4. O PROFESSOR DE ANIMAGIA
Estava quase amanhecendo quando Sirius voltou com Tiago e Pedro para a torre da Grifinória. Eles haviam passado tanto tempo fora que Anne até dormiu, acordando minutos antes dos três grifinórios chegarem. A garota escutou vozes em frente a um quadro de uma mulher gorda, mas não viu quem falava, deduzindo que eles estavam escondidos na capa de invisibilidade, o que se confirmou quando eles tiraram a capa, e para não acordar a mulher do quadro, os três empurraram o quadro, mas apesar da dificuldade, eles conseguiram afasta-lo.
Antes que eles entrassem, Anne puxou Sirius, mas como ela estava coberta pela capa, ele não percebeu quem o puxava até que ela falou no ouvido dele.
- Inventa uma desculpa e vá para a segunda sala à direita do primeiro andar. Eu sei o que você fez hoje de noite.
Ela saiu antes que ele tentasse segurá-la e foi para a sala esperar o garoto. Aquela era uma das várias salas que não eram usadas em Hogwarts, e também era o esconderijo de Anne. Sempre que ela queria fugir de Narcisa e suas brincadeiras idiotas ou de alguma aula, ela se escondia lá.
Era uma pequena sala que parecia ter sido usada para tomar chá com as visitas, decorada em tons de verde e vermelho. Havia uma mesa no centro com algumas cadeiras ao redor dela. Encostado na parede, debaixo de uma janela, havia um sofá, e na parede oposta havia um quadro da Floresta Proibida, o único de toda a sala.
Uns cinco minutos depois, Sirius entrava na sala, furioso, mas preocupado.
- Eu sabia que não devia confiar em você! Esquece aquele nosso acordo!
- Calma, Black! Vamos por partes. Em primeiro lugar, aquele acordo se referia a deixar você sair, mas você não disse nada sobre eu ter que ficar na biblioteca também, portanto, acho que ele ainda vale.
- Besteira! Eu não vou mais cumprir aquele acordo idiota!
- Sirius Black, você deu sua palavra! - a garota disse autoritária e olhando com firmeza para Sirius.
- É, você tem razão, mas o que você viu? - ele perguntou, impaciente.
- Tudo. Vi você, o Potter e o Pettigrew se transformando em Animagos. Sabia que o cão que você se transforma se parece muito com o Sinistro? E até combina com você! Sinistro Black!
Sirius apertou a mão e segurou um palavrão, irritado por ter sido tão estúpido a ponto de esquecer com quem estava falando quando deu sua palavra e com o jeito irônico com o qual Anne estava tratando o assunto. Anne sentiu isso, mas em vez de ficar quieta e tentar acalmar o rapaz, ela fez outra piada, se divertindo muito com a situação.
- Não quero saber dessas brincadeiras! E você não vai contar para ninguém o que viu, senão eu vou...
- Vai o que? Latir e rosnar para mim? - ela deu uma pequena risada - Acho que isso não é uma grande ameaça, Black!
- Você vai falar ou não? Será que você não é capaz de guardar um segredo?
- Claro que eu posso! - ela disse fingindo-se ofendida - Mas eu posso deixar escapar em alguma conversa o que eu vi... A não ser que eu faça parte do segredo, aí eu não poderia falar pois estaria me denunciando também.
Sirius arregalou os olhos antes de falar.
- Eu acho que entendi errado, você não pediu para ser um animago também não é?
- Não, você entendeu tudo muito bem, até me surpreendeu, pensei que eu teria que soletrar para você entender. Eu quero que você me ensine como me tornar um animago.
- Ah, não, de jeito nenhum! - ele disse bastante contrariado.
- Está bem. Se você não quer me ensinar, acho que eu vou deixar escapar para o Severo o que aconteceu hoje de noite...
Outra vez, Sirius segurou um palavrão, impressionado com a crueldade da garota. Anne não sabia o verdadeiro motivo pelo qual ele e seus amigos haviam se transformado em animagos, mas se Sirius tivesse contado, talvez ela tivesse agido diferente. Uma das coisas que Anne mais ambicionava era a amizade, justamente por não poder tê-la, e ambicionava mais ainda ser como os que eram capazes de fazer qualquer coisa por uma amizade.
