11. DIFERENÇAS



Quando conseguiu pensar melhor, Anne compreendeu que Sirius deveria ter dito mesmo a verdade. Era a atitude que ela esperava de Sirius se visse que Pedro realmente precisava de ajuda em alguma matéria. O verdadeiro motivo por ela ter ficado brava foi porque ela veria Sirius com menos freqüência. Anne não percebeu o quanto estava sendo contraditória, pois ao mesmo tempo que queria esquecer Sirius, ficava zangada por ter que vê-lo menos do que antes.

Por mais que ela detestasse, Anne teve que suportar as ausências de Sirius em algumas noites, mas depois que ele disse a ela sobre as aulas, ele só deixou de aparecer duas vezes em um mês, além das noites de lua-cheia, mas esses dias sem aula não afetaram o aprendizado de Anne. As duas semanas em que ela ficou estudando o livro haviam sido bastante úteis.

O único incidente aconteceu quando Severo descobriu que alguém estava usando a capa de invisibilidade dele sem a sua permissão e, pela primeira vez desde que havia voltado para Hogwarts, ele foi falar com a irmã.

- Você ouviu alguém no time falar sobre estar usando minha capa de invisibilidade escondido?

Anne ficou pálida, mas quando respondeu, a voz era firme.

- Não, e nem poderia ter escutado! Os treinos ainda não começaram, Severo.

- Está bem - Severo respondeu, rude. - Se você ouvir alguma coisa, avise-me.

Severo se afastou, mas uma pergunta deixou Anne inquieta.

- O que você quer fazer com a sua capa?

- Não te interessa - ele respondeu, seguindo caminho para fora das masmorras.

- Para onde você está indo?

Dessa vez, Severo não se deu ao trabalho de responder, e saiu sem olhar para a garota, enquanto Anne olhava triste para ele. A conseqüência daquela conversa foi que a garota decidiu não usar mais a capa de Severo para ir às aulas na sala secreta, mas Anne teve muito em que pensar depois disso. Ela se perguntava o que havia acontecido com Severo para ele ter mudado tanto em tão pouco tempo. Ele não a chamava pelo apelido, muitas vezes nem pelo nome, e nas aulas de Poções, agora ele fazia dupla com um dos novos amigos. Anne chegava a sentir saudade de quando disputava com Narcisa quem ia fazer dupla com Severo.

Mas Severo não era o único problema de Anne. O outro problema era a paixão que ela sentia por Sirius, e que, por mais que ela tentasse, não conseguia esquecer. Ela sempre se lembrava dos defeitos dele, pois talvez se fizesse isso, ao ver que ele não era o que ela sempre quis em um homem, ela deixaria de amá-lo, mas o que Anne não sabia é que o amor que sentia por Sirius era tão profundo que amava até mesmo os defeitos, porque era por causa deles que ele era do jeito como ela havia se apaixonado. Anne também passou a provocá-lo mais, e as discussões entre os dois eram quase diárias. Assim, talvez, ela perceberia o quanto ele a odiava e o odiaria também, mas nenhuma dessas estratégias funcionava porque Anne sabia que quando eles discutiam, Sirius fazia isso porque se preocupava com ela. Seria preciso mais do que essas estratégias para que Anne deixasse de amá-lo, e ela pensava nisso enquanto ia para a sala secreta para mais uma aula.

Dessa vez, Anne demorou muito mais do que demoraria a chegar na sala se tivesse com a capa. Inúmeras vezes ela precisou parar e se esconder de um monitor ou de algum professor. Quando ela chegou na sala, Sirius estava recolhendo o material da aula.

- Desculpe o atraso, eu tive um problema. Severo percebeu que alguém está usando a capa dele, então eu não usei a capa para vir, e tive que me esconder de uns professores e de monitores. Amanhã eu vou tentar vir mais cedo...

- Você não vai conseguir. - o rapaz disse tendo certeza de que a garota não conseguiria chegar mais cedo.

- Eu posso chegar sim! - ela disse olhando ofendida para Sirius.

- Espera, eu ainda não terminei. Você não vai conseguir chegar cedo, e talvez um dos fantasmas até veja você. Eu tenho uma coisa que vai ajudar você a chegar aqui sem ser percebida por ninguém.

