Legendas.

'…' – pensamento.

"…" – fala.

££££££ – ­sonho.

AMO-TE FINALMENTE

– CAPÍTULO QUATRO –

– Noivado? –

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"Sakura, você aceitaria ser minha namorada?" – perguntou quase a beijando. Ela sorriu.

"É claro que sim!" – disse antes de se render mais uma vez às sensações de um beijo apaixonado.

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Sakura abriu os olhos angustiada. Não seria a primeira vez que sonhava com Li lhe dizendo que a amava e que se beijavam. Observou as coisas em seu quarto, o vestido que usou na noite anterior estava dobrado sobre a cadeira da escrivaninha, levou a mão até o peito e lembrou da corrente que ganhara. Levantou e foi até o porta-jóias, pegou a jóia e sentiu um misto de felicidade e agonia.

"Será que foi um sonho?" – se perguntou colocando a corrente no pescoço.

Trocou-se e saiu no corredor, parou diante da porta do quarto de Touya, onde podia sentir a presença de Shaoran, indicando que ele ainda estava ali. Ficou olhando para a porta lembrando-se dos beijos que trocaram na noite anterior.

'Foi tão bom!' – pensou sorrindo levando a mão aos lábios. A porta do quarto se abre e Sakura abaixa rapidamente a mão.

"Bom dia!" – Shaoran sorri parando em frente a ela.

"Bom dia!" – sorri ficando envergonhada.

"O que estava fazendo parada aí na porta todo esse tempo?" – ela se espanta.

"Como…" – é interrompida.

"Sua presença Sakura!".

"Ai,… é mesmo!" – balança a cabeça sorrindo – "Que cabeça a minha!"

"Você ainda não respondeu minha pergunta!" – pega a mão dela e a sente estremecer com o toque.

"Eu… eu estava pen-pensando sobre a noite de ontem!" – responde enquanto Shaoran se aproxima ainda mais.

"E sobre o que necessariamente estava pensando?".

Não esperou que ela respondesse, a abraçou e a beijou. Ela passou os braços pelo pescoço dele correspondendo ao beijo. Afastaram-se sem fôlego.

"Era exatamente nisso que eu estava pensando!" – sorriu se aconchegando nos braços dele – "Eu te amo!".

"Eu também Sakura!" – a abraçou repousando sua cabeça sobre a dela.

Depois de ficarem uns cinco minutos abraçados no corredor, eles descem as escadas e encontram Fujitaka terminando de arrumar a mesa.

"Já ia chamá-los para o café!" – sorri ao vê-los entrar na cozinha. Eles tomam café normalmente. Sakura fica apenas observando a interação entre os dois homens na mesa. Assim que terminam de tomar café Shaoran decide falar com o pai de Sakura sobre o relacionamento deles. Tudo se resolve muito bem, Fujitaka se mostra muito feliz por ver a sua 'garotinha' feliz daquela maneira. Sakura liga para Tomoyo e conta as 'boas novas'.

Aproveitaram a semana com muito ânimo. Aos poucos todos seus amigos acabaram por saber do namoro deles e de Eriol e Tomoyo também. Combinaram de passar o sábado com os amigos do primário em um clube.

No sábado de manhã, Sakura acordou bem cedo e ajudou seu pai a preparar o café e uma marmita com almoço para ele. Fujitaka iria sair em uma expedição no Egito que iria reunir grandes arqueólogos em Mênfis. Sakura ouvia, sorridente, as histórias que ele contava sobre reuniões anteriores. Ele tomou o café e saiu para pegar o Trem-bala que ia para Tokyo. Assim que o pai saiu, se jogou sobre o sofá repousando a cabeça no encosto. Fechou os olhos e aos poucos foi deslizando até acabar deitada. Shaoran se aproximou do sofá sem que ela percebesse, ao vê-la ali quase dormindo ele não se conteve ao desejo, então, se deitou sobre o corpo dela e a beijou com paixão. Pega de surpresa, em pouco tempo já correspondia ao beijo abraçando-o pelo pescoço. Eles se afastaram sem ar e Shaoran ficou observando-a ainda de olhos fechados. Ela sorriu e o encarou, ao ver aquelas duas esmeraldas, aproximou-se novamente, tocou gentilmente os lábios dela e foi aprofundando o beijo aos poucos. Emendavam um beijo ao outro dando pequenos intervalos apenas para recuperar o fôlego.

