Atração Fatal-XIII
Por Hime
-Final Feliz...?-
- Sakura.- Li chamou.
- Pode falar.- Colocou a bandeja na mesa e ajeitou-se no sofá dos Kinomoto.
- Bom, eu vim até aqui te contar sobre uma decisão que tomei.
- Mesmo? E o que é?- Serviu chá para Syaoran.
- Bem, eu... Obrigado.- Pegou a xícara.- Eu decidi me desligar da aliança com Hiiragizawa e Yamazaki.
- Sério? Mas Syaoran, e agora?- Ela tinha o rosto expressando surpresa.
- Decidi abrir uma agência de publicidade.- Sorveu um pouco do chá, sem tirar os olhos de Sakura, esperando sua reação.
- O quê? Mas assim, do nada? Sozinho? Como?
- Calma.- Colocou a xícara ma mesa e sorriu ao vê-la agitada.- Não se esqueça de que imaginação e criatividade não faltam a Yamazaki.
- Ah... - Olhou desconfiada.- Então quer dizer que ele vai montar tudo isso junto com você?-
- Pois é. Não se preocupe, vai dar certo, com certeza. É sucesso garantido.- Disse convicto.
- Li Syaoran.- Colocou as mãos na cintura.
- Han... Sim?
- Quer dizer que você irá se desligar de Eriol e irá montar essa empresa. Tempo futuro, certo?
- Er... Bom Sakura, eu...- Disse coçando a nuca, com um sorriso amarelo no rosto.
- Ai, eu sabia!- A mocinha encostou-se no sofá com força.- Você já montou essa empresa...
- Bem, é verdade.
- Há quanto tempo?- Olhou para ele com o canto dos olhos.
- Dois meses.- Mal acabou de falar e pegou uma pequena almofada para defender-se dos soquinhos de Sakura.
- Por que você não me contou???- Parou de atacá-lo.
- Oras. E se não desse certo?
- Quer dizer que se não desse certo você nunca iria me contar?- Olhou-o ofendida.
- Não Sakura, não é isso, mas...- Suspirou.- Entenda. Eu sabia que iria dar certo. Só demorei hã... Um pouquinho para te contar.
Sakura não estava com um pingo de vontade de brigar mais com Li. Estava cansada demais para isto, reflexo da grande preocupação com os preparativos do seu casamento.
- Está bem Syaoran.- Acalmou-se.- Só espero que me conte antes de tomar outra decisão tão importante.
- Claro.- Abraçou-a. - Você é muito compreensiva, sabia?
Sakura sorriu.
- E Eriol? Não entrou na sociedade com vocês?
- Não, você sabe que ele agora está ajudando Sonomi na empresa Daidouji.
- É verdade... Quem diria hein? Tomoyo e Eriol conheceram-se depois que nós e vão se casar daqui a alguns meses!
- Sim, Eriol quer protegê-la a todo custo. Ele acha que esta é a melhor maneira, mas ele também a ama muito.- Deu uma pausa e fitou-a carinhosamente.- Eu também te amo muito, sabia?- Encostou seu nariz com o de Sakura.- Mal posso acreditar que daqui a dois dias você será minha esposa, minha mulher...
- Sim Syaoran... E espero ansiosamente por este dia...
Envolvendo o pescoço de Li com os braços, beijou-o delicadamente, até o momento em que Syaoran sentiu a necessidade de lhe corresponder.
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Eriol já estava parado ali fazia alguns segundos. Olhava-se para o espelho nervosamente. Aquela mecha de cabelo já estava lhe tirando do sério. Estava tão nervoso que se assustou quando Li tocou seu ombro e, com um riso sarcástico disse:
- Não vá me dizer que o todo concentrado Hiiragizawa está nervoso por conta de subir ao altar, hein?- Passou a mão pelo cabelo de Eriol, bagunçando-o.
Pelo espelho Li pôde ver a reação de Eriol. Não tinha sido nada boa. Hiiragizawa virou-se para trás mais nervoso ainda.
- Você tá maluco cara?!?- Disse com um linguajar que definitivamente não era seu.- Você sabe quanto tempo eu levei pra arrumar esse cabelo?- Gritou vermelho de raiva.
