Lutando Pela Família
Os dias viravam semanas a medida em que o inverno ia engrossando, mudando a paisagem para uma camada branca de neve acima do normal. Na verdade, aquele parecia ser o inverno mais rigoroso que a Alemanha tinha recebido nos últimos anos. Talvez fosse uma resposta ao pedido de muitos que viram os horrores que a guerra tinha acometido nos anos em que o país foi vítima dos horríveis conflitos e batalhas, os quais já haviam custado a vida e o sangue de milhões, muito mais inocentes dos que os soldados envolvidos nos combates.
Todavia, haviam os pontos em que a paz se estendia, mesmo os mais efêmeros e isolado, como a cabana onde as duas fugitivas de Dachau, Kiyone e Mihoshi, moravam nas semanas posteriores após sua fuga do trem acidentado, juntamente com a pequena Sasha. A convivência da criança com as duas mulheres era maravilhosa, todas se viam como uma só família. Sasha as amava como suas mães e não fazia conta de ambas serem amantes e elas tinham um sentimento igual pela garotinha. Verdade que um dia, teriam de devolvê-la ao seu pai, caso ainda estivesse vivo e até lá, desfrutariam da companhia uma da outra, sendo que a guerra as separou de seus parentes, e faziam figa pelo dia em que a guerra também terminaria e desse jeito, acharem um lugar que poderão chamar de lar.
Quando o inverno começou, viram que iam precisar dar duro para conservar sua nova casa e mantê-la protegida do frio, indo de arrumar uma grande quantia de lenha até lacrarem todos os buracos nas paredes e teto expostos e não eram poucos, demonstrando que de fato a cabana devia estar abandonada há muito tempo mesmo. Não foi fácil, mas trabalhando juntas, as três puseram o lugar em ordem e bem a tempo para a chegada dos dias mais frios daquele ano.
Procurar comida não era um problema, sendo que a vida animal era abundante na região, conseguindo de pássaros até coelhos e similares para sua alimentação. Naturalmente, Sasha ficava com pena dos bichinhos, principalmente dos filhotes ou que tinham família. Quando eram esses casos, Mihoshi e Kiyone os soltavam, mas por sorte, haviam muitos outros que serviriam de alimento para as três. A inocente loira revelou-se uma ótima cozinheira e preparava belos e suculentos pratos para sua noiva e filha adotiva, usando os temperos armazenados no porão da casa e dar assim um toque especial nas refeições.
Para os dias em que o frio não estava tão intenso, Sasha pegava pra brincar na neve e suas mães iam com ela. Para todos os sentidos, as duas moças e a criança se sentiam no seu próprio canto do paraíso onde a guerra não poria suas desagradáveis mãos. As brincadeiras iam de bolas de neve até descer pequenos morros nos trenós achados na casa. Já de noite, se aconchegavam perante a lareira e cantavam ou contavam histórias até que chegasse a hora de dormir. Sasha ia para seu quarto, coberta na cama com carinho por suas dedicadas mães e depois, Mihoshi e Kiyone iam para seu leito, usufruindo de sexo repleto de amor ou somente se abraçando até que viesse o sono.
E se seguiu dessa maneira a cada dia da estação gelada.
Num dia quando a nevasca pareceu diminuir, Kiyone e Mihoshi saíram pra buscar peixes num rio próximo. Instruída pelas mães, Sasha mantinha a porta fechada e não abriria pra ninguém, exceto para as duas e so se daria ao ouvir a senha de batidas que tinham ensaiado. Embora não visse viva alma humana desde que fugiram do campo, seria prudente não arriscar encontrar alguém que poderia não ser tão bem intencionado.
Após uma manhã bem sucedida de pesca, as duas companheiras regressavam contentes com uma ótima abundância de peixes bem pescados.
"Este dia rendeu bastante, Kiyone. Vamos ter peixe de tudo que é jeito pela semana toda: ensopado, frito, grelhado, quem sabe até na torta. Vovó me ensinou como fazer torta de peixe."
"Eu lembro. Você me deu um pedaço uma vez. Achei esquisito, mas reconheço que estava uma delícia. E aposto que Sasha irá gostar também. Você é uma chef de mão cheia, ainda mais quando se trata de peixe."