Um carro com placa de Tokyo parou do lado de fora de uma certa casa amarela. Seu ocupante desceu e após trancar o carro abriu o portão e entrou na casa sem fazer barulho. Era muito cedo e todos, provavelmente, estariam dormindo àquela hora. Estava no corredor indo na direção da cozinha quando se deteve na porta da sala, abismado com a cena que via.

"O que significa isso?" – gritou a todos pulmões, fazendo Shaoran cair no chão, puxando Sakura sobre ele. Os dois se colocaram de pé em poucos segundos e viram Touya bufando de raiva enquanto encarava o rapaz – "O que você achou que estava fazendo com minha irmã?".

"ELE sozinho não estava fazendo nada, Touya!" – repreendeu o irmão se colocando na frente do namorado – "NÓS dois estávamos nos beijando!".

"Não me pareceu que estivessem apenas se beijando!" – apontou para o sofá ainda encarando o Li – "Além disso, quem é você para ficar agarrando a minha irmã?".

"Sou o namorado dela!" – sorriu de lado e viu Touya ficar ainda mais irritado, acrescentou em tom de deboche – "Shaoran Li, muito prazer!".

"O que?!" – gritou novamente – "Eu nunca permitirei uma coisa dessas!".

"É melhor você ir se acostumando!" – Kero entrou na sala com a maior cara de sono – "Seu pai já tem esse Moleque como filho!".

"Eu vou falar com o papai agora mesmo!" – Touya sobe as escadas correndo – "Esse moleque não é confiável!".

"Acho melhor nos arrumarmos e irmos para o clube logo!" – Shaoran concorda com o que ela diz e a segue subindo as escadas.

"Papai não está em casa!" – passa pelo irmão e entra em seu próprio quarto. Shaoran já havia entrado no ex-quarto de Touya.

"Como assim não está em casa?" – pergunta batendo na porta do quarto de Sakura.

"Ele foi a uma expedição, só volta na quarta!" – disse com a maior naturalidade.

"E você vai ficar esse tempo todo sozinha aqui com aquele Moleque?" – se afastou e encostou-se à parede oposta à porta.

"Vou!" – abriu a porta e saiu usando uma saia preta no joelho, uma blusa rosa acima do umbigo de alça fina, com uma bolsa grande de pano. Os cabelos presos em um rabo de cavalo.

"Onde a Senhorita pensa que vai vestida desse jeito?" – olha espantado para a irmã.

"Eu acho que não tenho que lhe dar explicações sobre minha vida!" – foi até a porta do 'quarto de visitas' – "Shaoran, você já está pronto?".

"Já sim!" – abre a porta vestindo uma calça de brim preto e uma camiseta branca. Olha para o Touya por um instante e fita Sakura com um olhar divertido. Ela entendeu perfeitamente o que ele pretendia e sorriu também, mas não fez nenhum movimento até ele se aproximar dela. Ele a abraçou de uma forma possessiva pela cintura e a beijou com paixão. Sakura correspondia ao beijo enquanto ouvia Touya reclamar. Shaoran nem ligava para Touya, a única coisa que importava naquele momento era que a sua flor estava em seus braços e ela parecia estar adorando. Interromperam o beijo quando sentiram alguma coisa batendo neles. Olharam para o chão e ali estava o guardião Kerberus estatelado no chão gemendo de dor.

"Touya, o que você fez?" – Sakura pegou a forma falsa do guardião no colo e olhou para o irmão fuzilando-o – "Calma Kerinho! Não se preocupe você vai ficar bem!".

Desceu as escadas com o guardião se contorcendo em seu colo. Shaoran ia atrás dela, mas uma mão o segurou pelo braço. Quando olhou para quem o segurava viu dois olhos extremamente frios.

"Escuta aqui Moleque,… já que meu pai permitiu, eu não posso fazer nada para impedir você de namorar a minha irmã,…" – soltou o braço dele – "mas é melhor você não machucá-la, porque se eu souber que você fez Sakura chorar eu arranco a sua cabeça!".

"Se eu a fizer chorar, pode deixar que eu mesmo amolo o machado…" – desceu as escadas sendo seguido pelo 'cunhadinho'.

