Atração Fatal- IV
Por Hime
-Conhecendo Pessoas-
Saindo do seu transe, Eriol logo respondeu:
- Hiiragizawa Eriol. O prazer é inteiramente meu, senhorita.- E logo beijou a mão da jovem donzela.
- Sinto muito, mas o médico recomendou repouso absoluto para minha mãe, então vim recebê-lo.
- Oh, sim. Entendo... Ah!- pegou o ramalhete de flores que tinha deixado em cima da mesinha.- Trouxe para sua mãe.- Eriol se estapeou, ou melhor, se chutou, se socou, se espancou mentalmente por não ter lembrado em trazer um buquê para Tomoyo.
- Obrigada.- Tomoyo novamente sorriu e chamou uma criada para colocar as flores num vaso.
Eriol notou como a mocinha era bonita. Os longos cabelos escuros emolduravam seu rosto alvo. Seus grandes olhos violetas transmitiam um calor, um carinho que ele não saberia definir. Estava ainda mais bonita por usar um vestido um pouco além dos joelhos, de cor roxa. Um casaquinho por cima o fez lembrar que era inverno.
- Sente-se por favor.- Eriol acompanhou Tomoyo.
- Hmm... Bem...- Não sabia por onde começar.- Hoje pela manhã eu liguei na empresa e me disseram que sua mãe não estava bem.
- Sim...- A doce voz de Tomoyo se abalou um pouquinho.- Pelo que parece ela já estava muito cansada.- Eriol a olhou de um modo que transmitia dúvida e Tomoyo percebeu. Não tinha que esconder nada de ninguém, então continuou.- Ela quase não parava em casa. Somente nos víamos no horário das refeições.
- Estafa?
- Sim. Mas o médico garante que ela teve alucinações...
- Como? Alucinações? Por quê?
"Que curioso!" foi a única coisa que Tomoyo pôde pensar, mas não ligou. Talvez isso fosse de sua natureza, e ela realmente precisava desabafar. Ele era um estranho, é lógico, mas se até mesmo sua mãe, a desconfiada Daidouji Sonomi, tinha ido procurá-lo, era porque ele era bom no que fazia. Como guardar segredos...
- Parece que todo o cansaço acumulado a fez enxergar coisas... Ela afirma que viu o espectro do meu pai, mas não sei...- Tomoyo levou a mão esquerda ao queixo e pareceu entrar num mar de preocupações. Eriol não podia deixar uma moça tão jovem e bonita ficar se martelando com problemas:
- E a senhorita? Como está?- Disse tirando a jovem de seus devaneios.
Tomoyo estranhou. A mãe dela estava passando mal e ele perguntava sobre ela?
- Huh? Bem, muito obrigada.
Eriol sorriu com gosto. Ele não esperava essa resposta. Tomoyo fixou seu olhar no sorriso dele. Era bonito deveras...Assim como todo o conjunto.
Se lembrando do que anteriormente gostaria de conversar com Tomoyo, redirecionou a conversa para o rumo que queria.
- Que bom que está bem. Tem notícias sobre o senhor Nagamine?
Tomoyo se conteve em fazer uma careta. Que homem esquisito era aquele? Ele mudava de assunto toda hora e era curioso demais. Mas pensando melhor, essa era sua profissão, afinal, ele era um detetive! Tomoyo se acomodou melhor na poltrona, ficando frente à frente com Eriol.
- Nenhuma. A última vez que nos vimos foi no dia em que ele foi até a empresa para conhecê-la. Assim que nos casássemos ele iria assumi-la.
Teria ótimas informações a partir de agora, é lógico, mas Eriol não poderia ser tão insensível a ponto de tirar um bloquinho do bolso e começar a anotar. Fez o que pôde: guardou tudo mentalmente. Tomoyo parecia ajudá-lo, dizendo quase tudo sem ele nem ao menos perguntar. Ou ainda o que ela precisava era de alguém para ouvi-la...
- Depois de sair da empresa ele pegou um barco. Disse que iria para uma cidade na costa acertar uns contratos para sua empresa. Depois disso só nos avisaram do acidente mas nunca acharam seu corpo.
À medida que Tomoyo falava, Eriol notava que ela não parecia sentir muita falta do noivo desaparecido. Aliás... nenhuma falta. Porém tudo o que a bela moça falava sobre o acidente, era muitíssimo parecido com o acidente de Kaho. Não! Ele não poderia ficar deprimido agora. Colocaria sua profissão acima dos seus sentimentos nesse momento.
- Ele havia gostado da empresa?
