13. SECRETO
Anne nunca ficou tão ansiosa por um baile quanto aquele, e quando o dia do baile chegou, ela teve certeza de que nada iria atrapalhar o que ela e Sirius haviam planejado, mas quando Severo foi falar com ela, pela primeira vez desde que havia voltado para Hogwarts, ela percebeu que estava enganada.
- Adrianne, o baile é hoje, e você ainda não conseguiu par, não é? - Severo perguntou, frio.
- Sim, mas o que você tem a ver com isso? Se eu vou ou não ao baile é problema meu - ela disse, tão fria quanto ele, mas se ela não tivesse preocupada em parecer despreocupada com o irmão, teria percebido que ele não estava tão à vontade.
- É problema de um irmão se preocupar com as companhias da irmã, e uma Snape deve ter uma companhia à altura dela.
Anne olhou horrorizada para o irmão. Se ela havia entendido bem, Severo havia arrumado um par para ela ir ao baile.
- O que você está querendo dizer, Severo? Não me diga que você...
- Warren Wallace é uma ótima companhia para qualquer garota, ainda mais para uma Snape. Você vai com ele sim, eu não vou passar por mentiroso na frente de Wallace!
- Se você não queria passar por mentiroso, não deveria ter dito que eu ia com o seu amigo sem falar comigo antes! - Anne praticamente gritou para o irmão antes de ir para o dormitório.
A garota estava tão zangada que só se lembrou de que Narcisa estava se arrumando para o baile quando ela entrou no quarto e viu um grupo de garotas tentando arrumar Narcisa.
- Você está pagando para elas, Nott? É bom que esteja, pois que eu saiba, somente os elfos aceitam trabalhar sem receber nada. - Anne disse, irônica.
- Que bom-humor é esse? Seu irmãozinho arrumou um desesperado de última hora que aceitou ir ao baile com você? Quem foi, o Crabbe ou o Goyle?
- Não, eu não precisei disso. Só tive que convencer um certo garoto que existem garotas melhores na Sonserina do que a qual ele havia convidado. Tchauzinho, Nott. - Anne saiu do quarto acenando com a mão para Narcisa e com um sorriso sarcástico no rosto.
Em seguida, a garota foi para a sala, para se arrumar e para tentar tornar o ambiente da sala mais festivo. Se ela e Sirius iriam passar a maior parte da noite nela, Anne não descansaria até que tudo ficasse perfeito.
-x-x-x-
Sirius saiu do salão apressado. A irritante conversa de Narcisa ainda ecoava em sua cabeça, mas a certeza de que logo estaria com Anne o animava, e foi com mais pressa ainda que ele caminhou para a sala.
O rapaz entrou na sala aliviado por estar longe de Narcisa, e encostado à porta, ele, suspirou, e ficou assim até que escutou a voz de Anne.
- Eu estava quase indo buscar você no salão! - Anne disse ao ver Sirius entrar.
Apesar de poder perceber que a garota estava zangada por ter demorado, Sirius notou que a alegria em vê-lo era maior, a ponto dela fazer uma brincadeira. Mais tranqüilo, ele abriu os olhos, e ficou boquiaberto ao ver a mudança que a garota havia feito na sala.
Anne aproveitou o ambiente já acolhedor da sala e com alguns poucos feitiços transformou a sala secreta de uma sala para receber visitas a um salão de festas. Ela havia afastado os poucos móveis da sala, deixando no lugar somente a mesa do centro, onde havia uma garrafa com vinho e duas taças. Além disso, Anne havia retirado parte da decoração do baile e colocado na janela e no contorno da mesa alguns dos galhos com luzes que piscavam em dourado e prata. Tudo estava simples, mas Sirius viu no lugar da simplicidade uma decoração de bom gosto que não tirou o ar aconchegante da sala secreta.
- Nossa, Anne, tem certeza que essa é a mesma sala? Quer dizer, se não fosse por aquele quadro, eu juraria que nós estamos em outra sala... - ele disse enquanto olhava ao redor para observar melhor a sala.
- É só a sala que está bonita? - dessa vez, só havia um pouco de ciúme no tom de Anne por Sirius ainda não tê-la visto, e somente então o rapaz olhou para a garota.
Anne estava com um vestido verde longo de costas nuas, com pequenas pedras douradas espalhadas por ele. Ela usava acessórios dourados e um colar com um pingente em "S", dourado também. O cabelo estava preso num coque um pouco desarrumado, com algumas mechas de cabelo caindo sobre o rosto, e Sirius poderia jurar que haviam alguns reflexos dourados no cabelo da garota. Ele ficou um longo tempo observando Anne, sem encontrar as palavras para dizer o quanto ela estava bonita.
- Ah, Merlin! - ele disse finalmente, quando desistiu de procurar uma palavra que alcançasse o que ele estava sentindo.
- Eu vou considerar isso como um "Anne, você é a garota mais bonita dessa sala!".
- É... eu acho que é isso sim... - ele disse, sem perceber que Anne brincava mais uma vez, e se aproximou da garota até seus narizes quase se tocarem - Nossa, como é bom estar aqui... - ele observou Anne melhor, agora que estava mais perto, e colocou uma das mãos por trás do pescoço dela antes de beijá-la.
- Eu estava pensando que você não viria mesmo... Por que você não veio logo?
- Ahm... É uma longa história, que eu preferiria esquecer, pelo menos por hoje. - ele foi até a mesa - Vinho?! Onde você conseguiu?
- Existem várias coisas sobre os sonserinos que você desconhece, meu querido...
- Pelo menos uma delas eu conheço... - ele se afastou da mesa - Mas vamos deixar a bebida para depois. A senhorita aceitaria dançar comigo? - Sirius esticou a mão para Anne, que deu um riso de pilhéria.
- Sirius, não tem música aqui!
- Existem várias coisas sobre os grifinórios que você desconhece, minha querida. - ele disse com um sorriso brincalhão. - A música não está em nossos ouvidos, está em nossos corações, e além do mais, isso é um baile, e as pessoas geralmente costumam dançar em bailes, ou você não sabia?
- Está bem - ela disse, entregando a mão para ele. - Espero que você pelo menos não pise no meu pé. Depois do baile do quarto ano, eu fiquei dois dias sem andar, e isso por ter dançado somente seis músicas!
- Não se preocupe - Sirius disse pegando Anne pela cintura e a trazendo perto dele mais ainda. - Dançar é uma das minhas especialidades.
- É, e aposto que quase metade das garotas de Hogwarts puderam comprovar isso! - ela disse sem esconder os ciúmes.
- Bem, eu não diria metade, mas muitas... Ouch! - ele exclamou depois que Anne deu um tapa leve no ombro dele.
- Não existe passado. Só existe eu. - ela o beijou, querendo que esse beijo deixasse uma marca dela em Sirius, sem saber que ela já havia deixado uma marca profunda no coração dele e que seria bastante difícil de esquecer.
