9. VINGANÇA



Não havia qualquer sinal da chuva do dia anterior naquela manhã de maio. O sol brilhava fortemente, fazendo com que todos percebessem que o inverno definitivamente era passado, e que em breve chegaria o verão... e com ele, as férias. Anne tentou não pensar nisso, pois com o fim das férias, as aulas de animagia acabariam. Ela se lembrou, então, que aquele era o dia da final do campeonato de quadribol, e um sentimento de raiva surgiu quando ela se lembrou de que ela era quem deveria jogar a final, e não o idiota do Lestrange. Ela sorriu quando pensou como seria bom se a Grifinória ganhasse o jogo, então talvez o capitão da Sonserina percebesse que fez a maior besteira quando devolveu a vaga para Liam. A partir de então, Anne decidiu que ia torcer pela Grifinória, pelo menos naquele dia.

Anne saiu do dormitório antes que Narcisa e as outras acordassem, e ficou no salão comunal lendo um livro, pois ainda era cedo, e a maioria dos alunos estava dormindo. A maioria, mas Severo também não estava dormindo, e assim como a irmã, foi para a sala comunal ler um livro. Os dois chegaram na sala ao mesmo tempo, e trocaram olhares tímidos.

Então Anne se deu conta de que quanto mais ela se aproximava de Sirius, se distanciava mais do irmão. Ela se sentia culpada, mas Severo também tinha culpa. Ele também havia feito novas amizades naquele ano com o grupo de Robert Rosier, e deixou a irmã em segundo plano. Anne estava magoada com esse afastamento, mas ela não ia implorar pela atenção do irmão. Se ele preferia ficar com os amigos novos do que com ela, Anne não ia fazer nada para impedir.

Mas Severo não estava satisfeito com essa situação. Ele gostava muito da irmã, e desde que ela havia terminado o namoro com Liam, ele se sentia culpado por ter sido o incentivador do namoro que acabou tão mal. Ele só estava esperando uma oportunidade para ficar a sós com Adrianne e ter uma conversa séria com a irmã. Ele queria se explicar porque havia se afastado dela e fazer com que as coisas entre eles voltassem a ser como antes.

- Anne, eu sei que nesse ano eu me afastei um pouco de você... É que aconteceram coisas que... Eu não posso explicar, você não vai entender...

- Por que você não experimenta e me conta? Talvez eu entenda - Anne disse com frieza. Ela não entendia porque ter se tornado amigo de Rosier havia afastado o irmão dela.

- Eu prefiro não falar, Anne. Você não vai mesmo entender, e quanto menos souber, melhor. Mas eu quero corrigir meu erro, Anne, eu quero que as coisas entre nós voltem a ser como antes.

- Se você diz isso, por que não me conta o que aconteceu? Desculpe-me, Severo, mas eu acho que é muito fácil para você vir aqui e querer que as coisas voltem a ser como antes quando você não quer me contar o que está acontecendo!

- Entenda, Anne, eu não posso contar! Isso não envolve somente a mim, mas outras pessoas também!

- Então se é assim, nada vai mudar entre nós. As coisas não podem mais ser como antes se não existe mais confiança entre nós.

Anne saiu pisando duro, sem querer se lembrar de que ela também tinha um segredo que não podia contar para Severo.

-x-x-x-

A arquibancada estava lotada, parecia que todos os estudantes de Hogwarts estavam lá, mas isso era justificável, os jogos de quadribol entre Sonserina e Grifinória eram disputadíssimos, Anne sabia por experiência própria, tanto de jogadora quanto de expectadora.

Ela se sentou em um lugar longe da torcida da Sonserina, perto de um grupo de alunos do primeiro ano da Corvinal, onde ela poderia torcer contra a Sonserina sem que ninguém olhasse com raiva para ela ou sem entender nada. Mas quando Anne pensava que tudo estava bem, Remo, Pedro, Lílian e Julie, Emma e outros três grifinórios se sentaram perto do lugar onde ela estava.