- Você não seria capaz... Você não faz idéia do que vai estar causando!
- Ora, você devia ter pensado nisso antes de se tornar um animago somente para se divertir!
Sirius abriu a boca para tentar se justificar, mas se calou antes que contasse a verdadeira razão por ter se tornado um animago. Esse não era um segredo dele, e provavelmente, se a garota soubesse disso, seria mais um motivo para futuras chantagens.
- Tudo bem, faça o que quiser. Duvido que alguém acredite mesmo em você! É uma idéia muito louca, achar que três alunos do quinto ano de uma escola de magia são animagos!
- É a sua palavra final?
- É sim, Anne!
- Muito bem. Você vai ver em quantas coisas esquisitas o Ministério pode acreditar. - ela andou até a porta, mas antes de sair, se virou e dá um olhar de desprezo para ele - E seu amigo Potter tem razão. Eu nunca dei liberdade para você me tratar pelo meu nome. Por favor, não me confunda com as suas conquistas baratas. Eu sou muito superior àquelas garotinhas desocupadas que desmaiam só com um espirro seu. Boa noite.
-x-x-x-
Assim que Anne saiu, Sirius disse todos os palavrões que tinha segurado durante a conversa, se achando um completo idiota por ter deixado as coisas terem ido tão longe. A garota poderia fazer o que quisesse com ele, e isso o deixava sem ação. Nervoso, ele voltou para a Grifinória. No dormitório, Tiago e Pedro estavam esperando por ele.
- O que aconteceu, Almofadinhas? Você precisou de vinte minutos para ir beber água?
- Estava com sede, o que tem de mais, Pontas?
- Nada, Almofadinhas, nada...
- Então boa-noite.
Sirius se deitou na cama e dormiu imediatamente, mas Tiago demorou um pouco, suspeitando que Sirius estava escondendo alguma coisa.
-x-x-x-
Anne saiu da sala com um sorriso orgulhoso no rosto, ouvindo Sirius praguejar na sala. Não esperava que o rapaz concordasse imediatamente, mas ela deixou a ameaça no ar, e assim que Sirius percebesse que ela não estava brincando, ela aprenderia animagia com ele.
O dia seguinte era um sábado, e Anne não se importou com a hora. Ninguém sentiu a sua falta, e ela não se importou com isso. Na verdade, se ela tivesse desaparecido naquele dia, muita gente ficaria contente.
Anne se levantou contente, e ver que as outras três camas do quarto estavam vazias só fez o humor dela melhorar, mas nem se Narcisa entrasse beijando Severo o humor dela ia mudar. Anne estava se sentindo muito orgulhosa por ter conseguido deixar Black numa incômoda situação de dependência. Ela desceu as escadas do dormitório para a sala comunal dançando enquanto assobiava o hino de Hogwarts, e passou pelos seus colegas de casa ignorando os olhares espantados, pensando que para o próximo passo do plano, teria que fazer um esforço e esquecer o orgulho.
Quando ela chegou no salão principal, viu Sirius e os quatro marotos na mesa da Grifinória. Sirius a fulminou com o olhar, e Anne deu um sorriso irônico para ele enquanto acenava com sarcasmo antes de sentar-se à mesa da Sonserina.
A comida naquele dia parecia que estava com um gosto diferente de prazer. Anne comia tão satisfeita que até Malfoy perguntou se estava tudo bem com ela. Anne respondeu que estava tudo bem, esperando que ele a deixasse em paz, mas Lúcio continuou a conversa. Geralmente Adrianne o ignorava, pois o achava um pomposo petulante, mas ela estava tão contente com o que iria acontecer que só levantou-se da mesa quando viu Severo entrando no salão.
Severo carregava vários livros da biblioteca, e Anne foi ajudar ele. Apesar da surpresa, Severo deu alguns livros para a irmã segurar. Ele nunca imaginava que ela mudaria de idéia e falaria com ele. Severo estava até pensando em ir terminar a discussão ridícula entre os dois, mas como Anne já havia feito isso, ele aceitou o pedido indireto de desculpas dela.
