7. A VERDADE



Depois que se tornou artilheira da Sonserina, muitas coisas mudaram na vida de Anne. A garota se tornou bastante popular, e da noite para o dia, Narcisa Nott começou a tratá-la como se fosse amiga de Anne há anos, mas a garota, sabendo que Narcisa só estava agindo assim porque agora ela era artilheira da Sonserina, continuou a desprezar Nott.

Assim que Narcisa percebeu que não conseguiria conquistar a amizade de Anne, voltou a tratar ela da mesma maneira que a tratava antes dela se tornar artilheira. Mas Narcisa não foi a única. Outras garotas tentaram ser amigas de Anne, mas ela, achando que essas garotas só queriam ser amigas dela por causa de sua fama, sempre era rude com elas, e por isso, Anne continuou sem amigos.

Essa, porém, não foi a única mudança na vida de Anne. Depois da noite em que ficou conversando com Sirius, ele e Anne passaram a discutir menos do que antes. Ela ainda o achava prepotente, mas começava a ver algumas qualidades no meio dos inúmeros defeitos que via nele. Já Sirius, começava a aceitar o jeito orgulhoso de Anne, mas não ainda o autoritarismo da garota. Os dois ainda não eram amigos, mas pelo menos começavam a aceitar as diferenças que existiam entre eles.

Só uma coisa impedia que Anne parasse de detestá-lo: uma vez por mês, durante uns três dias, ele não aparecia nas aulas, e as desculpas eram as mais idiotas, como a mãe estar doente, uma das irmãs estar doentes (Sirius tinha duas irmãs, Julie, que estava no quarto ano, e Emma, que estava no terceiro ano.), ou ter que fazer alguma tarefa das matérias.

Anne não acreditava muito nessas desculpas, e estava curiosa para saber o que Sirius realmente fazia durante esses três dias, mas com a proximidade do Baile de Inverno, essa suspeita ficou de lado. Anne estava ocupada demais tentando fugir dos vários garotos que a convidavam para ir com eles ao baile. Depois que ela se tornou a artilheira da Sonserina, além das garotas, vários garotos de todas as casas a convidavam para ir ao baile, até mesmo um do sexto ano da Grifinória, mas Anne não se incomodava com esse tipo de atenção. Ela se divertia muito vendo Narcisa a olhar com inveja.

Mas com tantos garotos a convidando, ela teve que recusar todos os convites. Severo levou muito a sério a mentira de que ela estava apaixonada por Lestrange. O rapaz falou com Liam Lestrange sobre o que havia descoberto, e não demorou muito para que Liam convidasse Anne para ir com ele ao baile. A garota teve que aceitar para que o irmão não suspeitasse de nada.

- Fiquei muito satisfeito quando Liam disse que não teria nenhum problema em ir ao baile com você, Anne.

Os irmãos Snape conversavam enquanto iam para o salão principal. O baile era na noite seguinte, e era o assunto principal das conversas.

- Eu também, Severo. Estou tão agradecida por você ter falado com ele! Eu nunca teria coragem para fazer isso! - Anne disse, impressionada consigo mesma pelo modo como estava enganando o irmão.

- Eu sei, e foi exatamente por te conhecer tão bem que eu fui falar com ele.

Anne teve que se segurar para não rir do absurdo que Severo dizia, e virou o rosto. Os olhos da garota caíram em uma cena no mínimo estranha. Ela viu Madame Pomfrey com Remo Lupin, o levando até o Salgueiro Lutador. Ao ver a irmã olhando distraída para os jardins, Severo olhou na mesma direção e ficou intrigado.

- O que ele está fazendo? - Severo perguntou, curioso.

- Ele deve ter se machucado no Salgueiro Lutador, Severo, igual o idiota do Davi Gudgeon. Esses grifinórios são todos iguais. - ela tentou desviar a atenção, embora não parecesse que Remo estava se afastando da árvore, mas sim se aproximando.

- Realmente... Eles sempre querem aparecer!

Se perguntassem para Anne porque ela havia mentido, ela não saberia o que responder. A única coisa que ela sentiu foi um instinto de proteger Lupin, mesmo ele não sendo seu amigo. Assim que chegou ao salão, ela teve uma intuição de que naquela noite não encontraria Sirius na sala. E ela não se enganou.

