Legendas.

'…' – pensamento.

"…" – fala.

££££££ – sonho.

AMO-TE FINALMENTE

– CAPÍTULO SEIS –

– Confusões no bosque –

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Ele aproximou seu rosto do dela com o que prometeu para si mesmo que seria o ultimo beijo da noite – 'Ela sempre me faz perder o controle e essa é a ultima coisa que quero essa noite!' – o beijo que deveria ser suave, foi se aprofundando. E quando se separam por falta de ar, em um acordo silencioso, sentaram-se no sofá e foram assistir televisão antes de dormir.

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Sakura se aconchegou melhor na cama e abriu os olhos. Deparou-se com Shaoran dormindo à sua frente. Ela estava com uma das mãos no tórax dele e a outra envolvia seu peito em um meio abraço. O rapaz segurava a cintura dela com uma das mãos e mantinha a outra sob o travesseiro.

Ela ficou envergonhada com a situação, e lembrava-se perfeitamente que, quando se deitaram para dormir, na noite anterior, estavam cada um em uma ponta da cama.

'Acho que ficamos assim enquanto dormíamos…' – sorriu ao ver o semblante relaxado do namorado – '…ele é sempre tão sério… devia sorrir mais…' – ficou admirando-o por um bom tempo.

Em determinado momento a puxou para um pouco mais perto dele e, devida à proximidade, Sakura não resistiu e beijou-o levemente nos lábios. Shaoran retribuiu ao beijo, aproximando ainda mais seus corpos. Quando se separaram, abriu os olhos, mergulhando nas duas esmeraldas que o encaravam.

"Bom dia Princesa!" – um sorriso divertido surgiu no rosto de Sakura ao ouvi-lo falar.

"Até onde eu me lembre,… a princesa é acordada com um beijo do príncipe e não o contrário!".

"Você quer dizer que eu sou a princesa, então?" – perguntou com ar zombeteiro. Ela confirmou com a cabeça.

"E nessa nossa história o príncipe foi impedido de despertar a 'Bela Adormecida'…" – senta na cama e faz pose teatral – "…e não puderam viver 'felizes para sempre'!" – olha para o rapaz que ainda está deitado e sorri – "Acho que já passou da hora de concretizarmos o destino desses dois seres desventurados!".

"Eu concordo!" – fecha os olhos e finge que está dormindo. Sakura o observa e respira fundo.

"Oh!… Mas que bela princesa!" – fecha os olhos e começa a lembrar das falas da peça de teatro – "Se houvesse como despertá-la, eu juro sobre minha espada, que o faria,… mesmo que tivesse que atravessar os mares e enfrentar monstros e dragões…" – respira fundo e se inclina lentamente – "mas como não sei o que pode ser feito,… espero que esse beijo seja prova de todo meu amor para com vós!" – toca suavemente os lábios da 'princesa', aprofundam aos poucos o beijo, emendando um ao outro. Shaoran envolve a cintura de Sakura e quando param o beijo ela deita a cabeça sobre o peito dele, permitindo que acaricie seus cabelos.

"Você não imagina o quanto eu ficava nervoso com a idéia de você me beijar…" – aspira a fragrância floral que ela exalava – "Hoje eu não poderia sobreviver sem senti-los…".

Ela ergue a cabeça e o encara sorrindo.

"Eu também ficava nervosa com o fato de ter que te beijar…" – contorna os lábios dele com a ponta dos dedos – "só não entendia o porquê se era apenas uma peça de teatro,… mas conheço a razão agora!".

"Você não gostava do Yukito na época em que fizemos a peça?".

"Eu nunca amei o Yuki de verdade, Shaoran…" – levantou a cabeça sorrindo – "não da maneira que eu amo você!" – suspirou melancólica – "O Touya sempre pegou no meu pé, e quando eu conheci o Yukito ele me tratava da maneira que eu gostaria de ser tratada por meu irmão,… por isso que eu pensei que amava o Yukito…".