Syaoran iria pedir desculpas e se oferecer para ajudar o amigo, mas a reação de Eriol foi tão cômica que Li soltou uma gostosa gargalhada, quase chorando de tanto rir. Eriol olhou furioso para Li, mas logo depois deu um longo suspiro e sentou-se na cadeira novamente, pegando o pente para tentar arrumar o estrago. Em questão de segundos Syaoran parou de rir e encostou-se na parede atrás de Eriol, olhando o amigo pelo espelho.
- Não se preocupe em ficar tão nervoso. Ela não vai te abandonar.
- Eu sei... Quer dizer, eu sei, mas eu sinto que...- Abandonou o pente e olhou para Li também pelo espelho.- Já passamos por situações em que senti que a possibilidade de ficarmos juntos se esvaia como água pelos meus dedos. Talvez esse medo esteja voltando...
- Não se preocupe tanto. Se depender da decisão de Tomoyo, ela nunca vai te abandonar. Ela te ama, sabia?
- É, eu sei. Eu também a amo muito.- Fez uma pequena pausa, mas logo continuou.- Agora, mais do que nunca, sinto uma enorme necessidade de protegê-la. Tenho medo de perder o que demorei tanto tempo para conseguir.
- Esqueça isso, Eriol.- Caminhou pelo quarto do amigo.- Seu dever agora é amá-la. Somente dê todo o seu amor e já estará cumprindo todos os seus deveres, já que amar é também uma forma de proteger, se é isso o que te preocupa.
Eriol olhou para o lado e viu Syaoran contemplando a janela. Virou-se novamente para o espelho a fim de arrumar o seu cabelo.
- Obrigado Li. Você é um ótimo amigo.
Syaoran aproximou-se da cadeira onde Eriol estava sentado e encarou o amigo mais uma vez pelo espelho.
- De nada. Você também é um ótimo amigo.- Sorriu.- Às vezes é bom voltar ao tempo e dar uma de psicólogo. Boa sorte.
Passou a mão pelo cabelo de Eriol em sentido contrário ao que o amigo estava penteando e saiu do quarto rapidamente, não dando tempo do pente-voador lhe atingir. Sorriu ao ouvir o amigo falando um palavrão. Já tinha feito seu papel como padrinho de casamento.
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Finalmente aquela melodia agradável começava a tocar. Entravam pessoas e mais pessoas na imensa igreja. Parecia uma verdadeira procissão. Depois de algum tempo todos os padrinhos e outros personagens de uma cerimônia de casamento já estavam em seus devidos lugares. Eriol tinha entrado com Sonomi, Tomoyo foi acompanhada por seu avô. À medida que Tomoyo aproximava-se do altar ia perdendo a visão panorâmica da igreja. Perfeita! Decorada inteiramente com rosas e tecidos brancos, cada detalhe demonstrava o cuidado com que tudo tinha sido preparado. Seu imenso cabelo encaracolado pendia de um arranjo bem-feito e balançava de acordo com o seu andar. Um longo vestido branco com decote ombro-a-ombro emoldurava-lhe o colo alvo e definia seu corpo delicado. O saiote era pouco armado, enfeitado por pequeninos pontos brilhantes. A grinalda dava mais mistério e beleza à noiva, cobrindo seu cabelo. Tomoyo sorriu ao ver os amigos no altar, como seus padrinhos. Sakura estava ao lado de Syaoran com um grande sorriso. Tomoyo também sorriu ao ver a barriguinha de três meses da amiga. Seria madrinha em breve. Seus pensamentos foram aí cortados quando parou juntamente com seu avô, que lhe deu um carinhoso beijo na testa.
- Seja feliz minha querida.- Disse afastando-se e entregando a mão de Tomoyo a Eriol.
- Sim vovô. Obrigada.
Somente agora percebia como era simbólico esse ato de entregar a mão da noiva. Tão simbólico que sentiu um frio na barriga.
Ao ver Tomoyo, Eriol não soube exatamente o que dizer. Sua cabeça estava vazia. Só tinha a imagem daquele anjo tão belo aproximando-se. Um sorriso sincero seria o melhor a fazer. Sorriu e beijou a mão da noiva. Ao fazer tal gesto seus cabelos caíram em frente aos seus olhos. Não estavam bagunçados, mas também não estavam como queria. Um dia Li ainda pagaria por isso.
Tomoyo fitou os olhos azuis, ainda mais bonitos sem os óculos. Ajoelharam-se diante do padre. Sorrisos estampados em seus rostos.
Seriam felizes? Sim... Eternamente.
