3. UMA NOITE NA BIBLIOTECA
Anne ficou com raiva de Sirius Black como nunca havia ficado com ninguém. Ela o culpava por ter brigado com o irmão, por ter perdido pontos para a Sonserina, e por ela ter ido em detenção, a primeira em sua vida.
- Vocês terão que limpar os livros da biblioteca sem magia. - o professor Carwell anunciou, em tom imperativo - Vocês começarão hoje à noite, e terão duas semanas para fazerem isso, e eu não quero ouvir uma reclamação, ou eu pedirei para que o senhor Filch os vigie pessoalmente!
Sirius e Anne concordaram imediatamente com a detenção que teriam antes que o professor deixasse de ameaçá-los e realmente chamasse o zelador para os vigiar. Para eles, já era demais a detenção, e eles estavam felizes por terem se livrado de Filch.
- Ótimo. Os dois voltem aqui às nove horas para eu levá-los à biblioteca. Podem ir.
-x-x-x-
Sirius saiu da sala do professor de Poções chateado. Duas semanas com a arrogante da Sonserina não era exatamente a melhor forma de passar a noite. Já bastava ter que ficar com ela até o fim do ano nas aulas de Poções. Ele andou pensativo até chegar em frente ao quadro da Mulher Gorda.
- Senha, querido!
- Asa de hipogrifo. - ele diz desanimado e pensando de onde saíam essas senhas ridículas. Se algum dia ele fosse monitor, ele não deixaria que colocassem essas senhas idiotas.
O quadro deu passagem, e ele entrou na sala comunal da Grifinória. Vários alunos estavam lá conversando ou simplesmente passando o tempo antes da próxima aula. Tiago, Remo e Pedro também estavam lá, jogando uma partida de Snap Explosivos que foi interrompida com a chegada de Sirius.
- E aí, Almofadinhas, qual é a detenção da vez? - Tiago perguntou brincalhão, já estava acostumado em ver o amigo nessas situações.
- Vou ter que limpar os livros da biblioteca. Sem magia.
- Nada mal para quem já teve que limpar os troféus da sala de troféus sem magia! - Pedro disse, zombeteiro.
- O problema não é esse, Rabicho, o problema é que a detenção começa hoje.
As cartas que Tiago e Pedro seguravam caíram de suas mãos e explodiram ao chegar no chão, mas nenhuns dos quatro se incomodaram.
- Mas... Você esqueceu? Hoje é lua-cheia, a primeira lua-cheia desde que... - Tiago disse, alarmado.
- Eu sei, e eu queria ir com vocês, mas eu não sei o que fazer, a detenção é hoje, e eu duvido que a Snape seja legal e me cubra. Eu duvido até que ela saiba o significado dessa palavra! - ele se deixou afundar numa das almofadas, derrotado.
- Almofadinhas, você está desistindo antes da hora. Eu sei que você consegue sair da detenção, só depende de você.
- Do que você está falando, Pontas?
- Você às vezes consegue se fazer de desentendido como ninguém, Sirius!
- Se você não conseguir, Almofadinhas, não importa. - pela primeira vez, Remo interferiu na discussão. - Teremos outras oportunidades. - ele disse triste.
- Eu não quero saber das outras, essa vai ser a - ele sussurrou - primeira lua-cheia desde acabou o treinamento! Mesmo que eu tenha que estuporar a Snape eu vou estar lá, Aluado.
- Não faça nada que deixe você mais encrencado do que já está, Almofadinhas. Sério, se você não puder ir, não vai ter nada de mais, Pontas e Rabicho vão estar comigo.
- Eu vou estar lá com vocês. Afinal, foram três anos estudando para isso!
Tiago, Remo e Pedro desistiram de tentar convencer o amigo a ser mais cuidadoso. Se Sirius havia dito que iria com eles, nenhum deles conseguiria tirar essa idéia da cabeça dele.
- Está bem, Almofadinhas. - Tiago disse depois de pensar por alguns instantes. - Você vai levar uma lanterna, não é?
- Não sei, por quê?
- Leva uma, aí quando eu e o Rabicho estivermos indo, nós vamos ligar e desligar a lanterna três vezes e depois vamos esperar você na porta, está bem?
- Está bem. - Sirius concordou, sério. Ele faria qualquer coisa para estar lá.
-x-x-x-
Depois que o professor deixou que eles fossem embora, Anne foi para as masmorras, pensando que teria que ter muita paciência para poder conseguir suportar Sirius e seu jeito egocêntrico durante duas semanas e até o fim do ano.
Anne chegou na sala comunal e encontrou o irmão estudando. Quando Severo percebeu que a irmã tinha voltado, sentiu um primeiro impulso de ir falar com ela como sempre fazia, mas ao se lembrar de que eles haviam brigado, ele voltou a atenção para o livro. Não seria o primeiro a voltar atrás e falar com ela. Anne resmungou, e saiu da sala para o dormitório. Se Severo não iria dar o braço a torcer, ela não seria a pessoa que faria isso.