- Deixe-me ajudar você, Severo, você não devia carregar tantos livros!
Ele olhou aturdido para a irmã e gaguejou, surpreso com a mudança de comportamento da irmã.
- Er...é que... bem, eu... eu tenho que estudar, Anne!
Enquanto ela pegava alguns livros, escutou a voz de Sirius um pouco mais atrás. Ele estava saindo do salão com os outros marotos.
Era o que ela estava esperando: Sirius Black passar perto dela quando estava com o irmão. Anne tentou parecer o mais sonsa possível, e falou com Severo sem encará-lo, mas alto o bastante para que Sirius escutasse.
- Ah, sabe, Severo, ontem na detenção eu descobri uma coisa incrível!
Os risos que ela escutava atrás de si pararam assim que ela terminou de falar a frase, e Severo olhou para a irmã com curiosidade.
- O que você descobriu, Anne?
Anne abriu a boca para responder, mas antes disso, alguém a empurrou e todos os livros que ela segurava caíram no chão. Ela nem teve tempo para pegá-los, pois Sirius a puxava com força pelo braço direito. Ele praticamente a arrastou até a sala secreta, e assim que os dois entraram, ele a empurrou com força no chão, fazendo com que Anne caísse sentada.
O rosto de Sirius estava vermelho de raiva, e o brilho de fúria em seus olhos azuis-cinzentos fez com que Anne o achasse atraente como nunca, e se não soubesse que ele estava com raiva dela, talvez tivesse feito algo do qual teria se arrependido depois.
- Você enlouqueceu? Você tem idéia do que aconteceria se o Snape soubesse? - enquanto falava aos gritos, Sirius apontava o dedo indicador com raiva para a garota, que olhou com falsa ingenuidade e respondeu com um sorriso sonso, ainda no chão.
- Não... desculpe, eu realmente não sei o que...
- Vamos fazer um acordo? Sem cinismos, por favor! Você sabe perfeitamente o que vai acontecer!
- Se você sabe que eu sei, então por que pergunta o óbvio? - ela disse depois que se levantou.
Sirius olhou com fúria para Anne, se perguntando como alguém conseguia deixá-lo tão nervoso. Ele olhou para a sonserina com ódio e ergueu a mão. Pela primeira vez, Anne sentiu medo dele. A mão dele foi na direção do rosto dela, mas parou poucos centímetros antes de acertar seu rosto. Ele fechou os olhos e colocou a mão nos bolsos da veste, tentando se acalmar.
- Você é um demônio, sabia?
Sem saber o motivo exato, Anne deu uma gargalhada, mais de alívio do que de qualquer outra coisa. Ela tinha certeza de que Sirius iria bater nela.
- Qual é o motivo da gargalhada? - ele perguntou, ferozmente.
- Desculpe, eu... não quis zombar de você... - ele olhou com incredulidade - Eu juro! Eu não estou caçoando de você.
- Pouco me importa. - ele disse, dando de ombros - Eu quero saber se você vai criar o mínimo juízo possível para um sonserino e ficar de boca fechada.
Anne deu um suspiro de impaciência, e respondeu.
- Eu vou ter que repetir isso sempre? Eu quero que você me ensine animagia.
- De jeito nenhum. Eu faço qualquer coisa menos isso.
Quanto mais Sirius insistia que ele não poderia lhe ensinar animagia, mais Anne exigia o contrário. Os dois eram teimosos, e essa era uma discussão que poderia durar uma eternidade.
- Você é quem sabe. Eu só acho que depois do que aconteceu no salão principal, meu irmão deve estar no mínimo curioso. Com certeza ele vai adorar saber a coisinha ilegal que você e seus amiguinhos fizeram. O Ministério também vai adorar. Quem sabe vocês ganhem até uma passagem para Azkaban? - ela sorriu com malícia, ignorando mais uma vez o quão cruel estava sendo.
