Lembrança da Flor - Rurouni Kenshin Fanfic
por Tomoe Ayanami (rei_tomoe_himura@hotmail.com)
Todos os personagens, direitos, etc de Rurouni Kenshin pertencem a Nobuhiro Watsuki, Shuiesha, Sony Music Entertainment, etc (Todas aquelas empresas e associações que, com certeza, tem MUITO mais dinheiro que eu)... Direitos reservados., blá, blá, blá... Os personagens foram usados neste fic sem a permissão do autor, sem intenção de ganhar dinheiro tb... ¬¬ =P.
************* Descrição ******************
"Falando"
'Pensando'
_ Flashback _
[Eventuais intromissões minhas]
A história se passa depois da saga do final da série de anime... é,
eu acho que é mais ou menos isso... =P (Ai, táá... é depois, entende?
Não sei quanto depois mas é... )
No capítulo 2, os dois amigos encontram uma jovem desconhecida, mas que parece conhecer,
e muito bem, Kenshin, seu passado, seu presente e seus sentimentos. O que ela pode querer
com ele?
A Lembrança da Flor
[Capítulo 3 - Na Escuridão dos Teus Olhos]
O brilho da lâmina voava, cortando o ar. A jovem fechou os olhos e respirou fundo, preparando-se para o impacto que ela sabia que viria.
Em questão de milésimos de segundo a lâmina da sakabatou de Kenshin desceu com toda a velocidade contra a nuca da garota. Os olhos de Kenshin brilhavam, oscilando entre o medo e o ódio.
Nunca chegou a encostar. Kenshin usou mão esquerda para empurrar a jovem mulher para frente, fazendo o metal ficar cerca de um milímetro de distância da pele alva do pescoço
dela.
Sano estava prestes a desmaiar, se é que isso é possível pra ele. Estava em
completo choque, o que o diferenciava de uma estátua eram os olhos se movimentando, e seguindo os movimentos de Kenshin.
A garota arregalou os olhos quando sentiu a mão do espadachim em seu ombro, empurrando-a para frente. De qualquer forma, ela esperava que ele não iria machucá-la, só não sabia como ele iria se deter. Logo ela recobrou a postura e sorriu ao sentir o frio que emanava da lâmina brilhante em sua nuca.
"D-Damare...!" O ruivo se esforçou para dizer entre dentes cerrados.
Ela definitivamente não deu a menor importância a esta ordem dele. Ao invés disso, sorriu e disse, numa voz doce e inocente, como se fosse algo que acabara de se lembrar. "Ah... mas é claro que eu não posso ser a Tomoe..."
Um calafrio percorreu o corpo de Kenshin, os olhos se estreitaram mais ainda, e os lábios se pressionaram com mais força.
"Dare mo... ninguém pode."
Ele apertou o punho da espada com mais força, enquanto a outra mão tremia sobre o ombro da moça.
"Porque..."
'Não... por favor eu não...' "Dame." '...Não quero ouvir isso de novo...'
Ela não perdeu o ritmo da frase e continuou sem hesitar. "...ela está..."
"Cala a boca!!!" Kenshin gritou, perdendo o controle e recuando a espada do pescoço da jovem.
"...morta."
Estranho era uma palavra que não se encaixava bem na situação. Não obstante, isto porque a situação era muito estranha. Aoshi tinha sua postura austera inabalada. Misao estava se contendo para não abrir todos os embrulhos que tinha nas mãos. Kaoru tentava segurar a curiosidade e, ao mesmo tempo, tentava obrigar Yahiko a comer seu almoço.
"Vai logo!! Não vai comer?"
"Questão de sobrevivência..." Murmurou o garoto de cabelos espetados.
"Nani?! Eu melhorei muito, tá?" Kaoru se virou e cruzou os braços. "Todos comeram e ninguém reclamou! Yahiko, deixa de ser teimoso!"
Uma expressão de nojo apareceu no rosto de Misao, mas foi imediatamente substituída por um sorriso alegre quando Kaoru virou-se novamente.
"Ahh... quer saber, se quiserem passar mal comendo isso" Ele apontou para os pratos na sua frente. ", passem. Eu não vou comer." O menino se levantou e saiu direto pela porta.
"Arrrhhhg!" Kaoru rangeu os dentes. E começou a levantar para ir atrás do garoto.
"Shh... deixa Kaoru, ele ainda é só um menino..." Misao falou, ainda que com um sorriso forçado.
"Não sou só um menino!!!" Ouviu-se a voz de Yahiko gritar do lado de fora da construção.
Acabada a discussão, o ambiente 'esquisito' recaiu novamente sobre a sala. A situação continuava sem explicação.
"Demo..." Misao limpou a garganta rapidamente antes de continuar. "Mas, como assim... você estava dizendo, o Kenshin saiu com o Sano e eles ainda não voltaram... e também receberam essas coisas estranhas??" Ela apontou para um pacote e uma caixa que tinha no colo.
Kaoru assentiu com a cabeça. "E o homem que entregou isso... ele era muito estranho... Onde vocês conseguiram isso aí?"
"Foi por isso que viemos... mas nos disseram que vocês estavam nos esperando... Foi lá em Kyoto. Na verdade, nos arredores da cidade." Misao desviou o olhar por um momento, lançando-o sobre Aoshi que parecia absorto demais para estar ciente do diálogo das jovens. "Foi Aoshi-sama quem recebeu isto, primeiramente. Ele não comentou muito mas disse que uma mulher havia pedido que entregasse isso à Himura Kenshin urgentemente."
"Mas... Ele não tem a descrição dela...?" Kaoru indagou.
"Alta com pele bastante clara, cabelos escuros e lisos, compridos. Vestia um kimono escuro, incomum. Ou era muito leve, ou o chão em que ela pisava era muito duro, pois não havia marcas por onde ela pisou. Olhos vazios e cinzentos, ainda que brilhantes. A voz dela ecoava mais em minha cabeça do que no ar em volta."
As duas piscaram surpresas pela descrição repentina de Aoshi. Era estranho como aquele homem conseguia parecer tão distraído e ainda assim estar completamente ciente de tudo que acontecia ao seu redor.
"Aoshi-sama..."