"Ai Kero, você é mesmo um fingido!" – ralha zangada vendo o guardião comer algumas panquecas.

"Que houve?" – perguntou entrando na cozinha e olhando para o bicho de pelúcia comendo tudo como uma avestruz.

"O que houve é que esse meu guardião é um falso!" – respirou fundo e se virou para o irmão – "Aliás, o que você está fazendo aqui Touya? E onde está o Yuki?".

"Eu estou no meu dia de folga, então resolvi fazer uma surpresa e passar o dia aqui em Tomoeda,…" – olha para a irmã sentada ao lado do namorado na mesa – "mas acho que vou estender minha estadia até quarta-feira!" – os dois estavam tomando suco e engasgaram.

"Como é?" – disseram ao mesmo tempo se entreolhando.

"Ainda bem que deixei algumas roupas minhas aqui!" – comentou com naturalidade e saiu da cozinha deixando sua irmã pasma. Ela levantou e foi atrás do irmão na sala.

"O que você acha que está fazendo?" – perguntou fechando a porta intermediária entre a cozinha e a sala.

"Tomando conta de você!" – ele rodava os canais da televisão.

"Eu não lembro de ter pedido que você tomasse conta de mim!" – tomou o controle da mão do irmão e desligou a tv – "Escuta aqui Touya, você realmente acredita que eu iria desrespeitar a casa de nosso pai dessa forma?".

Ele abriu a boca para fala alguma coisa, mas foi interrompido.

"Além do mais, sua presença aqui em Tomoeda não iria impedir que algo mais sério acontecesse entre nós!" – jogou o controle para ele e saiu voltando para a cozinha.

Shaoran vê Sakura voltando para a cozinha cabisbaixa.

"O que foi?".

"Não acredito que Touya realmente ache que eu seja capaz de desrespeitar nossa casa…" – estava a ponto de chorar.

"Calma Sakura... Touya não quis falar isso para te magoar, apesar de tudo ele é seu irmão...".

"Mesmo assim Shaoran, ele fala comigo como se eu fosse uma…".

"Não diga isso…" – colocou os dedos sobre os lábios dela – "Você é a mulher mais bela e doce do mundo" – a abraçou – "não quero te ver triste, por favor, esqueça isso!".

"Tudo bem, vou tentar".

"E eu vou te ajudar…" – ele a beijou com paixão e ela correspondeu ao beijo, se aproximando mais dele. Sempre se sentiu segura com ele, e era tão gentil e doce com ela que não podia pensar em mais nada além das sensações maravilhosas que ele a fazia sentir.

Sakura saiu logo após o café com Shaoran, já passava das duas da tarde, mas eles passariam o dia todo fora.

'Realmente, não faria muita diferença eu ficar aqui ou não…'.

O telefone toca interrompendo os pensamentos de Touya. Levanta e vai atendê-lo.

"Alô… Touya falando!…".

"Touya?… Sou eu filho!".

"Ah papai, como foi de vigem?…".

"Tudo bem, já estou no Cairo!… Sakura está em casa?".

"Que bom!… Não! Ela foi ao clube com aquele…" – range os dentes – "Moleque… pai, por que ninguém me contou sobre o namoro de Sakura?".

"Eu deixei que ela se encarregasse de contar,… o que você está fazendo em Tomoeda?".

"Vou passar uns dias aqui!".

"Está de férias?".

"Não!… Na realidade eu só tinha uma folga hoje, mas…".

"Touya…" – um longo suspiro se fez ouvir do outro lado da linha – "deixe sua irmã seguir com a vida dela, por favor!".

"Mas pai eu…".

"Se o seu dia de folga era apenas hoje… confie em sua irmã e volte para Tokyo!".

"Eu só não quero que ela se machuque!".

"Mas você vai evitar que ela se machuque impedindo-a de ser feliz?" – ficaram em silêncio – "Bem, eu vou desligar agora! Diga a Sakura que eu cheguei bem!".

"Está bem pode deixar que eu falo e tome cuidado!".

"Você também!".

Desligaram e Touya decidiu dar uma volta para poder organizar seus pensamentos.

Estava fazendo muito calor naquela tarde, Sakura estava distraída em uma das mesas com Chiharu e Naoko, que conversavam. Tomoyo estava na piscina com Eriol e Rika.