"Acho bom, porque eu morria de ciúmes de vocês… não suportaria que te tirassem de mim…" – ele torneou os contornos da face dela suavemente.

"Jura que ficava com ciúmes de mim mesmo naquela época?" – perguntou ela, sorrindo.

"Sempre fui um cara possessivo, o que posso fazer?" – ele riu – "E você estava sempre rodeada de gente… Acho que, por mais que quisesse negar, sempre quis você para mim…".

"Shaoran, não me sinto bem quando você fala assim…" – abaixa levemente a cabeça.

"Desculpe,… acho que me expressei mal, Sakura…" – ergue o rosto dela suavemente – "O que eu quero dizer é que sempre quis ter você nos meus braços…".

"Ah, Shaoran, você é tão doce…" – sussurrou se aconchegando mais no abraço dele.

"Meilin diz que isso tudo é culpa sua,…" – sorri e lhe dá um beijo na fronte – "E eu não me arrependo nenhum pouco de ter mudado… faria tudo de novo por você…" – ela levanta o rosto e o encara – "Faria qualquer coisa por você…".

"Você não faz idéia do que essas palavras me fazem sentir…".

"Se importaria em tentar me explicar?" – acaricia seu rosto.

"Eu me sinto como se o mundo tivesse parado agora,… para que eu possa ficar eternamente nos seus braços ouvindo-as se repetir…" – passa a mão pelos sedosos cabelos rebeldes – "Tenho a sensação de que nasci para ficar aqui,… que esse é meu lugar… de onde eu nunca deveria sair…" – encaram-se intensamente, tendo um sorriso apaixonado no rosto, aproximaram-se lentamente enquanto fechavam os olhos. Sakura envolveu o pescoço do namorado e sentia a respiração morna em sua face. Seus lábios se tocaram de forma suave. Foi quando o som de alguma coisa caindo no chão fez com que eles se separassem bruscamente. Outro estrondo permitiu que eles soubessem de onde vinha o barulho. Do quarto de Touya. Eles se entreolharam.

"Kero!" – Sakura levantou rapidamente e saiu correndo com Shaoran logo atrás, parou espantada na porta do quarto do irmão.

"Mas o que…" – Shaoran olhou para as prateleiras caídas no chão, entrou no quarto e viu suas malas no chão ao lado da cama, o guarda-roupa estava aberto e várias peças estavam espalhadas no chão. Sakura entrou no quarto olhando tudo assustada.

"Está pior do que estava ontem…" – parou de falar vendo um urso de pelúcia cinza escuro entre algumas camisetas de Shaoran, deu dois passos e se abaixou para pegá-lo. Olhou-o com certa curiosidade. Percebeu que tinha sido feito a mão. Ergueu o rosto e viu Shaoran fitando-a com carinho.

"Eu fiz para você quando estávamos na quinta série…" – disse um pouco envergonhado.

"Então você realmente havia feito um urso de pelúcia…" – voltou a olhar o urso ternamente enquanto se levantava – "…vou chamá-lo de Shaoran!" – sussurrou abraçando o boneco.

"Eu vou ficar com ciúmes desse jeito…" – o rapaz brincou vendo-a sorrir para ele. Ficaram frente a frente. Sakura ficou na ponta dos pés e se inclinou abraçando-o.

"Muito obrigada…" – sussurrou antes de ser beijada calorosamente, Sakura entreabriu os lábios permitindo aprofundá-lo.

Um gemido de dor foi ouvido no quarto, fazendo o casal se separar novamente a contragosto. Eles olharam para a prateleira caída no chão e viram um rabo amarelo sob ela.

"Kero…" – Sakura se assustou ao reconhecer a cauda do guardião. Foram até ele e tiraram tudo de cima dele – "O que foi que aconteceu?" – perguntou chacoalhando o guardião para que ele acordasse. Ele começou a despertar e murmurar algumas coisas.

