Atração Fatal-XII
Por Hime
-Meu Amor-
Já havia se passado quase um mês desde que Tomoyo aceitara sair com Eriol. Aquele foi o primeiro de muitos encontros que se seguiram. Tomoyo sempre dava um jeito de arrastar Sakura junto, mas existem pessoas com desconfiômetro neste mundo, graças a Deus. Sendo assim, Syaoran logo inventava um programa com Sakura, no mesmo dia, no mesmo horário, em local bem distante. Eriol agradecia por ter um amigo tão bom. Esses encontros fizeram bem a ambos, mas tudo não poderia ficar simplesmente assim.
O que dizer sobre um amor não revelado, quando a pessoa a quem se ama está tão próxima de você? Esses encontros serviram para criar um vínculo forte entre Tomoyo e Eriol, vínculo ao qual Tomoyo denominava "grande amizade". Sim, Tomoyo o considerava como um grande amigo, seu melhor amigo. Mas... Faltava algo. Tinha medo de revelar seus sentimentos e ouvir como resposta uma sonora gargalhada. Pensava que ele ainda deveria sentir algo por sua antiga noiva ou simplesmente gostasse da sua companhia. Por que será que sempre pensamos que somos culpados de tudo? As coisas não são bem assim. Às vezes é bom dividir um pouco da "culpa" das coisas. Eriol sabia que amava Tomoyo. Muito. Sabia que era correspondido lindamente, mas e se ele se declarasse e ela percebesse que não era o momento certo ou que realmente não gostava dele, que fora tudo uma ilusão? "E se..." "E se..." Até quando os "se" iriam atrapalhar a vida de ambos? Até quando...?
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O dia estava radiante, o céu maravilhosamente azul! Um azul forte, totalmente livre de qualquer nuvem. Primavera. Essa estação do ano era maravilhosa, e simplesmente tinha um pôr do sol lindo! Não comparado ao do outono, claro, porém lindo! Ainda não era completamente noite, e esperava que estivesse fazendo a coisa certa. Iria até lá e falaria tudo o que sentia. Seu amor tinha crescido demais. Apaixonava-se a cada dia! Sentia que tanto amor não agüentaria ficar calado por mais tempo. Tinha que ser hoje!!!
Eriol estacionou o carro fora da mansão, como sempre. Acostumou-se assim. Pegou dois grandes buquês de flores no banco do carona, identificou-se na portaria e logo entrou. Agora tinha liberdade para entrar e sair da mansão Daidouji quando quisesse. Um avanço? Sim. Pequeno? Quem sabe? Encontrava-se na porta principal da casa. Pensou que a "vidente" da mansão já estivesse perto de abrir a porta. Na mosca!! Não esperara nem dez segundos e lá estava a simpática mocinha que sempre abria a fechava a porta. Eriol deixou escapar um sorriso. Entrou e agradeceu.
- A senhora Daidouji já virá recebê-lo. Sente-se, por favor.
- Ahn... Obrigado.- E a criada saiu.
Claro que a companhia de Sonomi não era ruim, muito pelo contrário, mas ele não foi até lá para falar com ela, sinceramente. Colocou delicadamente as flores em cima da mesa de centro. Logo Sonomi apareceu, radiante, sorridente. Mantinha os cabelos curtos, levíssima maquiagem, pequeno par de brincos com minúsculas pedrinhas vermelhas. A elegância de sempre. Uma saia preta, social, acompanhada por uma belíssima blusa transpassada, vermelha, com mangas três quartos. Qualquer um se sentiria bem em vê-la.
- Boa tarde, Eriol!
- Boa tarde Sonomi.- Cumprimentaram-se.- Como está?- Sentaram-se.
- Muito bem! Obrigada por nos visitar. Estava precisando ver alguém agradável. Aqueles acionistas são cansativos demais.- Sorriu divertida.
- Imagino.- Sorriu também.- Para você. É merecedora, com certeza.- E entregou-lhe o buquê de tulipas vermelhas.
- Eriol, muito obrigada! São lindas!!
O detetive iria falar que combinavam perfeitamente com ela, mas preferiu ficar em silêncio.
- Bom, agora tenho que fazer alguns telefonemas. Espero eu não se importe, afinal, creio que veio até aqui para falar com Tomoyo, não?- Tais palavras fizeram Eriol sentir a face queimar.
- Er...
- Não se acanhe. Eu iria ficar realmente satisfeita em ter você como meu genro.- E deu uma leve piscadinha para Eriol, levantando-se em seguida e entrando num corredor.