"Ela não mentiu. Eu não me daria ao trabalho de vir aqui para entregar qualquer coisa para Himura. Sei quando alguém mente." Com essas últimas palavras Aoshi levantou-se e seguiu para a porta, procurando um pouco de privacidade para meditar.
Um longo silêncio se seguiu. Após alguns minutos, Kaoru suspirou.
"Aiai... então é isso... Misao, vamos, venha comigo. Deixe esses pacotes junto com os outros e quando Kenshin chegar, ele nos explica tudo." 'Eu espero...'
"Tá certo..." Misao se levantou e, cuidadosamente, segurou os pacotes e seguiu Kaoru.
"Bem, mas me conte! Quais são as novidades? Já que estamos aqui vamos aproveitar e colocar o assunto em dia!"
Esquecendo-se dos estranhos acontecimentos, as duas garotas caminhavam pelo dojo Kamiya, conversando animadamente.
Sanosuke ainda estava tentando compreender o que 'diabos estava acontecendo', como ele mesmo diria. 'Ela...? Himura...Tomoe? Quem... quem é essa jovem aí?' Ele ainda não acreditava, porém, no que Kenshin acabara de fazer: o andarilho Kenshin Himura quase matou a jovem, atacando ela com uma fúria que Sano jamais vira.
Este mesmo Kenshin Himura arregalou os olhos, ao mesmo tempo em que suas pernas falharam e ele cambaleou para trás.
"..." Ele não conseguia falar nada. Não tinha nada a falar. A verdade era incontestável... e doía.
"Sabe o que é pior?" A jovem continuou, como se fosse um assunto casual e, enquanto isso, ela libertava o cabelo da fita rosa que o prendia.
Kenshin ofegava, não conseguindo raciocinar para tomar alguma providência, para fazê-la parar de falar aquilo.
A garota, agora com os negros e sedosos cabelos soltos, continuou. As palavras que ela diria a seguir eram tão frias que poderiam congelar o coração de Kenshin. "Você a matou."
'Você a matou.'
'Eu...' A frase ressoava continuamente na mente dele. O espadachim, apesar do impacto que recebera, não teve tempo de reagir. A jovem mulher continuou sua conversa de uma pessoa só. Dessa vez, ela tinha um traço de ódio, puro ódio na voz.
"Você não consegue lidar com isso, não é?" Ela começava a se levantar, balançando os cabelos para soltá-los melhor. Com as alvas mãos, procurava o nó do obi às costas.
Kenshin cerrou mais os dentes. Ele olhava fixamente para a frágil figura à sua frente.
"Sabe, ela te amava."
Aquelas palavras... aquelas três palavras... derrubaram tanto Himura battousai, o hitokiri quanto servo Kenshin, o rurouni. Literalmente. Kenshin Himura caiu de joelhos no chão. Não conseguia conter mais seu peso, nem a dor.
'Me amava... Tomoe... Eu sei. Sempre soube. Eu... eu também. Eu sei disso, eu sentia...' Ele levou a mão até o peito e pousou-a sobre o coração, apertando com força. Tentava conter a dor que se espalhava.
Ao ver a reação do amigo, Sano conseguiu voltar a si, mesmo que parcialmente, pois permanecia preso no mesmo lugar, mas ele agora conseguia falar.
"Kenshin!!" Ele chamou em vão pelo companheiro em choque. Irado ele se virou para a garota. "Você!! Vai me explicar agora o que está acontecendo aqui!!"
"Shh..." Disse ela, ignorando-o como se fosse um zumbido incômodo. Ela, ainda de costas, já desatava o obi do kimono. Sua atenção novamente foi direcionada ao espadachim. "Como pôde? Você sabia disso..."
"Eu a amava."
Kenshin conseguiu ficar de pé novamente. Segurava a espada na mão direita, a bainha presa à esquerda, no hakama. Mesmo recobrando a força nas pernas, ele se recusava a mostrar os olhos, estes escondidos pela franja vermelha.
A garota parecia um pouco surpresa pela declaração de Kenshin. Ela se virou. Lentamente. Os olhos dela imediatamente encontraram os do espadachim, sem se perder em nenhum outro ponto.
Kenshin, por sua vez, perdera a súbita determinação e estava confuso, espantado. Os olhos da garota... eram tão parecidos... tão parecidos... Negros. Escuros e profundos. Quase infinitos... 'Quase como os dela.' Mas havia mais brilho do que o normal. Ao olhar mais superficialmente, ele viu o motivo. Lágrimas.
"Você parece saber disso." Himura disse, não querendo passar mais tempo só analisando aqueles olhos que tanto lhe lembravam do seu primeiro amor.
"Eu sei. Sei mais do que imagina." A jovem disse com ódio e desprezo. Ela tinha o olhar fixo em Kenshin, como se quisesse entrar na mente dele, ver sua alma.
Os dois permaneceram olhos-nos-olhos por alguns momentos mais. Inesperadamente, Kenshin foi quem quebrou o olhar primeiro. Em seguida a essa quebra de tensão, A voz de Sanosuke cortou o ar.
"Garota! Explique-se! Ou eu vou te fazer falar!" O lutador impaciente avançou, passo a passo na direção da jovem de kimono agora aberto.
Ela tirou os olhos do homem mais baixo e os colocou no homem alto. Com delicadeza, ela deixou o kimono deslizar pelos ombros, e depois pelo corpo. Ela tinha um outro mais curto, cinza escuro, por baixo. Com a fita que usava no cabelo, ela habilmente amarrou-o na cintura, impedindo que se abrisse.
Percebia-se uma gola colada, alta até o pescoço, por baixo da outra roupa. Sendo curto nos braços e pernas, percebia-se um único aparente ferimento nela. A perna direita, na canela, estava coberta com faixas. Com rapidez ela amarrou as munhequeiras escondidas, que iam até antes do cotovelo. Os longos cabelos acompanharam o movimento quando ela virou o corpo para Sano.
"Nani.." Ele disse, ao reparar o olhar feroz da garota.
"Digamos que..." Ela fechou os olhos, amarrando um pouco mais forte a faixa na cintura. E sorriu. "...Eu vou matar Himura Kenshin."
O sol já descia na metade do céu mas nuvens cinzentas formavam uma camada compacta escondendo o azul anil atrás de si. Ao menos a ameaça de chuva forte parecia amansar à medida que o tempo passava e o ambiente permanecia úmido somente pela suave garoa constante.