"Ele faz questão de me irritar!" – Chiharu disse entre os dentes, parando para beber um suco de maracujá.

"Você conhecia o Yamazaki quando aceitou o pedido de namoro!" – Naoko disse sarcasticamente.

"Eu sei, mas…" – olha para Sakura que está com o olhar perdido e continua mexendo o canudinho no copo vazio. Naoko também se volta para ela e ri – "Terra chamando Sakura! Sakura!".

"O que?!" – desperta quando Naoko passa a mão na frente de seus olhos – "O que foi?".

"Nada,…" – Naoko ri e completa – "Você apenas estava sobre o efeito de um fenômeno chamado Li!".

Ela fica vermelha e tenta disfarçar tomando um pouco de suco, mas não funciona, o copo estava vazio.

"Eu acho que vou dar um mergulho!" – coloca o copo na mesa e levanta deixando suas amigas para trás.

Chega na beira da piscina e mergulha perfeitamente, percorrendo uma boa distância antes de voltar à superfície. Depois que emerge fecha os olhos e seca o rosto com a mão, estava arrumando o cabelo quando sentiu um braço forte envolver sua cintura de uma forma suave e possessiva ao mesmo tempo. Vira-se e encontra dois olhos chocolate fitando-a com amor.

"Será que agora podemos ter um tempo para nós?".

"Sem interrupções, claro que sim".

"Acho bom…" – ele a beijou, e não pretendia parar tão cedo se não fosse por Eriol que deu um pulo-bomba na piscina, fazendo Sakura engolir um pouco de água já que estava tomando fôlego para emendar outro beijo com Shaoran – "Eriol seu idiota!!!".

"Calma Li!" – Eriol levanta rindo.

"Calma nada!" – olhou furioso para o amigo – "Vou te fazer engolir essa piscina!… Que coisa mais infantil Hiiragizawa ficar espalhando água por tudo que é lado!".

"Vocês sabiam que os pulos-bomba…" – Yamazaki apareceu entre Eriol e Shaoran com o indicador levantado – "eram na antiguidade o método que os nobres usavam para mostrar seu poder?".

"É verdade!…" – Eriol fica ao lado de Yamazaki encarando Shaoran – "Ao imperador também era imposto esse desafio, e ele era sujeito a renunciar o trono caso perdesse!".

"O povo que enfrentou maiores problemas para demonstração de seu poder foi o egípcio, pela escassez de água!" – Yamazaki.

"Mesmo assim o faraó ainda tinha muitos problemas, principalmente durante a festa de júbilo, pois pessoas de toda a terra do Egito se reuniam nas margens do Nilo para desafiá-lo!" – Eriol.

"É uma estória interessante!" – Tenrikyo Murakami fazia parte da equipe de futebol, tinha os cabelos curtos castanhos, o corpo bem trabalhado e olhos cor de mel, se aproximou do grupo acompanhado de Akane – "Boa tarde para todos!".

"Boa tarde para vocês!" – Kurosawa sorriu e acenou para todos.

"Boa tarde!" – os quatro jovens responderam ao mesmo tempo.

"Que legal que todos decidimos vir ao clube hoje!" – Akane disse indo até Sakura e a abraçou – "Meus parabéns amiga! Vocês fazem um casal muito lindo!".

"Er… obrigada Akane!" – sorriu envergonhada. A garota soltou Sakura e olhou para o Shaoran.

"Você conseguiu conquistar o coração da garota mais difícil de Tomoeda!".

"Na realidade Kurosawa,…" – Eriol interrompeu a conversa – "ela só era a garota mais difícil da cidade porque já havia sido conquistada pelo Li!".

"Eriol!" – Sakura o repreendeu envergonhada.

"Vamos sair da piscina?" – Yamazaki sugeriu.

"Claro!" – Shaoran disse agarrando Sakura pela cintura – "Vamos minha flor?".

"Uhum!" – sorriu acompanhando o namorado.

"Eu também vou sair!" – Eriol disse deixando Murakami e Kurosawa com Yamazaki.

"Vou ficar mais um pouco!" – Tenrikyo se afastou voltando a mergulhar.

"Vou ficar com Murakami!" – Akane seguiu o rapaz mergulhando também.