-x-x-x-
Pontualmente às nove horas, Anne estava em frente à sala do professor Carwell. Sirius ainda não havia aparecido, mas ele talvez estivesse chegando, então a garota decidiu esperar mais um pouco. Mas meia-hora havia passado, e o garoto não havia aparecido. Anne já pensava em ir falar com o professor sozinha, mas apesar das ameaças mentais que ela fazia a Sirius, não entrou na sala do professor.
Até que quando faltavam dez minutos para as dez horas, Sirius apareceu com o rosto vermelho e um pouco suado. Antes que ele falasse, ele parou para recuperar o fôlego.
- Desculpe... o atraso... Treino de quadribol...
Anne ergueu as sobrancelhas, intrigada. Não fazia nem cinco minutos que ela havia visto o capitão do time da Grifinória sair do salão principal, e ela nunca tinha ouvido falar em treinamento sem o capitão, mas ela não se importou com as mentiras. Ele poderia fazer o que quisesse, pelo menos ele havia se lembrado da detenção.
- Pelo menos você chegou. Eu nunca aceitaria fazer isso sozinha! Limpar a biblioteca! Isso é trabalho para os elfos!
Anne estava chateada por causa do atraso do rapaz, por isso não percebeu o olhar exasperado de Sirius. Ela bateu na porta da sala do professor, e em seguida, a porta se abriu, e o rosto ameaçador do professor surgiu.
- Ah, eu estava pensando que vocês estavam tentando escapar da punição! Venham comigo!
Os dois seguiram o professor. Anne estava desanimada e resmungando que isso era um ultraje, uma vergonha para uma Snape, fazer trabalho de elfos, enquanto Sirius parecia distante, preocupado com outra coisa. O professor ignorou ambos, e só falou novamente quando chegaram na biblioteca.
- Bem, vocês vão usar isso. - ele retirou de uma caixa dois panos, dois espanadores, e uma espécie de creme, dentro de um pote - Se vocês acabarem de limpar toda a biblioteca antes do prazo de duas semanas, estarão livres da detenção, mas se depois das duas semanas vocês não tiverem terminado, eu darei mais uma tarefa a vocês.
Anne e Sirius se entreolharam assustados com essa possibilidade, mas logo desviaram o olhar um do outro. Por um instante, parecia que os dois eram amigos, e essa idéia os assustou mais do que a possibilidade de ter que ficar em detenção por mais tempo um com o outro.
- Alguma dúvida? - o professor perguntou, e os dois responderam com um meneio negativo de suas cabeças, fazendo o professor ir embora.
Sozinhos, Anne e Sirius trocaram olhares interrogativos, sem saber o que fazer.
- Acho que devemos tirar o pó... Pelo menos é o que os elfos lá em casa fazem... - Anne respondeu ao olhar interrogativo de Sirius.
- Claro, er... claro...
Ele parecia aéreo, preocupado com outra coisa, como se tivesse atrasado para um compromisso, mas Anne o ignorou e começou a espanar os livros. De vez em quando ela olhava com o canto dos olhos para ver se Black estava fazendo a parte dele, mas quase sempre ele estava olhando para a janela. Intrigada, Anne olhou na mesma direção, e não percebeu nada de anormal. O céu continuava o mesmo, com as estrelas piscando, algumas nuvens, e a lua, que estava cheia. A garota deu de ombros, mas em vez de continuar o trabalho, decidiu chamar a atenção de Sirius, pois não estava disposta a fazer todo o trabalho sozinha.
- Black, dá pra voltar do lugar onde você está? - a garota disse, levemente irritada.
- Ahn? Desculpe, eu me distrai.
- É, deu pra perceber. - ela respondeu, irônica. - Talvez pensando em estragar poções de outros alunos, não?
- Não - ele respondeu simplesmente dando de ombros sem se importar com a raiva da garota.
Imediatamente ele começou a espanar com mais rapidez, e continuou assim até onze e meia, quando algo estranho aconteceu. Anne estava espanando um livro quando a lanterna que Sirius carregava apagou e acendeu três vezes seguidas. Depois disso, ele ficou bastante estranho, parecia que queria falar alguma coisa, mas estava sem coragem. Mais uma vez, a lanterna piscou três vezes, e dessa vez ele se aproximou da garota, mas voltou. Isso se repetiu mais uma vez, até que Adrianne se impacientou.
- Dá para você se concentrar no trabalho, ou pelo menos não me atrapalhar? Eu quero terminar logo com isso!
Ele gaguejou um pouco, até que finalmente falou.
- Eu... eu queria pedir uma coisa.
O olhar dele era suplicante, e Anne se sentiu altiva por ver Black daquele jeito. Era prazeroso ver o rei da Grifinória estar se humilhando por uma coisa na frente dela, e ela já pensava em torturá-lo, dizendo que o ajudaria,mas na última hora mudaria de idéia e desistiria, mas outra idéia surgiu na cabeça dela. E se ela pedisse algo em troca? Ela olhou curiosa para ele, tentando disfarçar o prazer que sentia por vê-lo assim.
