Capítulo XVIII- Prenúncios de uma guerra

- Milord, tenho certeza absoluta de que os enviei para cá! – disse Alastor Moody, tremendo da cabeça aos pés. Naquele instante, começara a se arrepender profundamente de tudo o que fizera, desde o momento em que entrara no circulo de Voldemort. Naquele momento lembrou-se de uma frase que ouvira a muitos e muitos anos, Severo Snape comentar a Alvo Dumbledore. "O arrependimento vem. O arrependimento sempre vem". E Snape estava coberto de razão (em alguns casos, Moody admitia que Snape tinha razão, afinal sempre tivera, bastante experiência nas lides das Artes das trevas) Moody tremia apenas com o olhar de Voldemort. Embora no passado tivesse sido, um respeitado auror, nunca experimentara a maldição Crucio. Porém sabia que os efeitos desta eram fortíssimos e mais dolorosos do que, por vezes, a própria morte.

- Fale logo, Moody! – Voldemort se pronunciou, apontando sua varinha em direção ao ex-auror, que parecia imóvel de tanto temor.

Draco Malfoy pensava se devia falar ou não, o que presenciara no julgamento, e por fim disse:

- Milord, ele está falando a verdade!

A varinha de Voldemort se desviou de Moody e passou a apontar para Draco Malfoy.

- Defendendo, Moody? – perguntou Voldemort. – Draco Malfoy você me parece muito sentimental ultimamente,

- Não é sentimentalismo, milord. – retrucou Draco, rapidamente. O rapaz não parecia ter visto todos os aspectos dramáticos da situação. – Acontece que estive no julgamento e vi quando Moody mandou meu pai, meu padrinho e o idiota do Richard para cá. – explicou o rapaz- Tanto é verdade que o auror Longbotton protestou com todas as suas forças. O senhor sabe o quanto ele e Richard são amigos.

- Se ambos não fossem casados, eu juraria que tinham um romance. – contrapôs Moody, com sarcasmo.

- Cale a boca, Moody. – ordenou Voldemort, parecendo sair de sua boca pequenos cubos de gelo. Alastor Moody encolheu os ombros e calou-se.- Continue Malfoy, isso está me interessando deveras.

- Não há mais nada o que contar. Todos vieram para Azkaban, exceto Crabbe, Goyle e Karkaroff, que foram enviados ao St. Mugus. Espere! – disse Draco, olhando os presentes- Karkaroff está aqui. – comentou, com incrédula surpresa. – Mas tenho certeza que os vi saírem ladeados por aurores!

Voldemort não moveu o corpo, apenas voltou a apontar varinha para Moody e disse:

- Cruccio!

Os gritos do ex-auror encheram o ar e prenderam a atenção de todos os presentes. Alguns dos presos haviam sido capturados por Moody e estes ficaram muito contentes, e a despeito de tudo o que haviam passado, sorriram. Era tão bom ver um algoz sofrendo!

- Conte-me mais, Malfoy. – pediu Voldemort, sem desviar a varinha de Moody, que continuava se retorcendo e gritando no chão. O Lord das Trevas parecia, de quando em quando, intensificar os movimentos e com isso tornava a tortura ainda mais forte.

- Apenas uma coisa me chamou muita atenção.- recordou o rapaz.- Nem o meu pai, nem o padrinho tentaram falar nada...pareciam entorpecidos. Acredito que foram muito torturados, com feitiços de toda a ordem, antes do julgamento. Outra coisa que achei interessante foi que Crabbe e Goyle me pareceram bastante inteligentes.

- Explique-se melhor. – O Lord estava diminuindo a intensidade das torturas em Moody, e por fim parara. O ex-auror ainda se retorcia no chão, mas agora em silêncio, decerto sentindo todas as dores que a Maldição lhe impingira.

- Bem, Crabbe e Goyle conseguiram convencer o júri a lhes enviar para o St. Mugus ao invés virem para Azkaban. – explicou Draco, olhando para Moody- Moody tentou aumentar a pena, porém acredito que os membros do júri acharam os dois burros demais para seguí-lo por livre e espontânea vontade.