Yamazaki saiu da piscina e foi até a lanchonete do clube, onde estavam todos reunidos em algumas mesas.

Touya caminhava sem rumo pela pacata cidade tentando colocar em ordem seus pensamentos. Sem se dar conta chegou na frente do templo Tsukimine. Desde que seu mudou com Yukito para Tokyo, há três anos, não visitou mais o Templo. Decidiu entrar.

'Deve ter uma razão para eu ter vindo parar justamente aqui…' – pensou passando pelo torii fazendo reverência.  Aproximou-se da grande cerejeira do templo e ficou observando-a. Aproximou-se, estendendo a mão para tocar na cerejeira, bem devagar. Quando estava quase tocando alguma coisa, ou alguém, se jogou em cima dele, agarrando-o pelas costas enquanto gritava.

"OOOOIIII… TOUYA!" – sufocando ele com o abraço.

"A-Akizu-ke…" – quase sem ar.

"É Nakuru!" – aperta ele mais um pouco.

"Me… me s-solta!" – roxo por falta de ar.

Ela pula longe dois metros ao ver que estava sufocando o rapaz, completamente sem graça. Ele cai com um dos joelhos no chão voltando a respirar com dificuldade.

"Er… desculpe!" – se aproxima um pouco, espera que ele se levante e olhe para ela – "Que bom que eu decidi sair para me livrar do chato do Suppi, assim eu pude te encontrar!".

"O que faz aqui?" – pergunta ainda com a mão no pescoço.

"Mestre Eriol veio pedir a linda e adorável Tomoyo em namoro…" – coloca as mãos nas bochechas e faz pose teatral – "por isso ele nos trouxe com ele dessa vez para presenciarmos esse grande acontecimento!".

"A… a To-Tomoyo também está namorando?!" – ele senta no chão com as costas na árvore – "Mas será que ninguém me conta nada!".

"Do que é que você está falando?" – olhou para ele com uma expressão de interrogação.

"Eu só fiquei sabendo que Sakura estava namorando porque a vi beijando aquele moleque na sala!" – respirou fundo – "E agora você me diz que a Tomoyo e a reencarnação de Clow estão namorando também!…".

"Nossa… isso é muito chato!" – se sentou ao lado dele – "Mas que diferença faria se te contassem mais cedo".

"Com relação a Tomoyo eu não poderia fazer nada, apesar de ser contra esse namoro!" – cruza os braços e Nakuru olha para ele assustada – "Mas quanto a Sakura, bem…" – levanta e vira para Nakuru – "Eu nunca permitiria que aquele moleque encostasse um dedo nela sequer..." – grita fazendo a garota se encolher.

"Tudo bem! Acalme-se!" – ela também levanta e pára na frente dele encarando-o séria – "Mas… por que isso?".

"Aquele moleque quer tirar a minha irmã de mim e isso eu não posso permitir!" – cerra os punhos – "Ele vai fazê-la sofrer e eu tenho que protegê-la!".

"Protegê-la… do que Touya?" – cruza os braços e ele a olha como quem não tivesse entendido – "Você deve ter visto como a Sakurinha está feliz!… Eu sei que ela sofreu muito nesses oito anos que passaram… Mestre Eriol sempre comentava que Sakura estava sofrendo à toa, pois seu descendente também a amava e você sempre soube disso também!" – sorri – "Pense por outro lado, você não acha que um sentimento que se manteve firme por tanto tempo, quase sem contato merece algum crédito?".

"Ele foi o motivo do sofrimento da irmãzinha durante todo esse tempo!" – disse meio anestesiado e confuso com a cabeça abaixada.

"Não acha que ele também deve ter sofrido com tudo Touya?" – começando a perder a calma – "O que você faria se não soubesse que seus sentimentos são correspondidos e estivesse longe da pessoa que você ama?".

Ele levanta a cabeça e a olha para ela que está com as mãos na cintura em sinal de pura irritação. Ergue a cabeça e fita a cerejeira com um leve sorriso.

"Acho que você tem razão!" – olha no relógio, quatro horas, respira fundo – "Foi isso que meu pai quis me dizer, mas eu não consegui entender!".

"Finalmente!" – encosta-se à cerejeira – "Como está o Yukito?".