"Ele tá falando alguma coisa…" – Shaoran disse fazendo Sakura parar de chacoalhá-lo.

"Pudins,… chocolates,… tortas de moran…" – Sakura o largou no chão.

"Eu nem sei porque me preocupo com ele…" – balançou a cabeça e saiu do quarto – "Vou me trocar,… depois tomamos café… está bem…".

Shaoran concordou com a cabeça, vendo sair abraçada com o urso de pelúcia.

Eles saíram logo após o café e ficaram passeando pela cidade até a hora do almoço. Almoçaram em um restaurante chinês no centro da cidade e Sakura adorou os pratos chineses. Saíram do restaurante e seguiram caminhando. Estavam conversando alegremente quando ouviram alguém chamar por eles, voltaram-se para trás para ver quem os chamava.

"Li… ainda bem que… eu te encontrei…" – Yamazaki disse ofegante, pela corrida.

"O que foi que aconteceu Yamazaki?" – Sakura perguntou um pouco preocupada.

"Não se preocupe,… não foi nada demais…" – explicou vendo a apreensão da jovem. Voltou a olhar para o Shaoran – "Você faria um favor para a equipe de futebol, Li?".

Ele olhou para o amigo de infância e depois para a namorada.

"Tudo bem…!" – ela sorriu vendo a indecisão dele – "Sério… pode ir…" – olhou para o Yamazaki – "As meninas estão no lugar de sempre…?".

"Sim…" – ele respondeu rapidamente – "…elas não assistem mais aos jogos desde que começaram a se reunir naquela lanchonete…".

"Também,… pudera Yamazaki…" – ela coloca as mãos na cintura e balança a cabeça – "Assistir aos jogos uma vez ou outra tudo bem… mas toda semana cansa…".

"Acho que tem razão…" – diz voltando a falar com Li – "Hidemitsu não apareceu e nós estamos sem reserva hoje…" – Yamazaki começou a explicar sobre o jogo.

Sakura não soube o porque ouvir o nome de Hidemitsu a fez ter um mal pressentimento. Balançou a cabeça – 'Deve ser minha imaginação…' – pensou voltando a prestar atenção no que Yamazaki dizia sobre o jogo.

"Parece um jogo fácil…" – Shaoran comentou quando Yamazaki terminou de falar sobre o time contra quem iam jogar.

"Realmente…" – Yamazaki concordou – "teríamos que nos envergonhar se o time dos calouros fosse difícil,… não acha?" – os dois riram um pouco. Shaoran olhou para Sakura.

"Tudo bem se eu for jogar?".

"Mas é claro que sim…" – sorriu – "…você e eu estamos andando juntos desde que chegou em Tomoeda…" – ele a abraçou carinhosamente – "…não fizemos quase nada separados há uma semana…".

"Eu nem tinha percebido…" – ele comentou – "…é que estar com você me parece ser tão natural…".

Ela olhou-o nos olhos e sorriu. Shaoran lhe deu um beijo suave e saiu acompanhando Yamazaki. Sakura ficou observando-os se afastar, com certo receio.

'Ora, vamos Sakura…' – pensou tentando afastar aquela sensação estranha – 'Vocês não nasceram grudados… vai saber se virar por alguns minutos sem ele' – se virou e foi andando na direção oposta, onde ficava a lanchonete em que as meninas se reuniam.

Ela ficava a alguns minutos do ginásio onde os rapazes jogavam, passando pelo bosque.

Sakura estava atravessando o bosque e a sensação de que algo iria acontecer aumentava. Ela levou inconscientemente a mão ao peito segurando a chave mágica. Sentiu uma certa inquietação dos espíritos que habitavam o bosque, isso não era um bom sinal. Começou a ficar irrequieta. Apesar do medo que ainda sentia de fantasmas, parou tentando entender o que eles queriam dizer. Fechou os olhos e respirou fundo. Mas a única coisa que entendia era: 'CUIDADO!'. Uma mão tocou seu ombro, ela pulou de susto e respirando com dificuldade se virou lentamente. Quando viu quem era, soltou a respiração, que nem havia percebido ter trancado.