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O castelo estava muito bem decorado. Era a melhor decoração para um baile que Anne já havia visto desde que era estudante de Hogwarts, mas ela teria aproveitado muito mais o baile se não fosse pelo seu acompanhante. Lestrange fazia questão de dançar todas as músicas com a garota, e parecia que fazia mais questão ainda de pisar no pé dela enquanto dançavam. Quando a vigésima primeira música terminou, Anne não agüentou, e antes que a próxima começasse, ela disse a Lestrange que queria tomar um pouco de ar. Ainda bem que ele não quis ir com ela, preferiu ficar dançando, assim ela pôde se recuperar da presença dele também.

Anne saiu do salão e foi para o saguão de entrada. Do lado de fora, alguns poucos casais conversavam aproveitando um pouco da privacidade que a noite escura e o fim da festa davam, até que a luz da lua surgiu através das nuvens, e ela viu, entre os vários casais, Allison Forster e Sirius Black se beijando, mas logo ele a afastou, olhou para a lua, disse algo para ela, e saiu apressado.

Anne se escondeu para que Sirius não a visse, e depois voltou para o salão, sentindo a mesma sensação que havia sentido quando Sirius disse a ela que Allison só estava no time por causa dele.

No salão, Liam estava procurando por Anne, e ela teve que dançar outras três músicas. Enquanto isso, ela viu que Sirius conversava com Potter e Pettigrew, e parecia ser algo urgente. Foi então que ela percebeu que Lupin não estava no salão, e logo notou que não havia visto o rapaz naquela noite. Quando a terceira música terminou, Anne voltou o olhar para onde Sirius e os outros dois marotos estavam a tempo de vê-los saindo apressados pelo saguão de entrada.

- Liam, você não quer ir lá fora comigo? Está uma bela noite, tem uma bela lua cheia lá fora e você é a companhia que eu mais quero para apreciar isso. - ela disse apressada, sem querer perder os três rapazes de vista.

Liam deu um sorriso bobo, acreditando que Anne estava apaixonada por ele, e, sem suspeitar que a garota só queria confirmar uma suspeita, os dois foram para o saguão de entrada.

O saguão estava praticamente deserto, afinal, já era bastante tarde. Anne procurava Sirius com o olhar, mas ele parecia ter desaparecido. Ela tinha esquecido totalmente de Liam, quando sentiu uma mão gelada segurar a sua. Era Liam.

- Adrianne... er - ele olhou hesitante para a garota, mas logo se recuperou. - ... Eu posso te chamar de Anne?

A garota concordou com a cabeça, chateada por ele tê-la distraído, mas o sonserino não percebeu e continuou falando, de cabeça baixa, sem coragem para encarar Anne.

- Er... Anne... Eu sempre achei você muito bonita... - a garota quase riu. Ela nunca foi considerada bonita, pelo contrário, os outros rapazes a achavam esquisita demais, principalmente os olhos. - ... bem mais que as outras garotas da Sonserina... E, er, eu... Eu... Eu sempre quis falar com você, mas você sempre foi tão... distante... Desculpe por dizer isso.

- Não, está tudo bem, continue. - ela aproveitava que ele não olhava para ela e procurava um rato, um cão e um cervo com os olhos.

- Eu até fiquei surpreso quando seu irmão falou comigo, mas também fiquei contente, não pensei duas vezes, e disse que sim. - ele levantou o rosto, e olhou quase com ternura para a garota, que teve que fazer força para não rir da expressão patética que estava no rosto dele - Quer saber por que eu aceitei, Anne? Porque eu amo você, Adrianne Snape.

Liam segurou Anne pela cintura com uma das mãos enquanto acariciava o rosto dela com a outra. O rosto dele se aproximou do rosto de Anne enquanto a garota só conseguia pensar em sair correndo de lá, mas não fez nada para impedi-lo que a beijasse.

- Anne, você é... sensacional! - ele disse depois que a beijou, com um olhar bobo que logo foi substituído por um de medo - O que... O que... O que é aquilo? - ele disse subitamente, assustando Anne.

- Como?! - Anne perguntou intrigada, se virou para a direção em que ele estava apontando, e viu um cão negro enorme, que sob a luz do luar e com o ar ameaçador que tinha nos olhos, até poderia parecer o Sinistro. - Não estou vendo nada! - ela disse com inocência para Liam.

