Bom, para este capítulo só é necessário que saibam que quando uma pessoa estiver ao telefone, eu colocarei o diálogo da pessoa do outro lado da linha entre [colchetes], ok? Boa leitura.
Atração Fatal- VII
Por Hime
-Interesses-
Chiharu conversava alegremente com a mãe:
- Pronto mamãe, agora só falta comprarmos uma parte do enxoval!
- Calma querida, ainda temos tempo.- Chiharu a puxava pela loja.
- Eu sei, mas...- Parou e acariciou uma belíssima colcha branca bordada.- Eu estou muito ansiosa.
- Mas você não estava tão eufórica assim a poucos dias.
- Ah, eu sei. Eu e Takashi já estamos noivos a algum tempo, uns quatro meses, se não me engano, mas depois que ele marcou a data do casamento...ah..- Suspirou.- Ele vai realizar um sonho meu.- Sorriu lindamente.
A senhora Mihara ficou muito feliz com a alegria da filha. Seu futuro genro teria a importante missão de manter essa felicidade.
- Mas e então, mamãe, o que a senhora acha desta?- Apontou para a formosa colcha.- Será que ele vai gostar?
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Sentou-se com vontade na poltrona do seu quarto. Fechou os olhos e refletiu um pouco. Sua vida sempre fora tão calma... Até que sua mãe resolveu que precisava assumir a empresa. Nunca tivera jeito para os negócios. Se assumisse seria falência na certa. É claro que sua mãe a auxiliaria no começo, mas não seria a mesma coisa. Então apareceu Touya. Ele era o típico empresário jovem, bonito, esperto... E que fazia qualquer coisa pelos negócios. Um casamento por interesse... Mas que mal havia nisso? Os dois eram solteiros e tinham um interesse em comum. Não tinham com o que se preocupar, tudo seria perfeito! Tomoyo se encolheu, se abraçando. Mas sua vida deu um giro de 180º e tudo veio abaixo. Pensou em sua mãe, que já não acordava bem. Se Sonomi continuasse assim teria que ir para o hospital. Seria horrível, mas se o médico dizia que era melhor para Sonomi então só lhe restava acreditar. Olhou para as portas da enorme sacada e viu os primeiros raios quentes de sol atravessarem as finas cortinas brancas, semi-abertas. Sol... A imagem de Eriol lhe veio à mente e se lembrou de como ele a havia consolado. Um tímido sorriso surgiu em seus lábios. Ele ajudou muito e... Se sentou de vez com um semblante assustado. Pela primeira vez pensou com clareza sobre o assunto. E se Touya aparecesse? O ele faria? O que ela faria? O que sua mãe faria??? Levou a mão à testa tentando organizar seus pensamentos. Não teria que se casar com ele, certo? Se bem que era para isso que sua mãe o estava procurando. Se jogou de novo na poltrona. Antes ela não se importava em se casar com ele, mas agora... Bem, agora também não... Olhou novamente para a sacada, de onde podia se ver o seu enorme e belíssimo quintal banhado pelo majestoso sol. Ou será que agora se importava?
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Tomoyo já estava irritada. Como aquele médico tinha coragem de chegar às sete e trinta da manhã em sua casa, correr para o quarto de Sonomi, a dopar, e agora ficar rindo contando histórias idiotas??? Mas enfim já estava decidido, Sonomi iria para o hospital e Tomoyo daria um jeito de outro médico examiná-la. "Se ela acordar irá ter um ataque violento" Médico inútil. Que ataque?!? Sonomi estava em perfeitas condições! Por frações de segundo Tomoyo lançou um olhar nada agradável para Kazuo. Nestas horas tinha vontade de largar tudo e sair correndo porta afora. Mas o que no mínimo aconteceria era que a dariam como louca, a internariam junto com sua mãe, tudo iria para o ar e cairia escorregando na neve. Balançou levemente a cabeça tentando afastar estes pensamentos estranhos.
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- Ei!- Sakura olhou para trás e viu uma garotinha.- Você não é a Kinomoto, aquela modelo que saiu na capa de aniversário d...
- Sou sim.- Sakura a interrompeu, dando um belo sorriso. Estava de bom humor. Tinha transferido a data do jantar com Syaoran para esta noite, já que na data anterior seu pai teve uma reunião urgente.