"Hi-Hidemitsu…" – levou a mão ao peito acalmando a respiração – "O que faz aqui,… não devia estar jogando?".

"Eu me atrasei um pouco e eles já arranjaram alguém para jogar no meu lugar…" – sorriu de uma maneira que deixou Sakura assustada – "…acho que não vão precisar de mim no ginásio hoje!".

"Você sabe que isso não é verdade,…" – ela abaixou as mãos – "é sempre bom ter reservas…".

"Eu não jogo como reserva Sakura!" – ele a interrompeu aumentando o tom de voz e dando um passo para frente para ficar mais próximo dela – "Eu soube que você e o Li estão namorando…" – ele sorriu com deboche – "…então quer dizer que você não aceita sair comigo depois de eu ter me arrastado atrás de você durante um mês inteirinho,… mas aceita namorar o Chinesinho emplumado em menos de um dia…" – ela ia contestar o que ele estava dizendo, mas esse simplesmente colocou os dedos sobre os lábios dela – "O que foi que ele fez pra conseguir isso?… O que ele disse?… Me diga… eu faço isso e muito mais para ter você… será que não vê que eu te amo Sakura?" – ele a chacoalhava com certa violência.

"Mas eu NÃO te amo…" – foi a resposta que ele teve assim que ela conseguiu se soltar – "Eu amo o Shaoran… sempre o amei… o amo há tanto tempo que não dizer desde quando…" – Hidemitsu desferiu um tapa no rosto dela, fazendo sangrar os lábios.

"Você não o ama… você ama a mim… só não sabe ainda…" – ele a olhava cheio de cólera. Sakura pegou a chave do pescoço, mas não teve tempo de libertar seu báculo, pois Hidemitsu e agarrou segurando suas mãos, fazendo a chave cair no chão,e tampou a boca da garota, arrastando-a para fora da trilha no meio do bosque. De mãos atadas e sem poder dizer uma só palavra, tudo o que Sakura pôde fazer foi chorar e pedir internamente que Shaoran viesse, mais uma vez, lhe salvar.

Shaoran recebeu a bola num passe perfeito de Murakami. Driblou dois jogadores e ficou frente a frente com o goleiro. Ia chutar a bola e marcar o quarto gol do time, terceiro dele, na partida quando simplesmente parou fazendo com que todos, inclusive o time que já comemorava o gol que seria marcado, encará-lo.

Sentiu-se angustiado, um aperto crescia em seu peito. Ele olhou para a parede direita do ginásio, como quem visse através dela. Sua mente gritando em tórrido desespero – 'SAKURA!…' – sem se importar com nada, simplesmente se pôs a correr na direção da saída. Yamazaki o segurou pelo braço.

"O que foi que houve Li?" – perguntou preocupado com a expressão de desespero no rosto do amigo. Shaoran se soltou do japonês e continuou seguindo até a saída.

"Sakura está em perigo…" – foi tudo o que disse antes de sair. Yamazaki estranhou o que ele disse e saiu correndo atrás do chinês, sendo seguido pelos jogadores das duas equipes.

Eriol estava na lanchonete ao lado de Tomoyo, aproveitando os últimos momentos que tinha antes de ter que retornar para Inglaterra. Observava com um sorriso a namorada falar sobre a prima com grande entusiasmo – 'Sakura é o 'assunto' preferido de Tomoyo…' – pensou na sucessora de Clow com carinho. Uma repentina visão, mais uma de suas previsões, tirou o sorriso de seu rosto. Sakura e Shaoran iriam precisar da ajuda dele em breve. Levantou da cadeira onde se encontrava e olhou para Tomoyo que, assim como as outras meninas, o encarava interrogativamente.