- Er, eu... Eu... Eu vou pegar umas... bebidas, é... - o rapaz disse torcendo para que a garota não pensasse que ele se assustava com qualquer coisa, e saiu apressado, sem saber que a garota não estava interessada nele.

Ao ver-se sozinha, Anne soltou uma enorme gargalhada. Quando ela voltou o olhar para o lugar onde Sirius estava, não o viu mais. Ela começou a andar instintivamente até o Salgueiro Lutador, a tempo de ver um cervo entrar em uma passagem escondida debaixo do salgueiro. Antes de voltar para o castelo, ela deu uma última olhada para a grande árvore, e disse com um sorriso de agradecimento no rosto.

- Obrigada por estragar meu segundo baile, Sirius Black.

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Como o baile daquele ano havia sido no dia 28, Anne e Sirius só se encontrariam na véspera de Ano-novo. Até esse dia, a garota pensou muito sobre as coisas que tinha visto. Quer dizer, quando ela podia, pois depois do baile, Lestrange passou a perseguí-la, tanto por querer apagar a imagem de covarde tanto por querer ficar com Anne.

Nos poucos instantes em que ficava sozinha, Anne sempre pensava nos últimos acontecimentos. Remo entrando no Salgueiro Lutador com Madame Pomfrey, os marotos fazendo o mesmo depois do baile, mas escondidos, Sirius deixando de aparecer nas aulas alguns dias em cada mês, um cão negro sob a lua-cheia, o fato de Remo não ser um animago... Então, como um raio, a verdade surgiu em sua mente: Lupin era um lobisomem, e para ajudar o amigo, os marotos haviam se transformado em animagos ilegalmente.

Depois do primeiro instante de surpresa pela descoberta, Anne se sentiu muito culpada pela chantagem que havia feito com Sirius para ele ensinar animagia a ela, quando ele havia se tornado um animago para ajudar um amigo. Ela sentiu vergonha de si mesma, e sem coragem de encarar Sirius, pensou até em nunca mais aparecer nas aulas, mas ele ia suspeitar que algo havia acontecido, então, depois de muito tempo pensando, Anne foi para a sala, onde Sirius já estava esperando por ela.

- Até que enfim você chegou! Já estava pensando que você não viria! - ele disse com alegria na voz ao vê-la, o que a deixou mais culpada ainda - Certo, abra o livro no capítulo... - ele olhava as anotações que ele havia feito. - Nossa! Vinte e três!? Você está aprendendo rápido mesmo!

A empolgação de Sirius conseguia deixar Anne mais culpada ainda, então ela decidiu acabar logo com tudo de uma vez.

- Olha, Black, acho que é melhor a gente parar de se encontrar e de ter essas aulas.

- Como assim? Aconteceu alguma coisa? Snape descobriu tudo? Ou foi... seu namorado? - ele perguntou com um tom de mágoa que passou despercebido à Anne.

- Não, Severo não descobriu, mas que história é essa de namorado?!

- Eu vi você e o Lestrange se beijando no baile... - o rapaz parecia ter perdido uma disputa, mas a garota não notou.

- Aquilo não foi nada! Eu só queria distraí-lo! E ele não é meu namorado. - ela disse sem entender porque tentava se justificar.

- Se ele não é, então por que você quer desistir das aulas?

Ela suspirou, pensando que Sirius só desistiria do interrogatório se ela falasse a verdade. Intimidada, ela começou a falar sem encará-lo.

- Eu descobri tudo. Descobri porque você e seus amigos se tornaram animagos. Foi por causa do Lupin. Ele é um lobisomem, e você fez isso para ajudá-lo, e não é justo que eu te chantageie por uma coisa que você fez para ajudar um amigo, por mais ilegal que isso seja. - Anne estava de cabeça baixa, e não viu o olhar furioso de Sirius quando ela disse que sabia a verdade, mas quando ela o encarou novamente, ele estava olhando como se entendesse o que ela queria dizer - De qualquer forma, eu não posso mais continuar com as aulas. Você está livre, não precisa mais me encontrar aqui. E pode ficar tranqüilo, eu não vou falar a ninguém que o Lupin é um lobisomem, você tem a minha palavra. Eu valorizo demais a amizade para brincar com ela - e antes que Sirius respondesse, ela saiu da sala.