Depois de se beijarem, começaram a se mover ao som de uma música que só existia na cabeça deles. Os corpos dos dois se mexiam em perfeita sintonia, e eles praticamente deslizavam pela sala. Enquanto dançavam, Anne e Sirius trocavam olhares apaixonados, mas não paravam de dançar, nem quando os dois começaram a escutar um som baixo vindo de longe, que foi crescendo aos poucos, até que ficou claro para os dois que o som era uma música suave e lenta.
- De onde essa música está vindo? Do baile?
- Não, baby. - ele disse ternamente - Acho que é a sala. Talvez ela seja da mesma opinião que você, é melhor dançar com música. Mas...
- O que?
- Promete que não vai rir de mim?
- Prometo.
- Eu estava pensando em uma música como essa.
Anne sorriu.
- Se eu disser que eu também estava pensando em uma música parecida com essa você acredita?
- Sim, eu acredito.
Eles sorriram um para o outro, e encostaram os rostos. Anne beijou o ombro de Sirius e eles continuaram a dançar.
Enquanto dançavam, ela pensava nas coisas que aconteceram em sua vida desde que havia feito a brincadeira com ele na aula de Poções no quinto ano, e chegou na conclusão de que sempre o amou, desde a primeira vez que o viu, em King's Cross, pouco antes de pegar o Expresso de Hogwarts pela primeira vez, mas não admitia isso porque ele era o contrário de tudo o que ela esperava. Era uma ironia que agora ela estivesse apaixonada pelo garoto que odiou durante anos, mas aquela era a verdade. Anne amava Sirius, e ela não conseguia pensar que a sua vida pudesse ser diferente daquilo. Naquele momento, nada fazia mais sentido do que os dois juntos.
-x-x-x-
Enquanto Sirius e Anne estavam vivendo dias românticos, ainda mais depois do baile, eles não imaginavam que Severo estava fazendo uma investigação que teria conseqüências no relacionamento dos dois.
Desde que havia visto madame Pomfrey com Remo no ano passado, ele sentiu que havia algo de estranho, e não se convenceu com a justificativa que a irmã deu na hora, ainda mais quando alguns meses depois viu a mesma cena se repetir. Curioso, Severo começou a esperar por Remo e a enfermeira de Hogwarts todos os dias sem que eles o percebessem, e com o passar dos dias, notou que madame Pomfrey só ia com Remo para o Salgueiro Lutador nas noites de lua-cheia. O rapaz não entendia por que isso acontecia, mas em uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas dias antes do baile, Severo começou a suspeitar de que Remo Lupin era um lobisomem.
Severo suspeitava, mas ainda não tinha certeza, portanto, continuou suas investigações. Agora que ele suspeitava, não desistiria até descobrir a verdade, e para isso, decidiu conversar com Sirius, Pedro e Tiago. Talvez os três soubessem de alguma coisa, afinal, eles eram amigos de Remo.
Severo aproveitou que os três haviam ficado em Hogwarts durante as férias e começou a fazer as entrevistas. O primeiro com quem ele falou foi com Sirius, na véspera de ano novo, quando o rapaz estava saindo do salão principal.
- Black! Ei, Black!
Sirius se virou para Severo sem acreditar que o sonserino falava com ele. Imediatamente ele pensou que Severo havia descoberto sobre ele e Anne.
- O que foi? - ele disse com dificuldade em manter a voz firme.
- Eu vi a madame Pomfrey com o Lupin no Salgueiro Lutador algumas semanas atrás, e queria saber se ele se machucou muito.
- Ahn? Remo nunca se machucou no Salgueiro! - Sirius disse, sem entender nada, enquanto Severo confirmava que a irmã havia se enganado quando disse que Remo deveria ter se machucado na árvore, no ano passado. - Você deve estar vendo coisas, Snape - Sirius disse tentando parecer brincalhão enquanto escapava do sonserino, mas se sentindo aliviado por ele não ter descoberto que ele namorava Anne.
- Eu não estou louco, eu vi o Lupin e a madame Pomfrey perto do Salgueiro Lutador, e não foi só uma vez. Para ser mais exato, foram três ou quatro vezes por mês desde o ano passado.
Sirius parou de andar de uma vez, assustado com o que Severo havia dito, com medo, pela primeira vez, de que o sonserino tivesse descoberto o segredo de Remo. Ele se virou mais uma vez para Severo, mas dessa vez com um brilho feroz no olhar, e segurou o sonserino pela gola.
- Escute bem, Snape, não tem nada acontecendo. Você deveria cuidar da sua vida, e não se meter em coisas que não te interessam, a não ser que queira arrumar encrenca!
- Solte-me, Black, ou quem vai arrumar encrenca, como você diz, será você mesmo - Severo disse, extremamente frio, e quando Sirius o soltou, ele se afastou com um sorriso malicioso e a certeza de que tinha algo estranho acontecendo.
Sirius olhou Severo se afastar sentindo que o rapaz não iria deixar de incomodá-los. A não ser que ele tentasse alguma coisa.
-x-x-x-
- Você sabia que seu irmão está tentando descobrir o que o Remo faz nas noites de lua-cheia? - Sirius perguntou de uma vez assim que Anne entrou na sala naquela noite.
- O que?! - a garota disse, surpresa - Eu não sabia de nada, na verdade... - ela abaixou o olhar, sem querer admitir que ela e o irmão não estavam se dando bem -... eu e Severo não estamos muito bem... Nós meio que brigamos... - ela encarou Sirius - Mas eu não quero falar sobre isso, isso não é importante agora. O que aconteceu?
Sirius olhou desconfiado para Anne. Ela sempre evitava falar sobre o que tinha acontecido nas férias de verão dela, e ele começava a achar que havia algo errado, mas não insistiu no assunto. Aquele não era o momento.
- Eu estava saindo do salão principal quando ele perguntou se eu sabia se o Remo estava bem, ele disse que viu o Remo se machucar no Salgueiro. Eu não percebi o que ele estava fazendo, e disse que o Remo nunca tinha se machucado no Salgueiro.
- Oh, droga, eu pensei que ele tinha esquecido disso! No ano passado, eu e o Severo vimos a madame Pomfrey levar o Remo até o Salgueiro Lutador, mas eu pensei que ele não tinha se importado muito...
- Pois parece que seu irmão se importou, e muito. Ele disse que já tinha visto o Remo com a madame Pomfrey outras vezes.
- Droga, Severo vai acabar descobrindo, eu conheço meu irmão, ele só vai parar quando descobrir tudo, e eu não sei o que ele pode fazer! Ele odeia o Remo... Na verdade, ele odeia todos vocês... Desculpe... - Anne disse preocupada, e olhando um pouco encabulada ao dizer a Sirius que o irmão os odiava.
- Não se desculpe, eu já percebi isso. Seu irmão não se esforça em esconder isso. - ele disse, tentando não dizer que odiava Severo também em respeito à Anne - Você tem que fazer alguma coisa para não deixar que ele descubra sobre o Remo.
Anne colocou as mãos na cintura, perplexa.
- Eu não posso fazer nada, Sirius, eu não controlo a vida do meu irmão! - ao contrário dele, que quer controlar a minha, Anne pensou, se lembrando de que Severo queria forçá-la a ir ao baile com um dos seus amigos.
