Depois de toda a dor atribuída ao rompimento, o objetivo de Sheldon era deixar Amy feliz. Ele não queria mais perder essa garota. O tempo que passaram separados foi o pior de toda a sua vida. Cortar a pele com papel não se compara à tristeza de viver sem a voz de Amy do outro lado do telefone na hora de dormir ou em uma chamada de vídeo quando ela viaja para visitar as tias ou então a contemplação de seus dedos deslizando na harpa enquanto sorrir e canta ao mesmo tempo. De forma significativa, Sheldon queria demonstrar o quanto ela é importante em sua vida. Para isso, ele ficou animado com a perspectiva de surpreendê-la com o melhor presente de aniversário; um presente que Amy nunca esqueceria e que o libertaria do Dia dos Namorados por um bom tempo!

A teoria era fácil, mas não era simples chegar a um denominador comum. As opções de presentes eram muitas e ele tinha dúvidas sobre qual seria a escolha mais assertiva, a mais importante, aquela que faria Amy transbordar de felicidade. Dada sua pouca experiência, era quase certo que ele precisaria de ajuda para tomar essa decisão. Por causa de sua falta de habilidade com as emoções humanas, seu coração estava dividido entre a chance de Amy tocar harpa na Filarmônica de Los Angeles, tricotar seu próprio suéter no festival de lã de ovelha de Wisconsin e a possibilidade de coito. Mas o coito implicava outras coisas como perder a virgindade.

Para um ser humano adulto, perder a virgindade não é problema. Para Sheldon Cooper significava ir além de uma de suas maiores certezas: que ele era um ser superior e como tal não teria que se submeter aos atos de acasalamento impostos pela loucura da mãe natureza nem seria obrigado a encontrar uma parceira e criar vínculos definitivos. Para se tornar um homem completamente feliz basta ganhar o Prêmio Nobel! Foi o que ele pensou até conhecer a Dra. Amy Farrah Fowler e ter suas entranhas modificadas como se ela possuísse algum tipo de magia naqueles olhos verdes, ou pior!

Estranhamente, depois que Amy entrou em sua vida, ele estava um passo mais perto de uma grande mudança e não estava pirando com isso. Sheldon descobriu que ama tanto Amy que faria qualquer coisa por ela, desde que não tivesse que lutar contra uma vaca louca ou contra uma galinha!

Como Amy, Sheldon nunca fez sexo antes. Até aquele momento, ele nunca esperava se interessar por esse nível de intimidade um dia ou outro, considerando que beijar também é uma espécie de contrair germes e doenças! Ainda assim, graças a Amy, ele já tinha beijado um número significativo de vezes, e isso era um progresso comparado aos outros medos e fobias que ele nunca superou. Como o medo de coelhos gigantes mordendo seu rosto e também os abraços apertados de Penny que geralmente suprimem o ar de seus pulmões, causando asfixia e vermelhidão.

Sheldon conhecia a mecânica humana de reprodução. Ele sabia, em teoria, melhor do que todos os seus amigos juntos. Se alguém tivesse alguma dúvida sobre o assunto, como um cientista brilhante, ele teria todas as respostas na ponta da língua. Desde criança, sexo nunca foi um tabu. Sheldon algumas vezes tentou vender seu esperma como fonte de pesquisa e para ajudar a povoar o mundo com crianças bonitas e inteligentes. Como não havia garantia de que seus genes produziriam bebês tão inteligentes quanto ele, desistiu antes mesmo de completar a inscrição. A conclusão foi que Sheldon ainda era tão virgem quanto o mais puro algodão, e ele não tinha vergonha de ser. Uma de suas teses garantia que nunca chegaria o dia em que ocorreria a possibilidade de fazer amor com alguém. Até que ele se apaixonou por uma Neurocientista formada em Harvard que se parecia tão incrivelmente com ele quanto nenhuma outra pessoa no mundo. Talvez do universo. Mas ele não conhecia pessoalmente o universo, então do próprio mundo mesmo!

Durante dois dias, depois de escolher o coito como presente de aniversário para a namorada, Sheldon se preparou para o grande dia. Após a conversa com Penny e Bernadette, ele estava mais convencido do que nunca de que estava pronto para levar seu relacionamento com Amy para o próximo nível. Por fora, ele mantinha a compostura, enquanto por dentro cada um de seus órgãos queimava como carvão de trens a vapor. Por esta razão, Sheldon perdeu uma noite de sono.