"Está bem! Ficou em Tokyo,… tivemos um aumento nas vendas da loja, por isso eu pude tirar minha folga hoje e ele tira o dia de folga na próxima semana!".

"Então você só vai ficar em Tomoeda hoje?" – perguntou triste.

"Não!… Eu vou ficar aqui até quarta-feira, que é quando meu pai volta de viagem!" – pega o celular do bolso – "Eu ter aceitado o namoro da Sakura com o moleque não quer dizer que vou deixá-los sozinhos até meu pai voltar!" – Nakuru caiu – "Alô Yuki?… Sou eu!… Não, eu só queria dizer que vou ter que ficar em Tomoeda mais uns dias!… Não, nada aconteceu é só que…" – arregala os olhos – "E você está bem?… Levaram muita coisa?… Não, eu volto hoje,… tudo bem!… A gente se vê logo mais… cuide-se!".

"O que foi que houve?" – perguntou se refazendo do tombo e reparando a feição preocupada de Touya.

"Assaltaram a loja!" – franziu as sobrancelhas.

"E está tudo bem com o Yukito?" – se assustou.

"Está sim!" – suspirou pesadamente – "Foi antes dele abrir a loja, mas levaram vários computadores!".

"Nossa que horror!".

"Eu vou para casa pegar minhas coisas e volto para Tokyo!" – olha para Akizuke – "Você podia dizer para Sakura o que aconteceu e pedir para ela me ligar?".

"Claro! Pode deixar comigo!" – sorriu.

"Obrigado!" – se virou e saiu do templo deixando-a para trás.

"Agora Tomoyo?" – Sakura choramingava encostada em Shaoran enquanto Tomoyo segurava a câmera pronta para filmá-la.

"Por favor, Sakura!" – olhou para a prima com cara de cachorro molhado – "Fiquei a semana toda sem te filmar, por favor!".

'E adianta dizer não?' – pensou dando um sorriso amarelo – "Está bem, o que quer que eu faça?" – os olhos violeta da jovem brilharam de emoção.

Tomoyo puxou Sakura pelas mãos levando ela até a beira da piscina. Shaoran observava as duas enquanto Tomoyo pedia a ela que fizesse essa ou aquela pose. Eriol sentou-se à mesa onde Shaoran estava, este nem percebeu tamanha era sua distração.

"Eu nunca imaginaria que algum dia o veria tão relaxado na minha presença caro descendente…" – sussurrou, mas foi o suficiente para que ele se assustasse.

"Ficaria mais a vontade se parasse de me chamar assim Eriol!" – disparou fazendo o sorriso de deboche característico do amigo aparecer em seu rosto.

Ficaram conversando até que Miho se aproximou deles com Naoko e um outro rapaz.

"Com licença Li?" – ela disse parando ao lado dele.

"Sim?!" – se voltou para fitá-la.

"Eu poderia lhe fazer uma pergunta?" – parecia meio nervosa.

"E já não está fazendo?" – Eriol perguntou recebendo um olhar furioso da garota, que voltou a fitar Li logo em seguida.

"Pode falar, Oda!" – disse ainda sério sem se importar com o comentário de Eriol.

"Bem,… é que…" – ela olhou para Naoko, esta como que a encorajando, balançou a cabeça, voltou a olhar para ele – "Eu fiquei sabendo que existem alguns boatos de que alguns 'Li' possuem magia!" - Oda disse calmamente.

Eriol e Shaoran se entreolharam disfarçadamente.

"Isso é verdade Li?" - Naoko se aproximou um pouco mais, com um sorriso e aquele brilho que sempre aparece nos olhos dela, quando o assunto é o paranormal.

"Olha Naoko, se existe algum Li que possui magia, eu não o conheço!" - Shaoran levantou os ombros - "Eu particularmente não acredito nesse tipo de coisa!" - Naoko fez uma expressão decepcionada.

"Mas,… bem que você podia nos ajudar a fazer uma investigação um pouco mais a fundo não é?" – Shaoran encarou o rapaz que falava agora com certa curiosidade. Ele não era baixo, mas não chegava a ser alto também. Tinha os cabelos loiros, compridos e amarrados em rabo de cabelo, deixando alguns fios soltos na franja e os olhos azuis.