- Você tem que fazer alguma coisa, Anne! Vamos lá, ele é seu irmão, você deve ter algum poder de persuasão, essas coisas de irmãs, eu sei como é, eu tenho duas irmãs!
- Sirius, eu não sou babá de ninguém, se você quer que o Severo pare de importunar você e seus amigos, vocês quatro que cuidem disso! - ela disse com a voz alterada - O que você quer que eu faça? Que prenda o Severo nas masmorras?
- Não estou dizendo isso, Anne! - Sirius disse, impaciente - Pelo menos você poderia impedir que ele ficasse observando o Remo na lua-cheia!
- Sirius, o Severo já sabe que tem algo acontecendo, e, acredite, nem que eu fizesse dele o apanhador da Sonserina ele pararia. Eu conheço ele muito bem.
- Você só está dizendo isso porque não quer ajudar o Remo! - Sirius disse sem conseguir pensar por causa da raiva que sentia por não poder fazer nada, mas antes de terminar a frase, já havia se arrependido de tê-la dito.
Anne olhou com fúria para Sirius. Desde que estavam namorando essa era a primeira vez que ela sentia raiva dele como costumava sentir antes de conhecê-lo, e ela respondeu com mágoa.
- Pode não parecer, mas eu me preocupo sim, com meu irmão e com seu amigo, por isso eu estou dizendo que dessa forma eu não posso ajudar em nada! Eu não estou dizendo que não posso ajudar em parte nenhuma, mas se é assim que você pensa, então acho que é melhor terminarmos essa discussão e irmos estudar. Já estamos na metade do livro e eu não quero diminuir o ritmo agora.
Anne deu as costas a Sirius, que praguejava com raiva de si mesmo por ter sido tão estúpido. Sem querer ficar brigado com a namorada, ele a enlaçou por trás.
- Anne, querida, desculpe, eu só estava com raiva porque se você disse que não poderia fazer nada, é porque não poderia mesmo, e eu não quero que seu irmão descubra a verdade... Você me desculpa?
- É sempre assim! - Anne disse sem olhar para o rapaz, ainda com raiva. Ela não esqueceria tão facilmente, pois sentiu que Sirius a ofendeu - Você faz uma besteira e depois vem pedir desculpas como se fosse a... - nessa parte da frase, ela se virou para Sirius e viu que o rapaz se sentia tão arrependido que não olhava para ela. - a... a... - ela gaguejou, sem conseguir mais continuar com raiva. - Droga, Sirius, eu odeio quando você faz essa cara de cachorro perdido! Eu sinto como se a culpa fosse minha, mas a culpa é sua, e além disso, você deveria... - Anne não terminou a frase. Ela fechou os olhos e suspirou antes de continuar. - Ah, droga, eu não consigo! É claro que eu desculpo você! Mas você não deveria ter dito aquelas coisas!
- E eu nunca mais vou dizer. Eu adoro você, minha pequena garotinha... - ele beijou primeiro o rosto da garota, e depois a boca, até que Anne se afastou, ela ainda estava um pouco chateada, não ia deixar que ele a conseguisse de volta tão fácil.
- Está bem, mas agora, temos um capítulo para estudar, esqueceu?
- Eu não estou com cabeça para ensinar coisa alguma, baby... Estou preocupado demais com o que pode acontecer... Se descobrirem a verdade sobre o Remo, ele pode ser expulso de Hogwarts! - ele disse enquanto sentava em uma das cadeiras e afundava a cabeça nas mãos.
- Disso eu duvido muito. Dumbledore é cabeça-dura demais para deixar que os outros digam a ele o que fazer - Anne se aproximou do rapaz por trás, retirou a capa que cobria o rapaz e começou a massagear o pescoço e o ombro de Sirius, que soltou um suspiro de satisfação, ao mesmo tempo em que estava impressionado com a namorada, pois não sabia que as mãos dela poderiam ser tão reconfortantes.
Ele começava a pensar com mais clareza, e concordou com Anne. Severo não iria desistir até que ele descobrisse a verdade. Não era à toa que ele era irmão de Anne. Ela só parou de persegui-lo quando conseguiu que ele desse as aulas de animagia.
- Está melhor? - Anne perguntou, fazendo com que Sirius deixasse de pensar sobre os irmãos Snape, enquanto que ela própria não conseguia deixar de pensar em Severo.
Ele estava se tornando quase um estranho para a irmã. Se não fosse por certas ocasiões em que Severo olhava para ela como quando eles ainda eram próximos, ela podia jurar que aquele não era seu irmão. E tudo isso havia começado depois que o irmão e o pai haviam voltado da viagem nas férias de verão e ela havia visto as marcas nas costas de Severo. Quanto mais ela pensava o que poderia ter causado essa mudança, mais confusa ela ficava.
- Eu nunca estive tão bem... - o rapaz respondeu com um sorriso, mas quando olhou para a garota, percebeu no rosto dela toda a preocupação que ela sentia - O que foi, Anne? Você está preocupada com alguma coisa, não é, baby, e eu sei que é com o que seu irmão pode fazer.
- Oh, não é nada, Sirius, pode ficar tranqüilo. - Anne disse com um sorriso despreocupado que deixou Sirius mais preocupado ainda. Se ela tentava esconder o que sentia, era porque ela realmente estava preocupada.
- Você mente bem, baby, mas eu conheço você muito bem para saber que tem algo errado acontecendo, senão você não teria motivo para tentar disfarçar sua carinha triste com esse sorriso.
Anne mordeu o lábio, indecisa se falava para Sirius tudo o que a estava inquietando, desde quando Severo e seu pai haviam voltado de viagem, até as marcas que viu no corpo do irmão, mas decidiu que era melhor não falar nada. No pouco tempo que conhecia Sirius intimamente, já sabia que ele não aceitaria o que Andrew Snape fez com ela e Severo, mas Anne também sabia que se o seu pai quisesse, poderia fazer Sirius sofrer como nunca havia sofrido antes, e ela não queria vê-lo sofrer.
- Sério, não tem nada acontecendo, Sirius. - ela disse segurando a mão do namorado - Se tivesse, eu contaria para você.
- Tem algo a ver com as férias, não é? - ele perguntou, sem desistir - Só pode ser, você nunca disse o que aconteceu nas suas férias!
- Eu não falei porque nada aconteceu, Sirius! - ela disse num tom levemente impaciente - Será que isso é difícil demais para você entender?
- Não é isso, Anne. Eu sei que algo aconteceu. Eu percebi desde que você voltou para Hogwarts, só pelo modo como seu irmão olha para você, como se algo ruim pudesse acontecer com você, e se o Snape está preocupado assim, ele deve ter razão para isso.
Anne olhou intrigada para Sirius. Como Severo poderia estar preocupado com ela se durante todo o ano ele tentou ficar longe dela? Sirius deveria ter tido uma impressão errada. Mas a garota não ficou satisfeita com essa conclusão.
- Eu acho que não consigo mais esconder as coisas de você como antigamente... - ela disse com um sorriso triste no rosto, conformada com a insistência do rapaz, mas sem estar disposta a contar toda a verdade - Eu não gosto de falar sobre o que aconteceu nas férias porque eu e Severo brigamos.