Anne olhou com o canto dos olhos para o grupo, e viu que Julie olhava feio para ela. A garota tentou fingir que a presença deles não significava nada para ela, mas o estômago dela dava voltas só por saber que Remo e Pedro sabiam sobre ela, e ao que parecia, todos os outros também. Anne não parava de pensar que eles só estavam ali para observá-la, e teve certeza disso quando escutou Julie falar para Remo.

- ... não entendo, ela não merece que ele faça isso por ela!

Anne só conseguiu esquecer da presença dos grifinórios quando o jogo começou. Logo nos primeiros instantes, ela percebeu que aquele jogo seria o mais disputado que já havia visto. Os batedores da Sonserina faziam questão de jogar balaços nos artilheiros da Grifinória assim que a goles encostava na mão deles, garantindo posse total da goles para a Sonserina nos primeiros minutos da partida. Anne fechava os olhos toda vez que um balaço acertava Sirius, com medo do rapaz se ferir, mas nada de grave aconteceu com ele, pelo contrário, dos artilheiros da Grifinória, Sirius era o que conseguia desviar de mais balaços, mas, estranhamente, ele não tentava marcar gols.

- O que ele está pretendendo? - Anne murmurou, intrigada - Ele não está tentando fazer nenhum gol, só está desviando dos balaços e passando a goles...

Anne continuou sem entender o que Sirius pretendia fazer, até que ela observou que toda vez que Liam estava com a goles, Sirius fazia questão de roubá-la, e impedia que ele marcasse gols. Eram nesses momentos que Sirius tentava marcar gols para a Grifinória. Não demorou muito para que Anne descobrisse qual era o plano do artilheiro da Grifinória. O plano de Sirius era impedir que Lestrange fizesse um único gol sequer. Quando ela descobriu isso, deu uma sonora gargalhada que chamou a atenção de todos que estavam por perto, mas a garota não se incomodou. Estava satisfeita por saber que Lestrange não faria uma boa partida.

O plano de Sirius funcionou muito bem, e Lestrange só fez um gol de falta durante a partida. Anne estava exultante. Durante a partida, havia comemorado os gols de Sirius com tanta euforia que até os alunos da Corvinal que estavam por perto olharam com estranheza para ela, mas ela não se importou com isso, e ficou feliz com o resultado da partida, trezentos e oitenta a cento e vinte para a Grifinória. Mesmo que a taça fosse da Grifinória, o que importava para Anne era que Lestrange agora estava sendo o culpado pela derrota da Sonserina.

-x-x-x-

- Ah, Sirius, foi incrível!

Foi a primeira coisa que Anne disse a Sirius quando se encontraram na sala, ela tão eufórica quanto no dia do jogo, e mais ainda do que quando Hopkins disse que ela estava de volta ao time, no lugar de Lestrange.

- Ele merecia. Jogou sujo para ter a vaga no time dele, então eu joguei sujo para que ele perdesse a vaga.

- Se esse era seu plano, funcionou! Assim que o jogo terminou, Hopkins disse que a pior coisa que ele fez foi escutar o que Lestrange disse, e que seu estivesse no time, com certeza a taça seria da Sonserina! Bem, depois disso, a única coisa que ele poderia fazer era devolver minha vaga! Eu estou de volta no time!

Anne abraçou Sirius com força, e o teria sufocado se ele não pedisse para ela o soltar.

- Ow, ow, ow! Eu estou sufocando! É assim que você me agradece? - apesar disso, ele sorria.

- Desculpe... - Anne disse corando, um pouco encabulada - É que eu estou tão feliz! Foi tão bom ver o Liam... Quero dizer, o Lestrange irritado por ter perdido a vaga!

- Você não se importa se no ano que vem ele volte para o time?

A alegria desapareceu do rosto da garota.

- Eu... não sei...

Sirius se aproximou de Anne, segurou-a pelos braços e, olhando fixamente, ele perguntou com uma seriedade que impressionou a garota.

- Anne... Você ainda gosta dele?

Anne sentia que o olhar de Sirius podia ver até a sua alma, e não pensou em enganá-lo por um segundo sequer.