Na sala, Sirius olhava para a porta sem saber como reagir diante daquela ação inesperada de Anne. Tudo o que ele pensava sobre a garota agora era passado. Ele percebeu que por baixo daquela garota fria, que não se importava com ninguém além dela mesma e do irmão, havia uma garota com respeito pelos valores que tinha.

Anne estava descendo as escadas, triste por não ter mais aulas de animagia, mas estava aceitando isso. Ela poderia continuar sozinha, embora ela já estivesse acostumada a Sirius. Enquanto ela descia, ela sentiu uma mão puxar seu braço. Ela se virou e viu Sirius olhar bravo para ela.

- Por acaso eu disse que você estava dispensada? Sinceramente, pensei que os alunos tivessem mais respeito pelos seus professores... - ele fingiu desaprovação, e depois deu um sorriso tão encantador que fez com que Anne entendesse como ele conseguia atrair tantas garotas, inclusive ela, naquele momento.

- O que... Do que você está falando? - ela perguntou, atordoada.

- Aulas de animagia, Anne!

- Mas... Você... - ela não acreditava que ele ainda queria ensinar animagia para ela.

- Anne, você provou que eu posso confiar em você, e eu seria muito infantil se desistisse das aulas. Vem, vamos voltar para a sala. Capítulo 23, lembra?

Sirius disse sorrindo, e estendendo a mão para Anne, que a segurou e os dois voltaram para a para a sala. Assim que entraram, um relógio tocou doze vezes. Era meia-noite, e o primeiro dia do ano de 1976 começava. Os dois trocaram olhares felizes, e sorriram um para o outro, as mãos ainda juntas.

- Feliz Ano-novo, Sirius!

Era a primeira vez que Anne dizia o nome dele sem raiva, mas sim num tom amigável que surpreendeu Sirius.

- Feliz Ano-novo, Anne. - ele respondeu com amabilidade, e pensando se Anne estava sentindo a mesma atração que ele sentia. Agora que ele havia descoberto que ela não era tão arrogante quanto ele pensava, ele sentia medo de se aproximar de Anne e deixar se dominar pelo pequeno sentimento de atração que começava a sentir por ela.

Anne foi até a mesa da sala, e Sirius se aproximou por trás, mas ele parou quando se lembrou do que ela havia dito um dia, de que nunca iria se apaixonar por ele, então um sorriso surgiu no rosto de Sirius. Ele iria fazer ela se apaixonar por ele, e fazer com que ela se declarasse, então provaria para Anne que ela estava errada quando disse que nunca iria gostar dele e a faria assumir isso.

- Aqui está, capítulo 23... - Anne disse olhando para o livro, sem nem suspeitar o que Sirius estava planejando.

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Enquanto Sirius voltava para as torres da Grifinória depois da aula com Anne, ele não conseguia parar de pensar na garota e o motivo pelo qual ele aceitou continuar com as aulas, quando o melhor para ele seria aproveitar a oportunidade e esquecer completamente de Adrianne Snape. Mas essa era outra dúvida dele: por que ele não conseguia parar de pensar na irmã de Severo Snape? A resposta veio num segundo, e ele teve certeza de que estava mesmo apaixonado por ela.

Sirius estava tão distraído que só percebeu que havia chegado na entrada da Grifinória quando bateu a cabeça no quadro da Mulher Gorda, que acordou, assustada, mas ela ficou mais assustada ainda quando não viu ninguém. Ela estava começando a dormir de novo quando sentiu que a "empurravam"

- Quem está aí? Apareça agora, ou eu vou chamar o senhor Filch!

Sirius saiu da capa de invisibilidade e olhou com súplica para a mulher do quadro, e disse a primeira mentira que passou pela cabeça.

- Por favor, não diga nada! Eu estava estudando na biblioteca, amanhã vamos ter um teste de Herbologia e eu não sabia de nada!

- Está bem, garotinho, mas que isso não se repita! Você pode perder pontos para a Grifinória se for descoberto andando por aí pelo castelo a essa hora da noite!

- Obrigado! Chifre de unicórnio.