- O quê? Outra capa? - a garota disse com uma ponta de cinismo.

Sirius girou os olhos, impaciente, e enquanto falava, tirava algo de dentro de suas vestes.

- Não, estou falando disto. - ele disse enquanto colocava um pedaço de pergaminho em cima da mesa.

- Um pergaminho? - Anne disse com desprezo e incredulidade - Como um pergaminho desse pode me ajudar? Você por acaso quer que eu anote em que lugar e hora eu ver uma pessoa?

- Sabia que você tem o péssimo hábito de interromper os outros quando eles estão falando? - ele se sentou no sofá em frente à mesa, e indicou o lugar ao seu lado para Anne se sentar - Veja isso - Sirius abriu o pergaminho, e aos poucos, foram surgindo retas, que formavam quadrados, torres, até que um mapa de Hogwarts foi formado.

- Um mapa de Hogwarts?! - ela ainda não estava entendendo como aquele mapa poderia ajudá-la.

- Isso é muito mais que um mapa... - Sirius respondeu com um sorriso, e em seguida, alguns pontos se movendo apareceram - Ele mostra exatamente onde estão todas as pessoas do castelo. Olha só - Sirius apontou para um ponto onde estavam o zelador Filch e sua gata, madame Nor-r-ra.

- Nossa... - Anne retirou o mapa das mãos de Sirius, e o observou, boquiaberta - Isso é... genial! - ela olhou surpresa para o rapaz - Como você fez isso?

- Bem, foi mais uma idéia minha. - Sirius disse sorrindo, sem se importar em mentir descaradamente. Além do mais, Tiago não estava ali para dizer que a idéia do mapa havia sido dele, e com certeza o amigo não iria se importar se ele dissesse que a idéia do mapa era sua, para parecer superior à Anne - Quando nós íamos estudar animagia, quase sempre alguém nos encontrava, então, para que ninguém nos visse, eu tive a idéia do mapa.

- O Mapa do Maroto... - Anne sussurrou o nome que havia no alto - Rabicho, Aluado, Pontas e Almofadinhas... São os apelidos de vocês, não é?

- Uhum - Sirius concordou. - Eu sou Almofadinhas, Tiago é Pontas, Remo é Aluado, e Pedrinho é Rabicho. E agora o mapa é seu.

- Você está me dando o mapa? - ela olhou para Sirius com surpresa - E os seus amigos?

- Não se preocupe. Cada um de nós tem um mapa. Esse é meu, posso fazer o que quiser com ele, e estou dando para você. Se alguém encontrar você, nós dois estamos perdidos, e com esse mapa, dificilmente alguém vai te encontrar. Mas tem uma coisa. O mapa só é aberto com um feitiço - Sirius ergueu a varinha, e disse solenemente. - Juro solenemente que não farei nada de bom. - o ar solene desapareceu para dar lugar a um ar sério - E nunca, nunca mesmo, esqueça de apagar o mapa. O feitiço para apagar o mapa é... - ele apontou novamente a varinha para o mapa - Malfeito-feito. - ele entregou o mapa apara Anne - Tente.

- Juro solenemente que não farei nada de bom. - assim que a garota disse o feitiço, o mapa de Hogwarts surgiu.

- Ótimo, agora, apague o mapa.

- Malfeito-feito - o mapa se apagou.

- Muito bem, agora que você já sabe usar o mapa, use-o sempre que tivermos aula, mas não esqueça de apagá-lo sempre, e nunca, nunca deixe que ninguém o veja, principalmente o seu irmão, está bem?

Anne mordeu o lábio. Era mais um segredo que escondia de Severo. A distância entre os irmãos Snape aumentava mais um pouco.

- Está bem - a garota respondeu fazendo um gesto com a cabeça

- Certo, e agora... - ele pegou o livro de animagia - Pronta para mais um capítulo de como preparar o corpo para a transformação?

A animação de Anne logo desapareceu.

- Ah, não!

- Senhorita Snape, mais uma impertinência sua e eu terei prazer de fazer você limpar todos os troféus!

- Isso não vai ser preciso. Acho que você os limpou semana passada, não foi? - o rosto de Anne tomou um ar de inocência.

- Eu proíbo a senhorita de falar da minha vida de aluno! Agora, deixe de enrolar, e vamos começar a aula!