"Obrigada. Ei, não é má ideia. Talvez, depois que nos mudarmos pra América, possamos abrir um restaurante especializado em pratos de peixe. A gente vai pra América, não vamos?"
"Claro que sim, amor." Kiyone beijou sua amada no rosto. "Lá é uma grande terra de oportunidades pra quem busca prosperar. Talvez tenhamos dificuldades no começo, mas iremos vencer."
"E nos casaremos também?"
"É o que mais desejo. Viver cada dia ao lado da mulher por quem me apaixonei e da menina que vejo como nossa filha." Mihoshi se comoveu pelo que Kiyone tinha dito e lhe abraçou. A jovem de cabeleira verde escura retribuiu o gesto com um sorriso. O amor delas se mostrava o mais verdadeiro que tinha experimentado.
"Vejam só. Não é derreter o coração?" Escutou-se uma voz por trás de um arbusto coberto de neve. As duas moças se viraram e o que viram lhes gelou o sangue: dois soldados alemães empunhando rifles e com as vestes bem rasgadas, parecendo terem saído de um confronto. "Guten Tag, meine Damen(boa tarde, senhoritas)."
"AHHH. Por favor, não atirem." Mihoshi ergueu os braços em pânico. Kiyone teve que fazer igual. "O que querem de nós?"
"O que queremos, meine Damen? Apenas um lugar pra ficarmos e descansarmos após termos fugido por semanas dos americanos desgraçados que invadiram o campo Dachau. Puseram tudo abaixo quando íamos fuzilar alguns judeus fracotes. A maior parte das tropas se rendeu, alguns tentaram o confronto e tomaram chumbo. Só um pequeno fugiu e perseguido como cães."
"E é bem mais do que mereciam, seus monstros. Pensam que são superiores devido à sua aparência? Acreditam nessa besteira de 'raça superior'? Ha, seu líder não passa de um doido varrido que tenho certeza: vai usar uma saída bem covarde." Kiyone falou em desafio, apesar das armas diante dela e de sua amada. Mihoshi tentava não mostrar medo.
"Trate de dobrar sua língua, mocinha, ou então..." Nesta hora, o soldado reparou bem no perfil de Kiyone, lhe pairando uma ideia na cabeça. "Espera aí. Estou te reconhecendo. Comandante Karla Munnhaimer, não é? A líder do campo que sumiu após o acidente de trem?"
"Sim, é a própria. Então, resolveu desertar pra morar com essa escura que viola e prejudica a boa imagem do povo alemão? Sabe com quem está lidando?"
"Sim, com a mulher mais linda e gentil que conheci em toda minha vida e se querem saber, nunca fui totalmente alemã. Meu sobrenome é Makibi e tomei o lugar do seu precioso comandante por ela. Aliás, admito que fui eu quem colocou os americanos pra caçarem seus rabos, dizendo onde acharem o campo Dachau com um uso prático do código morse, enviando uma mensagem quando ninguém olhava. Tomem essas, chucrutes."
Se via uma fúria indescritível nos olhos dos soldados, não somente por terem sido tapeados por uma falsa comandante como também que tinham perdidos sua base e companheiros de pátria e agora, eram perseguidos como as pessoas que eles caçavam e matavam sem piedade. Sem hesitar, engatilharam os fuzis.
"Dupla de vadias. Tínhamos planos de poupá-las pra serem nossas criadas, mas agora irão sofrer bem mais, pois vamos deixá-las aqui no frio, com as pernas cravadas de balas para morrerem no meio da neve. Alguma palavra final?"
"Só duas: COMAM PEIXE." Mihoshi rapidamente jogou os peixes em sua mão na cara dos soldados, os desnorteando o bastante pra Kiyone os empurrar num pequeno barranco e vê-los despencar na neve. Sem pestanejar, pegou Mihoshi e saiu floresta adentro. Os nazistas logo se reagruparam e trataram de segui-las.
Correr no meio da neve não era tarefa fácil, pois em algum lugar, sempre se escondia pedras ou troncos enterrados pela friagem. Todavia, as duas amantes tinham andado por aqueles lados o bastante pra saber onde pisar com segurança, algo que seus perseguidores ignoravam. Parecia sua única vantagem sobre eles.