"Preciso resolver um assunto,… mas já volto…" – inclinou-se para beijar a fronte da namorada e sussurrou – "Sakura corre perigo,… tenho que ir…" – se ergueu e saiu da lanchonete.

Tomoyo levou as mãos ao coração e sentiu sua respiração se tornar falha, sem sequer ouvir o que as garotas perguntavam, se levantou e seguiu o namorado da maneira que era possível, pois ele já estava bem longe.

As garotas se entreolharam e levadas pela curiosidade foram atrás do casal.

Shaoran seguia desesperada em direção ao bosque. Um medo crescente e uma sensação de culpa surgiam em todo seu ser – 'Quantas vezes fui avisado para não ignorar um pressentimento?' – se perguntou lembrando do que sentiu quanto Yamazaki veio lhe convidar para jogar – 'se alguma coisa acontecer com ela…' – sentiu seus olhos se tornarem úmidos – 'nunca vou me perdoar!'.

Adentrou o bosque com grande velocidade. Sentiu que os espíritos do bosque lhe diziam para se apressar. Avistou alguma coisa caída no chão, era um objeto pequeno. Apressou mais seus passos e sentiu um terror gigantesco ao identificar o objeto que havia apanhado do chão.

'Como Sakura vai se defender sem seu báculo?' – pensou já saindo da trilha após ter sentido a presença da namorada. Conforme a presença se aproximava, começou a ouvir vozes, palavras desconexas, partes de frases.

"Nunca ligou… sempre quis você…" – apesar de não fazer sentido, foi o suficiente para que ele se sentisse angustiado e aumentasse ainda mais a velocidade as frases se tornavam mais claras – "Você vai ver que me ama… eu sei que vai…" – uma voz desequilibrada não parecia se importar com o choro e os soluços femininos que podiam ser ouvidos – "Quando nós terminarmos, você vai perceber o quanto me ama, Sakura!" – Hidemitsu segurava as mãos de Sakura impedindo-a de se mexer e fugir envolvendo-a com um braço, enquanto a outra mão a forçava a olhá-lo nos olhos.

"Nunca vou… te amar!" – ela disse entre soluços – "Não pode forçar ninguém a te amar!" – ela olhou para Shaoran, que adentrava a clareira onde eles estavam, sobre o ombro do rapaz lançando-lhe um olhar de suplica.

Shaoran fez menção de avançar até eles, mas parou ao ver Hidemitsu colocar uma faca no pescoço de Sakura, a segurando por trás.

"Dê mais um passo e eu a mato!" – gritou olhando desesperado para o rapaz – "Eu a mato…" – enfiou o nariz no cabelo dela e sussurrou em seu ouvido – "se eu não posso tê-la… ninguém a terá…".

Shaoran olhava desesperado o rapaz passar a mão pelo corpo esguio de sua namorada enquanto segurava uma faca em seu pescoço. As lágrimas escorriam sem controle pelo rosto dela, que balançava a cabeça negativamente em pânico.

Yamazaki chegou ao lugar, atraído pelos gritos, junto com os outros rapazes. Logo depois chegaram, Eriol, Tomoyo e as meninas. Todos olhavam assombrados para o que acontecia.

"Sakura!" – Tomoyo sussurrou com lágrimas nos olhos antes de desfalecer nos braços de Eriol.

A reencarnação de Clow olhou para o jovem chinês e viu seu duelo interior. Uma única questão martelava estrondosamente em sua mente: 'O que fazer?'.

"Você saberá o que fazer quando se acalmar um pouco,… meu caro descendente!" – Eriol disse em alto e bom tom, gerando, murmúrios inapropriados. Shaoran o encarou por um instante, depois olhou para Sakura que o olhava desesperada, levou a mão ao bolso e retirou as duas esferas negras, suas espada companheira de batalhas, voltou a fitar a namorada e a viu balançar a cabeça positivamente. Estendeu a outra mão para baixo abrindo-a – 'Em cinco…' – pensou sendo compreendido. Começou a fechar a mão, um dedo de cada vez, em contagem regressiva – '…quatro,… três,… dois,… um,… agora! – viu Sakura fingir um desmaio e forçar seu corpo para baixo fazendo mais peso. Hidemitsu se distraiu ao sentir o corpo dela amolecendo e teve que baixar a guarda para que não caísse no chão. Era agora ou nunca.