- Então foi isso o que aconteceu? - Sirius disse se sentindo mais aliviado. Ele conhecia a fama de cruel que Andrew Snape tinha, e estava medo de que ele tivesse feito algo - Se seu irmão brigou com você, ele é um bobo. Você fez tantas coisas por ele que ele não tem motivo para brigar com você por pelo menos duas vidas.
- É o que eu acho! - ela disse sem conseguir disfarçar o orgulho - Mas você não tem que se preocupar comigo. Isso é coisa de irmãos, e eu vou fazer você parar de se preocupar com isso tudo. - enquanto ela falava, Anne fazia Sirius se sentar de novo na cadeira, e dessa vez, retirou a camisa que o cobria antes de começar a massagear as costas dele.
Quando Anne terminou a massagem, não havia nada no pensamento de Sirius além da namorada. Qualquer problema havia sido temporariamente esquecido. Naquele momento, ele só conseguia pensar em Anne e no que os unia, e ao ver a garota sorrindo com amabilidade e ternura para ele, ele tinha a certeza de que a sua felicidade não poderia ser nada mais além disso, e de certa forma, isso o assustava. Sirius nunca havia se sentido assim por nenhuma garota, e a profundidade do amor que sentia era imensa.
- Ninguém nunca fez algo assim em mim antes... Definitivamente... está contratada, Adrianne Snape! - Sirius disse enquanto se levantava e colocava a camisa, e em seguida, ele sorriu, mas Anne não pareceu gostar do que ele havia dito - O que foi? Você não quer ser minha massagista? Tudo bem, eu posso arrumar outra... Talvez Narcisa esteja livre... - ele disse em tom brincalhão, esperando fazer a namorada sorrir, mas Anne ficou mais séria ainda.
- Não é isso, Sirius... É que... - ela gaguejou, sem saber que palavras dizer. - Posso te pedir uma coisa?
- Claro. O que é?
- Eu preferiria que você me chamasse só de Anne mesmo... Eu não gosto do meu nome, Adrianne.
- Por que não? É um nome bonito.
- É que eu não sinto que esse seja o meu nome... Quando eu e Severo nascemos, meus pais só haviam esperado um filho, sempre um menino, e já haviam até escolhido que o bebê teria o nome do meu avô, Severo. Então o bebê nasceu, mas para surpresa deles, eles tiveram além do menino uma menina, eu, mas eles não haviam pensado num nome para menina, e de última hora, meus pais resolveram misturar os nomes deles, Andrew e Susanne, daí vem o Adrianne.
- E o que tem de mais?
- É que eu não me sinto à vontade com isso... Quer dizer, esse nome não é meu, é só uma parte do nome do meu pai e do nome da minha mãe, mas eu não me importo que me chamem de Anne, afinal, eu nunca conheci minha mãe mesmo. - ela respondeu dando de ombros.
Sirius olhou sério e pensativo para Anne por alguns instantes, até que ele finalmente falou.
- Eu não vou chamar você de Adrianne e muito menos de Anne. Eu vou dar um nome só para você, especialmente para você, e esse vai ser o nosso segredo. De hoje em diante, você será Annie. Minha adorável Annie... - ele passou a mão por entre os cabelos da garota, e a beijou. Enquanto os lábios se tocavam, um relógio ao longe soou doze vezes.
- Acho que já estamos começando mais um novo ano... - Anne disse olhando para o teto, procurando pelo relógio de onde havia saído as badaladas. Ela nunca havia visto um relógio na sala secreta, mas ela sempre escutava o relógio bater nas horas mais convenientes.
- Então eu só posso dizer uma coisa. Feliz Ano-Novo, Annie.
Anne sorriu ao escutar Sirius chamá-la pelo nome que ele havia lhe dado, agradecida pelo que ele fizera.
-Feliz Ano-Novo, Sirius...
Os dois se beijaram com doçura, mas quando os rostos dos dois se separaram, Anne decidiu ir embora.
- Bem, já que você não vai ensinar nada hoje, Sirius, então eu acho que é melhor nós irmos para nossos dormitórios. Faz tempo que eu não tenho uma boa noite de sono... - enquanto falava, Anne ia até a porta, mas quando a abriu, a mão de Sirius passou por cima do seu ombro e ele fechou a porta bruscamente, prendendo Anne entre ele e a porta.
- Eu não vou deixar você sair daqui outra vez, Annie, não hoje. - Sirius disse com um olhar sedutor que atraiu a garota - Eu tive que me controlar muito para deixar você sair daqui a um ano atrás.
- O que você...? Um ano atrás? - Anne olhou confusa para Sirius. - Então faz um ano que você... percebeu que sentia... algo por mim? - ela se sentia ao mesmo tempo surpresa e confusa. Ela não imaginava que ele havia se apaixonado por ela tão rapidamente.
Sirius não disse nada. Ele passou a mão que estava segurando a porta para trás da cabeça da garota e com ela levou o rosto de Anne até o seu. Os dois se beijaram suavemente, e se abraçaram, mas logo os beijos se tornaram mais, e as carícias mais audaciosas. Os dois sentiam o que um sentia pelo outro com aqueles toques. Todo amor, toda ternura estava em cada beijo, em cada sussurro.
O contato entre a pele de Anne e a do rapaz fazia com que ela se sentisse a única pessoa feliz de todo o mundo, e ao mesmo tempo, ela sentia que não podia ser feliz a não ser daquela maneira. Somente o olhar dele já fazia ela sentir-se melhor.
Delicadamente, a mão dela acariciava as costas dele. Ela podia jurar que sentia o coração dele bater ao mesmo tempo que podia sentir o próprio coração bater, como se fossem um.
Sirius se afastou da boca de Anne para começar a beijar o pescoço da garota. Ele queria encontrar uma forma de demonstrar para Anne o quanto ela era especial para ele. Ela fez com que ele pensasse em outras coisas que nunca havia pensado antes como no que faria depois de Hogwarts, e em todos os planos que ele começou a fazer, Anne sempre estava entre eles. Ele não conseguia mais imaginar sua vida sem a garota.
O olhar dos dois se encontraram, e eles perceberam o que estava prestes a acontecer, e não trocaram nenhuma palavra. Os olhares eram mais do que suficientes. As mãos dos dois se encontraram e uniram-se delicadamente. O que quer que fosse acontecer no futuro, o que importava era aquele momento, em que eles sabiam que estariam juntos para sempre, e as palavras não eram necessárias para que Sirius e Anne soubessem disso.
Sirius acariciou o rosto de Anne, que fechou os olhos, sentindo o corpo estremecer, enquanto a mão dele passava pelo seu rosto. O medo de que algo saísse errado era enorme, mas Sirius dominou esse temor. Suas mãos deslizaram pela cintura da garota, puxando-a para mais perto dele. Anne abriu os olhos, e aproximou os seus lábios dos lábios de Sirius. Seus lábios se tocaram suavemente, enquanto deitavam-se no sofá da sala, os dois nunca se sentindo tão completos quanto naquele instante.