- Oh, sim. Disse que não esperava a hora de poder trabalhar nela. Minha mãe tinha ficado felicíssima com essa notícia.
Eriol conteve seu impulso de dar um tabefe na própria testa. Estava tudo muito claro! Sonomi estava estafada de tanto trabalhar num empresa enorme daquela, tinha ficado feliz com a notícia de que o futuro genro a substituiria, Tomoyo não parecia que queria se casar por amor, então... Tomoyo se negava a assumir a empresa e por isso Sonomi procurava por Touya! E achar um empresário solteiro que quisesse ganhar bem não era nada difícil. Por um momento Eriol esqueceu o quadro de saúde de Sonomi, o quanto Tomoyo deveria estar abalada, e soltou de uma vez:
- Então a senhorita iria se casar com um homem que não amava somente para não ter que assumir a empresa de sua mãe?
Tomoyo arregalou os olhos. Então ele já descobrira a verdade? Melhor ainda, agora não precisaria esconder mais nada.
- Não é um capricho meu como está pensando. Não tenho jeito para os negócios. Eu simplesmente levaria à falência todo o patrimônio que os meus pais levaram anos para construir.
Eriol se calou. O que ele estava fazendo? Não era de sua conta se a bela mocinha iria se casar por sociedade de interesses. Tinha que esfriar a cabeça. Quem era ele para discutir sobre a vida pessoal dela? Passou a mão pelos cabelos. Tomoyo notou seu transtorno interior. Notou também em como o rosto do detetive era bonito, mas isso não vinha ao caso agora.
- Perdão senhorita Daidouji.- Tomoyo sorriu levemente. Não costumava se irritar facilmente.
- Tomoyo por favor. E não precisa pedir perdão.
- Como quiser senhorita Tomoyo.- Tomoyo sorriu novamente. Ela não esperava esse "senhorita" na frente do nome.
Uma criada de cabelos curtos veio avisar que Sonomi havia acordado há alguns minutos.
Tomoyo iria vê-la e se levantou, gesto seguido por Eriol.
- Pode vir comigo se quiser. - Tomoyo se lembrou do motivo da visita de Eriol.
- Não, obrigado. Acho que preciso ir.
- Pode vir comigo se quiser.- Tomoyo repetiu, mas dessa vez já se direcionando para a escadaria que levava aos quartos.
Eriol gostou dessa bela morena. Ela era deveras parecida com ele.
Depois de subir as escadas e passar por um enorme corredor, chegaram a um suntuoso quarto de casal inteiramente branco com os móveis em harmoniosos tons bege e marfim. O quarto de Sonomi.
Tomoyo abriu a porta devagar e fez Eriol entrar, para depois fechar a porta. Sonomi lia um grosso livro e estava sentada na cama, quando viu os dois jovens entrarem em seu quarto.
- Oh meu Deus! Detetive Hiiragizawa!
- Por favor, senhora Daidouji, não precisa me chamar de detetive.- Eriol sorriu meio constrangido.
- Digo o mesmo para o senhor, Hiiragizawa. A que devemos sua visita?- Sorriu sinceramente. Era difícil receber visitas agradáveis.
- Fiquei sabendo do seu mal estar e vim visitá-la.- Ele jamais diria que achavam que ela estava ficando louca.
- Não sabe o quanto fico feliz por ter vindo.
- Eu também fico muito feliz por vê-la bem.
Tomoyo percebeu que aquela conversa iria longe... Já ia se sentar numa poltrona num dos cantos do quarto quando bateram à porta. Foi atender.
- Senhorita Tomoyo, ele já chegou.- Uma outra criada, de cabelos negros e longos avisou.
- Obrigada Kimi. Avise que eu já vou.
- Sim senhorita.- E a mocinha se retirou.
- Mamãe, senhor Hiiragi...- Ao olhar de desaprovação deste quis rir, porém continuou.- Hiiragizawa, eu já volto. Com licença.- E fechou a porta atrás de si ao sair.
- Hm.. Hiiragizawa.- Sonomi chamou num tom mais baixo.
- Sim?
- Sente-se aí.- Apontou para uma cadeira ao lado de sua cama. No momento em que Eriol estava se sentando, ouviu uma pergunta que não esperava.- Acredita em fantasmas?
Eriol não arregalou os olhos ou coisa parecida. Somente sorriu e respondeu:
- Em fantasmas não, mas se está se referindo a ver espíritos, sim. Eu também os vejo de vez em quando. Não se preocupe. Eu acredito em você.
Sonomi sorriu em gratidão e segurou a mão do detetive como se dependesse dela para viver.
- Há alguém que a contraria?- Ele sabia que sim, mas mesmo assim resolveu perguntar.