Se um olhar matasse, Anne teria morrido naquele momento. Sirius já começava a ficar irritado com tantas ameaças, e se matar a garota o livrasse de qualquer problema no futuro, ele teria feito exatamente isso, mas ele tinha juízo o bastante para saber que matar Anne não adiantaria de nada. A garota, ao contrário, estava calma. Sabia que seu plano estava indo muito bem, e para Sirius finalmente aceitar em ensinar animagia, só precisava de um golpe final.
Depois que ela falou, Anne foi até a porta, mas quando segurou a maçaneta, ouviu passos apressados atrás de si, e logo a mão de Sirius estava sobre a dela.
- Não faça isso! - o rosto dele estava com uma expressão contrariada e de fúria, e ele falou antes que pudesse pensar melhor. - Eu ensino animagia a você, tudo bem, mas não faça isso!
Sirius falou com tanta veemência que pela primeira vez Anne pensou se não havia um motivo mais sério para ele ter se tornado um animago. Existiam outras formas de se divertir sem precisar fazer algo como se tornar um animago ilegal. Ela deixou isso de lado, pelo menos por enquanto. Depois ela poderia descobrir qual seria o verdadeiro motivo pelo qual Sirius e os outros marotos haviam se transformado em animagos.
- Ainda bem que você concordou, pois eu ia contar mesmo tudo o que eu vi, eu não estava só ameaçando. Quem ameaçam são os covardes, e eu não sou uma covarde. Muito bem, nós podemos começar hoje mesmo, afinal, vamos ter que limpar aqueles livros, - ela fez uma careta ao se lembrar da terrível detenção, e Sirius quase sorriu - não vai fazer diferença se ficarmos acordados mais um pouco. E para seu próprio bem, é melhor você ser um bom professor. Eu ainda posso denunciar os seus amigos, e não pense que eu não faria isso, pois eu faria sem hesitar.
Antes de sair, Anne deu um olhar ameaçador para Sirius, e em seguida, abriu a porta. Enquanto ela ia para as masmorras da Sonserina, julgou ter escutado a voz de Sirius dizendo ao longe "...demônio..."
Estava quase amanhecendo quando Sirius voltou com Tiago e Pedro para a torre da Grifinória. Eles haviam passado tanto tempo fora que Anne até dormiu, acordando minutos antes dos três grifinórios chegarem. A garota escutou vozes em frente a um quadro de uma mulher gorda, mas não viu quem falava, deduzindo que eles estavam escondidos na capa de invisibilidade, o que se confirmou quando eles tiraram a capa, e para não acordar a mulher do quadro, os três empurraram o quadro, mas apesar da dificuldade, eles conseguiram afasta-lo.
Antes que eles entrassem, Anne puxou Sirius, mas como ela estava coberta pela capa, ele não percebeu quem o puxava até que ela falou no ouvido dele.
- Inventa uma desculpa e vá para a segunda sala à direita do primeiro andar. Eu sei o que você fez hoje de noite.
Ela saiu antes que ele tentasse segurá-la e foi para a sala esperar o garoto. Aquela era uma das várias salas que não eram usadas em Hogwarts, e também era o esconderijo de Anne. Sempre que ela queria fugir de Narcisa e suas brincadeiras idiotas ou de alguma aula, ela se escondia lá.
Era uma pequena sala que parecia ter sido usada para tomar chá com as visitas, decorada em tons de verde e vermelho. Havia uma mesa no centro com algumas cadeiras ao redor dela. Encostado na parede, debaixo de uma janela, havia um sofá, e na parede oposta havia um quadro da Floresta Proibida, o único de toda a sala.
Uns cinco minutos depois, Sirius entrava na sala, furioso, mas preocupado.
- Eu sabia que não devia confiar em você! Esquece aquele nosso acordo!
- Calma, Black! Vamos por partes. Em primeiro lugar, aquele acordo se referia a deixar você sair, mas você não disse nada sobre eu ter que ficar na biblioteca também, portanto, acho que ele ainda vale.
- Besteira! Eu não vou mais cumprir aquele acordo idiota!