As pessoas que, durante a manhã permaneceram em casa, indispostas a enfrentar o clima, agora não tinham escolha senão seguir suas rotinas apesar do tempo.
Megumi acabara de deixar o dojo Kamiya. Ela fora lá para procurar os dois amigos que haviam saído naquela manhã. Mais cedo naquele dia ela passou por ali e conversara com Kaoru, pedindo que avisasse os dois que ela queria vê-los, mas eles não apareciam. Qual foi a sua surpresa quando se deparou com Aoshi no jardim.
Enquanto andava para fora do lugar, ela encontrou Yahiko, que aparentemente estava cochilando recostado na murada.
"Ei... Yahiko!" Ela chamou pelo garoto.
"Mmm..." Ele se revirou, mas não despertou.
"Yahiko!" Com um peteleco na orelha, ela rapidamente tirou o menino de seu sono.
"Ahh! Que foi???" Ele disse, assustado a princípio, procurando algum perigo iminente.
"Calma! Sou eu..." Megumi disse, retomando a postura e olhando para baixo. "Me diz uma coisa... onde estão aqueles dois?"
"Hein...?" Yahiko ainda estava um pouco amortecido pelo sono.
"O Kenshinzinho e o 'Cabeça-de-Galo'?"
"Ahh... saíram... ainda não voltaram..." O menino se levantou e agora esfregava os olhos.
"Bem... não importa, avise eles que eu preciso falar com os dois. Acho que aquela feiosa da Kaoru esqueceu..." Subitamente, as conhecidas orelhinhas de raposa surgiram no topo da cabeça de Megumi, e ela sorriu sadicamente.
"Ahn... tá certo—"
"Yaaaaaaaaaaahhhhhh!!!!!!" Kaoru gritou, interrompendo o seu discípulo, enquanto avançava em direção à médica com uma expressão furiosa no rosto. "Quem você chamou de feiosa!??"
"Você, é claro." E com um movimento de dispensa ela virou-se e retomou o caminho de saída da propriedade.
"Grrrrr!" Kaoru estava rosnando, contendo o impulso de se atirar pra cima da outra mulher. "Eu não sou feiosaaa!!!!"
"Shh... não precisa fazer escândalo, feiosa." Yahiko disse, suspirando e depois se mandando para longe.
"Eu—" Percebendo o que o garoto acabara de dizer ela se virou e saiu em busca do 'pivete irritante'.
A jovem mulher continuou seu caminho para o portão, decidindo que não seria bom fazer outra visita se fosse para se deparar com Aoshi Shinomori parado no jardim novamente.
'Não é assim eu você vai me manter longe do Kenshinzinho, Kaoru. Você tem que crescer e aprender que não vai ser assim que você vai segurar alguém...'
Desconhecido para ambas as mulheres, o homem conhecido como Kenshin Himura estava com seus pensamentos e instintos totalmente voltados para uma ameaça perigosamente familiar. E a mulher na qual ele pensava agora, não era nenhuma delas.
Os dois homens trocaram olhares, embora o de Kenshin estivesse mais vago do que o normal. A garota ignorou o fato e prosseguiu.
"Sem mais apresentações. Vamos lutar."
"Ora, que garota idiota! Se soubesse tanto assim saberia que nunca vai conseguir ganhar del—" Sano foi interrompido pela voz fria da jovem.
"E você, Sagara Sanosuke..." Ela o surpreendeu por saber seu nome. Lentamente ela se ajoelhou no chão, com ambas as mãos afastadas, tinha os olhos fechados e um plácido sorriso nos lábios. Ela abriu os olhos e continuou num perigoso sussurro. "...não tem nada a ver com isso."
"Cuidado, Sano!" Gritou Kenshin ao perceber as intenções dela.
Com um fantástico impulso, a distância entre o jovem lutador e a garota desapareceu em um piscar de olhos. Os olhos de Sanosuke. Os mesmos que arregalaram e se tornaram vazios um segundo depois.
A destreza da jovem desconhecida e sua velocidade logo foram reveladas. O movimento foi fluido, contínuo. Com o impulso ela cobriu a distância facilmente, e logo depois encolheu as pernas sobre o corpo, passando com um salto ao lado, e não à frente, do adversário. O braço esquerdo fez um giro de quase 350 graus no ar, atingindo no final do movimento e com total força, a nuca desprotegida de Sano.
Não menos importante e o que mais impressionou Kenshin, no entanto, foi o modo com que ela parou depois do golpe. Depois de recuar o braço ela refez grande parte do giro inicial e parcialmente esticou uma das pernas, fazendo todo o corpo girar no solo quando ela tocou o chão. Com a ajuda de uma das mãos ela deslizou sobre as folhas e a terra, parando um ou dois passos depois na frente do homem ruivo que a analisava.
Metros adiante, Sanosuke jazia inconsciente no chão.
"Não há necessidade para se preocupar. Ele vai ficar bem, só não vai me atrapalhar por um tempo."
'Tão jovem... parece tão delicada e frágil e ainda... mortal. O que eu não entendo são os olhos... tão escuros... Tomoe. Por que você está fazendo isso?'
"Acorde."
"..." Ele olhou nos olhos dela novamente, procurando respostas.
"Agora, Himura. Tenho o prazer de fazer você se juntar com a Tomoe." Ela riu e, estranhamente, não havia nenhum pouco de tom irônico.
"Você..." Kenshin observava enquanto ela pegava uma espada longa, antes escondida próxima à uma árvore, e a colocava presa junta à faixa da cintura. Ele prosseguiu, friamente. "Você nunca devia ter tocado no nome dela."
Ela desviou os olhos da espada com um genuíno e quase inocente olhar de surpresa, como se dissesse: 'Sério?' Do mesmo jeito rápido e casual ela abriu um sorriso pequeno e sincero, voltando a atenção à arma.
"...Realmente não devia." Kenshin Himura recolocou a espada na bainha, posicionando-se com o pé esquerdo um pouco atrás do direito. Olhava fixamente os movimentos aparentemente ingênuos da adversária.
