar aqui mais alguns minutos?" – Sakura já se dirigia até a porta da sala.
"Fique à vontade!" – se retirou e seguiu para seu quarto, deixando-o na sala, planejando como faria para que pudesse se declarar no dia seguinte e acabar de vez com a sensação de vazio que se apossa dele cada vez que ela se afasta.
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Sakura chegou em seu quarto com a conversa de Shaoran ao telefone ainda se repetindo em sua mente.
*(…) Não, ainda não disse!… (…) Eu sei que tenho apenas duas semanas!… (…) E com quem eles disseram que eu vou me casar?… (…) Menos mal,… Quem escolhe minha noiva sou eu, não eles!… (…) Eu já disse que dessa vez eu conto para ela Meilin!… (…)*
'O que será que ele quer contar, e para quem?' – deitou-se na cama e se cobriu – 'Será que… não Sakura, não venha ter esperanças!' – ficou fitando o reflexo da lua na janela do seu quarto – 'Por que será que ele me convidou para jantar?' – deu um tímido sorriso, e dormiu fantasiando sobre um jantar romântico com Shaoran.
Na manhã seguinte…
Sakura se levantou, surpreendentemente cedo, se arrumou e foi para a cozinha. Quando desceu a escada, se deteve por um instante, não entendeu porque ela sentia a presença de Shaoran mais forte no andar de baixo. Caminhou até a porta e viu que o rapaz acabara dormindo no sofá.
'Apenas alguns minutos hein!' – pensou sorrindo – 'Vai ficar todo dolorido quando acordar!'.
Ele estava jogado no sofá, todo desajeitado. Ela se aproximou e se ajoelhou no chão, ficando a observá-lo enquanto dormia. Ele tinha as feições relaxadas, e mantinha um pequeno sorriso nos lábios.
'Deve estar tendo belos sonhos!' – pensou – 'Quem dera fosse eu a dona de seus pensamentos, assim como você é dos meus!'.
Sakura levou a mão até os cabelos de Shaoran e tirou uma parte da franja, rebelde, de seu rosto. Ao fazer isso, ele murmurou alguma coisa, que Sakura não compreendeu, e depois abriu lentamente os olhos.
Ao despertar Shaoran se deparou com duas belas esmeraldas olhando para ele. Rapidamente se ajeitou no sofá e arrancou risos da jovem que o observava.
"Ai…!" – fez uma careta e levou a mão até a nuca, massageando-a. Sakura cruzou os braços e balançou a cabeça.
"É isso que dá dormir na sala todo torto desse jeito!" – sentou-se no sofá ao lado dele – "Deixa que eu faço isso!".
Tirou a mão de Shaoran dos próprios ombros e começou a massagear, rápida, porém habilidosamente a nuca e as costas do rapaz. Shaoran fechou os olhos concentrando-se apenas na massagem que Sakura fazia.
'Eu dormiria no sofá todas as noites só para receber uma massagem dessas quando acordasse!'.
"Você é boa nisso!" – disse quando Sakura terminou.
"Massoterapia faz parte do curso de Educação Física!" – levantou e foi para a cozinha – "Vá se trocar e depois desça para tomar café!".
"Tudo bem!" – ficou observando-a enquanto se afastava, ela estava usando um shorts rosa escuro, largo, um palmo acima do joelho, e uma blusa de alça fina de um rosa claro com várias flores bordadas na barra da cor do shorts. O cabelo estava preso em um coque com um bico-de-pato, sendo que a franja havia escapado e caía sedutoramente sobre o rosto, assim como o cabelo da nuca, que se espalhava sobre os ombros. Assim que ela sumiu de sua vista se levantou e foi trocar de roupa.
Colocou uma calça de brim no tom areia e uma camisa azul-marinho.
Quando Shaoran voltou para a cozinha, Fujitaka já havia se levantado e estava auxiliando Sakura a preparar o café.
"Bom dia, Shaoran!" – o cumprimentou assim que entrou na cozinha – "Dormiu bem?".