- Fala logo, eu não tenho toda a noite! - ela disse um pouco rude.
- Não me leve a mal, é que... - ele disse hesitante, quase mudando de idéia, mas quando se lembrou de Pedro e Tiago o esperando, ele continuou. - Eu tenho que ir embora. É muito importante para mim!
- Eu não acredito! Você está sugerindo que eu continue a fazer tudo sozinha, enquanto você vai se divertir por aí? - ela falou num tom alto que deixou Sirius nervoso. Ele segurou nos braços da garota como se fossem sua tábua de salvação, olhou implorando para ela, e disse num sussurro que Anne mal conseguiu escutar.
- Por favor, Anne! Eu faço o que você quiser, eu juro, mas deixa eu sair! Por favor, é só por hoje!
O modo persuasivo como Sirius disse aquela frase e olhava para Anne como se o destino da vida dele estivesse nas mãos dela fez com que a garota pela primeira vez titubeasse e não parecesse tão segura de si. Antes que ela pudesse pensar direito no que dizia, ela concordava em deixar Black ir embora.
- E... está bem... pode ir...
Sirius sorriu, surpreso e contente. Ele nunca esperava que ela fosse deixar ele sair, e a felicidade que ele sentia era tanta que ele poderia até beijar a garota, e o teria feito se não estivesse com medo de que ela mudasse de idéia. Ao invés disso, ele olhou agradecido para Anne e começou a sair.
Enquanto Sirius saía, o fascínio e a atração que por alguns instantes Anne sentiu pelo grifinório desapareceram. Ela conseguiu pensar melhor no que iria fazer, e o chamou de volta.
- Espera! Você disse que faria qualquer coisa... Você quis dizer qualquer coisa mesmo?
Ele engoliu em seco, e olhou assustado para a garota, se arrependendo do que havia dito. Sabendo o que sabia sobre ela, Sirius já pressentia que ela não ia fazer boa coisa. Lentamente, ele deu meia volta e fez uma última tentativa para poder sair da biblioteca logo.
- Er... eu disse, mas... não me diga que você acreditou? Eu estava só brincando...
Sirius parecia bastante atrapalhado, duvidando que Anne fosse deixá-lo sair. A garota deu um passo na direção dele e disse, implacável.
- Brincadeira ou não, você jurou que faria qualquer coisa, e você sabe, quando um bruxo empenha sua palavra, ele deve cumprir - ela finalizou com um sorriso maroto.
Sirius suspirou, derrotado. Por mais que ele detestasse, ele havia prometido que faria algo em troca, portanto, havia empenhado a palavra dele, e devia algo em troca para Anne, já que ela decidiu usar esse direito.
- Está bem. Pode pedir o que você quiser. - ele disse com uma expressão de derrota no rosto.
- Você jura que vai fazer?
- Dou minha palavra que sim.
- Ótimo... - ela disse cruzando os braços. - Eu quero que você e seus amigos parem de fazer brincadeiras com o meu irmão para sempre.
Sirius arregalou os olhos, e disse quase gritando:
- Isso não! Qualquer coisa menos isso!
- Tudo bem, mas então eu não vou deixar você sair, e se você sair, eu digo para o professor. Cem pontos a menos para a Grifinória, e detenção eterna para você, Black!
Anne disse triunfante, e percebendo que Black estava prestes a concordar, decidiu que era melhor não falar mais nada e esperar ele ir falar com ela. Enquanto isso, ela continuou a espanar os livros.
Sirius, por outro lado, estava desesperado. Não queria concordar com a condição de Anne, mas se não fizesse isso, ele não poderia ir com seus amigos para a Casa dos Gritos. A tranqüilidade e a superioridade da garota o irritavam. Ela estava com ele na palma da mão, e poderia fazer o que quisesse com ele, dependendo do que ele escolheria. Ele poderia sair sem que ela deixasse, mas Sirius tinha certeza de que a garota cumpriria a ameaça de falar para o professor, e ele já estava muito encrencado com o professor pelo resto do ano. Ele também poderia ficar, mas ele não queria perder a primeira aventura do ano, então só restava uma opção. Cuidadosamente, Sirius foi até Anne.
- Eu sei que eu vou me arrepender disso para sempre, mas... eu concordo. Só que tem uma coisa. No dia que seu irmão fizer qualquer tipo de brincadeira comigo ou com um dos meus amigos, o nosso acordo não vai mais valer.
- Combinado. Pode ir, eu não vou falar nada. - Anne concordou, duvidando muito que Severo fizesse qualquer brincadeira com Sirius ou os amigos dele. Aquele acordo só seria proveitoso a ela.
Um sorriso surgiu no rosto de Sirius, de uma felicidade verdadeira porque iria para a Casa dos Gritos com seus amigos, sem se importar com as chantagens idiotas da garota Snape. O sorriso era tão verdadeiro, que Anne percebeu o que ele tinha de especial para atrair tantas garotas. Era o sorriso espontâneo que surgia em seu rosto quando algo especial acontecia. Por uns instantes, Anne esqueceu o garoto irrequieto e detestável que Sirius Black era por causa do sorriso. Agora era ela quem queria que ele a beijasse, e não se importou quando ele se aproximou de seu rosto, mas ao invés de beijá-la, ele simplesmente sussurrou no ouvido da garota:
- Obrigado, Anne.