"Kiyone, o que faremos? Não podemos voltar para a casa pois se a acharem..."
"Eu sei, Sasha estará em perigo. Ali, naquela árvore." Elas pararam perante um cedro enorme coberto de neve e viraram para trás, ouvindo barulhos pela mata branca. "Temos que nos separar. Vou pela esquerda e você, pela direita. Com sorte, irão perseguir a mim e daí, você volta pra cabana."
"E se vierem atrás de nós duas?"
"Nesse caso, que Deus nos ajude a escaparmos vivas e nos reencontrarmos. Do contrário, temo que só uma..."
"Nem pense nisso, querida." Mihoshi lhe deu a mão em amparo. "Vamos sair dessa, nos reencontrar, rever nossa filha e daí, quando tudo estiver em paz, imigrar para a América. É uma promessa."
A loira bronzeada apontou o dedo mindinho, esperando que Kiyone estendesse o gesto. Não tardou para ela compreender e entrelaçou seu dedo com o da companheira, sorrindo e firme na fé.
"Sim, uma promessa. Boa sorte, meu anjo." E com um beijo caloroso, as duas mulheres se separaram, indo cada uma pra uma direção. Logo a seguir, os dois soldados chegaram na árvore, pensando em qual caminho ir.
"E agora? Pra que direção foram? Não creio que tenham ido por outro lado."
"E não foram, veja. Pegadas, pros dois lados. Devem ter se separado. Eu pego a esquerda. Vá pela direita."
"Tem certeza?"
"Tá com medo de quê? Estão desarmadas e sozinhas. O que elas poderiam fazer? Nos atacar com bolas de neve?" Concordando com seu parceiro, tratou de pegar o caminho em busca de sua presa.
A extensão de neve era maior do que Kiyone tinha imaginado que seria e por mais que tivesse memorizado cada centímetro da região, não significava haver facilidade em percorrer o caminho. Contudo, a moça não ia entregar os pontos e deixar aquela escória por as mãos em sua família, motivo que ia correndo o máximo que as pernas lhe permitiam.
Pensando estar segura, parou pra recuperar o fôlego antes de prosseguir, mas bastou o som de um remexido de arbusto coberto de neve para perceber não estar sozinha naquele local. Empunhando uma faca de caça de dentro da manga, Kiyone tratou de ficar alerta ao desafio que enfrentaria. Todavia, ao verificar o ambiente, notou algo que fez sorrir.
"Exato. É aqui mesmo que vou pegá-lo de jeito. Se aquela caverna for a que imagino..." Com esse pensamento, Kiyone se escondeu atrás de uma grande árvore e ficou de prontidão para executar seu plano.
Passos pesados como os de uma bota grossa puderam ser escutados e vindo para vez mais perto. Embora a neve absorva boa parte do som, o remexer de neve era bem claro e iam na direção das árvores onde a jovem fugitiva se escondeu.
Com seu fuzil armado, o soldado nazista vinha como se fosse um caçador na busca por uma presa valiosa, seguindo as pegadas agora sendo cobertas pela fina nevasca que se seguia. Sua vontade de colocar as mãos na pele macia daquela mulher e usá-la para o que bem quisesse lhe tomava a mente, ignorando a chance de poder ser pego de surpresa.
"Não tenho medo de mulher alguma. O que ela irá fazer? Me acertar com sua escova de cabelo? Se ela for boazinha, quem sabe eu..." Mas nada disso iria se dar, pois por subestimar sua caça, nem reparou no vulto em suas costas, descendo a faca de caçador bem na parte oposta de seu ombro direito.
"AAAAHHHH. QUE DOR." Ele gritou a todo pulmão, deixando sua arma de fogo cair ao longe devido ao impulso feito pelo braço com o impacto. Ao se virar, Kiyone se mantinha posicionada para atacar se necessário.
"D-desgraçada. Vou te fazer em pedaços, vadia."
"Tenta se puder, seu monstro."