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Sakura colocava a pequena mala em cima do sofá quando Syaoran entrou na saleta.
- Tudo pronto?
- Sim. Tem certeza que nós vamos voltar o mais rápido possível mesmo?- Sakura demonstrou sua preocupação pela milésima vez.
- Claro, querida.- Li a abraçou por trás.- Amanhã de manhã já estaremos aqui de volta. Sabe que não podemos levá-lo. A viagem será a negócios.
Sakura virou-se de frente para Syaoran e lhe deu um sorriso conformado. Essa viagem que fariam a Hong Kong para um jantar de negócios não estava nos seus planos. Desde que a empresa dele – em parceria com Yamazaki - havia deslanchado no mercado internacional, eram compromissos a toda hora. O jantar que teriam em Hong Kong envolveria Syaoran, Sakura, Chiharu, Takashi e mais alguns empresários de outros países e suas esposas. Elas eram necessárias nessa reunião. Por pura formalidade, mas necessárias. Sakura estava com o coração nas mãos por ter que deixar seu filho com uma babá, já que nem pela mansão Li eles teriam tempo para passar e deixar o pequeno.
- Ela já chegou?- Li indagou.
- Quem? A babá?- Syaoran confirmou com a cabeça.- Já sim, eu vou chamá-la. Ela é um doce.- Sorriu.
Sakura tirou de dentro do "chiqueirinho" Toshi, agora com dez meses, que estava brincando enquanto ela arrumava as malas. Depois foi à cozinha, onde a babá estava fazendo o leite do pequenino. A mulher percebeu a aproximação de Sakura.
- Deseja algo, senhora?
- Não, não é isso.- Sakura sorriu.- Meu marido acabou de chegar. Quero que ele a conheça.
- Ah sim, claro.- Largou seus afazeres e seguiu Sakura.
Sakura caminhava tranqüilamente para a sala, com a babá logo atrás de si. Assim que se foi possível ter visão da sala, ou melhor, de Syaoran, a babá rapidamente arrumou-se dentro do vestido branco, ajeitando seus seios dentro decote, fazendo-o parecer maior. Mordeu seus lábios para ficarem mais avermelhados. Se soubesse que o dono da casa onde iria trabalhar era tão bonito teria se produzido mais.
Li estava de costas, com as mãos nos bolsos quando sentiu Sakura chegar. Olhou para frente e viu uma mulher de longos cabelos negros aproximando-se. A mulher deu um sorriso malicioso e ouviu Sakura dizer:
- Syaoran, esta é Yu Meiling. Ela cuidará de Toshi durante esta noite em que estaremos fora.- sorriu.
- Muito prazer, senhorita Yu.- Li apertou a mão da mulher, um pouco desconfiado.
- Oh, me chame de Meiling, por favor. O prazer é inteiramente meu...- Sorriu oferecidamente, passando a mão pelos cabelos.
- Certo... Ahn... Meiling.
Constrangido, olhou para Sakura que distraía Toshi. Achou melhor acabar com aquilo.
- Vou chamar o táxi.- Saiu em direção à sala e achou melhor não se preocupar, afinal, seria só por esta noite que Meiling ficaria com seu filho.
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Tomoyo terminou finalmente de trançar os longos cabelos, deixando a ponta da trança solta. Sorriu para o espelho, estava pronta. Pegando o gracioso chapéu com fita alaranjada que estava em cima da penteadeira, levantou-se e saiu porta afora, seguindo para a sala. Chegando aos pés da escada, parou no penúltimo degrau.
- Vamos?- Sorriu para Eriol, que pacientemente lia o jornal do dia.
Eriol sorriu brandamente. Tomoyo estava perfeitamente bem dentro de um vestido leve, primaveril, de tom laranja claro. Levantou-se e caminhou até onde ela estava, oferecendo o braço para belíssima mulher.
- O que foi?- Tomoyo, observadora, olhou intrigada para o sorriso levemente modificado do marido.
Eriol sorriu novamente, agora a fitando nos olhos.
- Essa nossa cena, acho que já vivemos isso antes.- Saíram porta afora, sentindo a leve brisa acariciar-lhes o rosto.
- Sim...- Lembranças lhe vieram à mente, de quando saíram juntos pela primeira vez.- Mas hoje acho que estamos numa circunstância melhor, não acha?- Disse ironicamente, encaixando o chapéu na cabeça e aproximando-se mais de Eriol.