Sem mais nenhuma palavra trocada ela balançou a cabeça, afastando os cabelos do rosto, e retirou a espada da bainha com um movimento relativamente lento e descuidado. Ainda sob o olhar atento do homem, ela posicionou a lâmina horizontalmente atrás da cabeça, apontando para a esquerda. A mão esquerda e livre estava esticada à frente do corpo.
'Estranho. Como ela pensa se defender ou iniciar um golpe nessa posição?' Kenshin refletia e observava-a. Agora tinha a mão direita firme sobre o cabo da própria espada, esperando qualquer iniciativa.
De repente, a jovem girou o corpo e, de costas apontou a ponta da espada para o pescoço do inimigo. Imediatamente ela tornou o corpo novamente para encarar o espadachim. Não obstante, o movimento foi contínuo e tão rápido que impediria qualquer reação por parte do adversário.
O clima que já estava pesado tornou-se mais hostil quando um policial e um mensageiro bateram à porta do anteriormente mencionado dojo Kamiya. Kaoru, Yahiko e Misao estavam concentrados junto ao portão para receber as notícias dos homens. Aoshi permanecia alguns metros atrás, mas numa distância em que pudesse ouvir o que fosse dito.
"O senhor Kenshin Himura não está?" Disse o policial.
"Iie... ele saiu e ainda não voltou." Precipitou-se a jovem mestre-substituta do dojo.
"É uma pena." O mensageiro disse e após isso retirou um documento do bolso. "Nós temos uma notificação aqui... e precisaríamos do depoimento deste senhor."
"Naze?" Perguntou Yahiko, adiantando-se.
"Ahn..." O homem ponderou se deveria ou não reportar a mensagem àquelas pessoas. Ele decidiu que, já que a notícia estava atrasada e precisava de urgência para ser esclarecida, ele iria resumir a situação.
"Houve a invasão de certa propriedade e o roubo de... ahn... certos objetos que por acaso têm uma ligação com o senhor Himura. Isso ocorreu faz algumas semanas, mas como não sabíamos a quem recorrer não houve a possibilidade de reportarmos isto antes. Foi somente há três dias que conseguimos uma pista que nos levasse à alguma pessoa relacionada aos tais... 'objetos'."
"Felizmente tivemos a ajuda do senhor Gorou Fujita nesta investigação." Concluiu o policial.
A simples menção do outro nome de Hajime Saitou surpreendeu todos presentes, inclusive Aoshi, mesmo que nada tenha transparecido em seu semblante.
"D-demo..." Misao e Kaoru começaram a gaguejar.
Percebendo a falta de reação de todos, tanto o policial encarregado e o mensageiro decidiram que seria melhor esperar para falar com Himura Kenshin pessoalmente. Aquelas pessoas não pareciam saber sobre o passado do tal homem ou qual relação ele teria com outros objetos que pudessem ser roubados.
"Por favor, peço que avisem ao Sr. Himura que compareça à delegacia para que possamos explicar o caso o mais breve possível."
Reverenciando para partirem os dois homens foram interrompidos pela voz de Kaoru.
"Ei! Mas... digam... que objetos foram esses??"
Os dois trocaram olhares temerosos entre si e logo depois o policial tomou a iniciativa de falar algo. "Gomen nasai mas isso nós preferimos que seja revelado somente para o Sr. Himura. Com licença."
Antes que tivesse outra chance de contestar, Kaoru viu o mensageiro e o policial partirem pela rua, até desaparecerem de vista.
"Mais essa agora..." Murmurou Yahiko. "Que dia cheio."
"Vai ver nós sabemos muito menos sobre o Kenshin do que imaginamos..." Misao sussurrou.
As palavras da jovem ninja fizeram Kaoru pensar. Um súbito medo crescendo dentro dela. 'Mas... nós sabemos mais do que o necessário... o que ele ainda esconde??'
O movimento era contínuo, tanto que inclusive ela não parou quando se pôs de frente. Em vez disso ela avançou em uma linha curva, com extrema velocidade, atacando Kenshin pelo lado esquerdo com muito impulso.
Com o passado que tinha, as habilidades e a experiência, para Kenshin Himura não foi difícil prever o ataque. Tanto que ele o fez. O que aconteceu é que, como o movimento era semicircular, a velocidade aparente e a distância do oponente eram diferentes.
No momento do encontro Kenshin levantou a bainha com grande destreza, bloqueando o ataque horizontal da garota. Logo após o choque, ela parou de um jeito semelhante ao do ataque à Sano, girando o corpo sobre uma perna, deslizando e depois dando alguns passos até finalmente parar próxima à posição inicial.
Passado alguns instantes, ela respirou fundo e sorriu. Mas no fundo do olhar dela o que havia era pura tristeza.
Kenshin a observava com olhos neutros até que sentiu um líquido quente no ombro direito. Rapidamente desviando o olhar para o local ele se surpreendeu por ver o profundo corte que ela conseguira fazer. 'Mas... Como? Eu nem senti... e eu tenho certeza que bloqueei completamente o ataque dela...'
Ao ver a reação do homem, a jovem expandiu seu sorriso, enquanto os olhos se aprofundavam num aspecto triste. "Ela não gosta de ficar sozinha." Ela disse com simplicidade.
'Como?? Quem não...' Então ele lembrou do único assunto que a garota tocara durante todo o encontro. 'Tomoe... por que ela estaria sozinha?' Kenshin finalmente esquecera do ferimento no braço direito e agora só conseguia pensar que era dele a culpa se ela estava só.
"Vamos... facilite as coisas. Me deixe te levar até ela, então ela vai sorrir pra você." A mão da jovem estava contraída em um punho fechado, os músculos do braço esquerdo firmemente contraídos. "Você quer redenção, não é? Então... Esta é a sua redenção."
'Eu... pensei nisso, naquele dia...' O espadachim fechou os olhos com força e sacudiu a cabeça, tentando com todas as forças afastar a memória. 'Pensei em desistir... mas' Tentava em vão bloquear aquela visão... a lembrança que cada vez arrancava mais um pedaço de sua alma e seu coração, se é que eles ainda existiam...