"Bom dia, Sr. Fujitaka! Dormi muito bem, obrigado!" – disse e Sakura riu.
"Que bom!" – se voltou para Sakura – "O que vocês pretendem fazer hoje, minha filha?".
"Ahm,… eu não sei!" – ela olha para Shaoran – "Quer dizer, se Shaoran não conhecesse a cidade poderíamos ir a vários lugares, mas… Ah! Já sei!" – bate uma mão na palma da outra – "O que você acha de darmos uma volta e passearmos pela cidade lembrando os lugares onde capturamos alguma carta? Não é um grande programa, mas é o melhor que temos para hoje!".
"Está ótimo!" – sorriu com o entusiasmo de Sakura.
Tomaram café conversando sobre várias coisas. Sakura se surpreendeu ao ver como Shaoran se entende bem com seu pai, e ficou muito feliz com isso também.
Saíram logo após o café, Fujitaka pediu que deixassem que ele cuidasse da louça.
O primeiro lugar que visitaram foi o Parque do Rei Pingüim. Como ainda era cedo, o parque estava vazio. Sakura seguiu até o balanço e o empurrou levemente.
"Este é o lugar que me traz mais lembranças!" – se voltou para ele e sorriu.
"Muitas coisas aconteceram aqui!" – olhou para todo o parque pensativo – 'Aqui foi onde decidi aceitar o que eu sentia!'.
"É sim! Capturamos e transformamos várias cartas aqui!" – ele a encarou – 'Foi aqui também que meus sentimentos começaram a mudar,… ou talvez apenas tenha sido revelado o que eu não imaginava sentir!' – suas lembranças voltaram para um final de tarde onde fora confortada por Shaoran no parque, balançou a cabeça levemente despertando e sorriu – "Vamos continuar nosso passeio!" – se afastou do balanço e saíram do parque, caminhando lado a lado.
Passaram pela escola primária de Tomoeda, foram até o zoológico, na loja Twin Bells, onde Shaoran comprou lembranças para sua mãe, suas irmãs, Meilin e também um colar, pelo qual Sakura se apaixonou. Foram almoçar em um restaurante no centro da cidade.
"O que você vai querer?" – Shaoran perguntou puxando a cadeira para Sakura se sentar. "Uhm,… Não sei, o que você vai querer?" – sentou de frente para ela.
"Que tal pedirmos comida italiana?" – sugeriu recebendo um sorriso de Sakura como resposta – "Lasagna, pode ser?".
"Claro!".
O garçom se aproximou e anotou o pedido. Ficaram conversando alegremente enquanto esperavam.
"A Chiharu, sem comentários…" – riu quando se lembrou da amiga – "ela briga um monte com o Yamazaki, mas estão namorando firme há quase dois anos!".
"Yamazaki me contou sobre isso ontem, quando nos encontramos!" – alargou mais o sorriso que tinha no rosto.
"A Naoko conheceu Ueda Masayuki em um sebo há três meses!… Você devia ver os dois, a Naoko não suportava o Masayuki, ou pelo menos era o que parecia!… Eles começaram a se entender quando descobriram ter uma fixação por contos de terror…" – se arrepiou ao lembrar das estórias que a Naoko sempre conta – "E, depois de Ueda praticamente implorar, Naoko decidiu aceitar o pedido de namoro dele!" – suspirou – "Agora faz pouco mais de um mês que estão juntos!".
"Interessante, mas…" – abriu um sorriso um pouco debochado – "você ainda tem medo de fantasmas, Sakura?".
"Aiaiai… dá muito medo!" – se encolheu ligeiramente na cadeira.
"Mas Sakura, depois de tudo o que aconteceu, depois de ter desenvolvido seus poderes dessa maneira…" – ele a olhou incrédulo – "…eu não acredito que você ainda tenha medo de fantasmas!".
"Eu acho que é mais o fato de não ter ninguém que faça com que eu me sinta segura durante as estórias que medo propriamente dito!" – abaixou a cabeça sorrindo um pouco envergonhada. Um silêncio constrangedor se formou em volta deles.