O soldado não tinha mais o fuzil, mas não ia se render com facilidade, pois puxou uma faca do cinto e avançou contra a mulher de cabelo esverdeado, faltando um fio pra acertá-la. Kiyone não deu mole e saiu da frente, metendo um joelhada contra o soldado ferido, mas não o bastante pra fazê-lo largar sua lâmina.
Apesar da vantagem, Kiyone não parecia se esforçar em enfrentá-lo, mais indo na condição de guiá-lo pra perto de um barranco. Seu inimigo tanto focava em querer atingi-la que não se dava conta de onde seus passos o levavam.
Por fim, Kiyone pareceu ter chegado ao ponto exato que queria estar e viu ser a hora certa de agir. "Certo então, chucrute. Você me deseja? Pois bem. Me pegue agora. Vou ser boazinha e te dar uma oportunidade de me pegar. Se puder, sou toda sua. Venha aqui, então."
"Ahhh. Querendo me fazer de bobo? Agora vai ver, maldita." Mas infelizmente, o pior recaiu sobre ele, pois não reparou na raiz externa, a qual Kiyone tinha certeza de estar lá, já que uma vez tropeçou nela e o desequilíbrio a impulsionou barranco abaixo, a levando para uma caverna abaixo da encosta, e agora a cena se repetia. O soldado caiu de mal jeito e rolou vários metros até a entrada da caverna, parando quando não havia mais inclinação para rolar.
Dentro da caverna, ele notou não estar sozinho e isso tinha fundamento, pois uma matilha de lobos ferozes o cercavam e por suas expressões, mostravam-se famintos.
"Ah, essa não. Mein Gott." Ele tentou se levantar, mas o tropeço na raiz foi mais sério do que imaginou e sentiu uma forte dor no tornozelo, o impedindo de ficar de pé. Tal situação já tinha se dado com Kiyone, mas ela tinha dado sorte no dia porque não tinha se ferido e Mihoshi jogou alguns peixes pra distrair os lobos, dando tempo pra escapulir. O infame nazista não ia ter essa chance, conforme os vorazes animais iam pra perto dele.
Do lado de fora, a moça aguardava por ouvir aquilo que ia se dar, esperando poder ir atrás de sua amada em segurança.
"Mas que demora. Pelas feridas no corpo e considerando a chance dele ter torcido o pé na queda, já não era hora de..."
"AAAHHHHHH." Um tenebroso grito foi ouvido na gruta, assim com latidos e uivos de lobos disputando por uma boa presa.
"Ok, estou contente. Agora, não perder tempo e ir até Mihoshi...e rezar que ela possa estar bem." E afastando-se da caverna onde a última súplica de um homem ainda era escutada, Kiyone saiu floresta adentro, esperando não chegar tarde demais.
"Arff, arff, arff. Correr nessa neve não é tão moleza quanto imaginei, mas creio ter despistado o soldado." Mihoshi sentou-se numa pedra pra recuperar um pouco de ar.
Porém, não pôde aproveitar pra mais descanso uma vez que escutou algo parecendo chegar perto. Tendo em mãos um galho de árvore, se preparou pro pior, mas para sua sorte, era só uma lebre vindo por trás de uma moita branca.
"Puxa, que sorte. É apenas uma lebre. Ei, amiguinho. Se perdeu da sua toca ou..." Mas foi aí que sentiu algo pontudo lhe tocando as costas. Ao se virar, o soldado nazista segurava seu fuzil com a ponta afiada do cano atrás de Mihoshi, exibindo uma face perversa.
"Fica bem aí, guria, ou vai terminar muito mal. Se for boazinha, talvez te deixe quase inteira para ser minha criada ou algo do tipo. Sabe, estava querendo levar uma lembrancinha assim que acabasse a guerra. "
"Por favor, não me machuque. Farei o que quer, mas peço que deixe Kiyone em paz."
"Kiyone? Diz, aquela vadia que se passou por minha líder e condenou toda a base por uma simples ralé? Hmmm, posso penar no caso...se meu parceiro já não a tiver feito em picadinho. Ha, ha, ha."
Tal horror passou brevemente pela mente de Mihoshi. Só a ideia de sua namorada estar e perigo e correndo risco de morte lhe comia por dentro, quase com o desejo de chorar, mas resistia e buscava manter a coragem e esperando por uma saída daquele dilema.