- Não. Definitivamente não. Como poderia ainda sentir alguma coisa por ele quando ele passou por cima de mim, quando ele me usou e não pensou duas vezes nos meus sentimentos? Não, Sirius, eu não estou apaixonada por Lestrange. Para ser sincera, acho que nunca estive. Talvez eu só tivesse me apaixonado pela idéia de estar apaixonada por alguém. No fundo, você estava razão. E eu odeio isso. - ela deu uma risada - Acho que eu nunca vou me apaixonar outra vez! Ou talvez eu vá fazer como você, namorar somente garotos estúpidos só para me divertir.

Sirius corou e desviou o olhar.

- Eu não faço mais isso.

- Como assim?

- Decidi seguir o seu conselho e terminei meu namoro com a Allison ontem. - ele disse calmamente, e encerrou o assunto pedindo para ela abrir o livro. Aquela seria a última aula deles até o começo do sexto ano, apesar de que ainda haveria algumas semanas de aula, mas Anne queria estar bem preparada para os NOM's. - Certo, vamos lá, nossa última aula até setembro. Aposto que você vai sentir falta disso.

- E eu aposto que você vai sentir falta das minhas aulas de Poções!

- Er... em que capítulo...?

- Sessenta. "Preparando o corpo para a transfiguração". - ela disse, pegando o livro e abrindo o capítulo - Nossa, finalmente! Estava cansada de tantos exercícios de Transfiguração!

- Era necessário, Anne! Sem falar que você fez tudo em quase um ano, enquanto eu demorei muito mais que isso.

- É, tá bem, eu sei, são as regras do curso, blá, blá, blá! Você sabe muito bem que eu poderia ter pulado essa parte!

- Pode até ser, mas não é por isso que você deveria ir logo para a parte de Transfiguração. Esses exercícios...

-... são para preparar o corpo! - os dois disseram ao mesmo tempo, e riram.

O tempo passou mais rápido do que eles esperavam, e antes que pudessem sentir sono, já eram duas horas da manhã, e eles se despediram, sem querer ir embora. Anne já estava começando a gostar de ficar perto de Sirius. Perto dele, ela se sentia segura e protegida, quase como se estivesse com Severo.

- Bem... acho que é isso, Sirius... Nossa última aula... - ela disse triste.

- Ora, não fique assim, Anne. Em setembro nós nos encontraremos de novo, e a não ser que você tenha desistido, continuaremos com as aulas.

- E se você desistir?

- Acredite em mim, eu nunca desistiria. - ele piscou para a garota - Bem, até a aula de Poções.

Ele estava saindo da sala quando Anne o chamou de volta.

- Sirius, espera. Eu sei que você fez aquilo por mim... Eu só queria agradecer.

- Não foi nada. Me diverti muito fazendo o Lestrange passar por perdedor.

- Obrigada mesmo, Sirius. - ela sorriu, agradecida - Boa noite.

- Boa noite, Anne.

-x-x-x-

Sirius e Anne continuaram a se ver nas aulas de Poções e de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas eles não puderam falar tudo o que queriam falar nem nas aulas e nem fora delas. Anne não sabia o que fazer para falar com Sirius, até pensou em falar com ele quando o viu uma vez no salão principal, mas ela resistiu. Não queria que ninguém descobrisse que os dois eram amigos.

Essa preocupação logo foi esquecida com a chegada dos NOM's. A semana de provas foi exaustiva, e foi com alívio que os alunos receberam as notas dos exames e começaram a se preparar para voltar para casa.

Anne arrumou sua mala com tristeza. Esse era um sentimento novo para a garota, que desde que havia começado a estudar em Hogwarts achava que o último dia era o melhor de todos, pois passaria dois meses longe da escola e das detestáveis colegas de quarto, mas aquela vez era diferente. Anne havia conhecido Sirius, e iria sentir muita saudade dele, ainda mais porque ela e Severo ainda estavam brigados, mas isso não a preocupava. A única coisa que deixava ela preocupada era o fato de ir embora e não se despedir de Sirius.

No trem, Anne passou a viagem sozinha em uma cabine. A esperança de se despedir de Sirius desaparecia à medida que se aproximavam de Londres. Até que, quando ela já havia desistido dessa idéia, a porta da cabine se abriu, e Anne levantou-se animada.

- Você quer alguma coisa?