*_
Branco. A neve cobria tudo. Tudo o que ele podia perceber era o branco imaculado da neve que caía suave do firmamento. Tudo o que ele sentia era o insuportável ódio... e o infinito amor que ele tinha por aquela garota. Aquela... que o tinha ensinado a viver. Por mais que a realidade se distorcesse, tentando confundir suas emoções, ele sabia em seu coração que aquele sentimento – amor – era verdadeiro. Era nisso que ele se agarrara para viver.
'Me perdoe, Tomoe. Não vou poder cumprir minha promessa de te proteger e te fazer feliz... Mas eu desejo com tudo o que me resta, que você seja feliz na nova era de paz que virá. Você verá a paz, e vai sorrir. E eu... eu vou ver o teu sorriso, não importa onde eu esteja.'
Com o último pensamento, um último esforço. O último golpe... Ele pensou, 'O último suspiro.' Tão conveniente para um espadachim assassino morrer pela espada... tudo fazia um imenso sentido. O único arrependimento era deixar a mulher que tanto amava sem ter cumprido a única promessa que fizera a ela.
Vermelho. Era tudo o que ele via, tudo o que sentia além do amor. A neve agora maculada pelo sangue de uma inocente. O ódio desaparecia enquanto o medo crescia incontrolavelmente. Um aroma... um perfume... Misturado ao cheiro de sangue que se espalhava pelo ar gelado. E a vida dele foi arrancada, e sua alma partida em pedaços sem piedade, assim como a dela... Pelo movimento de sua própria espada.
'Hakubai kou.'
Ele queria gritar, mas não conseguia. 'Tomoe... Tomoe...' Ele queria pensar, agir, fazer qualquer coisa! Mas a mente dele se recusava a trabalhar, e seu coração se partia dolorosamente – pedaço a pedaço, esmigalhando-se. Ele não conseguia respirar, não conseguia entender... Já havia passado pela beira do desespero e agora seus pensamentos estavam tão emaranhados que ele achava ter chegado ao inferno.
Em meio ao caos: Um sorriso.
O sorriso mais puro, mais plácido e belo de todos. O sorriso da alma. Ela sorria pra ele, ignorando a dor, ignorando a morte. Ela sorria.
Para ele, por ele...
Com aquele sorriso parte dele vivia, enquanto outra morria... escorria como o sangue da garota. Ele a segurou nos braços, a abraçou forte, achando que se fizesse isso, nada poderia tirá-la dele.
"Tomoe..."
Com esforço, a garota tentou fixar o olhar embaçado que lentamente escurecia no rosto e nos olhos que ela amava. Assim que o fez, ela sentiu as lágrimas quentes do jovem ruivo caindo em sua própria face. Ela sentia o calor dele, apesar do frio que a dominava. E ela, com tristeza, percebeu que não havia mais volta.
"Shhh..." Ela manejou dizer, usando o que lhe restava de força para confortar o jovem homem que lhe dera amor. Lentamente e com esforço, ela estendeu a mão, que ainda segurava a pequena adaga.
Frio. Kenshin só sentia o frio da lâmina cortando o rosto. Não sentia dor. Não havia possibilidade alguma de sentir mais dor do que ele sentia agora. Movendo o rosto, ele ajudou a garota a completar o corte na face esquerda, perpendicular a outra cicatriz ali existente.
Os olhos dela se arregalaram levemente, enquanto ela soltava a adaga e o mais rápido que conseguia e tentava colocar a mão sobre o corte, acariciar o rosto de Kenshin. Ela odiava vê-lo sofrer.
"Gomen nasai... A na ta..." Ela sussurrou de modo quase inaudível, contendo os seus próprios soluços e as lágrimas enquanto podia.
As lágrimas dele aumentaram. Ele estava preste a perder o controle. A expressão que tinha no rosto era somente um pálido reflexo superficial do sentimento real. Dor.
"Tomoe..." Era só o que ele conseguia dizer. Embora ele quisesse falar desde o tudo até o nada, dizendo o que sentia por ela, qualquer coisa... falar sobre tudo aquilo que eles falariam pelo resto de suas vidas... Juntos. "Não... Tomoe..."
"Está tudo bem..." A voz dela era quebrada e vinha num sussurro. Era extremamente doloroso para ela falar e difícil permanecer consciente, mas ela iria tentar ao máximo. Se ela o deixasse assim... a culpa que ela levaria consigo seria insuportável. E o vazio que restaria nele seria mortal.
"É melhor assim... então... p-por favor... não chore." Ela ainda sorria, e disse as palavras com uma doçura imensa... apesar de que ela própria tinha lágrimas nos olhos. Ela não queria ir... não agora.
"Por que... Tomoe..." O garoto agora tremia, não pelo frio. Os sentidos físicos dele não significavam nada, absolutamente nada. Ele se esforçava para mantê-la viva... ele queria ficar com ela... para sempre, a simples idéia de perdê-la era insuportável. "Iie..."
A mão delicada e alva começou a deslizar do rosto agora sujo do jovem, cedendo as últimas forças para o inevitável destino. O abraço que ele tinha nela, tornou-se mais apertado. Ele podia sentir o frio que tomava conta do corpo dela. Ela podia sentir a vida se esvair. E Tomoe, ela queria dizer... ao menos uma vez aquelas palavras que nunca disse a ninguém... Mas o destino parecia não permitir isso.
Com um olhar plácido, ela tentou falar aquilo que tanto queria... que nunca teve coragem, mas a visão se tornava um borrão escurecido mais depressa do que ela conseguia forças para falar. A mão caia. Todo o corpo fraquejava. Os sentidos falhavam, um a um. Até o momento em que ela não sentia nada... até o momento que não havia nada. Ela, então, não era mais.
Na hora em que o brilho oscilante e fraco no fundo dos olhos da jovem se apagou, o mundo de Kenshin acabou.
E ele gritou.
Não podia mais conter o que quer que estivesse sentindo... ele gritou como nunca gritara antes. E ele chorou como nunca chorara, ele xingou... ele amaldiçoou, ele se declarou, amou e odiou, riu e mentiu... como nunca fizera antes. Ele renasceu.
...
Na escuridão daqueles olhos, certa vez, ele se perdera. Ele nunca aprendeu o caminho de volta. Ele nunca quis voltar.
Na escuridão daqueles olhos, certa vez, ele se encontrara. E se esquecera. Quando estes negros e infinitos olhos se fecharam, a luz se apagou.