A primeira vez que a insônia aconteceu, ele tinha um ano e meio. Missy dormia tranquila do outro lado do berço, mas seus pais faziam tanto barulho na cama, sussurravam e gemiam tanto dentro do quarto que ele, mesmo sendo um bebê, teve pesadelos a noite toda. A segunda vez que ele experimentou insônia foi quando seu vencedor do Prêmio Nobel favorito perdeu. Naquele dia, Sheldon disse a si mesmo que os cientistas também podem ser desprovidos de inteligência. A terceira vez foi a mais cruel de todas, porque foi quando seu pai morreu. Sheldon não teve uma boa noite de sono por duas noites. E agora ele estava bem no meio de uma questão muito familiar: insônia!

Enquanto tentava dormir, Sheldon se perguntava se teria coragem de ir até o fim com Amy. Ele tinha medo de ficar estressado e acabar estragando tudo. Durante esses dois dias, Sheldon lutou com o que chamou de um impasse infernal. Não que acreditasse no vínculo religioso, mas porque a premissa era verdadeira. Noites consecutivas sem dormir e sonhos com pessoas mortas podem causar danos significativos ao cérebro. Ele prefere não arriscar. Além do conselho de Arthur, seu fantasma favorito, Sheldon recorreu a Penny para instruí-lo. Por mais que ele conhecesse a teoria melhor do que a soma de todas as pessoas que conhece, não há nada como ouvi-la de alguém que tem um conhecimento tão vasto sobre sexo.

Naquela tarde, antes do aniversário de Amy, Sheldon fez chá e pediu uma conversa com Penny. Disposta a ajudá-lo com qualquer coisa que pudesse lhe oferecer, Penny sentou-se em uma cadeira na ilha da cozinha. Enquanto Sheldon servia o chá, ela enfiou o brinco na orelha. Penny também observou os lábios de Sheldon sendo mordidos como se estivesse nervoso. Isso significava que o assunto era importante para ele ou então ele não teria suas bochechas brilhando ou suas mãos tão vermelhas.

"Penny, eu gostaria de saber sua opinião." Disse Sheldon, entregando-lhe a caneca com a bebida quente.

Penny assentiu e escutou.

"Excelente!" Ele disse. "Como você sabe, eu não tenho a sua experiência com o coito..."

"Você quer dizer que você não tem nenhuma experiência!"

Sheldon fez um gesto de desprezo ao comentário. Depois continuou: "Gostaria de saber do que as mulheres gostam. Eu sei que o corpo de uma mulher é diferente do de um homem, então gostaria de saber o que vocês fazem durante a relação sexual."

"Olha, fofinho, eu amo o fato de você saber que as mulheres não têm pênis. Saber disso facilita muito!"

"Mas é claro que eu sei a diferença entre a genitália masculina e feminina. Que tipo de cientista você acha que eu sou?"

"Ah, bom, porque em todos os anos que eu te conheço, às vezes eu pensei que você não poderia distinguir uma berinjela de um morango!"

"Frutas? Isso é sério? Você vai falar de frutas quando o assunto é delicado?" Sheldon estava confuso.

"Esqueça o que eu disse e preste atenção." Sheldon obedeceu e virou os olhos para o olhar de Penny. "As mulheres são mais delicadas, então você tem que ter calma. As mulheres precisam ser estimuladas, então você pode usar a mão. Use sua mão!" Sheldon fez anotações mentais. "Use as pontas dos dedos... e a boca... como ela preferir!"

"A boca?" Sheldon quase derrubou o chá.

"Você nunca ouviu falar de sexo oral?"

"Começo a me questionar se o coito é o melhor presente de aniversário para dar a Amy!"

"Sobre isso, sem dúvida, baby! Se você fizer com Amy tudo o que as mulheres gostam, tenho certeza que ela não vai querer outro presente na vida!"

"Como eu... como eu faço..."

"Sexo oral?"

"Pelo amor de Deus, Penny, não fale tão alto!"

"Sheldon pare de ser bobo, você não precisa ter vergonha de falar sobre sexo!"

"Não tenho vergonha... só não quero espalhar minha intimidade aos quatro ventos!"

"Então, você quer ou não quer saber do que as mulheres gostam?"