A decepção de Anne estava em seu olhar quando ela viu que não era Sirius, mas ao invés dele, era a vendedora de comida. Depois da decepção, Anne olhou furiosa para a mulher por ela não ser Sirius, e a vendedora se afastou, um pouco assustada, mas uma voz fez a mulher parar.

- Eu quero tudo o que tem no carrinho!

Anne quase pulou ao escutar a voz de Sirius, e quando o rapaz entrou na cabine, ela o sufocou com o abraço mais apertado que já havia dado nele.

- Sirius! Pensei que você não ia se despedir de mim!

- Puxa, nunca pensei que você me achasse tão insensível a ponto de não vir me despedir de você!

Anne corou envergonhada, e abaixou a cabeça.

- Desculpe, é que...

Sirius sorriu.

- Foi uma brincadeira, Anne. Eu demorei porque tive que disfarçar que estava procurando você, e se não fosse pela Caroline - ele se referia à vendedora -, eu provavelmente não teria encontrado você. Essa é a pior cabine, nunca pensei que você pudesse ficar aqui!

Anne olhou agradecida para Caroline, que estava pensando que a garota devia ter algum problema por mudar de sentimentos tão rapidamente, mas Anne não se importou, estava feliz demais por poder se despedir de Sirius.

Depois que Caroline saiu, os dois conversaram com mais privacidade, e ainda tinham os inúmeros doces que Sirius havia comprado que eles comeram enquanto conversavam, até que o trem estava a poucos minutos da estação bruxa.

- Anne, estamos chegando, mas antes de nos despedirmos, eu queria entregar o livro de animagia para você.

- Sirius, eu não vou conseguir estudar sem você! - Anne disse com veemência

- Se você quisesse, Anne, você poderia me demitir e terminar tudo sozinha! - Sirius disse, brincalhão.

- Mas eu não vou fazer isso - ela passou a língua nos lábios antes de continuar, tomando coragem. - Acho que já me acostumei com você.

Sirius olhou surpreso para Anne, sem esperar que ela já se sentisse assim por causa dele. Com dificuldade para se manter impassível, ele continuou.

- Isso não importa, eu quero mesmo que você leve o livro e estude um pouco, assim é uma forma de você se lembrar de mim durante as férias...

- Bobo! Eu não poderia esquecer de você, afinal, que tipo de aluna você pensa que eu sou?

Os dois sorriram, e o trem começou a perder a velocidade.

- Eu acho que agora é hora de nos despedirmos... - a garota disse com tristeza. Não queria que Sirius fosse embora. Queria ficar com ele por todo o verão, mas ela sabia que isso era impossível. Agora que a despedida estava se aproximando, ela percebeu que não saberia como conseguiria passar tanto tempo longe de Sirius.

- Eu não diria despedida, é muito forte... Que tal um até mais? Está bem para você? - Sirius sorriu gentilmente.

- Está perfeito - Anne devolveu o sorriso. - Então até setembro, Sirius

- Até setembro, Anne.

Por alguns instantes, Sirius pensou se não seria melhor aproveitar a despedida e beijar a garota logo, mas ao se lembrar do plano, ele decidiu se controlar, pois se a beijasse, Anne até poderia corresponder, mas ela não ia tratar como ele queria. Sirius queria que ela o respeitasse e não tentasse mandar nele como ela fazia com todos os outros, então ao invés de beijá-la, ele abraçou a garota, e depois disso, saiu.

Pouco depois, Severo apareceu na cabine, e sem trocar uma palavra com a irmã, os dois saíram do trem e foram até onde um dos elfos da família Snape os esperavam.

No meio do aglomerado de alunos, Anne viu Sirius e as irmãs irem até um casal simpático. Anne sorriu, e sem que ela esperasse, ele olhou para ela e sorriu de volta.

- Senhorita Anne, senhorita ter que ir, Skippy ter que levar vocês para casa, senhor Andrew espera por senhor Severo!

A voz do elfo fez com que Anne deixasse de olhar para Sirius e o seguisse. Ela ainda lançou um último olhar para Sirius antes que ele atravessasse a barreira para a estação trouxa, somente então percebendo realmente o tamanho da saudade que sentiria de Sirius durante as férias.