"Sakura? Li?" – Rika se aproximou da mesa onde os dois estavam sentados – "Nossa que surpresa ver vocês dois aqui!".
"Olá Rika!" – Shaoran a cumprimentou com um sorriso.
"Oi Rika!" – Sakura sorriu para a amiga e viu sobre os ombros da garota um homem de terno e gravata azuis escuros entrar no restaurante e se aproximar da mesa deles também – "Oi Professor Terada!".
Terada fez um uma careta quando Sakura o cumprimentou.
"Sakura, já disse um milhão de vezes que não sou mais seu professor!" – ela deu um sorriso amarelo e ele olhou para Shaoran com certa curiosidade.
"Lembra-se de Shaoran Li, Yoshiyuki?" – Rika estava de braços dados com Terada, Shaoran levantou a sobrancelha ao perceber isso.
"Shaoran Li? Mas eu não acredito!" – apertou a mão do rapaz com força, abrindo um grande sorriso – "Você está mudado, eu não te reconheci! Como você está? Quando voltou?".
"Voltei ontem e estou muito bem!" – sorriu discretamente – "Não gostariam de se sentar conosco para o almoço?".
"Não queremos atrapalhar!" – Rika sorriu para Sakura que ficou envergonhada.
"Imagina! Fazemos questão, não é mesmo Shaoran!" – ele concordou com a cabeça.
"Tudo bem, já que insistem!" – puxou uma cadeira para que Rika se sentasse e sentou também. Fez o pedido ao garçom e Shaoran pediu que trouxessem os pratos juntos – "Mas me conte, o que você está fazendo em Tomoeda, há anos que não tínhamos notícias suas!".
Shaoran ficou visivelmente embaraçado.
"Es-estou aproveitando as… as férias!" – forçou um sorriso e olhou disfarçadamente para Sakura – "E também estava com saudades de Tomoeda!".
"Entendo!" – Terada se voltou para Sakura – "Sabe, eu realmente me surpreendi ao ver Sakura almoçando com um rapaz, mas sendo você não me surpreendo tanto. Afinal vocês sempre andavam juntos!".
Um forte rubor tomou conta dos rostos do jovens.
"Yoshiyuki!" – Rika chamou a atenção do homem que estava tão animado em rever o antigo aluno que nem prestou atenção no que acontecera ao terminar de falar. Ao ver a reação dos dois ele percebeu uma coisa que já estava óbvio para todos, menos para eles mesmos.
"Como vão os preparativos para o casamento Rika?" – Sakura perguntou mudando radicalmente o assunto.
"Está indo tudo bem!" – sorriu ficando levemente envergonhada.
"Não sabia que ia se casar Sasaki!" – Shaoran a olhou com curiosidade.
"Bem,…" – Terada pegou a mão de Rika que estava sobre a mesa – "nós vamos nos casar!".
Shaoran olhou para Sakura, depois voltou novamente a atenção ao casal a sua frente, meio embasbacado.
"Meus… meus parabéns!" – sorriu cumprimentou-os – "Quando será o casamento?".
"Dentro de três meses, mas ainda tem muito que se resolver!" – Terada beijou a testa da noiva – "Será que poderia comparecer também Li?".
"Faço questão!" – olhou carinhosamente para Sakura e uma parte da conversa que teve com Meilin na noite passada ficou ecoando em sua cabeça.
*… Aqueles velhos anunciaram no jornal que você vai se casar, Shaoran!… E que seu noivado será dentro de três semanas!… (…) Não citaram nenhum nome além do seu!… (…) Você ainda tem chance de se casar com Sakura… então fala logo para ela o que sente, porque você tem apenas duas semanas!…*.
"Shaoran?… Você está bem?" – Sakura o olhava preocupada. Ele a encarou confuso.
"O que foi?" – perguntou se recobrando.