O tom energético de Sirius, misturado com o rubor do rosto dele, fez com que Anne sorrisse, mas depois de um olhar repreensivo do rapaz, ela voltou a atenção para a aula.

-x-x-x-

Agora que tinha o mapa de Sirius, Anne não lamentou muito ter perdido a capa. Na verdade, achava até melhor o mapa. Era interessante saber que ela não era a única aluna acordada às duas da madrugada, fazendo algo contra as normas da escola. Ela se divertia muito com o mapa, que, como Sirius havia dito, estava livrando que os dois ficassem encrencados. Se alguém descobrisse o que os dois estavam fazendo, não seria uma detenção que eles receberiam de castigo, mas sim, a expulsão de Hogwarts. Por sorte, até aquele dia, ninguém havia suspeitado de nada, e Anne sempre chegava na sala secreta à hora habitual. Daquela vez, porém, era Sirius quem estava atrasado.

Anne esperava Sirius na sala há quase uma hora. Quando ela chegou na sala, não viu nenhuma fita vermelha, e a lua-cheia havia terminado no dia anterior, portanto, com certeza Sirius iria aparecer. Mas o rapaz estava demorando, e Anne começava a se preocupar. Se ele fosse dar aula para Pedro, ele teria avisado através da fita, mas e se tivesse acontecido alguma coisa?

Quase sem perceber, ela se levantou e começou a dar voltas pela sala. Nem por um instante a idéia de que Sirius poderia estar com outra garota passou pela cabeça de Anne. Algo dentro dela lhe dizia que algo havia acontecido.

Ela esperou mais meia-hora até que finalmente Sirius apareceu, e pela expressão no rosto do rapaz, Anne teve certeza de que algo havia acontecido. Ele estava sério e triste, justamente o contrário do ar alegre e jovial que ele trazia quando entrava na sala antes daquela vez.

Anne foi até o grifinório e perguntou, preocupada.

- O que aconteceu, Sirius? Por que você está assim?

- Aconteceu um ataque... - ele disse, com o olhar perdido.

Anne não demonstrou nenhuma reação. Ela já estava acostumada com os ataques que Voldemort fazia desde o seu primeiro ano em Hogwarts, e como nenhum deles nunca havia afetado diretamente a garota, ela pouco se importava com eles.

- E daí? - ela disse com um pouco de descaso.

- E daí?! O pai do meu melhor amigo morreu! Você não entende? - Sirius gritou, e olhou para a garota horrorizado.

- Bem, eu estou contente que não tenha sido o seu pai. - ela disse com sinceridade, mas não era o tipo de resposta que o rapaz esperava.

- Pelo amor de Merlin, Anne, você não pode pensar em como Tiago está triste? Foi o pai dele que morreu, droga! - ele não acreditava que ela poderia ser tão fria, não a ponto de não se importar com a morte de alguém que era importante para ele.

- Olha, Sirius, eu não conheço o pai do Potter, eu não sou amiga do Potter, então porque eu devo fingir que estou triste se não estou? Claro que a morte dele não me alegra, mas eu...

Anne não continuou a frase. Sirius se levantou e olhou para Anne com uma raiva e um desprezo indescritível.

- Você não pensa em nada além de você, não é, Anne? Enquanto tudo estiver bem para você, você não tem do que reclamar! Enquanto essa maldita guerra não te atingir, você vai continuar ignorando-a e vivendo em seu mundo de faz-de-conta! Pois a vida não é um faz-de-conta, Anne, e está na hora de você acordar para o mundo real! As pessoas estão morrendo lá fora, Anne, isso até não pode atingir você diretamente, mas um dia você vai sofrer as conseqüências dela, e eu quero ver se você vai continuar com essa sua atitude fria e passiva!

Anne continuou calma, e, cruzando os braços, impaciente com o sermão de Sirius, disse.

- Ok, capítulo 97 agora, não é?

- Você não vai mudar nunca mesmo!

Sirius olhou com decepção para Anne, se cobriu com a capa, e saiu furioso. Anne voltou para as masmorras da Sonserina preocupada com o que Sirius havia dito, mas mais preocupada ainda ao perceber que ele não estava totalmente errado quando disse aquelas coisas.