- Sirius Black, você deu sua palavra! - a garota disse autoritária e olhando com firmeza para Sirius.
- É, você tem razão, mas o que você viu? - ele perguntou, impaciente.
- Tudo. Vi você, o Potter e o Pettigrew se transformando em Animagos. Sabia que o cão que você se transforma se parece muito com o Sinistro? E até combina com você! Sinistro Black!
Sirius apertou a mão e segurou um palavrão, irritado por ter sido tão estúpido a ponto de esquecer com quem estava falando quando deu sua palavra e com o jeito irônico com o qual Anne estava tratando o assunto. Anne sentiu isso, mas em vez de ficar quieta e tentar acalmar o rapaz, ela fez outra piada, se divertindo muito com a situação.
- Não quero saber dessas brincadeiras! E você não vai contar para ninguém o que viu, senão eu vou...
- Vai o que? Latir e rosnar para mim? - ela deu uma pequena risada - Acho que isso não é uma grande ameaça, Black!
- Você vai falar ou não? Será que você não é capaz de guardar um segredo?
- Claro que eu posso! - ela disse fingindo-se ofendida - Mas eu posso deixar escapar em alguma conversa o que eu vi... A não ser que eu faça parte do segredo, aí eu não poderia falar pois estaria me denunciando também.
Sirius arregalou os olhos antes de falar.
- Eu acho que entendi errado, você não pediu para ser um animago também não é?
- Não, você entendeu tudo muito bem, até me surpreendeu, pensei que eu teria que soletrar para você entender. Eu quero que você me ensine como me tornar um animago.
- Ah, não, de jeito nenhum! - ele disse bastante contrariado.
- Está bem. Se você não quer me ensinar, acho que eu vou deixar escapar para o Severo o que aconteceu hoje de noite...
Outra vez, Sirius segurou um palavrão, impressionado com a crueldade da garota. Anne não sabia o verdadeiro motivo pelo qual ele e seus amigos haviam se transformado em animagos, mas se Sirius tivesse contado, talvez ela tivesse agido diferente. Uma das coisas que Anne mais ambicionava era a amizade, justamente por não poder tê-la, e ambicionava mais ainda ser como os que eram capazes de fazer qualquer coisa por uma amizade.
- Você não seria capaz... Você não faz idéia do que vai estar causando!
- Ora, você devia ter pensado nisso antes de se tornar um animago somente para se divertir!
Sirius abriu a boca para tentar se justificar, mas se calou antes que contasse a verdadeira razão por ter se tornado um animago. Esse não era um segredo dele, e provavelmente, se a garota soubesse disso, seria mais um motivo para futuras chantagens.
- Tudo bem, faça o que quiser. Duvido que alguém acredite mesmo em você! É uma idéia muito louca, achar que três alunos do quinto ano de uma escola de magia são animagos!
- É a sua palavra final?
- É sim, Anne!
- Muito bem. Você vai ver em quantas coisas esquisitas o Ministério pode acreditar. - ela andou até a porta, mas antes de sair, se virou e dá um olhar de desprezo para ele - E seu amigo Potter tem razão. Eu nunca dei liberdade para você me tratar pelo meu nome. Por favor, não me confunda com as suas conquistas baratas. Eu sou muito superior àquelas garotinhas desocupadas que desmaiam só com um espirro seu. Boa noite.
-x-x-x-
Assim que Anne saiu, Sirius disse todos os palavrões que tinha segurado durante a conversa, se achando um completo idiota por ter deixado as coisas terem ido tão longe. A garota poderia fazer o que quisesse com ele, e isso o deixava sem ação. Nervoso, ele voltou para a Grifinória. No dormitório, Tiago e Pedro estavam esperando por ele.
- O que aconteceu, Almofadinhas? Você precisou de vinte minutos para ir beber água?
- Estava com sede, o que tem de mais, Pontas?
- Nada, Almofadinhas, nada...
- Então boa-noite.
Sirius se deitou na cama e dormiu imediatamente, mas Tiago demorou um pouco, suspeitando que Sirius estava escondendo alguma coisa.