Sirius saiu correndo da biblioteca, e por alguns segundos, Anne olhou sem conseguir se mexer para a porta por onde ele tinha saído. Ela passou a mão pelo seu rosto, e antes que ela pudesse retomar o controle de si, Anne começou a seguir o grifinório.
Sirius andava com passos rápidos, Anne tinha dificuldade em seguí-lo, mas ela não estava disposta a parar e voltar para a biblioteca. Os dois não andaram por muito tempo, até que Sirius parou em frente à porta do castelo. Anne esperou ansiosa pelo que ele iria fazer, mas, inesperadamente, ele começou a falar com as paredes, deixando a garota surpresa.
- Vocês estão aí?
Anne se escondeu atrás de um pilar, pensando que se Sirius tivesse falando com fantasmas, esse não seria um dos melhores lugares para se esconder, mas a curiosidade para saber o que aconteceria era maior.
A garota estava pensando em várias coisas, menos no que aconteceu em seguida. Do nada, Tiago Potter e Pedro Pettigrew apareceram. Anne abriu a boca aturdida, sem saber como eles apareceram, mas a resposta veio num raio: com uma capa de invisibilidade.
Tiago olhou impaciente para Sirius.
- Por que você demorou, Almofadinhas? - Tiago perguntou.
- A Anne não quis deixar eu sair.
- Anne?! Você já está tão amigo assim dela para chamá-la por um apelido?
Tiago deu um pequeno sorriso maroto, enquanto que Anne olhou com raiva para Sirius Black. Realmente, ela não havia dado nenhum motivo para ele chamá-la pelo apelido.
- Não seja bobo, Tiago! É que eu acho esquisito chamar ela de Snape. Ela não é o irmão dela! E também eu fui muito bem-educado pelos meus pais.
- Hum... - Tiago deu um sorriso maroto e falou em tom de pilhéria. - Você é realmente muito educado... Tem certeza que você não foi conquistado por um par de olhos verde-amarelados?
Anne olhou ofendida para Potter. Como ele podia dizer isso dela? Ela nunca iria querer algo com alguém do tipo de Black. Enquanto Anne se segurava para não protestar, Sirius corava até a raiz do cabelo, e logo mudou o assunto da conversa.
- Não acha que já perdemos tempo demais? Já está ficando tarde, temos que ir logo.
Tiago concordou com Sirius, ainda com um ar brincalhão no rosto, e eles abriram a porta. Em seu esconderijo, Anne pensou que eles fossem sair para fazer uma brincadeira com alguém, mas se a descoberta de que eles tinham uma capa de invisibilidade a surpreendera, nada a preparou para o que aconteceria em seguida. Os três rapazes ficaram parados por alguns instantes, e em seguida começaram a diminuir de tamanho, até que no lugar de Sirius, Tiago e Pedro estavam um enorme cão preto, um cervo, e um rato.
Anne arregalou os olhos e não conseguiu segurar uma exclamação num tom alto, impressionada e atordoada com o que tinha visto. Sirius Black, Tiago Potter e Pedro Pettigrew eram animagos clandestinos!
O cão que Sirius era escutou a exclamação de Anne, e farejando, ele começou a andar até o pilar onde a garota estava escondida. Anne começou a suar frio, com medo de que fosse descoberta, mas antes que isso acontecesse, o cervo bateu as duas patas dianteiras no chão, ordenando que o cão voltasse, e o cão, contrariado, o seguiu para fora do castelo, depois de dar uma última olhada para o pilar onde Anne estava escondida.
Anne olhou os três animais saírem do castelo boquiaberta. Tiago e Sirius eram os melhores alunos em Transfiguração de todo o quinto ano, talvez só não melhor do que ela, mas a garota nunca pensou que eles fossem capazes de fazer algo tão grave quanto se tornar animagos ilegalmente. Ela refletiu sobre quais motivos que eles fizeram isso, e logo concluiu que foram para se divertir e fazer brincadeiras sem que fossem descobertos, mas ela estranhou o fato de Remo Lupin não estar entre eles. Os quatro sempre estavam juntos, e se Black, Potter e Pettigrew eram animagos, Lupin também deveria ser um, a não ser que ele tivesse se amedrontado por ser algo tão perigoso e ilegal.
Anne voltou para a biblioteca pensando em quais vantagens poderia conseguir com isso. A última coisa que passava pela cabeça da garota eram os livros que ela tinha que limpar. Depois de muito tempo pensando, Anne decidiu o que ia fazer. Tomando cuidado, ela voltou para as masmorras, entrou no dormitório masculino do quinto ano, e, tomando mais cuidado ainda, pegou a capa de invisibilidade de Severo. Coberta pela capa, Anne foi para a entrada da Grifinória, decidida a esperar por Sirius Black toda a noite se fosse necessário.