- Claro que sim. E pensar em tudo o que passamos... Daria para fazer uma novela.- Sorriu, apreciando a companhia.
Caminhavam pela calçada, aproveitando a tarde maravilhosa, sentindo os raios de sol aquecerem seus corpos. Era umas das raras tardes de sábado em que não tinham compromissos, em que podiam usar o dia simples e unicamente para ficarem juntos, em companhia mais que agradável, apreciando o dia, o clima, alguma música ou qualquer outra atividade que os unisse.
- Antes eu diria que era loucura isso que vou falar, mas... Será que tudo isso pelo que passamos foi o preço justo?- Levantou o rosto para fitar Eriol. O fino e delicado chapéu filtrava o sol, iluminando sua face.
- Como assim?- Eriol olhou interrogativamente para Tomoyo.
- Essa felicidade e harmonia em que vivemos agora. Será que para que tivéssemos isso tudo foi necessário pagar um preço para isso? Viver tudo aquilo? Enfrentar tudo?
- Eu também já me perguntei isso e... Bem, acho que não devemos encarar as dificuldades passadas como um preço, mas como uma provação, não acha?- Ajeitou os óculos.
- Provação, Eriol?
- Sim.- Passou o braço pelos seus ombros.- É mais agradável de se pensar. E mais romântico também.
O riso do casal foi estendido durante alguns segundos, até o momento em que chegaram à praça do bairro, inteiramente cercada de árvores em flores, com pétalas forrando o frio chão de cimento. Finalmente sentaram-se num banco mais afastado, na sombra de uma dessas belas árvores. O silêncio havia se instalado.
- Em que está pensando?- Eriol perguntou olhando para o semblante distante de Tomoyo, que levemente sacudiu a cabeça no momento.
- Bobagem, esqueça.- Por mais que quisesse aquele silêncio a pressionava a falar mais que uma tortura. Suspirou.- Estava pensando em como devem estar todos aqueles que fizeram parte da história que nos uniu.
- Bem...- Acariciou as costas de Tomoyo, que agora estava com a cabeça encostada confortavelmente em seu ombro.- Se você se refere a Inabata, ele está em um manicômio, como deve saber. E se caso apresentar sinais de sanidade terá de responder pelos seus crimes. Fiquei sabendo nesses últimos dias que Touya e Kaho viajaram para o exterior, Europa, se não me engano. E Kuramochi deve estar mofando em algum presídio.
- Kuramochi?- Ergueu a cabeça.
- Sim, aquele maluco tarado que atacou Sakura.- Tomoyo voltou a encostar-se a Eriol com um sorriso. Seu humor era interessante.
- Eriol...- Uma pergunta inesperada lhe veio à mente.- Acredita em felicidade eterna? Aquela felicidade dos contos de fada: "e viveram felizes para sempre"?
- Tomoyo... Acho que sempre somos felizes, por um motivo ou outro, não importando o momento.
- Sempre?
- Sempre.
Tomoyo sorriu largamente, seus magníficos olhos violetas brilhavam. Passou carinhosamente a mão no rosto tão querido.
- Eu te amo...
- Coincidência interessante... Eu também te amo. Muito. E eternamente, como nos contos de fada.- Sorriu, antes de capturar delicadamente os lábios de Tomoyo num beijo doce.
Era palpável a preocupação de Tomoyo com o futuro, mas Eriol a amava de todo o coração e trataria sempre de mostrar-lhe que a melhor solução era viver. Tinha aprendido assim com a vida.
Os doces beijos se tornavam cada vez mais cálidos. O vento soprou mais forte, carregando muitas pétalas de flores para todos os lados, fazendo Tomoyo segurar seu chapéu com uma das mãos e enlaçar o pescoço de Eriol com o outro braço. Um furacão de cores, de fragrâncias... A praça esvaziou-se... Ambos sentiram uma sensação boa por dentro, uma sensação confortável. A sensação de que algo bom estaria por vir, julgaram. Separaram-se sorridentes, felizes... Para mais uma vez juntar-se num beijo que demonstrava todo o seu amor.
FIM...
N/A: Bom, obrigada à Dai, que me deu opiniões e alguns toques. Espero que tenha ficado bom. Tá certo que não é um final magnííífico, maravilhooooso, mas esse foi o final de Atração Fatal, espero. Se não chegou à altura de suas espectativas, mil desculpas. B-jos,
Hime