Sonomi soltou sua mão.
- Meu médico, Dr. Inabata Kazuo.
Tomoyo abriu a porta de repente e disse:
- Mamãe, Dr. Inabata chegou.
Um homem alto, da altura de Eriol, de olhos azuis e cabelos de cor castanho escuro apareceu por trás de Tomoyo. O olhar de Hiiragizawa e Inabata se encontraram e gelo e fogo podiam ser vistos em seus olhos. Gelo de apatia, fogo de raiva.
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- Chiharu, Chiharu!- Yamazaki gritava enquanto caminhava apressado pela agência.
- Takashi, o que faz aqui?- A bonita moça apareceu de algum lugar pelo qual ele já havia passado sem notar.
Takashi nem se deu ao trabalho de responder, pegou a noiva pela cintura e a rodou, dando-lhe um belo beijo em seguida.
- Adivinha.- Yamazaki estava muito feliz.
- Hum...Não sei! Você está me deixando curiosa!
- Consegui marcar a data do nosso casamento na igreja que você queria.- Chiharu abriu um sorriso enorme.
- Sério? Quando?
- Um pouquinho longe, daqui a cinco meses... No dia do seu aniversário.
Chiharu quase sufocou Yamazaki, agora não por estar quase o estrangulando, mas pelo abraço forte e carinhoso que deu nele. Por vezes eles já tinham ido até aquela igreja e sempre diziam que não tinha espaço na agenda e tal, mas por algum milagre ele havia conseguido.
Yamazaki tinha conseguido, e agora ganhava um dos mais apaixonados beijos de sua vida. As pessoas que circulavam ali na agência de modelos passavam com um sorriso no rosto. Tinham vontade de ser tão felizes e amados quanto eles.
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- Foi lindo, Syaoran!!!- Sakura exclamava enquanto tomava sorvete com Syaoran numa mesinha do pátio da sorveteria.
- Yamazaki me avisou que ia lá na agência. Iria fazer uma surpresa para ela.- Li colocou na boca uma colher cheia de sorvete de chocolate.
- E que surpresa! Pena que na hora eu estava tirando algumas fotos e só peguei o finalzinho...- Sakura colocou a mão no queixo em desconsolo. - E ela ficou feliz?
- Feliz? Syaoran, feliz? Eu não tenho palavras para traduzir o quanto ela ficou maravilhada!!
- Poxa...Que bom.- E ele terminou de tomar o seu sorvete.
- Ai, ai...- Sakura suspirou e Syaoran imaginou que ela deveria estar pensando o quanto o amor era lindo.- Syaoran, é verdade que Eriol está trabalhando no caso Daidouji?
Li franziu a testa. Como ela sabia disso?
- Ah Syaoran... Não faça essa cara. Daidouji Tomoyo é uma das minhas melhores amigas!- Sakura sorriu belamente.
- Como? O que ela te falou? Sakura, você conhece essa história?
- Claro que sim. O que acontece com ela que eu não sei? Sei que a mãe dela arranjou um noivo para ela, sei que ela não amava Touya, sei que o meu primo sumiu, sei que...- Sakura começou a contar nos dedos as coisas que sabia de Tomoyo. Não tinha importância em contar para Syaoran coisas que ele já sabia, mas se surpreendeu ao sentir Li segurando suas mãos. Ele tinha o olhar fixo no seu rosto.
- Seu primo?- Ele perguntou seriamente.
- Touya era meu primo em segundo grau.- Ela respondeu um pouco espantada.
Syaoran deixou o dinheiro na mesinha e saiu de lá às pressas com Sakura.
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Eriol tinha sido acompanhado por Tomoyo até a porta da mansão. Filtrou tudo o que ela disse, e resumiu que Tsukishiro não ficou muito comovido com o sumiço do sócio e melhor amigo. O médico olhava de forma nada gentil para Tomoyo. Eriol buzinou para um carro que estava ziguezagueando pela rua. Concentrou sua mente novamente. Não tinha que pensar em Tomoyo, e sim no caso que lhe fora confiado, mas aquele Inabata não parecia ser confiável...
"Droga..." Eriol estacionou o carro em frente à sua casa e encostou a cabeça no volante. "Ou eu penso no meu trabalho ou nela... Ela é tão bonita...Gentil, meiga..." Saiu rapidinho de suas lembranças quando ouviu Sakura e Li baterem no vidro da sua janela. Sakura tinha uma expressão divertida enquanto Syaoran mantinha o semblante sério. Eriol desceu do carro.
- O que fazem aqui?- Eriol perguntou enquanto trancava o carro.