Anne nunca ficou tão ansiosa por um baile quanto aquele, e quando o dia do baile chegou, ela teve certeza de que nada iria atrapalhar o que ela e Sirius haviam planejado, mas quando Severo foi falar com ela, pela primeira vez desde que havia voltado para Hogwarts, ela percebeu que estava enganada.
- Adrianne, o baile é hoje, e você ainda não conseguiu par, não é? - Severo perguntou, frio.
- Sim, mas o que você tem a ver com isso? Se eu vou ou não ao baile é problema meu - ela disse, tão fria quanto ele, mas se ela não tivesse preocupada em parecer despreocupada com o irmão, teria percebido que ele não estava tão à vontade.
- É problema de um irmão se preocupar com as companhias da irmã, e uma Snape deve ter uma companhia à altura dela.
Anne olhou horrorizada para o irmão. Se ela havia entendido bem, Severo havia arrumado um par para ela ir ao baile.
- O que você está querendo dizer, Severo? Não me diga que você...
- Warren Wallace é uma ótima companhia para qualquer garota, ainda mais para uma Snape. Você vai com ele sim, eu não vou passar por mentiroso na frente de Wallace!
- Se você não queria passar por mentiroso, não deveria ter dito que eu ia com o seu amigo sem falar comigo antes! - Anne praticamente gritou para o irmão antes de ir para o dormitório.
A garota estava tão zangada que só se lembrou de que Narcisa estava se arrumando para o baile quando ela entrou no quarto e viu um grupo de garotas tentando arrumar Narcisa.
- Você está pagando para elas, Nott? É bom que esteja, pois que eu saiba, somente os elfos aceitam trabalhar sem receber nada. - Anne disse, irônica.
- Que bom-humor é esse? Seu irmãozinho arrumou um desesperado de última hora que aceitou ir ao baile com você? Quem foi, o Crabbe ou o Goyle?
- Não, eu não precisei disso. Só tive que convencer um certo garoto que existem garotas melhores na Sonserina do que a qual ele havia convidado. Tchauzinho, Nott. - Anne saiu do quarto acenando com a mão para Narcisa e com um sorriso sarcástico no rosto.
Em seguida, a garota foi para a sala, para se arrumar e para tentar tornar o ambiente da sala mais festivo. Se ela e Sirius iriam passar a maior parte da noite nela, Anne não descansaria até que tudo ficasse perfeito.
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Sirius saiu do salão apressado. A irritante conversa de Narcisa ainda ecoava em sua cabeça, mas a certeza de que logo estaria com Anne o animava, e foi com mais pressa ainda que ele caminhou para a sala.
O rapaz entrou na sala aliviado por estar longe de Narcisa, e encostado à porta, ele, suspirou, e ficou assim até que escutou a voz de Anne.
- Eu estava quase indo buscar você no salão! - Anne disse ao ver Sirius entrar.
Apesar de poder perceber que a garota estava zangada por ter demorado, Sirius notou que a alegria em vê-lo era maior, a ponto dela fazer uma brincadeira. Mais tranqüilo, ele abriu os olhos, e ficou boquiaberto ao ver a mudança que a garota havia feito na sala.
Anne aproveitou o ambiente já acolhedor da sala e com alguns poucos feitiços transformou a sala secreta de uma sala para receber visitas a um salão de festas. Ela havia afastado os poucos móveis da sala, deixando no lugar somente a mesa do centro, onde havia uma garrafa com vinho e duas taças. Além disso, Anne havia retirado parte da decoração do baile e colocado na janela e no contorno da mesa alguns dos galhos com luzes que piscavam em dourado e prata. Tudo estava simples, mas Sirius viu no lugar da simplicidade uma decoração de bom gosto que não tirou o ar aconchegante da sala secreta.
- Nossa, Anne, tem certeza que essa é a mesma sala? Quer dizer, se não fosse por aquele quadro, eu juraria que nós estamos em outra sala... - ele disse enquanto olhava ao redor para observar melhor a sala.
- É só a sala que está bonita? - dessa vez, só havia um pouco de ciúme no tom de Anne por Sirius ainda não tê-la visto, e somente então o rapaz olhou para a garota.
Anne estava com um vestido verde longo de costas nuas, com pequenas pedras douradas espalhadas por ele. Ela usava acessórios dourados e um colar com um pingente em "S", dourado também. O cabelo estava preso num coque um pouco desarrumado, com algumas mechas de cabelo caindo sobre o rosto, e Sirius poderia jurar que haviam alguns reflexos dourados no cabelo da garota. Ele ficou um longo tempo observando Anne, sem encontrar as palavras para dizer o quanto ela estava bonita.
- Ah, Merlin! - ele disse finalmente, quando desistiu de procurar uma palavra que alcançasse o que ele estava sentindo.
- Eu vou considerar isso como um "Anne, você é a garota mais bonita dessa sala!".
- É... eu acho que é isso sim... - ele disse, sem perceber que Anne brincava mais uma vez, e se aproximou da garota até seus narizes quase se tocarem - Nossa, como é bom estar aqui... - ele observou Anne melhor, agora que estava mais perto, e colocou uma das mãos por trás do pescoço dela antes de beijá-la.
- Eu estava pensando que você não viria mesmo... Por que você não veio logo?
- Ahm... É uma longa história, que eu preferiria esquecer, pelo menos por hoje. - ele foi até a mesa - Vinho?! Onde você conseguiu?
- Existem várias coisas sobre os sonserinos que você desconhece, meu querido...
- Pelo menos uma delas eu conheço... - ele se afastou da mesa - Mas vamos deixar a bebida para depois. A senhorita aceitaria dançar comigo? - Sirius esticou a mão para Anne, que deu um riso de pilhéria.
- Sirius, não tem música aqui!
- Existem várias coisas sobre os grifinórios que você desconhece, minha querida. - ele disse com um sorriso brincalhão. - A música não está em nossos ouvidos, está em nossos corações, e além do mais, isso é um baile, e as pessoas geralmente costumam dançar em bailes, ou você não sabia?
- Está bem - ela disse, entregando a mão para ele. - Espero que você pelo menos não pise no meu pé. Depois do baile do quarto ano, eu fiquei dois dias sem andar, e isso por ter dançado somente seis músicas!
- Não se preocupe - Sirius disse pegando Anne pela cintura e a trazendo perto dele mais ainda. - Dançar é uma das minhas especialidades.
- É, e aposto que quase metade das garotas de Hogwarts puderam comprovar isso! - ela disse sem esconder os ciúmes.
- Bem, eu não diria metade, mas muitas... Ouch! - ele exclamou depois que Anne deu um tapa leve no ombro dele.
- Não existe passado. Só existe eu. - ela o beijou, querendo que esse beijo deixasse uma marca dela em Sirius, sem saber que ela já havia deixado uma marca profunda no coração dele e que seria bastante difícil de esquecer.