No dia seguinte, Sirius não apareceu, nem no seguinte, nem no outro. Foram três noites seguidas que ele deixou de ir, e na quarta, Anne se surpreendeu ao encontrá-lo na sala, mas ela se surpreendeu ainda mais com o modo frio com o qual ele a tratou.

- Oh, olá, Anne. Estava esperando você a um certo tempo. Bem, mas aí está você. Sente-se, hoje nós vamos ver o capítulo 97. Foi onde paramos, se não estou enganado.

Anne concordou com a cabeça, se sentindo intimidada pelo jeito sério dele, e abriu o livro. Sirius começou a explicar o porquê das coisas que ela teria que fazer, mas sem demonstrar nenhum sentimento. Era como se ele fosse um robô, e Anne sabia exatamente porque o rapaz agia daquela forma. Sirius queria que ela experimentasse como era a sensação de ser tratada do mesmo modo frio como ela tratou a morte do pai de Tiago.

Sirius testava a garota, queria saber quão longe ela agüentaria ficar com alguém que não demonstrasse nenhum sentimento, mas ele não esperou muito tempo. Antes que Sirius terminasse a explicação, Anne explodiu e fechou o livro de animagia com violência.

- Pare com isso, Sirius, pare! Você não é ninguém para me dar qualquer tipo de sermão! Nem meu pai faz isso, então vem um... - ela se segurou para não dizer qualquer um - então vem você querendo me passar sermão? Você pode ficar zangado por eu não sentir a morte do pai do seu amigo, mas eu não mereço ser punida por causa disso! Eu não conheço o Potter, eu não conheço o pai dele, então eu não era obrigada a ficar triste! É claro que eu sinto muito, mas não é por isso que eu vou me sentir infeliz!

Sirius desviou o olhar, e olhou com raiva para a parede.

- Eu não esperava nada além de uma atitude fria de alguém que só se importa consigo mesma como você - ele disse num tom decepcionado, e levantou-se.

Antes que Sirius fosse embora, Anne o segurou, com raiva por ele não perceber o quanto ela se preocupava com ele.

- Eu me importo sim! Eu me preocupo com você, com meu irmão, com Hogwarts, com as coisas que podem acontecer com o mundo que eu amo, mas eu não me importo com os que já se foram, mas sim com os que estão aqui! Pode até ser uma atitude fria, mas é o meu jeito de lidar com isso, e se você não entende, dane-se!

Enquanto ela falava, Anne apontava o dedo indicador com violência para ele. Em nenhum momento Sirius voltou o olhar para a garota, nem quando ela terminou de falar, o que a irritou mais ainda.

- Se você não quer crescer, dane-se! Eu é que não vou ficar aqui esperando que você amadureça!

Ela foi até a porta, mas a voz de Sirius a impediu de sair.

- Se você sair, amanhã eu não vou estar aqui.

Anne mordeu o lábio, sem se virar, indecisa. Ou ela esquecia o orgulho e ficava com Sirius, ou deixava que ele vencesse e saía da sala deixando as aulas de animagia para trás.

- Se você não me aceitar como eu sou, eu não estarei aqui amanhã.

A tensão no ar era perceptível. Sirius e Anne ficaram parados por muito tempo, apesar de já estarem percebendo como estavam sendo infantis, sem que nenhum dos dois querendo assumir que havia errado antes do outro, até que tudo aquilo os cansou.

- Olha, eu...

Os dois disseram ao mesmo tempo, enquanto um voltava o rosto para o outro, os dois com uma expressão arrependida no rosto. Anne sabia que havia agido mal, mas Sirius também sabia que se ele quisesse mostrar à garota como ela estava errada, devia ter escolhido outra forma. Um olhou para o outro envergonhado, sem coragem de falar, até que Sirius quebrou o silêncio.

- Eu queria me desculpar, você...

- Você não tem que se desculpar por nada. Eu que errei não respeitando que você deveria estar triste pelo seu amigo. - Anne interrompeu Sirius - Vamos só esquecer isso, certo?

- Tem certeza? Está tudo bem mesmo?

Ela sorriu sentindo mais alívio pelo fim da discussão do que qualquer outra coisa.

- Sim.

- Então capítulo 97 agora, não?

- Uhum. - Anne concordou com a cabeça. Em seguida, Sirius pegou o livro, mas a garota sentia que ainda havia algo a ser dito - Sirius?