_*
Enquanto os segundos se passavam a jovem desconhecida só conseguia olhar surpresa para a forma encurvada do espadachim.
"Tomoe... Doushite...?" Kenshin cambaleou, nocauteado pela lembrança.
Por mais anos que se passassem, por mais eras ou vidas que ele vivesse, a dor da perda e o vazio persistiam. Mesmo que ele entendesse superficialmente os motivos que levaram sua esposa a fazer aquilo, ele não concordava... se sentia culpado.
"Nunca..." A jovem começou, a princípio hesitante. "Eu nunca pensei que veria você chorar." Ela baixou a guarda, mostrando-se disposta a pausar o combate.
Pego desprevenido, Kenshin levantou o rosto e com a mão livre sentiu as lágrimas quentes que corriam livres pelo rosto. 'Eu... eu não deveria chorar... Nunca mais. Ela... ela me pediu pra não...'
Percebendo instintivamente que a garota havia baixado a guarda ele embainhou novamente a sakabatou. Limpou rapidamente o restante das lágrimas e tentando o mais depressa possível retomar a postura de 'andarilho', sorridente e despreocupado.
Nenhum deles tinha idéia do que dizer ou fazer. Somente ficaram ali... parados. Kenshin lutando contra o desejo de se jogar ao chão e chorar pelo resto da eternidade, para tentar achar um alívio inexistente para a dor que sentia, pelo desejo de pedir... de se deixar morrer pelas mãos daquela jovem com olhos tão familiares. A garota desconhecida pensando no que fazer, contestando seus próprios objetivos... sua própria existência.
'Por que eu... faço isso..?' Ela se perguntava.
'É essa a solução...? Não há outra... outra maneira de conseguir...?'
Repentinamente, a jovem foi resgatada de seus pensamentos pelo murmúrio solitário vindo do homem ruivo à sua frente. Ela apurou os ouvidos para tentar decifrar algumas palavras do que ele dizia sem intenção.
"T-Tomoe... por que você faz isso...? O que você quer...de mim?" Kenshin dava voz às suas indagações sem querer. "Você está sozinha..? É hora... É hora de voltar pra você? Me diga... alguma coisa..."
Um impulso incontrolável surgiu do fundo da alma da jovem, abalando todos os seus sentidos e foi tarde quando ela percebeu o que acabara de dizer.
"Gomen nasai..." A voz dela ecoou suave, diferente de antes... mais calma mas mesmo assim, mais arrependida.
Quando seus ouvidos captaram o som, a reação de Kenshin refletiu-se nos olhos arregalados. A voz era... 'A voz era....' incabivelmente igual... Ele levantou o rosto para fitar os olhos da jovem que também estavam arregalados, indicando que ela não tivera a intenção de dizer aquilo.
"Nani...?" Kenshin deixou escapar a pergunta, não estando seguro de si mesmo ao ouvir aquelas palavras que deslizavam tão facilmente pela sua mente.
A jovem não pôde mais segurar o olhar do homem e desviou seus olhos negros para o chão coberto de folhas da clareira. Hesitante, ela respondeu sucintamente,
"N-Nan de mo nai."
Na verdade, nem ela saberia explicar por que dissera aquilo... ela nem estava certa de que fora ela mesma quem dissera...
'Que arrepio foi aquele...? Talvez ela... talvez eu esteja errada.'
A tensão continuou no ar até que momentos depois a garota respirou fundo, tomando coragem, e com passos hesitantes, começou a caminhar na direção do espadachim.
Este permaneceu no lugar, observando com atenção a jovem que se aproximava. Ele percebeu no olhar dela um brilho oscilante, a mão direita dela tremendo levemente sobre a espada, em contraste com a esquerda que estava firme.
Repentinamente, os olhos negros que Kenshin observava desfocaram e se arregalaram levemente, e a garota simplesmente tombou inconsciente no chão, cobrindo as vestes de terra marrom à medida em que encontrava o chão.
A reação que ele instintivamente teve foi de correr e segurá-la antes que caísse, e assim o fez. Mas só foi capaz de alcançá-la a tempo de segurar os ombros e impedir que a cabeça da garota se chocasse com o chão. O breve acontecimento, porém, não passou em branco pelas memórias de Kenshin, e o relance da primeira vez que ele encontrara aquela mulher...
*_
A chuva caía sem cessar, a noite estava escura como breu e Kenshin estava preso por duas correntes que seu adversário desconhecido havia manejado enrolar nele num momento de descuido. O atacante estava em cima de um telhado ao lado do caminho, o rosto coberto e as mãos firmes nas correntes que prendiam os braços de Battousai.
'Só um deslize...' Era um dos poucos pensamentos que passavam na mente de Kenshin, enquanto ele procurava prever o próximo movimento do adversário.
A espera subitamente acabou e o erro inevitável veio, bem como Kenshin queria. O assassino afrouxou uma das correntes enquanto tentou o ataque final contra Battousai. Este aproveitou a brecha e, com a ajuda das próprias correntes, buscou a espada presa à uma das extremidades e com ela atacou o oponente que ainda estava no ar.
A lâmina prateada logo se manchou de vermelho, deslizando pela carne do assassino com muita facilidade, cortando-o ao meio e fazendo o sangue jorrar.
E, de repente, ela estava lá.
Ele só percebeu quando, depois que caíra de joelhos no chão lamacento procurando acalmar a respiração, ele sentiu o cheiro suave e feminino de um perfume. Lentamente ele levantou o rosto, focalizando o olhar na delicada figura que estava à sua frente.
A jovem mulher, com seus longos cabelos negros cintilando à luz da lua, parecia brilhar em meio à escuridão da noite. O sangue rubro cobrindo-a, profanando a pureza imaculada que ele via nela. O olhar deslizou pela figura feminina, rápido mas detalhado. Os pés nas sandálias sujas com barro, a pele alva... as mãos delicadas que seguravam a sombrinha, a fina cintura adornada com um obi, o kimono de cor clara, o rosto suave e feminino... a boca macia... e então, os olhos.
A troca de um simples olhar... e a ligação estava feita. Eternamente.