-x-x-x-

As férias de verão de Anne foram piores do que ela esperava. Apesar de estar longe de Hogwarts e das pessoas que a separavam de Severo, ela e o irmão continuaram sem se falar. Os dois não entendiam que estavam crescendo e que inevitavelmente estavam começando a ter interesses diferentes e que procuravam amigos com os mesmos interesses, mas que apesar disso, sempre poderiam contar um com o outro.

Anne tentava esquecer do irmão estudando animagia ou fazendo as tarefas de Hogwarts. Ela também tentava não o encontrar, mas não teve dificuldade nisso, pois poucos dias depois do começo das férias, o pai e o irmão viajaram sem a garota. Quando Severo e Andrew Snape voltaram, duas semanas antes do começo das aulas, Anne quase não reconheceu o irmão. Ele estava pálido, mais pálido do que era, os cabelos haviam crescido e escondiam o rosto dele, mas a maior diferença era no olhar. O antigo olhar de inocência havia desaparecido, e agora havia um olhar de temor, como se ele tivesse envelhecido dez anos em dois meses.

Anne sabia que algo havia acontecido naquela viagem, algo que havia machucado o irmão, mas não perguntou nada para Severo, não na frente do pai, ainda mais depois que ele ordenou para ela não falar com Severo até que eles voltassem para Hogwarts. Depois disso, ela decidiu que falaria com o irmão à noite, sem que ninguém soubesse, e assim ela o fez.

Ela esperou que todos tivessem dormido, e então saiu do seu quarto olhando para todos os lados para ver se alguém estava acordado. O castelo estava silencioso e a atmosfera era sombria, mas Anne havia vivido lá desde que era bebê, por isso teve calma o suficiente para andar cuidadosamente até o quarto de Severo.

Lentamente, Anne abriu a porta do quarto do irmão. Sem fazer barulho, ela foi até a cama de Severo, que dormia de bruços, e puxou a coberta. O que ela planejava fazer em seguida era acordá-lo, mas estava impressionada demais com o que havia visto. Por toda as costas do garoto haviam enormes machucados recentes, ainda em carne viva, que não estavam nem começando a cicatrizar.

Aterrorizada, Anne deu pequenos passos para trás, até que se chocou em algo duro. Ela fechou os olhos e se virou torcendo para que tivesse encostado na parede, mas quando os abriu novamente, se convenceu de que estava errada. Ela havia se chocado em Andrew Snape, que olhava furioso para a filha.

- O que... você... está... fazendo... aqui?

A voz de Andrew saiu num sussurro zangado que Anne não respondeu. Ela estava assustada, com medo do que o pai iria fazer com ela, e seu corpo tremia. Antes que Anne pudesse raciocinar, o pai a puxava pelo braço bruscamente e com bastante força, machucando-a e a tirava do quarto.

- Eu vou dar um jeito em você, sua garotinha mal-criada! Essa foi a primeira e última vez que você saiu de seu quarto à noite!

Ele levou Anne de volta para o quarto dela, sem soltar o braço da garota nem aliviar a pressão que fazia no braço dela nem por um instante, ignorando os gritos selvagens da filha que se debatia, tentado se soltar do pai, até que eles chegaram no quarto dela. Andrew jogou a filha na cama, sem antes retirar a varinha da mão dela, enquanto Anne levou a mão esquerda até o braço direito, machucado pela força de Andrew Snape.

- Eu vou ficar com isso, não quero que você tente sair desse quarto até setembro!

Anne olhou com ódio para o pai. Não tentou pegar sua varinha de volta porque sabia que não ia conseguir, então fez a única coisa que poderia fazer: odiou-o como nunca havia odiado o pai antes. Odiou ele por ter feito mal a Severo, por tê-la machucado, e por ter tirado sua varinha.

Andrew sabia o que a filha estava sentindo, mas não se importou. Ele tinha planos para Severo e não deixaria que ninguém o atrapalhasse, nem mesmo Adrianne. Para isso, ele saiu do quarto da filha e a trancou no quarto. Anne só saiu do quarto no dia em que voltou para Hogwarts.