- Sakura conhece Nagamine.
Dentro de poucos segundos estavam dentro da confortável sala de visitas de Eriol.
- Sakura, você pode nos ajudar muito. Gostaria que me contasse tudo o que sabe sobre Tomoyo e..- Não era do feitio de Li interromper as pessoas, mas ele não podia deixar passar essa oportunidade.
- Tomoyo? Que intimidade, Hiiragizawa...- Li sorriu maliciosamente enquanto Sakura continha a risada com uma das mãos. Eriol sentiu o rosto esquentar. Li o havia pego.
- A pedido dela eu a chamo assim, e além do mais estamos somente nós aqui e...
- Ei! Calma!- Syaoran levantou as mãos com um sorriso divertido.- Foi só um comentário, não precisa se defender tanto. Até parece que é culpado...
Eriol havia se traído...Ajeitou os óculos e continuou:
- Sakura, você pode contar tudo o que sabe. Vai nos ajudar muito, além de ajudar sua amiga também.
O meigo sorriso de Sakura apareceu.
- Tudo bem. Se for pelo bem de Tomoyo eu conto.
- Ótimo.
Sem querer, Eriol olhou no relógio e agora não se conteve, deu mesmo um tapa na testa.
- Droga! Tenho uma reunião daqui a vinte minutos da empresa do Tsukishiro!- Suspirou.- Demorei tanto para conseguir um horário e...- Li interrompeu com uma cara nada satisfeita.
- Seja mais direto, Hiiragizawa. Você quer que eu vá, não é?- Vasculhou seu bolso e fez as chaves do carro tilintarem.- Eu te conheço. Me dê o endereço.
Eriol sorriu como nunca. Sakura riu do jeito do namorado. Logo Li tinha em mãos o endereço do escritório. Passou um braço pela cintura de Sakura enquanto tinha a outra mão no bolso e lhe deu um carinhoso beijo, disse um "Volto assim que puder" para Eriol e saiu pela porta de madeira.
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Assim que Syaoran chegou à recepção da empresa, algumas mocinhas começaram a dar risada e cochicharem algo. Syaoran explicou à recepcionista que tinha vindo no lugar de Eriol, e logo uma moça mais atirada se ofereceu para acompanhá-lo. Assim que Li chegou em frente à sala de Tsukshiro, a mocinha retornou para a recepção, dando uma piscadinha. Syaoran não ligou, passou a mão pelos cabelos rebeldes e bateu na grande e grossa porta. Sem resposta. Bateu novamente e novamente, mas também não houve resposta. Ouviu uns ruídos que vinham de dentro da sala e resolveu entrar, o homem podia estar tendo um ataque ou podia estar morrendo sufocado!
Assim que Li abriu a silenciosa porta deu de cara com uma cena que não esperava. O homem estava no maior dos amassos com uma jovem de cabelos bem longos, de um tom vermelho, intenso. É... Se Tsukishiro tivesse um ataque do coração ou morresse sufocado ele saberia o porque... Fez um "hum-hum". Nada. O empresário beijava ardentemente o pescoço da mocinha, que sentada no colo dele ria e se mexia como uma cobra. Fez um barulho um pouco maior, fechando a porta. Nada também. Estava ficando irritado. Do seu lado havia uma pequena estante com alguns objetos. Pegou um vasinho meio feio e sujo que não parecia ter muito valor e jogou com força no chão. Finalmente os dois pombinhos olharam.
O homem se virou ao mesmo tempo que a moça. Tsukishiro tinha olhos azuis muito claros, que por momentos lhe pareceu prateado e cabelos de um tom anormal, prateados, longos e presos, mas agora bastante bagunçados. A mocinha tinha, além dos cabelos bem vermelhos, olhos de um tom castanho avermelhado. Um casal exótico. Li deu um olhar frio para Tsukishiro, mas não enregelante o bastante quanto o dele.
- Quem é você?- foi a única coisa que o empresário balbuciou.
Continua no próximo capítulo...
N/A: Uau! Esse capítulo foi o mais rápido que eu escrevi! Puxa... que Yukito diferente, não? E esse médico é estranho mesmo ou é impressão do Eriol? Mas e então? O que vocês acharam? Alguma dúvida? Realmente não sei se estou agradando, portanto deixem a sua opinião ou me mandem um e-mail, tudo bem? Pode falar que está odiando também. Se quiserem dar alguma sugestão(por favor!), crítica (tanto boa quanto ruim), podem mandar que serão muito bem aceitas. Garanto que o próximo capítulo estará muito interessante. =^.^=
Feliz Natal para todos vocês!!!
B-jos!