Anne ficou com raiva de Sirius Black como nunca havia ficado com ninguém. Ela o culpava por ter brigado com o irmão, por ter perdido pontos para a Sonserina, e por ela ter ido em detenção, a primeira em sua vida.
- Vocês terão que limpar os livros da biblioteca sem magia. - o professor Carwell anunciou, em tom imperativo - Vocês começarão hoje à noite, e terão duas semanas para fazerem isso, e eu não quero ouvir uma reclamação, ou eu pedirei para que o senhor Filch os vigie pessoalmente!
Sirius e Anne concordaram imediatamente com a detenção que teriam antes que o professor deixasse de ameaçá-los e realmente chamasse o zelador para os vigiar. Para eles, já era demais a detenção, e eles estavam felizes por terem se livrado de Filch.
- Ótimo. Os dois voltem aqui às nove horas para eu levá-los à biblioteca. Podem ir.
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Sirius saiu da sala do professor de Poções chateado. Duas semanas com a arrogante da Sonserina não era exatamente a melhor forma de passar a noite. Já bastava ter que ficar com ela até o fim do ano nas aulas de Poções. Ele andou pensativo até chegar em frente ao quadro da Mulher Gorda.
- Senha, querido!
- Asa de hipogrifo. - ele diz desanimado e pensando de onde saíam essas senhas ridículas. Se algum dia ele fosse monitor, ele não deixaria que colocassem essas senhas idiotas.
O quadro deu passagem, e ele entrou na sala comunal da Grifinória. Vários alunos estavam lá conversando ou simplesmente passando o tempo antes da próxima aula. Tiago, Remo e Pedro também estavam lá, jogando uma partida de Snap Explosivos que foi interrompida com a chegada de Sirius.
- E aí, Almofadinhas, qual é a detenção da vez? - Tiago perguntou brincalhão, já estava acostumado em ver o amigo nessas situações.
- Vou ter que limpar os livros da biblioteca. Sem magia.
- Nada mal para quem já teve que limpar os troféus da sala de troféus sem magia! - Pedro disse, zombeteiro.
- O problema não é esse, Rabicho, o problema é que a detenção começa hoje.
As cartas que Tiago e Pedro seguravam caíram de suas mãos e explodiram ao chegar no chão, mas nenhuns dos quatro se incomodaram.
- Mas... Você esqueceu? Hoje é lua-cheia, a primeira lua-cheia desde que... - Tiago disse, alarmado.
- Eu sei, e eu queria ir com vocês, mas eu não sei o que fazer, a detenção é hoje, e eu duvido que a Snape seja legal e me cubra. Eu duvido até que ela saiba o significado dessa palavra! - ele se deixou afundar numa das almofadas, derrotado.
- Almofadinhas, você está desistindo antes da hora. Eu sei que você consegue sair da detenção, só depende de você.
- Do que você está falando, Pontas?
- Você às vezes consegue se fazer de desentendido como ninguém, Sirius!
- Se você não conseguir, Almofadinhas, não importa. - pela primeira vez, Remo interferiu na discussão. - Teremos outras oportunidades. - ele disse triste.
- Eu não quero saber das outras, essa vai ser a - ele sussurrou - primeira lua-cheia desde acabou o treinamento! Mesmo que eu tenha que estuporar a Snape eu vou estar lá, Aluado.
- Não faça nada que deixe você mais encrencado do que já está, Almofadinhas. Sério, se você não puder ir, não vai ter nada de mais, Pontas e Rabicho vão estar comigo.
- Eu vou estar lá com vocês. Afinal, foram três anos estudando para isso!
Tiago, Remo e Pedro desistiram de tentar convencer o amigo a ser mais cuidadoso. Se Sirius havia dito que iria com eles, nenhum deles conseguiria tirar essa idéia da cabeça dele.
- Está bem, Almofadinhas. - Tiago disse depois de pensar por alguns instantes. - Você vai levar uma lanterna, não é?
- Não sei, por quê?
- Leva uma, aí quando eu e o Rabicho estivermos indo, nós vamos ligar e desligar a lanterna três vezes e depois vamos esperar você na porta, está bem?
- Está bem. - Sirius concordou, sério. Ele faria qualquer coisa para estar lá.
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Depois que o professor deixou que eles fossem embora, Anne foi para as masmorras, pensando que teria que ter muita paciência para poder conseguir suportar Sirius e seu jeito egocêntrico durante duas semanas e até o fim do ano.
Anne chegou na sala comunal e encontrou o irmão estudando. Quando Severo percebeu que a irmã tinha voltado, sentiu um primeiro impulso de ir falar com ela como sempre fazia, mas ao se lembrar de que eles haviam brigado, ele voltou a atenção para o livro. Não seria o primeiro a voltar atrás e falar com ela. Anne resmungou, e saiu da sala para o dormitório. Se Severo não iria dar o braço a torcer, ela não seria a pessoa que faria isso.