- Que emoção! Será que você poderia me dar um autógrafo?- A pequena garota lhe estendeu uma agendinha.
- Claro. Qual seu nome?- Autógrafos? Isso era raro para Sakura. Resolveu atender o pedido.
- Hanako!- Sakura escrevia com calma e sentiu a garota lhe fitando.- Você realmente é muito bonita, sabia?- A moça de olhos verdes sorriu.
- Obrigada. Você também é uma gracinha. Pronto.- Lhe entregou de volta a agenda e a caneta.
- Puxa! Obrigada mesmo!!!- E saiu correndo com um sorriso de orelha a orelha. Sakura também sorriu por ter feito uma garotinha feliz.
Mal se virou para fazer seu caminho e mais duas garotas a abordaram, seguidas por um rapaz. Fãs? Como assim? A revista só havia saído a alguns dias!!
Sakura escrevia mais rápido a cada momento que se passava. Tudo bem que aquela revista fosse famosa, mas ela não imaginava o quanto. Sakura estava ficando meio irritada, com aquelas pessoas querendo abraçá-la, tocá-la e ainda por cima tinha que ficar escrevendo um monte de coisas iguais. Foi quando sentiu um braço sendo passado pelos seus ombros e uma voz masculina dizendo: "Com licença que agora a senhorita Kinomoto precisa descansar". Foi ouvido um sonoro "Aaahh..."
Aquela voz... Sakura se virou de repente de deu de cara com Hitoshi, que ainda tinha uma leve marca do soco de Li no rosto. Antes de Sakura poder dizer qualquer coisa, Hitoshi disse ao seu ouvido, de modo que somente ela pudesse ouvir:
- Não se preocupe, só quero te tirar do meio desses seus fãs...- Sakura não fez uma cara muito agradável e consentiu. Precisava mesmo sair dali.
Kuramochi continuou com o braço por cima dos ombros de Sakura, gesto que lhe causava asco, mas somente até a outra esquina, onde Sakura tratou de se livrar dele.
- Obrigada por me tirar de lá, mas agora preciso ir e... Ei! Como sabia que eu estaria aqui?
Kuramochi olhou bem para Sakura e viu sua expressão. Se ela não estivesse tão irritada ele diria que brava ela ficava ainda mais bonita.
- Bem... Digamos que eu saiba tudo sobre você...- Ele deu um sorriso esquisito e Sakura estremeceu.- Estou brincando. Vi no editorial da revista onde você trabalhava e bem... alguns telefonemas e tal, você sabe.
- Ah sim...- Sakura ainda ficou meio pensativa.- Mas preciso realmente ir.
- Espere.- Sakura se virou para ele já impaciente.- Para você.- E lhe estendeu um bonito arranjo de flores. Sakura pegou e se mostrou surpresa.- Me desculpe por aquele dia. Não sei o que aconteceu comigo, mas estou muito arrependido.
- Tudo bem.- ela disse, observando as flores.- Mas eu preciso muito ir.- Se virou e continuou a andar.
- Tchau....- Não obteve resposta.- Acho que ela não ouviu...
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Sakura andou mais uns dois quarteirões, e sem parar de andar jogou as flores na primeira lixeira que encontrou.
- "Não sei o que aconteceu comigo".- Repetiu com a voz debochada.- Não havia acontecido nada para ele se descontrolar. Ele é um troglodita, isso sim!- E continuou com seus passos firmes.
Hitoshi olhava Sakura e apertava a mão com força. Como ela ousava fazer isso com ele? Ela iria saber do que realmente capaz era Kuramochi Hitoshi.