- O que?

- Eu... eu sinto muito pelo pai do Tiago. Eu não queria mesmo que ele morresse, e eu posso ter idéia do que ele deve estar sentindo. E eu sei que ninguém merece sentir isso.

- Tudo isso não faz sentido, não acha? - ele disse sentindo ainda um pouco de raiva, mas pelo menos estava calmo.

- Isso o que?

- Essas mortes... Toda essa dor... Eu não entendo porque Voldemort faz isso.

Era a primeira vez que Anne escutava alguém falar o nome do temível bruxo, e estremeceu. O nome dele a assustava, e ela não entendia exatamente o porquê. Muitos outros bruxos também se assustavam ao ouvir o nome dele, por isso evitavam dizê-lo, mas Anne sentia que com ela era diferente, era quase como se ela soubesse o quão poderoso Voldemort poderia ser.

- Pois eu entendo perfeitamente bem. - ela disse depois de um longo silêncio - Ele quer o poder, e todas essas mortes são somente demonstrações de quão poderoso ele é, de que qualquer resistência contra ele é em vão.

- Eu não acho que uma resistência contra Voldemort seja em vão. - ele disse abrupta e corajosamente.

Anne deu de ombros.

- Que seja. É o que você acha.

- Por que você não acha que uma resistência é em vão?

- Porque... o poder é algo que cega. A pessoa é dominada, e não desiste do seu objetivo nem quando o alcança.

Sirius olhou intrigado para Anne, curioso em saber como ela poderia saber disso.

- Como você sabe?

Anne abaixou o rosto, sem coragem de encarar Sirius, e então respondeu, quase num sussurro.

- Porque é o que eu sinto, às vezes. Às vezes eu quero ser poderosa para provar para Andrew que eu posso ser bem maior do que ele.

Sirius se afastou da garota como se tivesse sido espetado por um alfinete. Percebendo a reação do rapaz, ela apressou-se a se defender.

- Espera, deixa eu explicar. Antes de eu... de que nós... você sabe...

Anne gaguejava com medo de dizer antes deles se tornarem amigos, pois tinha medo de que ele risse dela por ela achar que eles poderiam ser amigos.

- Nos tornássemos amigos, sei. O que tem, Anne? - ele cruzou os braços com medo do que ela ia dizer.

- Eu odiava você e seus amigos. Eu pensava que era porque vocês faziam essas brincadeiras com meu irmão, mas acho que tinha algo mais além disso. Eu acho que eu tinha inveja de vocês. Vocês são tão livres, não se importam com nada do que os outros vão pensar, só em se divertir, e eu queria ser assim mas não posso. Eu queria que vocês quatro fossem expulsos de Hogwarts, então eu pensei em denunciar vocês quando eu me tornasse um animago.

Anne falou tudo com a cabeça baixa. Ela não estava com vergonha, mas com medo do que Sirius ia fazer. Medo de que ele fosse embora, e nunca mais olhasse para ela.

- Anne... - Sirius se aproximou de Anne e levantou o rosto da garota - Eu sabia disso.

- Você sabia? Então por que continuou me ensinando? - ela perguntou, surpresa. Se fosse ele que tivesse dito isso para ela, ela não ficaria mais um segundo na sala.

- Porque eu queria fazer você confiar em mim, e também eu queria mostrar que você pode ser como eu.

- Ah, não, Sirius. Eu não posso ser como você. Nunca vou poder! - ela sorriu, incrédula.

- Bem, eu tenho até o final do sétimo ano para provar que você está errada. - ele disse como se tivesse falando de algo trivial, e quando terminou de falar, um relógio tocou doze vezes - Nossa, está ficando tarde! Se você quiser terminar esse capítulo hoje, é melhor deixar a conversa para depois.

Anne concordou com Sirius, e eles começaram a estudar, mas a garota ainda pensava nas palavras que o grifinório havia dito. Ele parecia convencido de que iria mudar o que Anne sentia, mas a garota sabia que Sirius não conseguiria. Ela tinha medo de que se começasse a agir como Sirius, Severo se afastasse ainda mais dela, e ela não queria isso, ela não queria que o irmão deixasse de amá-la. Mas Anne não sabia que ela iria decepcionar o irmão da pior forma possível.