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Pontualmente às nove horas, Anne estava em frente à sala do professor Carwell. Sirius ainda não havia aparecido, mas ele talvez estivesse chegando, então a garota decidiu esperar mais um pouco. Mas meia-hora havia passado, e o garoto não havia aparecido. Anne já pensava em ir falar com o professor sozinha, mas apesar das ameaças mentais que ela fazia a Sirius, não entrou na sala do professor.
Até que quando faltavam dez minutos para as dez horas, Sirius apareceu com o rosto vermelho e um pouco suado. Antes que ele falasse, ele parou para recuperar o fôlego.
- Desculpe... o atraso... Treino de quadribol...
Anne ergueu as sobrancelhas, intrigada. Não fazia nem cinco minutos que ela havia visto o capitão do time da Grifinória sair do salão principal, e ela nunca tinha ouvido falar em treinamento sem o capitão, mas ela não se importou com as mentiras. Ele poderia fazer o que quisesse, pelo menos ele havia se lembrado da detenção.
- Pelo menos você chegou. Eu nunca aceitaria fazer isso sozinha! Limpar a biblioteca! Isso é trabalho para os elfos!
Anne estava chateada por causa do atraso do rapaz, por isso não percebeu o olhar exasperado de Sirius. Ela bateu na porta da sala do professor, e em seguida, a porta se abriu, e o rosto ameaçador do professor surgiu.
- Ah, eu estava pensando que vocês estavam tentando escapar da punição! Venham comigo!
Os dois seguiram o professor. Anne estava desanimada e resmungando que isso era um ultraje, uma vergonha para uma Snape, fazer trabalho de elfos, enquanto Sirius parecia distante, preocupado com outra coisa. O professor ignorou ambos, e só falou novamente quando chegaram na biblioteca.
- Bem, vocês vão usar isso. - ele retirou de uma caixa dois panos, dois espanadores, e uma espécie de creme, dentro de um pote - Se vocês acabarem de limpar toda a biblioteca antes do prazo de duas semanas, estarão livres da detenção, mas se depois das duas semanas vocês não tiverem terminado, eu darei mais uma tarefa a vocês.
Anne e Sirius se entreolharam assustados com essa possibilidade, mas logo desviaram o olhar um do outro. Por um instante, parecia que os dois eram amigos, e essa idéia os assustou mais do que a possibilidade de ter que ficar em detenção por mais tempo um com o outro.
- Alguma dúvida? - o professor perguntou, e os dois responderam com um meneio negativo de suas cabeças, fazendo o professor ir embora.
Sozinhos, Anne e Sirius trocaram olhares interrogativos, sem saber o que fazer.
- Acho que devemos tirar o pó... Pelo menos é o que os elfos lá em casa fazem... - Anne respondeu ao olhar interrogativo de Sirius.
- Claro, er... claro...
Ele parecia aéreo, preocupado com outra coisa, como se tivesse atrasado para um compromisso, mas Anne o ignorou e começou a espanar os livros. De vez em quando ela olhava com o canto dos olhos para ver se Black estava fazendo a parte dele, mas quase sempre ele estava olhando para a janela. Intrigada, Anne olhou na mesma direção, e não percebeu nada de anormal. O céu continuava o mesmo, com as estrelas piscando, algumas nuvens, e a lua, que estava cheia. A garota deu de ombros, mas em vez de continuar o trabalho, decidiu chamar a atenção de Sirius, pois não estava disposta a fazer todo o trabalho sozinha.
- Black, dá pra voltar do lugar onde você está? - a garota disse, levemente irritada.
- Ahn? Desculpe, eu me distrai.
- É, deu pra perceber. - ela respondeu, irônica. - Talvez pensando em estragar poções de outros alunos, não?
- Não - ele respondeu simplesmente dando de ombros sem se importar com a raiva da garota.
Imediatamente ele começou a espanar com mais rapidez, e continuou assim até onze e meia, quando algo estranho aconteceu. Anne estava espanando um livro quando a lanterna que Sirius carregava apagou e acendeu três vezes seguidas. Depois disso, ele ficou bastante estranho, parecia que queria falar alguma coisa, mas estava sem coragem. Mais uma vez, a lanterna piscou três vezes, e dessa vez ele se aproximou da garota, mas voltou. Isso se repetiu mais uma vez, até que Adrianne se impacientou.
- Dá para você se concentrar no trabalho, ou pelo menos não me atrapalhar? Eu quero terminar logo com isso!
Ele gaguejou um pouco, até que finalmente falou.
- Eu... eu queria pedir uma coisa.
O olhar dele era suplicante, e Anne se sentiu altiva por ver Black daquele jeito. Era prazeroso ver o rei da Grifinória estar se humilhando por uma coisa na frente dela, e ela já pensava em torturá-lo, dizendo que o ajudaria,mas na última hora mudaria de idéia e desistiria, mas outra idéia surgiu na cabeça dela. E se ela pedisse algo em troca? Ela olhou curiosa para ele, tentando disfarçar o prazer que sentia por vê-lo assim.
- Fala logo, eu não tenho toda a noite! - ela disse um pouco rude.