-x-x-x-
Anne saiu da sala com um sorriso orgulhoso no rosto, ouvindo Sirius praguejar na sala. Não esperava que o rapaz concordasse imediatamente, mas ela deixou a ameaça no ar, e assim que Sirius percebesse que ela não estava brincando, ela aprenderia animagia com ele.
O dia seguinte era um sábado, e Anne não se importou com a hora. Ninguém sentiu a sua falta, e ela não se importou com isso. Na verdade, se ela tivesse desaparecido naquele dia, muita gente ficaria contente.
Anne se levantou contente, e ver que as outras três camas do quarto estavam vazias só fez o humor dela melhorar, mas nem se Narcisa entrasse beijando Severo o humor dela ia mudar. Anne estava se sentindo muito orgulhosa por ter conseguido deixar Black numa incômoda situação de dependência. Ela desceu as escadas do dormitório para a sala comunal dançando enquanto assobiava o hino de Hogwarts, e passou pelos seus colegas de casa ignorando os olhares espantados, pensando que para o próximo passo do plano, teria que fazer um esforço e esquecer o orgulho.
Quando ela chegou no salão principal, viu Sirius e os quatro marotos na mesa da Grifinória. Sirius a fulminou com o olhar, e Anne deu um sorriso irônico para ele enquanto acenava com sarcasmo antes de sentar-se à mesa da Sonserina.
A comida naquele dia parecia que estava com um gosto diferente de prazer. Anne comia tão satisfeita que até Malfoy perguntou se estava tudo bem com ela. Anne respondeu que estava tudo bem, esperando que ele a deixasse em paz, mas Lúcio continuou a conversa. Geralmente Adrianne o ignorava, pois o achava um pomposo petulante, mas ela estava tão contente com o que iria acontecer que só levantou-se da mesa quando viu Severo entrando no salão.
Severo carregava vários livros da biblioteca, e Anne foi ajudar ele. Apesar da surpresa, Severo deu alguns livros para a irmã segurar. Ele nunca imaginava que ela mudaria de idéia e falaria com ele. Severo estava até pensando em ir terminar a discussão ridícula entre os dois, mas como Anne já havia feito isso, ele aceitou o pedido indireto de desculpas dela.
- Deixe-me ajudar você, Severo, você não devia carregar tantos livros!
Ele olhou aturdido para a irmã e gaguejou, surpreso com a mudança de comportamento da irmã.
- Er...é que... bem, eu... eu tenho que estudar, Anne!
Enquanto ela pegava alguns livros, escutou a voz de Sirius um pouco mais atrás. Ele estava saindo do salão com os outros marotos.
Era o que ela estava esperando: Sirius Black passar perto dela quando estava com o irmão. Anne tentou parecer o mais sonsa possível, e falou com Severo sem encará-lo, mas alto o bastante para que Sirius escutasse.
- Ah, sabe, Severo, ontem na detenção eu descobri uma coisa incrível!
Os risos que ela escutava atrás de si pararam assim que ela terminou de falar a frase, e Severo olhou para a irmã com curiosidade.
- O que você descobriu, Anne?
Anne abriu a boca para responder, mas antes disso, alguém a empurrou e todos os livros que ela segurava caíram no chão. Ela nem teve tempo para pegá-los, pois Sirius a puxava com força pelo braço direito. Ele praticamente a arrastou até a sala secreta, e assim que os dois entraram, ele a empurrou com força no chão, fazendo com que Anne caísse sentada.
O rosto de Sirius estava vermelho de raiva, e o brilho de fúria em seus olhos azuis-cinzentos fez com que Anne o achasse atraente como nunca, e se não soubesse que ele estava com raiva dela, talvez tivesse feito algo do qual teria se arrependido depois.
- Você enlouqueceu? Você tem idéia do que aconteceria se o Snape soubesse? - enquanto falava aos gritos, Sirius apontava o dedo indicador com raiva para a garota, que olhou com falsa ingenuidade e respondeu com um sorriso sonso, ainda no chão.
- Não... desculpe, eu realmente não sei o que...
- Vamos fazer um acordo? Sem cinismos, por favor! Você sabe perfeitamente o que vai acontecer!