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Sakura estava arrumando a casa para o jantar. É claro que não precisava de toda aquela arrumação, mas já que a agência a tinha liberado pelo resto do dia e só iria ajudar seu pai a fazer o jantar à noitinha, achou melhor fazer alguma coisa. Olhou pela janela e viu um tímido sol tentando quebrar as nuvens que estavam se formando. Lembrou-se de verificar a temperatura do aquecedor, já que seu amado não gostava de frio. Amado... Sakura se jogou no sofá da sala, abraçada a algumas almofadas. Seu amado, seu Syaoran. Logo sua imagem lhe veio à mente. Era tão bom pensar nele...Mas estar com ele era melhor ainda. Fechou os olhos e a imagem se tornou ainda mais real. Os cabelos sempre rebeldes, os maravilhosos olhos castanhos, os lábios muito bem feitos, o rosto másculo e de novo os olhos...Deus, que olhos!!! Ela poderia ficar a eternidade olhando para aqueles olhos, deixando que eles invadissem seus pensamentos, suas emoções, deixando que eles a devorassem por inteiro... Logo ele estaria com ela aquela noite, e algo lhe dizia que seria uma noite especial. Sorriu e se levantou, colocando as almofadas no lugar. De repente deu-se um estalo em sua mente e Sakura levou a mão à testa.
- Meu Deus! Que roupa eu vou usar??- Sakura disse com desespero e saiu correndo escada acima, para procurar o que queria. E ficou escolhendo roupas até a hora em que seu pai chegou...
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Eriol estava na cozinha preparando seu jantar. Foi ótimo tirar aquela tarde de folga. Já estava ficando estressado com tudo à sua volta. Seus sentimentos estavam fazendo um nó gigantesco na sua cabeça. Terminou de cortar alguns legumes e colocou para refogar. Se seus amigos o vissem com aquele avental que tinha ganho da sua mãe iriam rir até perder as forças, mas estava usando justamente porque não estavam olhando. Odiaria manchar aquele pulôver com óleo. Se sentou na cadeira jogando o pano de prato em cima da mesa. Sozinho. Era assim que se sentia agora. Sozinho. Sua enorme casa, quase uma mansão, era habitada somente por ele. E pensar que quando a comprou imaginou vê-la cheia de vida, flores, e quem sabe um dia, crianças. Sim! Seus filhos! Sorriu. Lembrou-se do dia em que pediu Kaho em casamento. Ela parecia feliz. Esperava do fundo do seu coração que tudo isso acabasse bem e que Kaho estivesse em paz, onde quer que ela estivesse. Tirou os óculos fechando os olhos, e a imagem do belo rosto de Kaho não demorou para aparecer em sua mente. O cabelo comprido e castanho, o rosto perfeito e o olhar doce. Aqueles olhos castanhos que tanto o encantavam. Mas vagarosamente a imagem de Kaho ia ficando embaçada, para ceder lugar a um rosto não menos belo, porém com uma beleza bem diferente. Cabelos também compridos, porém de uma cor única: roxo, de tom forte. Olhos lilases também não eram comuns, mas ficavam excepcionalmente bem nela. Ela. Tomoyo. Não se surpreendeu quando ela apareceu em sua mente, sabia que desde o momento em que a viu não se esqueceria dela, e principalmente daquele sorriso, que era capaz de mover montanhas e causar a maior das guerras. Bom, pelo menos era assim que ele pensava. E com certeza absoluta Eriol ficaria nos seus pensamentos por mais umas boas horas se não fosse o forte cheiro que vinha da panela que estava em fogo alto. Recolocou seus óculos desajeitadamente e foi tratar do seu jantar. Afinal, comida queimada não era seu prato favorito.
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- Já vou!- Sakura exclamava enquanto dava uma última ajeitada no seu visual, que era composto por um vestido um pouco além dos joelhos, de cor vermelha com detalhes em negro, com decote ombro a ombro. A gola e as duas filas de botões davam um charme a mais para o modelo. Meia-calça preta, cabelos presos num coque e maquiagem leve com batom avermelhado completavam o bonito efeito. Correu até a porta e parou, respirando fundo para alguns segundos depois abri-la. Era quem esperava, Syaoran.
Syaoran; pontual e bem vestido. Aliás, muito bem vestido. Vestido completamente de negro pôde observar melhor a mocinha que estava a sua frente. Extremamente bela, com certeza. Sorriu levemente ao ver os olhos esmeralda da sua namorada brilharem. Gostava de vê-la sempre feliz.
- Hã... entre Syaoran, por favor.- Notou que ele retirou as luvas e o cachecol também negros.
- Obrigado.- Puxou Sakura suavemente pela cintura para dar-lhe um beijo.- Está linda.