- Não me leve a mal, é que... - ele disse hesitante, quase mudando de idéia, mas quando se lembrou de Pedro e Tiago o esperando, ele continuou. - Eu tenho que ir embora. É muito importante para mim!
- Eu não acredito! Você está sugerindo que eu continue a fazer tudo sozinha, enquanto você vai se divertir por aí? - ela falou num tom alto que deixou Sirius nervoso. Ele segurou nos braços da garota como se fossem sua tábua de salvação, olhou implorando para ela, e disse num sussurro que Anne mal conseguiu escutar.
- Por favor, Anne! Eu faço o que você quiser, eu juro, mas deixa eu sair! Por favor, é só por hoje!
O modo persuasivo como Sirius disse aquela frase e olhava para Anne como se o destino da vida dele estivesse nas mãos dela fez com que a garota pela primeira vez titubeasse e não parecesse tão segura de si. Antes que ela pudesse pensar direito no que dizia, ela concordava em deixar Black ir embora.
- E... está bem... pode ir...
Sirius sorriu, surpreso e contente. Ele nunca esperava que ela fosse deixar ele sair, e a felicidade que ele sentia era tanta que ele poderia até beijar a garota, e o teria feito se não estivesse com medo de que ela mudasse de idéia. Ao invés disso, ele olhou agradecido para Anne e começou a sair.
Enquanto Sirius saía, o fascínio e a atração que por alguns instantes Anne sentiu pelo grifinório desapareceram. Ela conseguiu pensar melhor no que iria fazer, e o chamou de volta.
- Espera! Você disse que faria qualquer coisa... Você quis dizer qualquer coisa mesmo?
Ele engoliu em seco, e olhou assustado para a garota, se arrependendo do que havia dito. Sabendo o que sabia sobre ela, Sirius já pressentia que ela não ia fazer boa coisa. Lentamente, ele deu meia volta e fez uma última tentativa para poder sair da biblioteca logo.
- Er... eu disse, mas... não me diga que você acreditou? Eu estava só brincando...
Sirius parecia bastante atrapalhado, duvidando que Anne fosse deixá-lo sair. A garota deu um passo na direção dele e disse, implacável.
- Brincadeira ou não, você jurou que faria qualquer coisa, e você sabe, quando um bruxo empenha sua palavra, ele deve cumprir - ela finalizou com um sorriso maroto.
Sirius suspirou, derrotado. Por mais que ele detestasse, ele havia prometido que faria algo em troca, portanto, havia empenhado a palavra dele, e devia algo em troca para Anne, já que ela decidiu usar esse direito.
- Está bem. Pode pedir o que você quiser. - ele disse com uma expressão de derrota no rosto.
- Você jura que vai fazer?
- Dou minha palavra que sim.
- Ótimo... - ela disse cruzando os braços. - Eu quero que você e seus amigos parem de fazer brincadeiras com o meu irmão para sempre.
Sirius arregalou os olhos, e disse quase gritando:
- Isso não! Qualquer coisa menos isso!
- Tudo bem, mas então eu não vou deixar você sair, e se você sair, eu digo para o professor. Cem pontos a menos para a Grifinória, e detenção eterna para você, Black!
Anne disse triunfante, e percebendo que Black estava prestes a concordar, decidiu que era melhor não falar mais nada e esperar ele ir falar com ela. Enquanto isso, ela continuou a espanar os livros.
Sirius, por outro lado, estava desesperado. Não queria concordar com a condição de Anne, mas se não fizesse isso, ele não poderia ir com seus amigos para a Casa dos Gritos. A tranqüilidade e a superioridade da garota o irritavam. Ela estava com ele na palma da mão, e poderia fazer o que quisesse com ele, dependendo do que ele escolheria. Ele poderia sair sem que ela deixasse, mas Sirius tinha certeza de que a garota cumpriria a ameaça de falar para o professor, e ele já estava muito encrencado com o professor pelo resto do ano. Ele também poderia ficar, mas ele não queria perder a primeira aventura do ano, então só restava uma opção. Cuidadosamente, Sirius foi até Anne.
- Eu sei que eu vou me arrepender disso para sempre, mas... eu concordo. Só que tem uma coisa. No dia que seu irmão fizer qualquer tipo de brincadeira comigo ou com um dos meus amigos, o nosso acordo não vai mais valer.
- Combinado. Pode ir, eu não vou falar nada. - Anne concordou, duvidando muito que Severo fizesse qualquer brincadeira com Sirius ou os amigos dele. Aquele acordo só seria proveitoso a ela.
Um sorriso surgiu no rosto de Sirius, de uma felicidade verdadeira porque iria para a Casa dos Gritos com seus amigos, sem se importar com as chantagens idiotas da garota Snape. O sorriso era tão verdadeiro, que Anne percebeu o que ele tinha de especial para atrair tantas garotas. Era o sorriso espontâneo que surgia em seu rosto quando algo especial acontecia. Por uns instantes, Anne esqueceu o garoto irrequieto e detestável que Sirius Black era por causa do sorriso. Agora era ela quem queria que ele a beijasse, e não se importou quando ele se aproximou de seu rosto, mas ao invés de beijá-la, ele simplesmente sussurrou no ouvido da garota:
- Obrigado, Anne.