- Se você sabe que eu sei, então por que pergunta o óbvio? - ela disse depois que se levantou.
Sirius olhou com fúria para Anne, se perguntando como alguém conseguia deixá-lo tão nervoso. Ele olhou para a sonserina com ódio e ergueu a mão. Pela primeira vez, Anne sentiu medo dele. A mão dele foi na direção do rosto dela, mas parou poucos centímetros antes de acertar seu rosto. Ele fechou os olhos e colocou a mão nos bolsos da veste, tentando se acalmar.
- Você é um demônio, sabia?
Sem saber o motivo exato, Anne deu uma gargalhada, mais de alívio do que de qualquer outra coisa. Ela tinha certeza de que Sirius iria bater nela.
- Qual é o motivo da gargalhada? - ele perguntou, ferozmente.
- Desculpe, eu... não quis zombar de você... - ele olhou com incredulidade - Eu juro! Eu não estou caçoando de você.
- Pouco me importa. - ele disse, dando de ombros - Eu quero saber se você vai criar o mínimo juízo possível para um sonserino e ficar de boca fechada.
Anne deu um suspiro de impaciência, e respondeu.
- Eu vou ter que repetir isso sempre? Eu quero que você me ensine animagia.
- De jeito nenhum. Eu faço qualquer coisa menos isso.
Quanto mais Sirius insistia que ele não poderia lhe ensinar animagia, mais Anne exigia o contrário. Os dois eram teimosos, e essa era uma discussão que poderia durar uma eternidade.
- Você é quem sabe. Eu só acho que depois do que aconteceu no salão principal, meu irmão deve estar no mínimo curioso. Com certeza ele vai adorar saber a coisinha ilegal que você e seus amiguinhos fizeram. O Ministério também vai adorar. Quem sabe vocês ganhem até uma passagem para Azkaban? - ela sorriu com malícia, ignorando mais uma vez o quão cruel estava sendo.
Se um olhar matasse, Anne teria morrido naquele momento. Sirius já começava a ficar irritado com tantas ameaças, e se matar a garota o livrasse de qualquer problema no futuro, ele teria feito exatamente isso, mas ele tinha juízo o bastante para saber que matar Anne não adiantaria de nada. A garota, ao contrário, estava calma. Sabia que seu plano estava indo muito bem, e para Sirius finalmente aceitar em ensinar animagia, só precisava de um golpe final.
Depois que ela falou, Anne foi até a porta, mas quando segurou a maçaneta, ouviu passos apressados atrás de si, e logo a mão de Sirius estava sobre a dela.
- Não faça isso! - o rosto dele estava com uma expressão contrariada e de fúria, e ele falou antes que pudesse pensar melhor. - Eu ensino animagia a você, tudo bem, mas não faça isso!
Sirius falou com tanta veemência que pela primeira vez Anne pensou se não havia um motivo mais sério para ele ter se tornado um animago. Existiam outras formas de se divertir sem precisar fazer algo como se tornar um animago ilegal. Ela deixou isso de lado, pelo menos por enquanto. Depois ela poderia descobrir qual seria o verdadeiro motivo pelo qual Sirius e os outros marotos haviam se transformado em animagos.
- Ainda bem que você concordou, pois eu ia contar mesmo tudo o que eu vi, eu não estava só ameaçando. Quem ameaçam são os covardes, e eu não sou uma covarde. Muito bem, nós podemos começar hoje mesmo, afinal, vamos ter que limpar aqueles livros, - ela fez uma careta ao se lembrar da terrível detenção, e Sirius quase sorriu - não vai fazer diferença se ficarmos acordados mais um pouco. E para seu próprio bem, é melhor você ser um bom professor. Eu ainda posso denunciar os seus amigos, e não pense que eu não faria isso, pois eu faria sem hesitar.
Antes de sair, Anne deu um olhar ameaçador para Sirius, e em seguida, abriu a porta. Enquanto ela ia para as masmorras da Sonserina, julgou ter escutado a voz de Sirius dizendo ao longe "...demônio..."