Kenshin arregalou os próprios olhos quando estes se encontraram com os da jovem. O mundo à volta deles lentamente derreteu... perdendo a forma, a cor, perdendo a importância. Ele não conseguia pensar em mais nada... sua mente tornando-se agradavelmente vazia. Tudo o que ele via agora eram aquelas órbitas castanhas... escuras. Ele podia sentir-se sendo levado, sendo sugado, para dentro daquele olhar, ele podia sentir que ela via sua alma, e ele podia ver a dela.
Logo que o breve momento de estupor de Kenshin passara, sua mente racional tomou o controle, treinada pelos anos de prática do kenjutsu. Mandando mensagens de alerta para Battousai, imediatamente a cabeça dele estava com um outro pensamento em mente.
'Eu fui visto... Será... será que eu devo silenciá-la...?'
Quanto mais pensava, menos coragem tinha de fazê-lo. Ele, porém, recebera ordens claras de eliminar qualquer testemunha, mas... 'Essa garota...' Estranhamente ele se sentia completamente incapaz de machucá-la. Suas indagações foram interrompidas por um murmúrio suave, que logo revelou ser a voz da jovem em questão.
"Anata wa..." Ela começou, a voz era doce e calma, mas mesmo assim prendeu totalmente a atenção do jovem ruivo. "As pessoas dizem... que uma chuva de sangue caiu para descrever uma tragédia... demo... mas você..."
O coração do espadachim começou a disparar, incapaz de conter o nervosismo e a expectativa... O que ela iria dizer a ele, o homem que ela acabara de ver assassinar um outro sem piedade...?
"Você é quem faz chover... uma chuva de sangue, não é"
Os olhos dele se arregalaram... ele não esperava tal comentário mas... ironicamente, fazia um imenso sentido. Antes que ele pudesse pensar em outra coisa, ele viu o corpo da garota tremer, os olhos desfocarem e a sombrinha que ela carregava cair. Já inconsciente, ela pendia para frente, caindo. 'Como um anjo...'
Ela nunca chegou a tocar o chão. Imediatamente Kenshin tomou impulso e segurou a jovem nos braços, deixando a espada de lado, cravada no chão. Virando a garota no colo, ele afastou os cabelos molhados do rosto dela com a sua mão, observando de perto as feições delicadas.
O ferimento que ele tinha no rosto... que não cicatrizava, continuava sangrando e, por causa da proximidade dos rostos, o sangue do próprio Kenshin escorreu, pingando na pele clara e macia dela, que tanto contrastava com a sua. Com inicial surpresa, logo ele relaxou quando o sangue foi lavado pela chuva, que agora apertara, abafando ainda mais os sons da noite.
Ele não queria que essa cena voltasse a acontecer – ela em seus braços, imóvel, o ar impregnado com o cheiro da morte e sua cicatriz pingando sangue sobre o suave rosto dela. Isso, infelizmente – mais tarde viria ele a descobrir -, seria trágica e ironicamente repetido...
'Eu... vou levá-la comigo... Só por esta noite... não posso deixá-la aqui... sozinha na chuva.'
Com isso ele cuidadosamente ergueu a garota desfalecida nos braços e, tentando protegê-la da chuva fria, seguiu em direção à hospedaria onde o Ishin Shishi estava. Assim, levando a mulher que mudaria seu destino para dentro de sua vida.
_*
Desvencilhando-se da memória, Kenshin Himura não se conteve e sorriu. Apesar de tudo... todos os erros, as dores... ele conseguia sorrir. Mesmo que não fosse um sorriso verdadeiro, mesmo que a sua alma estivesse incompleta demais para sorrir sinceramente, ele curvou os lábios à lembrança da primeira vez que ele vira aqueles olhos. Sentia saudade.
Se pudesse voltar o tempo... voltaria. Não importa o que ele conseguira depois dela... De alguma forma ele sabia que poderia construir algo e ainda proteger os outros como fazia agora se estivesse com ela. A diferença seria que ele não estaria se sentindo vazio.
Se ele pudesse voltar... tantos erros seriam evitados... 'Mas eu não posso voltar.'
O olhar violeta fixou-se no rosto da garota que ele segurava agora. Com ternura ele afastou os cabelos negros do rosto claro dela, como se num transe... com pura nostalgia.
"Você não pode voltar..." Ele murmurou para o ar, mas surpreendentemente, com um certo tom de incerteza na voz. O olhar permanecia nas feições daquela que relembrava tanto a mulher que amava.
Sem aviso, a boca do homem começou a tremer levemente, o coração batia mais forte pela simples visão dos lábios femininos da garota misteriosa e pela idéia de que eram tão parecidos com os de Tomoe.
"Demo..." Ele sussurrou, o súbito desejo crescendo cada vez mais enquanto ele mantinha o olhar nos lábios rosados. Umedeceu seus próprios lábios partidos com a língua, os olhos tremendo com nervosismo e expectativa.
Sem conseguir controlar, ele lentamente inclinou a cabeça em direção à dela, os rostos se aproximando mais e mais. Ele sentia a suave e quente respiração dela contra sua pele, fazendo sua mente racional ser amortecida pouco a pouco, no ritmo em que os olhos violetas iam se estreitando e se fechando. Pendendo o rosto para o lado, o homem ruivo respirou fundo, um calor que ele não sentia há muito tempo ressurgindo dentro dele.
'Tomoe...'