"Eu não gosto desse galho na sua mão. Jogue-o fora e já." Sem escolha, a loira lançou o pedaço de madeira para o alto, buscando esperar que ele caísse na cabeça do homem armado, mas algo similar aconteceu: ele acertou em cheio uma colmeia presa num galho bem acima e o impacto o desprendeu, acertando em cheio o soldado bem na cabeça, dando chance para ela fugir e se esconder atrás de uma outra árvore.
O malvado soldado se recobrou e já ia buscar sua presa, mas por infortúnio, um enxame de vespas saiu de dentro da colmeia danificada e focou sua ira contra o primeiro que avistaram e no caso, o azarado soldado, imediatamente cercado pelos perigosos insetos.
"AHHH. VESPAS, NÃO. SOU ALÉRGICO AS PICADAS DELAS. AHHHHHH." Saiu correndo e trombando em tudo pela frente, tentando despistar as furiosas vespas, mas de nada adiantou, uma vez que acabou cercado e ferroado por todo o canto do corpo. Seus gritos foram abafados pelas dores expostas na garganta, sendo também incapaz de gesticular.
Tendo certeza de que o soldado e os insetos já tinham ido embora, Mihoshi deixou seu refúgio e andou devagar para não fazer barulho. Alguns metros adiante, achou o fuzil caído e o pegou, vendo uma boa chance de se defender. Indo pra um pouco mais longe, o que presenciou era medonho: o nazista jazia no chão, extremamente inchado no rosto e sem respirar, dando a plena certeza de estar completamente morto.
"Quem diria. Causou tanto pavor em muitos inocentes, se achando tão alto e onipotente por pensar ser de uma 'raça superior' e terminou desse jeito, morto por coisinhas tão pequenas. Irônico."
"Eu não daria um epitáfio mais criativo." Tomada pelo susto do que ouvira, Mihoshi logo reconheceu aquela voz que sempre a tranquilizou e a amparou nas horas mais necessitadas.
"KIYONE."
"MIHOSHI."
Ambas sorriram e se abraçaram emocionadas pelo reencontro, revelando o quanto se sentiam aliviadas por estarem juntas novamente.
"Kiyone, minha Kiyone. Dou graças a Deus por estar bem. Pensei que nunca mais colocaria os olhos em você."
"Nem de longe ou em sonho iria rolar você sair de minha vida, minha linda. Foi um sufoco, mas pude escapar, mesmo que sendo por um triz. Mas e você? Vejo que deu conta do recado."
"A velha sorte me deu uma mãozinha como de costume. Se acertar aquela colmeia não foi um milagre ou sorte, nem sei como classificar, se foi coincidência ou o acaso."
"São duas coisas que andam de mãos dadas, assim com se dá conosco. Agora, é melhor voltarmos pra casa, pois Sasha deve estar bem preocupada, e seria bom não falarmos disso com ela ou sem dúvida, ela não vai nos deixar sair de casa tão cedo."
A jovem de belos olhos azuis e pele escura consentiu e voltando até onde tinham se encontrado com os soldados renegados, recolheram os peixes ainda frescos e ilesos de qualquer animal que poderia tê-los devorados e partindo de volta ao seu confortável e amoroso lar.
"Mãe, mamãe. Fiquei preocupada." Sasha agarrou as duas moças pelas pernas, juntando-as num abraço, retribuindo o gesto para com sua filha adotiva.
"Desculpe o atraso, docinho. Os peixes não foram tão fáceis de pegar."
"Kiyone tá certa, e desculpe por te preocupar, mas vai ver que compensou ter esperado. Quer ver como a mamãe frita um peixe e o deixa bem gostoso?"
"Sim, sim, eu quero. Vamos pra cozinha." A jovenzinha foi com sua mãe adotiva preparar a refeição, enquanto a mulher de cabeleira verde punha mais lenha no fogo, satisfeita por voltar são e salva com sua companheira até em casa, e esperando de todo coração o fim daquela hedionda guerra e dessa forma, partir com sua família na direção de um lugar onde poderão chamar de lar.
Continua...