Eriol, além de boquiaberto, ficou com uma cor realmente engraçada em suas bochechas. Sonomi tinha o dom de fazê-lo ficar desse jeito: totalmente desconcertado.
Mal saiu de seu modo abobalhado quando Tomoyo apareceu na sala. Linda, como sempre. Desta vez dentro de uma calça social de cor palha e uma blusa de linha, com gola alta, azul clara, sem mangas.
- Olá Eriol!- Cumprimentaram-se.
- Olá.- Antes que esquecesse, entregou para a deslumbrante mulher à sua frente o outro buquê, este com bonitas rosas vermelhas, brancas, grandes, em botões, vibrantes.
- Para mim? Que lindas! Muito obrigada!- Tomoyo pareceu rosada por alguns segundos. Talvez estivesse pensando em como eram sugestivas essas flores.
- Você merece.
A verdade era que Eriol estava concentrado no que dizer nos próximos segundos. Precisava escolher as palavras com cuidado. Achava que um erro e poderia perder tudo. Olhou com ternura para Tomoyo, que pedia para uma das criadas colocar as flores em algum vaso com água. Por que tinha aquele aperto no peito? Será que seria por conta da resposta de Tomoyo? Por alguns segundos, preocupações de toda natureza passearam por sua mente. Tinha trazido uma coisa e agora se arrependera. Quando estava saindo de casa algo lhe dizia que seria necessário, mas...
- Eriol.- Aquela vozinha cativante o chamou.- Vamos conversar na sala de música. É mais confortável.
- Claro.- Levantaram-se e seguiram para o referido lugar.
Com um gesto, Tomoyo indicou um sofá, no qual Eriol acomodou-se. Ela sentou-se no mesmo sofá, mas um tanto distante do homem. Hiiragizawa pôde observar um bonito piano no canto da sala. Um violino e uma harpa também podiam ser vistos. Duvidava que alguém tocasse aquela harpa, mas ela era realmente bonita.
- Tomoyo.
- Sim?- Sentiu seus dedos ficarem gelados.
- Eu... Bom, eu acho que nós temos nos dado muito bem nestes últimos dias e tenho ficado muito feliz com isso.
- Eu também Eriol, eu também.- Percebia que lentamente ele ia se aproximando. Sua vontade era de sair dali correndo, mas ao mesmo tempo queria ficar e aproveitar todos os segundos.
- Tomoyo...- Pegou gentilmente nas mãos dela. Estavam frias.- Você não faz idéia do que eu senti quando vi seu sorriso pela primeira vez. Ainda me lembro perfeitamente.- A mulher sorriu sem querer.- Esse seu sorriso devastou meu coração, Tomoyo.- Agora ela estava séria, vermelha. Olhava com dificuldade para Eriol. Às vezes fugia de seu olhar. Seus olhos ardiam.- Quando simplesmente ao ver seu sorriso eu fiquei tão abalado, deveria ter percebido que eu iria te amar.- Segurou seu queixo com a mão esquerda.- Profecia cumprida, querida Tomoyo. Hoje eu te amo.
Tomoyo estava com o rosto um pouco baixo, fitando o chão. Seu coração estava apertado. Eriol estranhou a reação de Tomoyo, até que sentiu algo molhar a sua mão. Lágrimas? Fez Tomoyo o fitar e realmente, ela estava chorando.
- Tomoyo, me desculpe, eu...
- Não!- Interrompeu-o e segurou sua mão firmemente.- Eu... Eu fico feliz em ver como o Destino foi bom para mim. Em ver como a Vida foi generosa comigo.- Lentamente seu sorriso se abriu.- Eu também te amo, Eriol. Diferentemente de você, não sei quando esse sentimento nasceu em mim, mas agora eu só posso confirmar que eu também te amo. Amo também o seu sorriso. Amo seus cabelos, seu rosto, seu jeito, seu coração, sua alma... Eu te amo...- Agarrou-se firmemente a ele com um sorriso, abraçando-o com força.
Eriol ainda estava meio surpreso. Tomoyo definitivamente o surpreendera com tal declaração. Abraçou Tomoyo com todo o amor que pôde. Novamente o medo de perdê-la retornou, agora ainda mais forte. Afastou-lhe o rosto e pôde fitá-la. Vagarosamente aproximaram-se, ansiosos por um gesto que selasse todo esse amor declarado. Ansiosos por um beijo... Alguns poucos centímetros os separavam. Tomoyo fechou os olhos, mas retornou a abri-los ao ouvir alguém batendo à porta.