"Pode fazer isso Li?" – Naoko passou o braço pelo do rapaz, Shaoran deduziu que este deveria ser o tal Masayuki. Respirou pesadamente. Detestava a idéia de ter que mentir, mas não podia sair revelando a todos sobre a magia.

"Eu posso até tentar fazer algo por vocês Naoko,…" – olhou para Eriol – "mas se nem eu, que sou o futuro líder do clã estou sabendo de alguma coisa,… não creio que seja verdade e apesar de estar acostumado a ouvir este tipo de comentário, devo dizer que nunca me interessei em investigar!".

"Uhm,… mas se for mesmo nos ajudar já está ótimo!" – Oda falou em um tom um pouco triunfante.

"O que está acontecendo?" – Sakura se aproximou da mesa com Tomoyo ainda a filmando.

"Estávamos comentando sobre alguns boatos que dizem que os membros da família Li são feiticeiros!" – Masayuki sorriu e Sakura arregalou os olhos se voltando assustada para o namorado. Qualquer um que visse a reação dela pensaria que ela estava com certo receio do namorado ser um bruxo, mas a realidade era bem diferente – "É claro que são apenas boatos, Kinomoto! Você não precisa se preocupar é óbvio que o Li não possui magia!" – tentou acalmá-la.

"É claro!" – sorriu olhando fixamente para o namorado.

"Eu vou comprar um milk-shake, você quer alguma coisa Ying-fa?" – levantou da mesa esperando pela resposta da namorada.

"Um suco de laranja para mim sem…".

"…Sem açúcar, eu sei!" – sorriu e se afastou.

Assim que ele estava bem longe Oda se virou para Sakura sorrindo.

"Por que não nos contou que estava noiva Sakura?".

"Simplesmente porque eu não estou!" – sorriu meio constrangida.

"E como você me explica isso?" – pegou dentro da bolsa um recorte de jornal e colocou sobre a mesa, na sua frente. Ela leu a matéria do recorte mentalmente, sua expressão se tornando gradativamente séria

'Foi anunciado nesta sexta-feira, pelos anciões do clã Li, que Shaoran Li, filho de Shang e Yelan Li, apresentará sua noiva à sociedade dentro de três semanas. O futuro líder do clã é conhecido…' – não consegui prosseguir, sabia que podia estar se sentindo feliz com aquela notícia, se não fosse um pequeno detalhe. A data de publicação. Aquela notícia não poderia estar falando dela, uma vez que ela não namorava Shaoran ainda, ou poderia? Começou a sentir lágrimas nos olhos. Levantou deixando a folha na mesa.

"Com licença…" – disse em tom quase inaudível e se afastou quase correndo. Tomoyo fez menção de ir atrás da prima, mas Eriol a segurou pelo braço e balançou a cabeça.

Shaoran voltava para a mesa com as bebidas quando viu Sakura sair apressada da mesa. Sentiu um aperto no peito e, apesar de não ter visto o rosto de Sakura, tinha certeza de que ela estava chorando.

'Mas por que?' – se aproximou de onde Eriol e os outros estavam sem tirar os olhos de sua amada, deixou os copos sobre a mesa e saiu atrás dela sem dizer nem perguntar absolutamente nada.

Ela percebeu que ele a estava seguindo e começou a acelerar.

'Está fugindo de mim?' – se perguntou enquanto corria para alcançá-la – "Sakura!" – chamou se aproximando e a segurando pelo braço – "O que foi que houve?".

Ela abaixou a cabeça tentando, em vão, impedir que ele a ouvisse soluçar.

"O que foi que houve Sakura?" – foi abraçá-la, mas ela o repudiou – "Minha Flor o que…".

"Não me chame assim!" – o interrompeu quase gritando, ergueu a cabeça e olhou nos profundos olhos castanhos permitindo que ele visse todo amor e dor que ela tinha nos olhos. Tudo o que ele conseguia pensar era: 'O que foi que aconteceu?'.

"Quando pretendia me contar?" – estava claramente magoada – "Quando ia me contar que quando voltasse para Hong Kong iria apresentar sua noiva para a sociedade?".

"Do que você está falando Sakura?" – perguntou sem compreender.

"Daquela notícia que saiu no jornal,…" – a última palavra saiu quase inaudível, ela voltou a chorar.