Neehh nehh... piisem em mim, =P Huauahauha... sei lá, eu deixei pra fazer as partes da trama paralela (que na verdade nem chega a ser uma trama... é só um 'tapa-buraco' u.u") depois de ter escrito a principal... e eu nem sabia o que escrever... eu só fui indo... (Ehh... fiz que fui, não fui e acabei me f***.... ou não... =P) Boooomm o que importa é que eu me irritei com a demora pra esse capítulo e vou deixar ele assim mesmo... Agora o outro eu imagino que seja uma missa ainda maior até eu postar... mas eu juro que vou tentar fazer o mais rápido que puder. E não prometo mais nada nas tramas paralelas por que eu não faço idéia pra que tantos pacotes... (Mentira, eu faço sim mas do mesmo jeito... ainda é confuso) E eu simplesmente não consigo achar uma estória que se encaixe para eles enquanto o Kenshin sofre ataques psicológicos numa clareira... O.o
Só pra avisar, meu computador é um lixo, eu não tenho nem um Word ou qualquer programa decente pra escrever meus fics então esse é o motivo deles ficarem com uma apresentação tão porca aí no FFN... Aqui nos meus arquivos ele tá todo bonitinho, com itálico, barras, parágrafos e centralização... mas como o WordPad simplesmente _não_presta_ quando eu passo todas essas coisas não aparecem... E isso foi um grande problema com os pensamentos, porque inicialmente eles eram em itálico... Eh eh... maaaas com sorte eu barganho aqui minha mama pra me conseguir alguns programas úteis^^" (Siimm... mamãe compra coisas pra mim! Eu é que não vou gastar meu dinheiro nisso... u.u" Bem, na verdade nem ela gasta, então eu fico aqui na moita com meus programinhas imprestáveis pra sempre)
Tah... vocês já se encheram da minha ladainha então eu fico por aqui... E continuo implorando rewiews! Conselhos, críticas (no flames), dicas e sugestões... eu fico completamente perdida sobre como continuar o fic sem essa ajuda de vocês!
Traduções:
Hakubai kou: É o perfume da Tomoe, essa fragrância vêm das flores e dos frutos de uma ameixeira branca e é considerado um aroma sensual e feminino. (E é muito boommm ^-^ Eu tenho um sache com isso no meu quarto... Viciada @____* =P)
Gomen (nasai): Me desculpe.
Anata: Quer dizer 'você' em japonês, mas também pode significar o modo como a esposa chama seu marido (algo próximo a 'Querido' - Hey benheeê... XP~ Huahuahuah - O.o) Mas isso como vocativo. No fic você pode diferenciar pois eu coloco a partícula 'wa' quando quero que o significado seja você... tá?
Nani: literalmente 'quê', No caso 'O quê?'
Nan de mo nai: Nada. (Nani mo significa 'Nada', mas eu sempre ouço eles dizerem 'Nan de mo nai' ...)
Demo: Mas
Shikashi: Mas (O.o)
Kenjutsu: A arte de usar a espada japonesa ^-^ (O que, diga-se de passagem, o Kenshin sabe fazer muito bem...)
Obi: Faixa larga de tecido que é usada na cintura para prender o kimono.
Kimono: Ara, ara... isso você deve saber, ne? ^-^#
Doushite: Por que
Iie: Não
Dame: Tipo... 'Chega' ou 'Não' mesmo... O.o
Onegai: Por favor
Dare: Quem
Dare ka: Quem? (O.o")
Dare mo: Ninguém (@.o")
Damare: Cale a boca (Nuuusssa...)
Naze: Por que motivo, razão ou circunstância... Ô.o
Hakama: Aquelas calças com cinco pregas que o Kenshin usa. ^-~
Sakabatou: A espada de lâmina invertida que o nosso amigo ruivinho aí usa!
Hitokiri: Refere-se a 'Retalhador', 'Assassino'.
Rurouni: Refere-se a 'Andarilho.
Aa: Sim.
[Capítulo 4 - O Jardim Das Almas]
O que está acontecendo com a jovem desafiante de Kenshin? A garota começa a agir de forma muito estranha, deixando Kenshin confuso e perplexo devido às repentinas semelhanças entre ela e sua falecida esposa que vêm à tona. Qual é o grande segredo desta jovem? E o que este segredo pode mudar na realidade do ex-Hitokiri Battousai? Muitas perguntas e várias revelações no capítulo 4.
Ara, ara! Seguinte... isso não tem absolutamente, nada a ver com este fic... mas um dia eu estava pensando... (Oro) E cheguei a uma conclusão! (Ororo) Observem...:
***Três Coisas que Eu Simplesmente NÃO SUPORTO em Personagens (femininas) de Anime*:***
1- Olhos (íris) que não encostam. (Sabe aqueles olhares arregalados, tipo: "Ah! Meu Deus!! Eu tenho algum problema sério!! Meus olhos simplesmente NÃO ENCOSTAM!! E por isso eu tenho essa cara de assustada que dá nos nervos!!) Tipo... Ninguém pode viver assim!! Tem que ter um problema sério de globos oculares projetados... Fala sério... ¬¬ Tenebroso.
2- Personagens que, a cada 2 palavras que dizem, 3 são o nome do cara (de quem elas gostam, ou o protagonista, sei lá...). Tipo... Até parece que a gente não sabe que a criatura se chama daquele jeito... Credo! É extremamente INSUPORTÁVEL, dá vontade de quebrar a tv ou o computador cada vez que vem a criatura repetir o nome do protagonista milhares de vezes, de milhares de jeitos diferentes... Argh.
3- Emoções extremas, tipo: Gritar o tempo todo. (Orra! Té parece que a gente é surdo!) Chorar o tempo todo. (Bah, fala sério... tem coisas melhores pra fazer do que ficar dando uma de coitada, não acham...?) Sorrir o tempo todo. (Meu Deus isso é o mais irritante!! Tipo: sua família se afogou na privada, seu cachorro te ignora, cai um raio na sua cabeça, você enfiou o pé na jaca e descobriu que sua vida não tem sentido... e você está...? Sorrindo! Aaaahhhhhhh!!! Nããããoooo!! Tende? Mas se bem que pior ainda é a personagem 'sorrir ao natural'... Tipo... Vc pede: Fica séria! E quando vê tem um sorriso idiota espraiado ali... Tipo: "Dãã eu sou feliz... dãã...." Ai, que triste isso... ¬¬)
*Os: Embora eu ache que, se analisarmos bem, eu acabei de eliminar 98% das personagens femininas existentes em todos os animes... u.u" Ara, ara... Que situação crítica...
Bem, como eu já disse; sempre digo e pretendo continuar a dizer, eu espero dicas de vocês para melhorar meu trabalho (Huhauahuah trabaalho! Ahhh conta outra... u.u")! Com a sua ajuda, o capítulo três vai estar bem melhor... ^.^"
Lembrem-se: qualquer sugestão, reclamação, ameaças, declarações de amor, pedidos de casamento e similares são bem vindas! =^-^°=
Para entrar em contato comigo é só me mandar um e-mail (rei_tomoe_himura@hotmail.com), ou me procurar no ICQ (256531776)
A-ri-ga-tou,
Tomoe Ayanami.