"Você ficou me olhando com o olhar perdido!" – ela piscou os olhos verdes, e Shaoran pode constatar que estava até pouco tempo envergonhada, provavelmente por estar sendo encarada por ele – "Aconteceu alguma coisa?".
"Não nada!" – balançou a cabeça e sorriu – "Estava apenas pensando em algumas coisas!" –virou-se para o casal que os acompanhava – "Meilin me pediu que lhe mandasse um abraço se me encontrasse com você Sasaki! Mas acabei esquecendo de falar isso ontem!".
"E como vai a Meilin?" – Rika sorriu gentilmente.
"Está bem! Ela está namorando há quase dois anos, deverá se casar dentro de pouco tempo também!" – suspirou pesadamente – "Basta que os anciões digam ser a hora da união! Embora ela já não agüente mais esperar!".
"Sabe Sakura, estou estranhando a ausência de Hiiragisawa aqui esse ano!" – Rika comentou e Shaoran fechou o sorriso pensando na irritante reencarnação de seu ancestral.
"Você sabe que o Eriol nunca teve data fixa para nos visitar Rika!" – sorri ao lembrar do amigo inglês.
"Você tem tido notícias dele Sakura?" – Terada pergunta e Shaoran presta uma atenção incomum no que Sakura vai dizer.
"A última vez que tive notícias dele foi há três semanas, ele respondeu uma carta minha e disse que faria uma viagem para se encontrar com…" – ela olha para Shaoran esperando que ele entenda o que vai dizer – "com 'antigos' amigos!".
Ele balança a cabeça indicando que compreendeu.
"Você tem se comunicado freqüentemente com o Eriol?" – pergunta sentindo uma pontinha de ciúmes.
"Sim, nos comunicamos por cartas com bastante freqüência e ele vem a Tomoeda sempre que é possível!" – sorri e não percebe uma veia de irritação na testa de Shaoran.
'Aquele cara era irritante,…' – pensa sentindo uma irritação crescente – '…aposto como fica galanteando Sakura sempre que vem para cá!'.
O almoço finalmente é servido. Depois de comerem Terada e Rika tem que ir embora. Sakura e Shaoran saem do restaurante pouco tempo depois.
Decidiram ir até o parque aquático tomar um sorvete, indo para o Templo Tsukimine em seguida.
"Eu não tenho a mínima idéia do porque Tomoyo não está me perseguindo com a filmadora hoje, mas agradeço!" – Sakura comentou, arrancando risos do jovem que a acompanhava.
"Falando na Tomoyo,…" – Shaoran caminhava um pouco à frente de Sakura – "ela tem algum namorado, Sakura?".
"Não…" – sorriu tristemente e suspirou. Percebendo certo desânimo na voz dela Shaoran se volta para fitá-la.
"O que foi?".
"Nada!" – sorri e balança a cabeça – "Não se preocupe, está bem!".
"Sakura,… eu sei que fiquei bastante tempo longe, mas…" – ela o fita carinhosamente – "você ainda pode confiar em mim!".
"Não é que eu não confie em você!" – se aproxima e o toca no braço – "É que o problema não é necessariamente meu!… Acontece que eu sei de quem Tomoyo gosta, e sei também que ele gosta dela, mas nenhum dos dois fala nada!".
"Entendo,… espero que eles consigam se entender!" – sorri estendendo o braço para Sakura que o aceita e voltam a caminhar.
Ficaram no Templo até as cinco e meia, ora conversando, ora apenas aproveitando a companhia um do outro. Assim passaram um dia agradável e voltaram para a residência dos Kinomoto.
Sakura se sentiu nervosa ao lembrar do jantar que teria com Shaoran, apesar de ficar se criticando por criar ilusões de um jantar romântico. Estava na frente do guarda-roupa há quase meia hora, várias roupas jogadas sobre a cama, mas não conseguia escolher alguma coisa que a agradasse.
'Que droga, Sakura, você passou a tarde inteira com ele, para que tanta frescura?' – se jogou sobre a cama olhando para o teto.