Shaoran converteu as esferas em sua espada e pegou um de seus ofuros levando-o à frente do rosto.

"Dragão da Água,… vinde a mim!" – um jato de água em espiral saiu do talismã, atingindo-os e, enquanto Hidemitsu lutava e se debatia contra a água, Sakura se esquivou dos braços dele rolando para o lado. Ela se levantou e saiu correndo para os braços de Shaoran que também ia em direção a ela. Ele a abraçou e ela começou a chorar no peito do namorado.

"Calma Sakura…" – ele a encaixou melhor em seus braços – "Calma meu amor…" – ela ergueu os olhos inchados para fitá-lo.

"Depois de tudo…" – ele a beijou impedindo-a de falar.

"Você não teve culpa… não podia fazer nada…" – a acalmou depois que se separaram. Ela enxugou as lágrimas do rosto e fitou Hidemitsu com pena. Ele estava caído no chão todo encharcado e a fitava de maneira inexpressiva. Ela se aproximou dele devagar e estendendo as mãos, disse algumas palavras fazendo-o dormir.

Shaoran desmaterializou sua espada e passou a olhar para as pessoas que observavam a tudo de olhos arregalados. Naoko deu alguns passos adentrando a clareira, seguida de Miho e Masayuki. Os três pararam lado a lado e se entreolharam. Um sorriso começou a surgir nos rostos dos três.

"Você é um mago…" – Naoko disse ainda incrédula – "Você é um mago… VOCÊ É UM MAGO!" – repetiu gritando. Saiu correndo e agarrou Shaoran com tudo, soltando-o logo em seguida – "Isso é muito legal… você é um mago!" – olhou para os outros que estavam ali – "Ele é um mago!" – olho novamente para Shaoran – "Você tem que me contar toda essa história Li,… ai que emoção!".

Miho olhou para Sakura que mostrava o semblante preocupado diante da reação de Naoko.

"Você já sabia disso Kinomoto?" – perguntou fazendo Naoko se virar para ela.

"Ela sabia sim…" – Eriol diz atraindo a atenção de todos ali – "Não só ela, como eu também!".

"O que você está fazendo Hiiragizawa?" – Shaoran disparou – "Enlouqueceu?…".

"Não meu caro descendente… não enlouqueci…" – ele respondeu com um sorriso – "Só acho que não há mais razão para escondermos nossos poderes agora…".

"Que negócio é esse de descendente…do que você está falando Eriol?" – Yamazaki que estava atordoado até agora se aproximou.

"Eu sou a reencarnação de um descendente de Shaoran…" – disse na maior calma – "Na minha outra vida, fui um mago muito poderoso… que criou várias cartas mágicas…" – olhou para Sakura – "as quais estão sobre o domínio de Sakura agora…" – riu da expressão de sua sucessora, ela parecia querer matá-lo com os olhos – "Foi por esse motivo que eu vim para Tomoeda pela primeira vez…".

"Então você veio para o Japão para entregar as cartas para Sakura?" – Naoko tinha os olhos brilhando. Eriol confirmou com a cabeça e viu Sakura e Shaoran se entreolharem confusos, como que perguntasse 'do que ele está falando?'.

Miho se aproximou de Sakura.

"Pode mostrar essas cartas Kinomoto?" – perguntou com olhar suplicante. Sakura concordou com a cabeça e levou a mão ao peito. Desesperou-se ao perceber que a chave não estava ali.

"Minha chave…" – olhou para Eriol – "Eu perdi ela…".