- Ah, obrigada.- Corou levemente. Quando ia dizer mais alguma coisa ouviu o telefone tocar.- Eu...Eu atendo.- Disse num tom mais alto, provavelmente para seu pai ouvir.
- Vou cumprimentar seu pai.- Disse antes da mocinha tirar o fone do gancho e se dirigiu para a cozinha, onde foi recebido com um saudoso abraço do seu futuro sogro.
Por sorte ou azar o telefone ficava próximo à cozinha, de onde podia-se ouvir toda e qualquer conversa. E ouviram também o diálogo de Sakura.
- Alô, residência Kinomoto. Quem fala? Quem fala? Eu vou desligar.- Syaoran e Fujitaka se entreolharam e Li achou estranho o teor da conversa. Talvez fosse um trote, mas mesmo assim foi até onde Sakura estava.- Eu...Eu...
- Sakura, tudo bem?- Syaoran perguntou ao ver a moça empalidecer bruscamente.
[- Ora, ora Sakura. Então quer dizer que o seu namoradinho está aí também? Que interessante...Mas o meu sogrinho está de olho em vocês não é?]
- Quem é você?- Olhou para Li.- Acho que está enganado.
[- Será mesmo minha querida? Não tente fugir de mim... Eu sei tudo sobre você! Tudo!!]
- Você.. Você é...- Foi interrompida.
[- Eu vou lhe poupar de falar certas coisas na frente do seu namoradinho de araque. Sim, sou eu o autor de todas aquelas cartas que você recebeu durante meses. Provavelmente você deve ter escondido de todos, mas de nada irá adiantar. Se eu disse naquelas cartas que você vai ser minha, então você vai ser!]- Frisou bem o "vai".
Sakura olhou novamente para Syaoran que tinha a preocupação estampada na face. Resolveu acabar com isso logo. Nada poderia estragar sua noite.
- Olha, eu acho que você realmente discou errado, aqui não tem Satsuki alguma.
[- Tentando disfarçar alguma coisa Sakurinha? Saiba que não vai adiantar porque eu...]- Foi cortado por Sakura.
- Não foi incômodo algum. Não se preocupe- Sorriu forçadamente.- Boa noite para o senhor também.
Foi a vez de Li fazer perguntas.
- Tudo bem Sakura? Quem era?
- Era... Era engano. Isso.- Ela já tinha a cor de volta à bela face, mas retorcia as mãos, fato que Syaoran não pôde deixar de notar.- Ele ligou aqui procurando por uma tal de Daigin.
- Não era Satsuki, Sakura?- Li franziu as sobrancelhas cruzando os braços e a moça mordeu o lábio inferior levemente.
- Sim. Daigin Satsuki.- Sakura sabia que não conseguiria fugir de Syaoran, então tratou de mudar de assunto.- Vamos Syaoran, não se preocupe com um telefonema errado.- Entrelaçou seu braço esquerdo com o direito dele.- Venha, papai já deve estar nos esperando.
Syaoran foi para a mesa meio que arrastado. Sabia que tinha alguma coisa errada neste telefonema. Sakura mentia realmente muito mal. Aquela reação dela ao telefone não era normal. Esta era uma das pouquíssimas situações em que não sabia como agir. Se Sakura não queria lhe contar ele devia respeitar sua vontade, mas e se ela estivesse sendo chantageada ou alguma coisa do gênero? Bom, no momento a melhor coisa a fazer era jantar, e este tinha uma aparência e uma aroma de dar água na boca em qualquer um. Realmente seu futuro sogro sabia cozinhar maravilhosamente bem. Futuro sogro... Tinha planos para depois do jantar. Não pôde deixar de sorrir internamente e um calafrio lhe subiu pela espinha.
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Estavam os três: Syaoran, Fujitaka e Sakura na sala conversando quando o senhor Kinomoto resolveu pegar um chá para todos. Syaoran estava tenso, o que Sakura não pôde deixar de perceber, mas nada falou, já que também não estava cem por cento tranqüila. Fujitaka voltou com seu habitual sorriso e com uma bandejinha nas mãos. Li se ajeitou melhor no sofá e começou:
- Sakura.- A moça quase tremeu com o chamado.- Eu...- O telefone tocou. Syaoran não pôde deixar de querer estraçalhar aquele telefone inoportuno e Sakura ficou meio desapontada. Fujitaka mantinha aquele sorriso no rosto.