A Mulher Gorda se afastou depois que Sirius disse a senha e o rapaz entrou na sala comunal, pensando que mais nada iria acontecer, mas ele estava enganado. Quando ele entrou no dormitório masculino, estranhou ao ver que a cama dos seus três companheiros de quarto estavam arrumadas, como se eles não tivessem dormido. Sirius ficou preocupado achando que havia acontecido alguma coisa com um dos seus amigos, e voltou para a porta, mas assim que o rapaz se virou, viu Tiago, Remo e Pedro parados em sua frente, olhando para ele com olhares acusadores.

- Onde você esteve, Almofadinhas? - Remo perguntou, sério.

- Eu já disse, estou procurando novas passagens secretas! Não sei por que vocês estão me perguntando isso se eu já disse tudo! - o rapaz disse tentando disfarçar a insegurança com uma expressão indignada no rosto.

- Sirius, nós sabemos que isso não é verdade, e esperávamos que você fosse nos contar, mas pelo isto, você não vai, então nós mesmos teremos que fazer isso.

Sirius engoliu em seco. Se Tiago o havia chamado pelo nome, era porque ele já sabia de tudo, e ele parecia estar muito decepcionado com Sirius.

- Quando você saiu, eu, Aluado e Rabicho fomos procurar você pelo castelo, pois nunca duvidamos que você estava nos enganando, mas nós não encontramos você, e nós procuramos muito bem. Nós voltamos para o dormitório e já estávamos indo dormir quando o Rabicho lembrou que poderíamos encontrar você pelo mapa. Eu e Aluado concordamos com a idéia e imediatamente fomos ver o mapa, e o que encontramos? Acho que você sabe muito bem qual é a resposta, Sirius. Vimos você e a irmã do Snape juntos, perto do salão principal.

- Tiago, eu posso explicar, eu...

- Não importa se você teve um motivo, Sirius! O que importa é que você nos enganou! - o olhar de Remo era de decepção.

- Se você e a Snape estão saindo juntos escondidos do irmão dela, não precisava mentir para nós! Você não precisa ter vergonha de estar apaixonado por uma garota da Sonserina! - Tiago disse, compreensivo.

Sirius deu uma gargalhada enorme. Ele gostaria que isso fosse verdade, mas definitivamente Tiago, Remo e Pedro não conheciam Anne.

- O que foi, Almofadinhas? Nós não contamos nenhuma piada... - o garoto baixinho e gordo falou pela primeira vez, sem entender o motivo pelo qual o amigo estava rindo.

- Vocês... estão achando... que eu... estou... namorando... a Snape?! - ele disse entre uma risada e outra.

- Se não é isso, qual é a explicação para você se encontrar de noite, escondido de todos, com ela? - Tiago perguntou, tão confuso quanto Pedro.

- É melhor eu contar logo tudo... - Sirius disse, depois que parou de rir - Devia ter contado desde o começo, afinal, vocês também estão envolvidos. - ele, então, contou para os outros marotos tudo o que aconteceu desde o dia em que Anne descobriu o segredo deles até aquele dia.

- Você enlouqueceu, Sirius? Como você conseguiu confiar nela?! - Tiago perguntou sem acreditar na irresponsabilidade de Sirius.

- Eu não sei, Pontas, realmente não sei, mas quando ela olhou para mim dizendo que eu não precisava mais aparecer lá, e que ela não falaria nada, eu percebi que ela ia guardar o segredo para sempre. Naquele momento, eu confiaria até minha vida a ela.

Tiago passou os dedos entre os cabelos, que ficaram mais embaraçados ainda.

- Bem, agora não dá mais para voltar atrás já que você já fez a besteira mesmo, mas se você confia nela, nós só podemos confiar nela também.

- Podem confiar nela. Eu sinto que ela não vai contar nada sobre Aluado ou sobre sermos animagos.

- Claro, senão ela se denunciaria também. - Pedro resmungou.

- Não é só por isso, Rabicho! Ela é uma garota decente, e mesmo se eu não estivesse ensinando Animagia para ela, ela não contaria nada.

- Está bem, nós acreditamos em você, Almofadinhas. - Tiago disse tentando interromper o começo da discussão - Escutem, todos nós estamos exaltados e cansados, é melhor irmos dormir. Amanhã nós conversamos melhor.

E como todos estavam com sono, os quatro marotos se deitaram, mas Sirius demorou a dormir. Não conseguia deixar de pensar em uma certa aluna da Sonserina...