- Senhorita Tomoyo?- Uma voz feminina pôde ser ouvida.
Tomoyo olhou constrangida para Eriol. Levantou-se, enxugou as poucas lágrimas e alinhou-se, abrindo a porta.
- Sim?- Sua voz estava ligeiramente rouca.
Eriol observou Tomoyo sair da sala e conversar com a criada em tom de voz baixo. Logo voltou a fechar a porta e a encará-lo.
- Shinako veio avisar que chegou uma visita inesperada.- Seu semblante sério veio a causar preocupação em Eriol.
- Acho melhor ir embora então.- Levantou-se
- Não, não se preocupe.- Colocou as delicadas mãos nos largos ombros de Hiiragizawa.- Eu volto logo, não é nada importante.- Passou os dedos carinhosamente no rosto de Eriol.- Já volto.- E saiu, fechando a porta.
Eriol caiu sentado no sofá. Como ela teria tanta certeza de que não era importante, de que logo voltaria? Bom, em todo caso, seria bom distrair-se contemplando algumas revistas sobre música clássica que haviam por ali.
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Tomoyo estava decidida a livrar-se logo daquela "visita".
- O que quer?
- Oras... Que mulher rebelde...- Aproximou-se e tocou o lado esquerdo de sua face. Tomoyo afastou-se com um tapa naquela mão nojenta.- Sabe? Prefiro mulheres mais meiguinhas, mas as selvagens também são ótimas...
- Saia daqui!- Alterou-se.- Agora...- Disse entre dentes.
- O que foi? Por que está tão brava assim? Sua empregada disse que você estava com uma visita. Espero que não seja aquele cara chato.- Jogou-se no sofá.- Eu realmente não gosto daquele almofadinha.- Tirou o cabelo dos olhos.
Tomoyo tinha vontade de voar no pescoço daquele descarado. Segurava-se bravamente para não gritar e chamar atenção demasiada.
- O que foi?- Disse arregalando os olhos, numa surpresa fingida.- Não vai me dizer que realmente é ele? Oh...- Levantou-se bruscamente e apertou o braço de Tomoyo.- Você sabe que eu não gosto dele.
- Você não tem que gostar.- Disse friamente e puxou seu braço com força para soltar-se.- Aliás, como entrou aqui? Os seguranças tinham ordem para manter você bem longe daqui.
- Nada que um pouco de lábia e éter não resolva.
- Seu sujo...- Disse com cara de nojo.
Num ato de impaciência puxou Tomoyo pelo braço novamente e arrastou-a para fora da casa rapidamente.
- Me larga! Socorro!!!- A mulher gritou.
- Cala a boca vadia!!!- Sacudiu Tomoyo com força, que se calou imediatamente. Olhos arregalados.- Acha que não sei que na sua casa é difícil para o som se propagar? Acha que não sei que aquele idiota está na sala de música e que aquela sala é vedada de sons? Oras, tolinha... Eu sei muito mais do que você pensa... Agora vamos logo. Tenho certeza que você vai adorar o que eu preparei pra você.- Acariciou a face dela, que estava atônita.
Arrastou Tomoyo para dentro de um carro e saiu cantando os pneus...
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Eriol levantou-se impaciente. Já fazia quase vinte minutos que ele estava esperando pela volta de Tomoyo. Algo não estava bem. Sem nenhuma cerimônia abriu a porta e foi até a sala principal. Encontrou nada. Foi até onde achou ser a cozinha e deparou-se com três mocinhas fardadas. Estavam todas ocupadas, mas logo que o viram pararam os seus afazeres e uma delas indagou:
- Pois não? Deseja algo senhor?- Reconheceu ser a criada que foi chamar Tomoyo minutos atrás.
- Você que é Shinako?
- Sim.
- Onde está Tomoyo?
- Na sala com a outra visita, senhor.
Eriol sentiu um calafrio. Acabara de passar por lá e ela não estava.
- Não, deve haver algo errado. Ela não está lá!- Estava afobado.- Quem era a visita?
- Era aquele médico que cuidou da senhora Son...