- Eu atendo.- A jovem manequim se levantou para atender, mas seu pai foi mais rápido e atendeu em seu lugar. Sakura parecia suar frio quando Fujitaka disse "Alô".
- Li.- O rapaz, que até o momento estava observando Sakura se virou para Fujitaka.
- Sim?
- Para você.- Syaoran e Sakura se entreolharam e o rapaz foi atender. Quem poderia ser? Como sabiam que ele estava ali?
Sakura acabou por se sentar. Suas pernas ameaçaram fraquejar. E se fosse aquela pessoa desconhecida? O que faria?
- Obrigado.- Disse ao pegar o fone das mãos de Fujitaka.- Alô.
[- Cara! Finalmente te encontrei.]
- Quem fala?
[- Sou eu, Yamazaki.]
- Ah sim. Como você sabia que eu estava aqui Yamazaki?- Sakura agradeceu internamente aos deuses.
[-Bom, eu liguei primeiro na sua casa e você não estava, depois eu liguei para o escritório e também não te achei, então só me restou a casa da Sakura.]
- Tá, tá. Mas agora fala o que você tanto queria me dizer.- Ouviu a respiração ofegante do seu amigo.
[- Bom....]- E Li ouviu tudo em silêncio.
- Onde? Tá. E o Hiiragizawa? Sei... Mas você fica me devendo essa. Ok.- E desligou.
Olhou para Sakura e esta logo perguntou:
- Aconteceu alguma coisa?
- Me perdoe Sakura, mas eu preciso ir.- Viu a decepção estampada nos olhos dela.
- O que aconteceu?
- Um imprevisto. Yamazaki está encrencado e eu preciso ir lá, ajudar. Desculpe.- Falou a última frase olhando nos olhos de Fujitaka, que simplesmente consentiu com a cabeça.
- Mas e Hiiragizawa?- Sakura já estava em pé ao seu lado.
- Está nas redondezas da casa de Chiharu.- Dizia enquanto colocava suas luvas.- Parece que ameaçaram ela.
- Oh meu Deus!- Sakura levou as mãos à boca.- Brigas novamente?
- Talvez.- Fujitaka abriu a porta.- Deu um rápido beijo em Sakura.- Obrigado e perdão. Sinto muito mesmo.
Li já estava no portão, colocando seu cachecol novamente. Sentiu a decepção e a preocupação de Sakura. Deu um sorriso quase que imperceptível.
- Não se preocupe comigo.
- Me liga quando chegar em casa!- Disse antes que ele entrasse no carro.
- Tudo bem.- E fechou a porta do carro, dando partida logo em seguida. Sakura entrou em casa frustrada.
- Tudo bem minha filha?- Um preocupado Fujitaka perguntou, colocando a mão no ombro da moça.
- Sim... Acho que vou subir. Não se preocupe, está tudo bem.- Deu um beijo no rosto do pai e subiu as escadas.
Sakura fechou a porta do seu quarto e se sentou na cama, desmanchando o penteado, fazendo os seus cabelos caírem um pouco além dos ombros. Trocou o bonito vestido por uma camisola. Foi até o banheiro e retirou toda a maquiagem, se preparando para dormir. Sentou-se na cama e suspirou. Aquele telefonema... Levantou-se rapidamente e puxou uma caixa do maleiro do guarda-roupa. Se sentou novamente na cama, colocando a caixa em seu colo. Destampou-a. Era realmente impressionante o número de cartas que haviam dentro dela. Sakura pegou a primeira que estava ao seu alcance e tirou o conteúdo de dentro dela. Três folhas brancas com várias frases e recortes podiam ser vistos. Frases como "Você é minha", feita com letras recortadas eram em maior número. Recortes de jornais e revistas com fotos suas, entrevistas e comentários. Algumas fotos nem mesmo Sakura tinha conhecimento. Pegou a carta mais recente, que tinha chegado na tarde do dia anterior. Era a mais assustadora. Com a frase "Mais perto do que imagina" e duas fotos suas, uma numa sorveteria com Li e a outra de Sakura entrando em casa. Na foto Syaoran estava rabiscado de vermelho e preto, e com furos que pareciam ter sido feitos com algo fino, como compasso ou tachas. Fechou a caixa e a guardou novamente. Estava ficando desesperada! Aquele sujeito sabia sobre sua vida, sabia onde ela estava, sabia o seu telefone e agora só faltava aparecer em sua casa com uma arma apontada para sua cabeça. Pulou na cama e entrou debaixo das cobertas, se encolhendo. Não queria preocupar Syaoran. Ele tinha seus problemas também. No começo pensou que era só uma brincadeira de muito mal gosto, já que quando essas cartas começaram a chegar era exatamente a época em que Sakura tinha estourado no mercado da moda, mas esta brincadeira estava indo longe demais. Talvez no dia seguinte ela conversasse com Syaoran. É. Faria isso mesmo.