No quarto ao lado, Shaoran estava sentado em frente a um espelho há meia hora ensaiando o que diria a ela durante o jantar.
"Eu gostaria de ser o ar que você respira… não! Isso não está bom!" – balançou a cabeça, respirou fundo e recomeçou – "Eu sei que você pode não acreditar, mas não deixei de pensar em você um dia sequer desde que fui embora e…" – olhou seu reflexo e passou as mãos pelo cabelo – "Como uma coisa que é tão simples pode se tornar tão complicada?".
Deitou-se na cama e ficou percorrendo o quarto com os olhos até eles cravarem em um objeto dentro do guarda-roupa, que estava aberto. Levantou-se e o pegou com um sorriso. Ficou encarando o pequeno urso de pelúcia cinza escuro por um longo tempo.
"Como foi que você entrou na minha mala, hein?" – perguntou ao brinquedo com um sorriso divertido – "Aposto que Wei te ajudou a ir parar lá!" – balançou a cabeça e riu de si mesmo – 'Devo estar ficando maluco! Falando com um boneco de pelúcia!' – pensou guardando-o novamente.
Olhou-se no espelho uma última vez e saiu do quarto, desistindo dos ensaios.
'Não vou conseguir falar mesmo… vou acabar gaguejando na hora!' – pensou desapontado enquanto descia as escadas. Viu Fujitaka sentado na sala.
"Sakura não desceu ainda?" – perguntou espantado.
O sorridente senhor balança a cabeça e observa o rapaz sentar no sofá à sua frente.
"Não sei porque as garotas demoram tanto para se arrumar!" – jogou a cabeça para trás e fechou os olhos.
"Elas demoram a se arrumar para agradar seus acompanhantes!" – sorri vendo o rapaz abrir os olhos espantado – "Mas você deve concordar comigo que, apesar da demora, o resultado nos enche os olhos!".
O chinês sorri diante do que o sábio senhor acabou de lhe falar.
Fujitaka estava na cozinha quando, dez minutos depois, Sakura abriu a porta do quarto. Shaoran se levantou ao ouvi-la descer as escadas, a visão que teve quando a garota entrou na sala o fez ficar boquiaberto. Ela usava um vestido até os joelhos, de alças finas, era verde claro, com a parte de cima lisa, um decote discreto no formato de coração, era justo até o quadril e com a saia levemente rodada, tinha várias pétalas de 'sakura' rosa espalhadas pela saia. No rosto apenas sombra rosa clarinha, criando contraste com os olhos verdes e um batom rosa. Deixou o cabelo solto.
Estava com a cabeça levemente abaixada e as bochechas ruborizadas.
"Desculpe a demora!" – se encolheu um pouco mais.
"Não se preocupe,…" – respirou fundo para tomar coragem e engoliu em seco – "vo-você está… lin-linda Sa-Sakura!" – ficou vermelho, assim como ela.
"Você também está bonito!" – levantou a cabeça e o fitou, estava usando uma calça social verde escura, uma blusa pólo branca, que dava destaque aos músculos definidos pelos anos de treinamento.
Ele se aproximou e ofereceu-lhe o braço – "Podemos ir?".
"Claro!" – sorriu acompanhando-o – "Papai, já estamos indo!" – disse do corredor.
"Tudo bem, filha! Aproveite o jantar e não voltem muito tarde!" – Shaoran e Sakura, de tão envergonhados que ficaram com o comentário, acabaram se separando antes mesmo de sair da casa.
Eles foram a um restaurante muito aconchegante. Shaoran arranjara uma mesa em um local bem reservado, sem muito movimento. Já achava que não teria coragem de falar com ela, imagina se tivesse mais gente em volta. Pediram o jantar e para beber optaram por um vinho tinto suave. Permaneceram em silêncio por alguns minutos, apenas olhando nos olhos um do outro. Shaoran estava bastante nervoso, e Sakura percebeu isso. Ele abaixou a cabeça por um segundo respirou fundo e voltou a fitá-la com um discreto sorriso.