Não houve tempo para completar a frase. Eriol mais que depressa saiu da cozinha e da casa como um furacão, quase tropeçando nos móveis e logo tentava abrir nervosamente a porta do seu carro. Era óbvio que aquele médico de araque havia levado Tomoyo para algum lugar. Só restava saber onde. Entrou no seu carro nervoso. Tinha visto a guarita vazia, provavelmente Inabata deu um jeito de se livrar dos seguranças. Desgraça! Para onde iria? Olhou para a rua vazia e viu marcas de borracha. Mais que depressa arrancou seu carro dali para algum lugar que achasse provável...
Sem pensar muito acabou andando somente em linha reta. Acabou chegando numa estrada que levava para a rodovia. Entrou com tudo sem nem ao menos olhar para os lados. Amava Tomoyo, não amava? Pois então iria seguir seu coração. Iria seguir para onde esperava a sua metade da alma.
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Inabata jogou Tomoyo com brutalidade para dentro de um barracão arrumado humildemente.
- Seu cretino! Me deixa sair daqui!!!!- Tomoyo batia com força nas janelas de madeira, mas estavam bem vedadas.
- Argh...- Inabata revirou os olhos.- Já falei mil vezes para calar a boca! Odeio gritaria! Se bem que pode gritar à vontade. Estamos num local afastado, num chalé como você deve ter visto. Claro que existem outros aqui perto, mas agora não é temporada. Estão todos vazios.- Dirigiu-se para a pequena cozinha.
- Desgraçado!!!- Estava vermelha de tanto gritar e de ódio. Lágrimas de irritação escorriam na sua face.
- Não chore.- Disse sem fitá-la.- Veja! Estou preparando um jantar para nós dois. Você vai jantar comigo, não é?- Tomoyo o olhou surpresa.- É macarronada, espero que goste. Pelo menos é meu prato predileto.
Tomoyo caiu sentada no sofá. Aquele homem era doente. Muito mais do que pensava! Que carência era aquela?
Alguns minutos depois Inabata pôs a mesa e acendeu duas velas.
- Venha. Vamos jantar logo.- Puxou a cadeira para Tomoyo.- Quero que durma cedo, amanhã tenho uma surpresa para você.- Sorriu como criança.
Tomoyo ainda atônita sentou-se na mesa e segurou o garfo. Olhava para Kazuo ainda não acreditando. Estava lidando com um doente. Achou melhor concordar. Como não havia percebido antes?
- Coma antes que esfrie, querida.- Disse docemente.
- ...
- Coma!!!- Gritou forte e firme.- O rosto avermelhou-se.
Tomoyo assustou-se e deixou o talher cair. Inabata iria vociferar mais alguma coisa se Tomoyo rapidamente não tivesse consertado seu "erro". Olhou para o prato e achou melhor engolir aquela pasta, afinal, não estava com uma cara tão ruim. Mas sua mente maquinava. Tinha que achar um jeito de enganar aquele sujeito e fugir dali.
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Eriol andava lentamente com o carro pela avenida da praia. A lua já estava alta. Tinha perdido totalmente a noção de onde procurar Tomoyo. Aquela área era muito deserta, totalmente cheia de chalés vazios voltados para o mar.
Tinha resolvido procurar um telefone para falar com Sonomi quando avistou um dos chalés aceso. Tinha um carro parado em frente ao referido chalé. Seu coração bateu forte. Seria? Seria Tomoyo?
Caminhou cautelosamente até a casinha, e pôde ouvir, encostando um dos ouvidos à parede, que Inabata falava sozinho num monólogo, contando algo para Tomoyo. Convidou-a para um passeio noturno. Tinha ouvido bem? Um passeio noturno? Aproximou-se da porta. Essa era a chance que teria para acabar de vez com aquele canalha. Viu que Tomoyo saiu primeiro, seguida de Inabata. Foi o bastante para Eriol simplesmente voar no médico.
Tomoyo assustou-se, gritando o nome do detetive. Inabata conseguiu levantar-se e ficar em pé de frente para Eriol, que agarrou sua gola com uma mão e desferiu um bom soco com a outra. Inabata cambaleou. Os pés de ambos afundavam na fofa areia, dificultando os movimentos. Mais uma vez Eriol socou Inabata, agora no estômago, com mais força. Este caiu de boca no chão, sentindo o maravilhoso gostinho da areia invadir seu paladar. Cuspiu como pôde, mas ainda sentia os minúsculos grãos o incomodando.
- Seu idiota...- Grunhiu em tom odioso e cuspiu mais uma vez.- Você me paga!!