"Não Sakura…" – Shaoran a chamou – "…eu a achei quando estava vindo para cá…" – tirou a chave do bolso e a mostrou. Ela suspirou aliviada e se aproximou do namorado. Ele levantou a mão impedindo-a de pegá-la – "Você tem que ser mais cuidadosa com suas coisas, mocinha…" – disse debochado – "por causa do seu descuido vai ter que pagar uma multa para pegar a chave de volta…" – abaixou o braço e rapidamente a envolveu pela cintura. Sakura enlaçou o pescoço dele e foram se aproximando lentamente, até que seus lábios se tocassem. Ela se sentia completamente segura nos braços dele e não queria sair dali, nunca.

Naoko viu que ia demorar para ter a atenção de Sakura de novo então voltou a falar com Eriol.

"Que tipo de cartas são essas que você criou… o que elas fazem?" – o jovem mago sorriu.

'Você é tão previsível Naoko!' – pensou fitando-a – "São cartas que controlam os poderes dos Elementos, movem objetos, criam ilusões,…" – olhou para Sakura tende certeza de que ela escutaria o que viria a falar agora – "fazem as pessoas ter sonhos ou induzem ao Sono…" – sorriu satisfeito ao ver a sua 'aprendiz' olhar para ele de forma curiosa e como quem se lembra de algo começou a conversar com Shaoran chegando os dois a alguma conclusão – "Mas seria muito mais fácil Sakura fazer uma demonstração…" – todos a encararam com grande expectativa.

Shaoran entregou a chave para ela. Respirou fundo e fechou os olhos – "Chave que guarda o poder da minha estrela,… mostre-nos seus verdadeiros poderes sobre nós… e ofereça-os à valente Sakura que aceitou essa missão… Liberte-se!" – disse fazendo as poses que fazia ao invocar sua magia quando criança. Todos olhavam-na admirados e assustados. Naoko pulou de felicidade.

"E você disse que não acreditava em magia Li!" – fez uma cara de brava – "Você é um grande mentiroso…" – sorriu olhando para os amigos. Sakura pegou uma de suas cartas e a jogou para o alto.

"Carta criada por Clow e convertida a partir de meus poderes,…" – viu que Naoko prestava atenção em cada palavra, sentiu-se triste pela amiga, pensando no que aconteceria logo mais – "Envolva a todos com seus poderes… e faça com que adormeçam… Sono!" – em um segundo todos que não tinham magia, caíram no chão, dormindo.

"Muito bem…" – Shaoran se voltou para fitar Eriol – "Agora os faça esquecer…".

O jovem inglês concordou com a cabeça e invocou também seu báculo. Todos esqueceriam o que viram e o que aconteceu, inclusive Hidemitsu. Com isso não poderiam indiciá-lo na polícia, mas não seria problema, pois Eriol sabia que Sakura sairia da vida do rapaz em pouco tempo.

"Fico feliz por saber que minhas lições sobre magia não foram dadas para a parede Sakura!" – Eriol sorriu cumprimentando a feiticeira por ter se lembrado de que para fazer mais de uma pessoa esquecer alguma coisa, facilitaria o trabalho do mago se eles estivessem dormindo.

"Só porque não consegui apagar a memória do Spinel quanto ao fato dele não poder comer doces, não significa que eu não tenha prestado atenção na sua explicação Eriol!" – olhou-o com reprovação – "Você vive fazendo travessuras…" – rolou os olhos – "Não muda nunca mesmo!".

"Certo… o que faremos quando eles acordarem?" – Shaoran perguntou percebendo que o efeito do sono estava acabando.

"Dizemos que acabamos de acordar e que não nos lembramos como chegamos aqui…" – Eriol responde simplesmente, vendo Tomoyo começar a despertar, vai até ela e se abaixa – "Amorzinho,… você está bem?" – ela o olha meio perdida.

"Onde eu estou?… O que eu estou fazendo aqui?" – ele a calou com um beijo, vendo que os outros já acordavam.