Depois de se beijarem, começaram a se mover ao som de uma música que só existia na cabeça deles. Os corpos dos dois se mexiam em perfeita sintonia, e eles praticamente deslizavam pela sala. Enquanto dançavam, Anne e Sirius trocavam olhares apaixonados, mas não paravam de dançar, nem quando os dois começaram a escutar um som baixo vindo de longe, que foi crescendo aos poucos, até que ficou claro para os dois que o som era uma música suave e lenta.
- De onde essa música está vindo? Do baile?
- Não, baby. - ele disse ternamente - Acho que é a sala. Talvez ela seja da mesma opinião que você, é melhor dançar com música. Mas...
- O que?
- Promete que não vai rir de mim?
- Prometo.
- Eu estava pensando em uma música como essa.
Anne sorriu.
- Se eu disser que eu também estava pensando em uma música parecida com essa você acredita?
- Sim, eu acredito.
Eles sorriram um para o outro, e encostaram os rostos. Anne beijou o ombro de Sirius e eles continuaram a dançar.
Enquanto dançavam, ela pensava nas coisas que aconteceram em sua vida desde que havia feito a brincadeira com ele na aula de Poções no quinto ano, e chegou na conclusão de que sempre o amou, desde a primeira vez que o viu, em King's Cross, pouco antes de pegar o Expresso de Hogwarts pela primeira vez, mas não admitia isso porque ele era o contrário de tudo o que ela esperava. Era uma ironia que agora ela estivesse apaixonada pelo garoto que odiou durante anos, mas aquela era a verdade. Anne amava Sirius, e ela não conseguia pensar que a sua vida pudesse ser diferente daquilo. Naquele momento, nada fazia mais sentido do que os dois juntos.
-x-x-x-
Enquanto Sirius e Anne estavam vivendo dias românticos, ainda mais depois do baile, eles não imaginavam que Severo estava fazendo uma investigação que teria conseqüências no relacionamento dos dois.
Desde que havia visto madame Pomfrey com Remo no ano passado, ele sentiu que havia algo de estranho, e não se convenceu com a justificativa que a irmã deu na hora, ainda mais quando alguns meses depois viu a mesma cena se repetir. Curioso, Severo começou a esperar por Remo e a enfermeira de Hogwarts todos os dias sem que eles o percebessem, e com o passar dos dias, notou que madame Pomfrey só ia com Remo para o Salgueiro Lutador nas noites de lua-cheia. O rapaz não entendia por que isso acontecia, mas em uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas dias antes do baile, Severo começou a suspeitar de que Remo Lupin era um lobisomem.
Severo suspeitava, mas ainda não tinha certeza, portanto, continuou suas investigações. Agora que ele suspeitava, não desistiria até descobrir a verdade, e para isso, decidiu conversar com Sirius, Pedro e Tiago. Talvez os três soubessem de alguma coisa, afinal, eles eram amigos de Remo.
Severo aproveitou que os três haviam ficado em Hogwarts durante as férias e começou a fazer as entrevistas. O primeiro com quem ele falou foi com Sirius, na véspera de ano novo, quando o rapaz estava saindo do salão principal.
- Black! Ei, Black!
Sirius se virou para Severo sem acreditar que o sonserino falava com ele. Imediatamente ele pensou que Severo havia descoberto sobre ele e Anne.
- O que foi? - ele disse com dificuldade em manter a voz firme.
- Eu vi a madame Pomfrey com o Lupin no Salgueiro Lutador algumas semanas atrás, e queria saber se ele se machucou muito.
- Ahn? Remo nunca se machucou no Salgueiro! - Sirius disse, sem entender nada, enquanto Severo confirmava que a irmã havia se enganado quando disse que Remo deveria ter se machucado na árvore, no ano passado. - Você deve estar vendo coisas, Snape - Sirius disse tentando parecer brincalhão enquanto escapava do sonserino, mas se sentindo aliviado por ele não ter descoberto que ele namorava Anne.
- Eu não estou louco, eu vi o Lupin e a madame Pomfrey perto do Salgueiro Lutador, e não foi só uma vez. Para ser mais exato, foram três ou quatro vezes por mês desde o ano passado.
Sirius parou de andar de uma vez, assustado com o que Severo havia dito, com medo, pela primeira vez, de que o sonserino tivesse descoberto o segredo de Remo. Ele se virou mais uma vez para Severo, mas dessa vez com um brilho feroz no olhar, e segurou o sonserino pela gola.
- Escute bem, Snape, não tem nada acontecendo. Você deveria cuidar da sua vida, e não se meter em coisas que não te interessam, a não ser que queira arrumar encrenca!
- Solte-me, Black, ou quem vai arrumar encrenca, como você diz, será você mesmo - Severo disse, extremamente frio, e quando Sirius o soltou, ele se afastou com um sorriso malicioso e a certeza de que tinha algo estranho acontecendo.
Sirius olhou Severo se afastar sentindo que o rapaz não iria deixar de incomodá-los. A não ser que ele tentasse alguma coisa.
-x-x-x-
- Você sabia que seu irmão está tentando descobrir o que o Remo faz nas noites de lua-cheia? - Sirius perguntou de uma vez assim que Anne entrou na sala naquela noite.
- O que?! - a garota disse, surpresa - Eu não sabia de nada, na verdade... - ela abaixou o olhar, sem querer admitir que ela e o irmão não estavam se dando bem -... eu e Severo não estamos muito bem... Nós meio que brigamos... - ela encarou Sirius - Mas eu não quero falar sobre isso, isso não é importante agora. O que aconteceu?
Sirius olhou desconfiado para Anne. Ela sempre evitava falar sobre o que tinha acontecido nas férias de verão dela, e ele começava a achar que havia algo errado, mas não insistiu no assunto. Aquele não era o momento.
- Eu estava saindo do salão principal quando ele perguntou se eu sabia se o Remo estava bem, ele disse que viu o Remo se machucar no Salgueiro. Eu não percebi o que ele estava fazendo, e disse que o Remo nunca tinha se machucado no Salgueiro.
- Oh, droga, eu pensei que ele tinha esquecido disso! No ano passado, eu e o Severo vimos a madame Pomfrey levar o Remo até o Salgueiro Lutador, mas eu pensei que ele não tinha se importado muito...
- Pois parece que seu irmão se importou, e muito. Ele disse que já tinha visto o Remo com a madame Pomfrey outras vezes.
- Droga, Severo vai acabar descobrindo, eu conheço meu irmão, ele só vai parar quando descobrir tudo, e eu não sei o que ele pode fazer! Ele odeia o Remo... Na verdade, ele odeia todos vocês... Desculpe... - Anne disse preocupada, e olhando um pouco encabulada ao dizer a Sirius que o irmão os odiava.
- Não se desculpe, eu já percebi isso. Seu irmão não se esforça em esconder isso. - ele disse, tentando não dizer que odiava Severo também em respeito à Anne - Você tem que fazer alguma coisa para não deixar que ele descubra sobre o Remo.
Anne colocou as mãos na cintura, perplexa.
- Eu não posso fazer nada, Sirius, eu não controlo a vida do meu irmão! - ao contrário dele, que quer controlar a minha, Anne pensou, se lembrando de que Severo queria forçá-la a ir ao baile com um dos seus amigos.