'Jornal?… Que jornal?…' – se perguntava observando-a cair no choro novamente, quase desesperado, não suportava vê-la chorar, e agora ela não o permitia se aproximar para confortá-la. De repente descobriu do que ela estava falando – 'O noivado que saiu no jornal!' – arregalou os olhos.

"Sakura…" – murmurou com voz reconfortante. Aproximou-se lentamente e parou na frente dela – "eu já te disse e não me canso de repetir, que eu te amo Sakura!".

Levantou os olhos encarando-o.

"Eu…" – pegou a mão dela – "amo…" – puxou-a para mais perto e por mais que ela quisesse sair dali, aquelas duas piscinas ambarinas a prendiam, deixavam-na sem ação – "você e apenas você!".

Ela ia abrir a boca para falar algo, mas ele pousou os dedos nos lábios dela antes disso.

"Eu estava apenas esperando o momento certo para te pedir que fosse para Hong Kong comigo e aceitasse ser apresentada como minha noiva…" – ela arregalou os olhos incrédula – "…eu sei que ainda é cedo,… estamos namorando há apenas uma semana,… mas meu tempo está se esgotando!" – ele contornava lentamente todos os traços do rosto dela mantendo-a presa pela cintura – "Depois que eu te apresentar podemos namorar o tempo que você achar necessário antes de nos casarmos realmente!" – sorriu ternamente – "Eu quero que você volte comigo porque se eu voltar para Hong Kong sozinho serei obrigado a me casar com outra mulher que os anciões escolherem e eu não quero me casar com uma qualquer, quero casar com a única pessoa que foi capaz de me encantar com um simples sorriso... E essa pessoa está bem na minha frente nesse exato momento..." – ele se inclina, beijando-a docemente. Ela retribui o beijo abraçando-o. Separam-se ofegantes e Shaoran a abraça firme, ela encosta a cabeça no peito dele e ficam em silêncio apenas ouvindo o som da respiração um do outro.

"Desculpe…" – Sakura sussurrou ainda aconchegada no peito dele.

"Pelo que Sakura?" – se separa um pouco e levanta o rosto dela.

"Por ter tirado conclusões precipitadas,… por ter gritado com você… por…" – ele a cala com um beijo.

"Tudo bem! É meio difícil não acreditar em uma nota de jornal!" – sorriu, mas sua expressão mudou ficando levemente preocupada – "Você aceita ir comigo para Hong Kong?".

"Se você realmente quer me apresentar como sua noiva…" – passou a mão pelos cabelos bagunçados do rapaz que sorria, se colocou na ponta dos pés e se aproximou tocando de leve seus lábios. Ele a segurou pela cintura aproximando mais seus corpos e retribuiu o beijo. Entreabriu os lábios para que ele pudesse aprofundar o beijo e se afastaram sem fôlego e sorrindo.

"Isso significa que você aceita?" – sussurrou ao ouvido dela, recebendo apenas um aceno de cabeça confirmando como resposta.

'E se você me pedisse em casamento agora, não pensaria duas vezes antes de decidir me tornar sua esposa!' – pensou com um sorriso iluminado – "Vamos para casa? Estou cansada!" – se afastou um pouco segurando sua mão.

"Claro!" – sorria, mas fechou o sorriso aos poucos – "Embora teremos pouco descanso na sua casa com o Touya por lá!".

"É verdade!" – suspirou pesadamente – "Mas temos que voltar para casa de um jeito ou de outro e quanto mais cedo melhor!".

"Nisso você tem razão!" – forçou um sorriso.

Foram se despedir dos colegas e saíram do clube deixando Eriol para trás com um estranho sorriso no rosto.

Continua…

**********************

N/A – O que será que o Eriol está sabendo?… O que será que vai acontecer?… Nããããoooo seeeeeiiiiiiii!!!… Infelizmente vocês terão que esperar até o próximo capítulo para descobrir… Gente… estou me tornando muito malvada… hahahahaha…

Eu gostaria de dizer que estou achando muito divertido poder escrever esta estória… E que me sinto feliz por receber comentários sobre ela…

Meus agradecimentos básicos e indispensáveis são para Cherry, Miaka, Felipe e Yami Kaworu… que estão sempre me ajudando no que podem… VALEU!!!…

Vejo vocês em breve no próximo capítulo de AMO-TE FINALMENTE…

Yoruki…