"Tenho algo para você!" – disse tirando um pequeno pacote de presente do bolso. Ela olha curiosa para o pacote.
"É para mim?" – ele balançou a cabeça confirmando – "Obrigada! Posso abrir?" – perguntou após pegá-lo.
"Pode!".
Ela abriu cuidadosamente o pacote e sorriu ao ver seu conteúdo.
"Mas é a corrente que vimos na loja da Srta. Maki mais cedo!" – encarou-o sorrindo enquanto segurava uma delicada corrente de ouro, o pingente era uma flor de cerejeira sobre uma meia lua, também de ouro com alguns cristais incrustados.
"Você pareceu ter gostado!" – lhe lançou um olhar repleto de carinho – "Por isso comprei!".
"Não precisava!" – ela colocou a corrente – "Obrigada Shaoran!".
"Não precisa me agradecer!" – ele cerrou os punhos ligeiramente, e tomou uma decisão – "Sakura…" – segurava a corrente com a mão direita sobre o peito levantou a cabeça olhando para ele – "Eu… eu…".
Ela olhava fixamente para o jovem sentado à sua frente. Este estava vermelho olhando diretamente nos olhos dela, tentando dizer alguma coisa, sentia seu coração acelerando. Lembrou-se das vezes que ele havia agido exatamente da mesma forma quando eram crianças, sempre utilizara o fato de não saber o que ele queria lhe dizer para fantasiar com a possibilidade de seus sentimentos serem retribuídos.
"Você…" – tentava encorajá-lo a continuar.
"Eu… eu queria… te dizer que… eu…" – ele sentia seu coração batendo a uma velocidade impressionante, tinha a impressão de que seria possível escutá-lo batendo freneticamente no outro lado do restaurante, mais uma vez respirou fundo tentando se acalmar – "O que queria te dizer é que…".
"O que!" – Sakura se espanta e volta seu olhar para a porta do restaurante, ele acompanha o olhar dela até ver um casal entrando no restaurante de mãos dadas. A garota ele reconhece imediatamente como sendo Tomoyo, mas o rapaz, ele não sabia dizer quem era, apesar dele ser familiar. Era um homem alto e belo, de paletó e gravata azuis escuros, ressaltando a cor de seus profundos olhos e de seus cabelos curtos, corpo definido, não exatamente musculoso, mas chamando a atenção de qualquer um que o visse. O rapaz olhou na direção deles e disse algo para Tomoyo, que se virou sorrindo para a mesa onde estavam. O casal recém chegado se aproximou da mesa, onde eles estavam sentados, de mãos dadas.
"Boa noite Tomoyo, Eriol!" – Sakura os cumprimentou assim que pararam.
'Eriol?…' – Shaoran se concentrou um pouco e sentiu a presença de Clow – 'Como eu não havia percebido?'.
"Boa noite Sakura, Li!" – Tomoyo mostrava uma felicidade incomum.
"Boa noite, querida Sakura! Como vai meu caro descendente?" – perguntou com seu característico sorriso de deboche.
"Estava muito bem até você chegar Eriol!" – disse entre os dentes.
"Que pena, meu caro Shaoran,…" – disse como quem comenta o tempo – "mas que surpresa ver os dois justamente aqui!".
"Por que será que eu não acredito nisso Eriol?" – Sakura cruzou os braços e ergueu a sobrancelha – "Mas já que estão aqui, não querem se juntar conosco?".
"Não, muito obrigada Sakura!" – Tomoyo disse sorrindo, tanto Sakura quanto Shaoran estranharam, e muito isso – "Mas porque não nos encontramos no Balads mais tarde?".
"Balads?" – Shaoran ergueu a sobrancelha.
"É uma danceteria que fica a alguns quarteirões daqui!" – Sakura sorriu – "O que você acha?".
"Por mim tudo bem!" – sorriu esquecendo por alguns segundos a presença dos amigos.