- Você tem que fazer alguma coisa, Anne! Vamos lá, ele é seu irmão, você deve ter algum poder de persuasão, essas coisas de irmãs, eu sei como é, eu tenho duas irmãs!
- Sirius, eu não sou babá de ninguém, se você quer que o Severo pare de importunar você e seus amigos, vocês quatro que cuidem disso! - ela disse com a voz alterada - O que você quer que eu faça? Que prenda o Severo nas masmorras?
- Não estou dizendo isso, Anne! - Sirius disse, impaciente - Pelo menos você poderia impedir que ele ficasse observando o Remo na lua-cheia!
- Sirius, o Severo já sabe que tem algo acontecendo, e, acredite, nem que eu fizesse dele o apanhador da Sonserina ele pararia. Eu conheço ele muito bem.
- Você só está dizendo isso porque não quer ajudar o Remo! - Sirius disse sem conseguir pensar por causa da raiva que sentia por não poder fazer nada, mas antes de terminar a frase, já havia se arrependido de tê-la dito.
Anne olhou com fúria para Sirius. Desde que estavam namorando essa era a primeira vez que ela sentia raiva dele como costumava sentir antes de conhecê-lo, e ela respondeu com mágoa.
- Pode não parecer, mas eu me preocupo sim, com meu irmão e com seu amigo, por isso eu estou dizendo que dessa forma eu não posso ajudar em nada! Eu não estou dizendo que não posso ajudar em parte nenhuma, mas se é assim que você pensa, então acho que é melhor terminarmos essa discussão e irmos estudar. Já estamos na metade do livro e eu não quero diminuir o ritmo agora.
Anne deu as costas a Sirius, que praguejava com raiva de si mesmo por ter sido tão estúpido. Sem querer ficar brigado com a namorada, ele a enlaçou por trás.
- Anne, querida, desculpe, eu só estava com raiva porque se você disse que não poderia fazer nada, é porque não poderia mesmo, e eu não quero que seu irmão descubra a verdade... Você me desculpa?
- É sempre assim! - Anne disse sem olhar para o rapaz, ainda com raiva. Ela não esqueceria tão facilmente, pois sentiu que Sirius a ofendeu - Você faz uma besteira e depois vem pedir desculpas como se fosse a... - nessa parte da frase, ela se virou para Sirius e viu que o rapaz se sentia tão arrependido que não olhava para ela. - a... a... - ela gaguejou, sem conseguir mais continuar com raiva. - Droga, Sirius, eu odeio quando você faz essa cara de cachorro perdido! Eu sinto como se a culpa fosse minha, mas a culpa é sua, e além disso, você deveria... - Anne não terminou a frase. Ela fechou os olhos e suspirou antes de continuar. - Ah, droga, eu não consigo! É claro que eu desculpo você! Mas você não deveria ter dito aquelas coisas!
- E eu nunca mais vou dizer. Eu adoro você, minha pequena garotinha... - ele beijou primeiro o rosto da garota, e depois a boca, até que Anne se afastou, ela ainda estava um pouco chateada, não ia deixar que ele a conseguisse de volta tão fácil.
- Está bem, mas agora, temos um capítulo para estudar, esqueceu?
- Eu não estou com cabeça para ensinar coisa alguma, baby... Estou preocupado demais com o que pode acontecer... Se descobrirem a verdade sobre o Remo, ele pode ser expulso de Hogwarts! - ele disse enquanto sentava em uma das cadeiras e afundava a cabeça nas mãos.
- Disso eu duvido muito. Dumbledore é cabeça-dura demais para deixar que os outros digam a ele o que fazer - Anne se aproximou do rapaz por trás, retirou a capa que cobria o rapaz e começou a massagear o pescoço e o ombro de Sirius, que soltou um suspiro de satisfação, ao mesmo tempo em que estava impressionado com a namorada, pois não sabia que as mãos dela poderiam ser tão reconfortantes.
Ele começava a pensar com mais clareza, e concordou com Anne. Severo não iria desistir até que ele descobrisse a verdade. Não era à toa que ele era irmão de Anne. Ela só parou de persegui-lo quando conseguiu que ele desse as aulas de animagia.
- Está melhor? - Anne perguntou, fazendo com que Sirius deixasse de pensar sobre os irmãos Snape, enquanto que ela própria não conseguia deixar de pensar em Severo.
Ele estava se tornando quase um estranho para a irmã. Se não fosse por certas ocasiões em que Severo olhava para ela como quando eles ainda eram próximos, ela podia jurar que aquele não era seu irmão. E tudo isso havia começado depois que o irmão e o pai haviam voltado da viagem nas férias de verão e ela havia visto as marcas nas costas de Severo. Quanto mais ela pensava o que poderia ter causado essa mudança, mais confusa ela ficava.
- Eu nunca estive tão bem... - o rapaz respondeu com um sorriso, mas quando olhou para a garota, percebeu no rosto dela toda a preocupação que ela sentia - O que foi, Anne? Você está preocupada com alguma coisa, não é, baby, e eu sei que é com o que seu irmão pode fazer.
- Oh, não é nada, Sirius, pode ficar tranqüilo. - Anne disse com um sorriso despreocupado que deixou Sirius mais preocupado ainda. Se ela tentava esconder o que sentia, era porque ela realmente estava preocupada.
- Você mente bem, baby, mas eu conheço você muito bem para saber que tem algo errado acontecendo, senão você não teria motivo para tentar disfarçar sua carinha triste com esse sorriso.
Anne mordeu o lábio, indecisa se falava para Sirius tudo o que a estava inquietando, desde quando Severo e seu pai haviam voltado de viagem, até as marcas que viu no corpo do irmão, mas decidiu que era melhor não falar nada. No pouco tempo que conhecia Sirius intimamente, já sabia que ele não aceitaria o que Andrew Snape fez com ela e Severo, mas Anne também sabia que se o seu pai quisesse, poderia fazer Sirius sofrer como nunca havia sofrido antes, e ela não queria vê-lo sofrer.
- Sério, não tem nada acontecendo, Sirius. - ela disse segurando a mão do namorado - Se tivesse, eu contaria para você.
- Tem algo a ver com as férias, não é? - ele perguntou, sem desistir - Só pode ser, você nunca disse o que aconteceu nas suas férias!
- Eu não falei porque nada aconteceu, Sirius! - ela disse num tom levemente impaciente - Será que isso é difícil demais para você entender?
- Não é isso, Anne. Eu sei que algo aconteceu. Eu percebi desde que você voltou para Hogwarts, só pelo modo como seu irmão olha para você, como se algo ruim pudesse acontecer com você, e se o Snape está preocupado assim, ele deve ter razão para isso.
Anne olhou intrigada para Sirius. Como Severo poderia estar preocupado com ela se durante todo o ano ele tentou ficar longe dela? Sirius deveria ter tido uma impressão errada. Mas a garota não ficou satisfeita com essa conclusão.
- Eu acho que não consigo mais esconder as coisas de você como antigamente... - ela disse com um sorriso triste no rosto, conformada com a insistência do rapaz, mas sem estar disposta a contar toda a verdade - Eu não gosto de falar sobre o que aconteceu nas férias porque eu e Severo brigamos.