Sirius saiu correndo da biblioteca, e por alguns segundos, Anne olhou sem conseguir se mexer para a porta por onde ele tinha saído. Ela passou a mão pelo seu rosto, e antes que ela pudesse retomar o controle de si, Anne começou a seguir o grifinório.
Sirius andava com passos rápidos, Anne tinha dificuldade em seguí-lo, mas ela não estava disposta a parar e voltar para a biblioteca. Os dois não andaram por muito tempo, até que Sirius parou em frente à porta do castelo. Anne esperou ansiosa pelo que ele iria fazer, mas, inesperadamente, ele começou a falar com as paredes, deixando a garota surpresa.
- Vocês estão aí?
Anne se escondeu atrás de um pilar, pensando que se Sirius tivesse falando com fantasmas, esse não seria um dos melhores lugares para se esconder, mas a curiosidade para saber o que aconteceria era maior.
A garota estava pensando em várias coisas, menos no que aconteceu em seguida. Do nada, Tiago Potter e Pedro Pettigrew apareceram. Anne abriu a boca aturdida, sem saber como eles apareceram, mas a resposta veio num raio: com uma capa de invisibilidade.
Tiago olhou impaciente para Sirius.
- Por que você demorou, Almofadinhas? - Tiago perguntou.
- A Anne não quis deixar eu sair.
- Anne?! Você já está tão amigo assim dela para chamá-la por um apelido?
Tiago deu um pequeno sorriso maroto, enquanto que Anne olhou com raiva para Sirius Black. Realmente, ela não havia dado nenhum motivo para ele chamá-la pelo apelido.
- Não seja bobo, Tiago! É que eu acho esquisito chamar ela de Snape. Ela não é o irmão dela! E também eu fui muito bem-educado pelos meus pais.
- Hum... - Tiago deu um sorriso maroto e falou em tom de pilhéria. - Você é realmente muito educado... Tem certeza que você não foi conquistado por um par de olhos verde-amarelados?
Anne olhou ofendida para Potter. Como ele podia dizer isso dela? Ela nunca iria querer algo com alguém do tipo de Black. Enquanto Anne se segurava para não protestar, Sirius corava até a raiz do cabelo, e logo mudou o assunto da conversa.
- Não acha que já perdemos tempo demais? Já está ficando tarde, temos que ir logo.
Tiago concordou com Sirius, ainda com um ar brincalhão no rosto, e eles abriram a porta. Em seu esconderijo, Anne pensou que eles fossem sair para fazer uma brincadeira com alguém, mas se a descoberta de que eles tinham uma capa de invisibilidade a surpreendera, nada a preparou para o que aconteceria em seguida. Os três rapazes ficaram parados por alguns instantes, e em seguida começaram a diminuir de tamanho, até que no lugar de Sirius, Tiago e Pedro estavam um enorme cão preto, um cervo, e um rato.
Anne arregalou os olhos e não conseguiu segurar uma exclamação num tom alto, impressionada e atordoada com o que tinha visto. Sirius Black, Tiago Potter e Pedro Pettigrew eram animagos clandestinos!
O cão que Sirius era escutou a exclamação de Anne, e farejando, ele começou a andar até o pilar onde a garota estava escondida. Anne começou a suar frio, com medo de que fosse descoberta, mas antes que isso acontecesse, o cervo bateu as duas patas dianteiras no chão, ordenando que o cão voltasse, e o cão, contrariado, o seguiu para fora do castelo, depois de dar uma última olhada para o pilar onde Anne estava escondida.
Anne olhou os três animais saírem do castelo boquiaberta. Tiago e Sirius eram os melhores alunos em Transfiguração de todo o quinto ano, talvez só não melhor do que ela, mas a garota nunca pensou que eles fossem capazes de fazer algo tão grave quanto se tornar animagos ilegalmente. Ela refletiu sobre quais motivos que eles fizeram isso, e logo concluiu que foram para se divertir e fazer brincadeiras sem que fossem descobertos, mas ela estranhou o fato de Remo Lupin não estar entre eles. Os quatro sempre estavam juntos, e se Black, Potter e Pettigrew eram animagos, Lupin também deveria ser um, a não ser que ele tivesse se amedrontado por ser algo tão perigoso e ilegal.
Anne voltou para a biblioteca pensando em quais vantagens poderia conseguir com isso. A última coisa que passava pela cabeça da garota eram os livros que ela tinha que limpar. Depois de muito tempo pensando, Anne decidiu o que ia fazer. Tomando cuidado, ela voltou para as masmorras, entrou no dormitório masculino do quinto ano, e, tomando mais cuidado ainda, pegou a capa de invisibilidade de Severo. Coberta pela capa, Anne foi para a entrada da Grifinória, decidida a esperar por Sirius Black toda a noite se fosse necessário.