Kazuo rapidamente investiu com um soco contra Eriol, que recuou um pouco de dor e logo acertou um murro bem dado no estômago de Inabata, seguido por uma joelhada. Este cuspiu mais uma vez, porém agora sangue acompanhava a areia. A luta estava fácil demais. Tomoyo correu até Eriol, que agora caía sentado. Estava cansado.
- Eriol, você está bem? Me escute, eu...- Foi interrompida.
A mulher foi puxada pelo pescoço para trás com força, quase a sufocando. Hiiragizawa levantou rapidamente os olhos e pôde ver Tomoyo sendo arrastada por Inabata para alguns metros longe de Eriol, que tentou correr atrás, mas foi alertado:
- Se segura aí, cara!- Inabata disse alterado.- Experimente dar mais um passo que eu mato a boneca aqui.- Tomoyo e Eriol surpreenderam-se.- Eu gosto dela, sabe?- Respirou o perfume de seus cabelos e passou levemente a língua no rosto de Tomoyo, que contorceu a face em nojo.- Mas se eu quiser acho outra igualzinha. Afinal,as mulheres são todas iguais!- Disse num riso doente, abrindo um canivete. Estava quase cambaleando, mas ainda apertava Tomoyo com força.
- Deixe de ser covarde uma vez na vida e venha tirar suas diferenças comigo!- Eriol disse enquanto pensava se poderia confiar em sua mira. Já fazia tempo. Na verdade já fazia anos, mas... Era tudo ou nada. Aquele retardado era doente e teria que fazer alguma coisa. Mas ele estava muito esquisito. Cambaleava. Parecia que havia bebido, mas estava lúcido demais. Estranho... Não tinha outra escolha.
- Acha que vou cair no truque de um almofadinha? Tomara que não ache que eu esteja brincando...- Tomoyo estava gelada. Seu emocional nunca foi muito forte.- Quer uma prova?
Eriol sentiu vontade de ir até lá e espancar aquele sujeitinho até a morte. Inabata pressionou o canivete contra a blusa de Tomoyo, fazendo aquele azul tornar-se rubro. A lua estava alta, mostrava claramente aquela imagem.
- Ei! O que foi? Eu não a matei não! Acha mesmo que eu iria matar a mulher da minha vida?
Aquele homem tinha deixado claro que não se importava com Tomoyo e agora falava que era a mulher de sua vida? Eriol viu os belos olhos de Tomoyo se fecharem. Muitíssimo mais do que consciente da insanidade mental de Inabata, tentou agir:
- Pare com isso! O que quer que eu faça?- Encostou um joelho no chão e manteve a outra perna flexionada.
- Vá embora daqui, agora!- O outro gritava, com Tomoyo desmaiada no braço. Não viu Eriol mexer em algo nas costas.- Vá embora e nos deixe aqui que seremos felizes, não é meu amor?- Falou com uma Tomoyo desfalecida. Repentinamente sentiu uma ânsia louca de colocar todo o seu jantar para fora do estômago.- Idiota...- Olhou para Tomoyo quase caída na areia e a sacudiu pelos braços.- O que você colocou naquele suco sua demente?- Discutiu com a moça desacordada, mas lembrou-se de seu inimigo e berrou para ele mais uma vez.- Vá!
Quando Inabata voltou-se para fitar Eriol, este estava com uma potente arma de fogo em mãos. Já posicionado, atirou com todo o seu espírito. O primeiro tiro depois de tantos anos de ter largado o posto de atirador de elite da polícia. Era tudo ou nada. Depois do grande barulho, só pôde ver Inabata caindo ao chão. Kazuo cambaleava demais, e acabou acertando o abdômen do maldito. Este deve ter desmaiado com a dor. Correu até lá para tirar Tomoyo das mãos daquele louco quando surpreendeu-se ao ver Tomoyo também ferida, na lateral do corpo. Pegando Tomoyo nos braços, sentiu seus olhos encherem-se de lágrimas.
- Desculpe Tomoyo... Perdão... Não, eu... Eu não posso te perder também...
Lentamente deu um beijo nos lábios tão desejados. O primeiro. Um beijo lânguido, carinhoso. Quase uma despedida. A face estava gelada. Seu pulso, fraco. Abraçou aquela mulher que tanto amou... A mulher que tão pouco amou... A verdadeira mulher de sua vida...
Continua no próximo capítulo...
N/A: Acho que fiz em um tempo bom. Uma semana apenas para escrever isto. Este foi o penúltimo capítulo. Não providenciem meu funeral ainda, por favor. Afinal, ainda existe o último capítulo, o derradeiro! B-jos, garotas!
Hime