- Então foi isso o que aconteceu? - Sirius disse se sentindo mais aliviado. Ele conhecia a fama de cruel que Andrew Snape tinha, e estava medo de que ele tivesse feito algo - Se seu irmão brigou com você, ele é um bobo. Você fez tantas coisas por ele que ele não tem motivo para brigar com você por pelo menos duas vidas.
- É o que eu acho! - ela disse sem conseguir disfarçar o orgulho - Mas você não tem que se preocupar comigo. Isso é coisa de irmãos, e eu vou fazer você parar de se preocupar com isso tudo. - enquanto ela falava, Anne fazia Sirius se sentar de novo na cadeira, e dessa vez, retirou a camisa que o cobria antes de começar a massagear as costas dele.
Quando Anne terminou a massagem, não havia nada no pensamento de Sirius além da namorada. Qualquer problema havia sido temporariamente esquecido. Naquele momento, ele só conseguia pensar em Anne e no que os unia, e ao ver a garota sorrindo com amabilidade e ternura para ele, ele tinha a certeza de que a sua felicidade não poderia ser nada mais além disso, e de certa forma, isso o assustava. Sirius nunca havia se sentido assim por nenhuma garota, e a profundidade do amor que sentia era imensa.
- Ninguém nunca fez algo assim em mim antes... Definitivamente... está contratada, Adrianne Snape! - Sirius disse enquanto se levantava e colocava a camisa, e em seguida, ele sorriu, mas Anne não pareceu gostar do que ele havia dito - O que foi? Você não quer ser minha massagista? Tudo bem, eu posso arrumar outra... Talvez Narcisa esteja livre... - ele disse em tom brincalhão, esperando fazer a namorada sorrir, mas Anne ficou mais séria ainda.
- Não é isso, Sirius... É que... - ela gaguejou, sem saber que palavras dizer. - Posso te pedir uma coisa?
- Claro. O que é?
- Eu preferiria que você me chamasse só de Anne mesmo... Eu não gosto do meu nome, Adrianne.
- Por que não? É um nome bonito.
- É que eu não sinto que esse seja o meu nome... Quando eu e Severo nascemos, meus pais só haviam esperado um filho, sempre um menino, e já haviam até escolhido que o bebê teria o nome do meu avô, Severo. Então o bebê nasceu, mas para surpresa deles, eles tiveram além do menino uma menina, eu, mas eles não haviam pensado num nome para menina, e de última hora, meus pais resolveram misturar os nomes deles, Andrew e Susanne, daí vem o Adrianne.
- E o que tem de mais?
- É que eu não me sinto à vontade com isso... Quer dizer, esse nome não é meu, é só uma parte do nome do meu pai e do nome da minha mãe, mas eu não me importo que me chamem de Anne, afinal, eu nunca conheci minha mãe mesmo. - ela respondeu dando de ombros.
Sirius olhou sério e pensativo para Anne por alguns instantes, até que ele finalmente falou.
- Eu não vou chamar você de Adrianne e muito menos de Anne. Eu vou dar um nome só para você, especialmente para você, e esse vai ser o nosso segredo. De hoje em diante, você será Annie. Minha adorável Annie... - ele passou a mão por entre os cabelos da garota, e a beijou. Enquanto os lábios se tocavam, um relógio ao longe soou doze vezes.
- Acho que já estamos começando mais um novo ano... - Anne disse olhando para o teto, procurando pelo relógio de onde havia saído as badaladas. Ela nunca havia visto um relógio na sala secreta, mas ela sempre escutava o relógio bater nas horas mais convenientes.
- Então eu só posso dizer uma coisa. Feliz Ano-Novo, Annie.
Anne sorriu ao escutar Sirius chamá-la pelo nome que ele havia lhe dado, agradecida pelo que ele fizera.
-Feliz Ano-Novo, Sirius...
Os dois se beijaram com doçura, mas quando os rostos dos dois se separaram, Anne decidiu ir embora.
- Bem, já que você não vai ensinar nada hoje, Sirius, então eu acho que é melhor nós irmos para nossos dormitórios. Faz tempo que eu não tenho uma boa noite de sono... - enquanto falava, Anne ia até a porta, mas quando a abriu, a mão de Sirius passou por cima do seu ombro e ele fechou a porta bruscamente, prendendo Anne entre ele e a porta.
- Eu não vou deixar você sair daqui outra vez, Annie, não hoje. - Sirius disse com um olhar sedutor que atraiu a garota - Eu tive que me controlar muito para deixar você sair daqui a um ano atrás.
- O que você...? Um ano atrás? - Anne olhou confusa para Sirius. - Então faz um ano que você... percebeu que sentia... algo por mim? - ela se sentia ao mesmo tempo surpresa e confusa. Ela não imaginava que ele havia se apaixonado por ela tão rapidamente.
Sirius não disse nada. Ele passou a mão que estava segurando a porta para trás da cabeça da garota e com ela levou o rosto de Anne até o seu. Os dois se beijaram suavemente, e se abraçaram, mas logo os beijos se tornaram mais, e as carícias mais audaciosas. Os dois sentiam o que um sentia pelo outro com aqueles toques. Todo amor, toda ternura estava em cada beijo, em cada sussurro.
O contato entre a pele de Anne e a do rapaz fazia com que ela se sentisse a única pessoa feliz de todo o mundo, e ao mesmo tempo, ela sentia que não podia ser feliz a não ser daquela maneira. Somente o olhar dele já fazia ela sentir-se melhor.
Delicadamente, a mão dela acariciava as costas dele. Ela podia jurar que sentia o coração dele bater ao mesmo tempo que podia sentir o próprio coração bater, como se fossem um.
Sirius se afastou da boca de Anne para começar a beijar o pescoço da garota. Ele queria encontrar uma forma de demonstrar para Anne o quanto ela era especial para ele. Ela fez com que ele pensasse em outras coisas que nunca havia pensado antes como no que faria depois de Hogwarts, e em todos os planos que ele começou a fazer, Anne sempre estava entre eles. Ele não conseguia mais imaginar sua vida sem a garota.
O olhar dos dois se encontraram, e eles perceberam o que estava prestes a acontecer, e não trocaram nenhuma palavra. Os olhares eram mais do que suficientes. As mãos dos dois se encontraram e uniram-se delicadamente. O que quer que fosse acontecer no futuro, o que importava era aquele momento, em que eles sabiam que estariam juntos para sempre, e as palavras não eram necessárias para que Sirius e Anne soubessem disso.
Sirius acariciou o rosto de Anne, que fechou os olhos, sentindo o corpo estremecer, enquanto a mão dele passava pelo seu rosto. O medo de que algo saísse errado era enorme, mas Sirius dominou esse temor. Suas mãos deslizaram pela cintura da garota, puxando-a para mais perto dele. Anne abriu os olhos, e aproximou os seus lábios dos lábios de Sirius. Seus lábios se tocaram suavemente, enquanto deitavam-se no sofá da sala, os dois nunca se sentindo tão completos quanto naquele instante.