"Eu quero, mas você não facilita!"

"Uma mulher gosta de se sentir desejada. Você pode beijar Amy e dizer a ela o quanto você a ama. Você também pode tirar a calcinha dela sem pressa, aproveitando para acariciar seu corpo."

"Como vou saber se ela gosta? Eu pergunto?"

"Acredite em mim. Você vai saber!"

"Está tudo bem. Mas e se eu ainda não souber se ela gosta ou não? Posso ser muito ruim em entender as emoções das pessoas."

"Eu sei. Você é terrível!" Penny concordou. "Se Amy está gostando das carícias, ela vai gemer, seu corpo vai ficar quente, ela também pode ter respiração rápida."

"Entendo! Estes são os mesmos sintomas de um ataque de pânico!"

"O quê? Não! Claro que não! Se você fizer tudo que eu te ensino eu garanto que Amy não vai ter um ataque de pânico, mas um orgasmo nas preliminares!"

"Ah, sim, eu li sobre as preliminares. Eu li que as preliminares podem durar uma quantidade variável de tempo entre tigres muito mais do que entre os humanos. Você sabia que os tigres podem fazer o coito 80 vezes por dia, mesmo quando exaustos?

O queixo de Penny caiu. Como Sheldon poderia viver sem testosterona? Será que ele tinha testosterona? Ela se perguntou.

"Perfeito! Você vai fingir que Amy é uma tigresa que precisa acasalar com um macho alfa. Diga a ela que você está apaixonado, e então você vai dar a ela uma maravilhosa sessão de beijos íntimos."

Sheldon começou a rir quase sem controle. Penny não sabia se ele estava rindo de nervoso ou porque achou alguma coisa engraçada.

"E agora? Por que você está rindo?"

"Fica mais engraçado quando você fala!"

"Você não vai achar nada engraçado quando for a vez dela fazer isso com você!"

De repente, Sheldon ficou em silêncio. Ele não tinha pensado que seu corpo também seria tocado dessa maneira insalubre.

"Sheldon, algumas mulheres também gostam de ser beijadas nos seios, no pescoço, nas coxas. Algumas mulheres gostam de levar um tapa na bunda."

Sheldon começou a sorrir novamente.

Depois que ele parou de rir, ele acrescentou que as mulheres são mais loucas do que ele imaginava. Quem gosta de apanhar? Não faz sentido! Lembrou-se de quando foi punido quando criança. Por vergonha, ele não gostou da experiência. Penny explicou que não era esse tipo de disciplina e disse que Leonard adora ser beliscado na bunda, por exemplo.

"Beliscões nas nádegas? Por Deus, eu não precisava saber disso!" Sheldon ficou horrorizado. "Quem são vocês, seus rebeldes? Uma dupla de malfeitores bem aqui debaixo do meu nariz?"

"Aposto que você também vai descobrir algo que gosta e ainda não conhece! Amy vai descobrir seu lado selvagem, tenho certeza!"

"Acho que vamos levar a noite toda se seguirmos essas regras da Nova Era."

"Eu pensei que você gostasse de regras!"

"Esse é o problema. Eu amo!"

"Sheldon, o mais importante é que você queira estar com a mulher que ama. Se Amy for a pessoa certa, tudo vai dar certo!"

"Arthur disse isso também!" Sheldon se lembrou do sonho da noite anterior e seus olhos vagaram acompanhados por um sorriso suave nos lábios.

"Quem é Artur?"

"É o fantasma do Professor Proton. Ele me deu muitos bons conselhos!"

"Claro que sim."

"Obrigado por sua ajuda. Eu vou fazer o meu melhor para fazer Amy ter um orgasmo hoje. Mas eu não acho que ela vai gritar como você, porque Amy não é escandalosa ou religiosa como você para usar o nome de Deus durante a relação sexual!"

A declaração de Sheldon garantiu que ele estava disposto a ir em frente e fazer tudo certo com Amy. Também mostrou que ele continua o mesmo e não mede palavras.

Depois de expressar sua gratidão, Sheldon abandonou o chá no balcão, saiu da cozinha e foi para o quarto com um sorriso vitorioso, deixando Penny sem saber o que dizer. Por que ele sempre tinha que deixar as pessoas sem palavras? Apenas por um momento esquecer que ele é um alienígena é pedir demais?