"Depois eu te conto…" – sussurrou e ela concordou com a cabeça. Levantaram e foram ajudar os outros. Todos estavam confusos, mas ninguém soube explicar o que ocorrera. Naoko logo formulou a hipótese de que haviam sido abduzidos, e Masayuki disse que todos tinham sido possuídos por espíritos que habitavam o bosque e levados até ali. A discussão do que poderia ter acontecido acabou quando Yamazaki começou a contar uma de suas histórias e Chiharu o arrastou para fora da clareira pela orelha. Todos saíram dali seguindo os dois.

Tomoyo, Eriol, Shaoran e Sakura decidiram ir embora assim que saíram do bosque, seguindo cada casal para um lado diferente.

Sakura e Shaoran foram direto para casa. Chegando lá foram até o quarto de Sakura vendo o progresso de Kero na arrumação, metade do quarto estava arrumado, mas a cama estava coberta de coisas fora do lugar. Foram até o quarto de Touya e viram o guardião dormindo no chão no meio do quarto, com um martelo na mão, as prateleiras estavam na parede, mas ainda não tinha nada sobre ela.

Os dois se entreolharam, teriam que dividir a mesma cama mais uma vez. Sakura foi tomar banho e Shaoran preparou algo para comerem, depois do jantar foram assistir a um filme na televisão. Evitavam de falar sobre o que aconteceu mais cedo. Chegou a hora de dormirem e subiram a escada em silêncio, entraram no quarto e sentaram-se cada um em um lado da cama.

Deitaram-se e ficaram em silêncio um de frente para o outro, ambos sentindo que aquele silêncio era incomodo. Shaoran simplesmente se levanta e senta na cama ficando de costas para ela.

"Se você está se sentindo incomodada, é só dizer Sakura,…" – ele levantou e ela se sentou – "Eu não me importo em dormir na sala…".

"Não…" – ela se levantou e foi até ele – "Me desculpe!" – disse cabisbaixa. Ele se voltou para fitá-la.

"Não se preocupe, Sakura…" – a abraça – "sabe que pode confiar em mim Minha Flor…" – ela sorri e fica nas pontas dos pés, ele se inclina levemente para beijá-la, vão aprofundando o beijo e Shaoran vai levando Sakura devagar para a cama. Começam a se beijar com paixão, perdendo parte dos sentidos. Sakura interrompe o beijo e se afasta um pouco.

"Shaoran... eu quero isso tanto quanto você... mas..." – ele repousa um dedo nos lábios dela e sorri.

"Não se preocupe, Minha Flor…" – acariciando o rosto dela – "Nunca faria nada que te desrespeitasse… Eu te amo Sakura,… esperei oito anos para poder te ter em meus braços… acho que posso agüentar mais algum tempo…" – a abraça aconchegando-a em seus braços – "Além do mais temos a vida inteira para compartilhar… e quero ter você comigo pelo resto de minha vida…" – a beija suavemente, sem aprofundar.

Logo, Sakura relaxa e se apóia no peito forte dele enquanto ele lhe abraça firmemente.

"Confio em você..." – foram as últimas palavras que ela pôde dizer antes de cair no sono.

"Você teve um dia duro... descanse..." - ele beijou a testa dela, sentindo o suave perfume que ela emanava, caindo no sono logo em seguida.

Continua…

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N/A – Oi pessoal… Bem primeiramente eu queria pedir desculpas pela demora…

Bem… o que eu posso dizer... transformei o Hidemitsu em um quase assassino, mas não tive coragem de colocar o rapaz atrás das grades… fiquei com pena… hehehe… mas o castigo dele vai ser bem pior que isso…

Queria agradecer a Miaka, ao Gil, ao Felipe e ao Keitarô… Valeu!… Obrigada também a quem está acompanhando… mandando comentários ou não…

Beijos e até o próximo capítulo , que por sinal é o penúltimo dessa estória… Sim estamos chegando ao fim…, ficou curtinho, não é!!…

Yoruki.