Syaoran..."Não se preocupe comigo" Como não se preocupar com ele se ela o amava de todo o coração? É lógico que ela se preocupava. E muito. Será que toda vez que ele saísse numa hã... "missão" de trabalho ela ficaria com o coração apertado daquele jeito? Puxou mais a coberta para si. Sim... Provavelmente ficaria. E porque raios será que Yamazaki tinha que interromper uma noite que ela julgava tão importante? Tinha quase certeza de que ele a pediria em casamento. Sorriu tristemente. Ficaria para uma outra ocasião então. Agora só lhe restava esperar pelo telefonema de Syaoran. E não dormiria em paz até que este ligasse.
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- To... Tomoyo...Minha filha...Não, não...- Sonomi delirava enquanto dormia. Tomoyo segurou mais forte sua mão.
- Estou aqui mamãe, não se preocupe. Vai ficar tudo bem.- Tomoyo estava a ponto de chorar com o triste estado da mãe. Jamais chamaria Inabata. Resolveu. Levaria sua mãe ao hospital. Não era justo ela sofrer daquela maneira.- Espere um pouco mamãe, eu já volto.
Tomoyo correu pela casa e chamou uma criada para trocar a roupa de Sonomi. Enquanto isso foi ao seu quarto e trocou de roupa também, indo logo em seguida pedir para a motorista preparar um carro. Fez tudo isso o mais rápido que pôde e logo sua mãe estava sendo atendida no melhor hospital da cidade.
- E então doutor Maro?- Perguntou para o médico que tinha acabado de atender sua mãe.
- Minha jovem, o estado dela não é nada bom, mas ela vai se recuperar logo apesar de tudo.
- Tudo o quê?- Precisava saber de tudo o que estava acontecendo com sua mãe.
- A imunidade dela está baixíssima, ficando muito vulnerável a doenças.- Falou somente o fundamental para Tomoyo, escondendo os males menores.- Mas já colocamos o soro.- Acariciou o bigode branco com os dedos.
- Ah meu Deus!- Se deixou cair no sofá da sala de espera.- Deve ter sido culpa daquele médico incompetente...
- Isto é uma acusação grave, senhorita.- Se sentou ao lado se Tomoyo.- A que médico se refere?
- Inabata Kasuo.- O médico fez uma expressão de surpresa.
- Mas Inabata é um dos melhores médicos deste hospital. Deve haver algum engano, com certeza.- Falou tentando se convencer de que Tomoyo estava errada.
- Não, não. Veja bem, há...- Tomoyo contou para o médico que era para estar de folga tudo o que aconteceu com Sonomi a partir do fatídico dia em que desmaiou na empresa.
- Sim senhorita, eu entendo o que sua mãe teve, mas o tratamento estava correto. Não vejo mal no que o doutor Inabata fez.
- Mas ele a dopou! Sem motivo algum!- Tomoyo já estava ficando exaltada.
- Sem motivos?- O médico quase careca franziu a testa.
- Bom, ele disse que ela teve um novo ataque, mas eu sei que não é verdade!- O carequinha suspirou, fechando os olhos.
- Senhorita Tomoyo. Com certeza ela deve ter tido um novo ataque então. Nenhum médico iria colocar a vida do seu paciente em risco, a não ser que ele fosse louco. No que Inabata pôde ter errado foi a dose de sedativo que poderia ter sido maior do que o necessário, mas nada de tão alarmante como a senhorita disse.