"Nos vemos lá depois de jantarmos então!" – Eriol disse se afastando com Tomoyo em direção a uma mesa um pouco mais afastada. Pelo resto do tempo que permaneceu no restaurante Shaoran sentiu que estava sendo observado por Tomoyo e Eriol. Foram para a danceteria antes dos amigos, mas nem tentou retomar a conversa que foi interrompida.
Apesar de ter sua declaração frustrada, Shaoran conseguiu se divertir na companhia de Sakura, Tomoyo e Eriol. Voltaram para casa já era tarde, Fujitaka certamente estaria dormindo por essas horas. Entraram sem fazer muito barulho e sentaram no sofá permanecendo em silêncio por algum tempo.
"Quem imaginaria que Eriol algum dia namoraria Tomoyo!" – olhou para Sakura que sorria como quem já soubesse.
"Ele confessou gostar dela na última vez que esteve aqui!" – fitou o teto – "Eu o aconselhei a dizer seus sentimentos a ela, porque não há nada pior do que gostar de alguém e não saber o que essa pessoa sente por você!".
"Concordo com você!" – Sakura o olhou com curiosidade – "Não há tormento maior que esse!".
Fitaram-se intensamente, Sakura sentiu seu corpo ser puxado delicadamente na direção do guerreiro, seu coração batendo acelerado. Tudo o que ela mais queria era sentir os lábios do jovem chinês tocando os seus.
Shaoran envolveu lentamente a cintura da delicada flor, como quem quisesse se assegurar que ela não fugiria, acariciou com a outra mão o rosto dela, e a viu fechar os olhos com o gesto.
"Shaoran eu..." – ele interrompeu a frase colocando os dedos em seus lábios, se aproximou lentamente, extasiado com o perfume dela.
Sakura mantinha-se com os olhos fechados e sentia a respiração morna de Shaoran acariciando seu rosto. Seus lábios se tocaram e os corpos de ambos foram envolvidos por uma torrente de calor. Beijaram-se suavemente, tendo depositado neste primeiro beijo todo o desejo contido que sentiam. Sakura o envolveu pelo pescoço, e permitiu que aprofundasse mais o beijo. Shaoran passava delicadamente as mãos pelas costas da jovem, sentindo que ela fazia o mesmo. Separaram-se ofegantes continuando ainda abraçados. Sakura fechou os olhos e repousou a cabeça sobre o peito forte de Shaoran enquanto suas respirações voltavam ao normal, sentia seus cabelos sendo afagados pelo jovem.
"Não é um sonho... não é um sonho, não é um sonho!" – repetiu baixinho – "Por favor, faça com que não seja um sonho!".
"Não é um sonho minha Flor!" – levantou a cabeça e o encarou – "Eu te amo Sakura, sempre te amei!".
"Oh, Céus!" – exclamou sorrindo enquanto lágrimas de felicidade se formavam em seus olhos, deixando sua visão turva – "Não sabe o quanto sonhei com isso!" – as lágrimas rolaram por sua face. O abraçou com força, querendo ficar ali nos braços do 'Pequeno Lobo', que sempre habitou seu coração, por toda a eternidade – "Eu também Shaoran! Eu também te amo!".
Shaoran levantou o rosto de Sakura fazendo com que seus olhos se encontrassem, enxugou as lágrimas que escorriam pelo rosto da jovem e se aproximou novamente.
"Sakura, você aceitaria ser minha namorada?" – perguntou quase a beijando. Ela sorriu.
"É claro que sim!" – disse antes de se render mais uma vez às sensações de um beijo apaixonado.
Continua…
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N/A- Capítulo três on-line… Agradeço a quem tem acompanhado e deixado reviews…
Lembre-se de que sua opinião é muito importante para mim então, por favor, vai até ali no canto esquerdo e aperte o botão 'GO' é pouquíssimo tempo se comparado ao que eu gastei escrevendo…
Bem… eu vou deixá-los por aqui… até o próximo capítulo!… Beijos.
Yoruki.