- Mas... - Tomoyo balançou a cabeça. Não adiantaria discutir com o médico baixinho e gordinho à sua frente. Ele iria defender Kasuo até o fim.- Certo... Mas gostaria de que minha mãe fosse tratada por um médico que não seja o doutor Inabata.
- Não se preocupe quanto a isso senhorita.- O médico sorriu, fazendo seu bigode se mexer.- Eu mesmo ficarei encarregado de cuidar dela, está bom assim?
- Claro. E muito obrigada.- A jovem finalmente se sentiu mais aliviada.
- Mas agora eu aconselho que vá para casa descansar. Já é muito tarde e não há nada que possa fazer por sua mãe.
- Mas...- Foi interrompida.
- E se desejar, volte amanhã de manhã.- Realmente aquele velhinho tinha muita simpatia.
- Certo.- Se levantou, ato que foi seguido pelo médico e pegou sua bolsa para ir embora.- Obrigada novamente.
- Só cumpri a minha parte, senhorita.- Tomoyo sorriu e saiu.
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Sakura acordou assustada com o barulho do telefone. Levantou-se do sofá meio zonza e foi atender ao chamado antes que seu pai acordasse. Tinha ido para a sala a fim de esperar pelo telefonema de Syaoran mas acabou cochilando sem querer.
- Alô...- Sua voz estava sonolenta.
[- Sakura? Sabia que não devia ter ligado...]- A voz de Li pôde ser ouvida.
- Syaoran? Não, não, que bom que você ligou! Se não ligasse eu iria ficar esperando a noite inteira.- Sorriu amarelo porque na verdade ela iria acabar dormindo.
[- Sei...- Tinha uma ponta de dúvida em sua voz.- Eu te liguei porque pediu. Está tudo bem. Deu tudo certo.]
- Ai que bom...- Fechou os olhos em alívio.- Então fico aliviada.
[- Sakura, eu sei que você ficou chateada porque tive que ir embora mais cedo, mas...-] Sakura o interrompeu. Não queria mais falar sobre isso.
- Não, não se preocupe Syaoran. Já passou. Não estou chateada nem aborrecida.
[- Mesmo?]
- Hum hum.
[- Então boa noite minha flor. Amanhã tenho que acordar cedo.]
- Tudo bem. Boa noite para você também. Beijos.- Desligou o telefone.
Na verdade Sakura ainda estava chateada, mas fazer o quê? O melhor era esquecer. Subiu a escada lentamente em direção ao seu quarto.
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Sakura acordou assustada. Olhou para as cortinas do seu quarto. Já estava claro. Escondeu o rosto nas mãos. Tinha tido um pesadelo no qual estava com Syaoran e de repente tudo sumia, ficando sozinha no meio de uma escuridão sem fim. Sentia que Li tentava ajudá-la mas tudo dava errado. Se levantou e foi lavar o rosto. Sentia o frio menos intenso por causa do aquecedor, mas mesmo assim sabia que lá fora devia estar muito gelado. Olhava-se no espelho com o rosto ainda molhado quando ouviu seu nome. Enxugou o rosto e colocou um roupão. Ouviu novamente o chamado. Não era seu pai. Vinha de fora! Ficou receosa em ir ver. Ajeitou mais o roupão para enfrentar o frio e abriu as portas da sacada. Não pôde deixar de arregalar os olhos e deixar seu queixo cair.
Continua no próximo capítulo...
N/A: Oiê, tudo bom? Eu achei que esse capítulo ficou meio repetitivo e bem simples, mas dá para quebrar um galho. Creio que os guardiões não estejam fazendo muita falta, estão? Eu até pensei em colocar o Kero como um passarinho, mas como ele é genioso demais para um pobre passarinho eu desisti da idéia.(rs) Bom, eu quero agradecer à Tomoyo Hiiragizawa, que me deu uma ajuda enorme que vai prevalecer neste capítulo e no próximo. Mari-chan, você foi minha salvação em me dizer que o Laruku não acabou, muito obrigada!!! Sayo, Miaka, Anita, obrigada também. O capítulo já está grande demais para eu fazer um comentário maior. Espero que estejam gostando. B-jos e até a próxima.
Hime Hayashi