- E quem foi o ator que representou Igor? – quis saber o Lord, com um brilho estranho no olhar.

- Ator? – estranhou Draco. – Que ator?

- Me fale sobre as palavras de Igor. – naquele instante Moody se erguia do chão, enquanto o Lord das Trevas o observava com uma expressão de total desprezo.

- Karkaroff parecia muito doente, muito temeroso de que o senhor o matasse...Uma espécie de idéia fixa... Não sei explicar bem, mas pelo que percebi, era o próprio Igor Karkaroff.

- Golpe bem dado! – elogiou o Lord.

- Golpe, milord? – estranhou Draco Malfoy.

- Aqueles três traidores se fizeram passar pelos três mais imbecis, para irem direto ao St. Mugus e não virem para cá. – comentou o Lord com grande frieza. – Decerto foi mais uma das pequenas idéias de Severo. E quanto a você Moody, como foi imbecil a ponto de não perceber nada?

- Não havia nada o que perceber, milord.- explicou ele, ainda tremendo devido as dores alucinantes que sentia.

- O que o senhor quer dizer, e que possivelmente deva estar correto - comentou Draco, o que arrancou um rosnado de Moody – è que se Igor, Crabbe e Goyle estão aqui, os que estão no St. Mugus são meu pai, meu padrinho e o Richard? –perguntou Draco incrédulo.

- Que raciocínio brilhante, Malfoy! – comentou o Lord com sarcasmo, olhando para os outros seguidores, que continuavam sentados pelo chão.Os dementadores estavam a uma prudente distância aguardando ordens.

- Vamos até o St. Mugus... Os três devem ser a isca de Dumbledore...

- Alvo já era! – comentou Moody, sem modéstia - O tirei da direção da escola e coloquei todo o mundo mágico contra ele.

- Algo bastante inteligente, Moody. Algo do qual jamais imaginei que você fosse capaz. – contrapôs Voldemort. – Mas você deve sempre lembrar-se de que ele, embora com poucos aliados, continua sendo Alvo Dumbledore,e um adversário deste porte, continua sendo adversário! È bastante provável... – falou Voldemort em tom pensativo - ...que ele espere a minha chegada com vocês dois lá no St. Mugus para terminar com aqueles traidores. Draco Malfoy, lhe darei o privilégio quanto a seu pai.

Draco sorriu de maneira desagradável.

- Porém antes, vamos dar algum trabalho para aquele bando de idiotas. Claro Que iremos até lá, mas levaremos junto todos os dementadores, que terão plenos poderes... Dumbledore e os seus não serão páreo para nós! – decretou o Lord com desagradável confiança.


Aquela voz pareceu horrivelmente conhecida para Severo. Era dele, do Lord das Trevas. Com rapidez, ele virou a cabeça e viu o homem parado ao lado da porta. Logo atrás dele estavam Moody e Draco Malfoy. Severo Snape entreolhou-se com Lúcio que parecia incrédulo e com Richard, que perdera toda a cor devido ao susto.

- Mais um belo golpe, Severo! – elogiou o Lord observando com atenção as reações dos três homens. Naquele instante, Draco empunhou sua varinha, mas o Lord o deteve. – Ainda não! Ainda não! Sabe que você fica bem de Goyle, Lúcio? Você já se deteve a imaginar a vida que ele leva sendo constantemente ordenado por você?? Ficar na pele de um de seus capangas deve ser uma experiência ímpar. È uma pena que você não vai terá tempo de escrever um livro sobre essa experiência. – o Lord parou de falar e os espreitou com os olhos. - Richard, se eu disser que você sempre foi uma decepção para mim, estarei mentindo. Em alguns momentos você chegou a ser tão brilhante quanto Severo ou tão audaz quanto Lúcio.Porém estes foram tão raros que não consigo lembrar de nenhum. – finalizou ele, com ironia.

Severo acreditou que Richard Brown fosse desmaiar. O homem estava lívido como jamais estivera antes. Talvez fosse porque até aquele momento jamais vira a morte tão de perto. Snape percebeu a evidente satisfação de Moody que estava parado atrás do Lord. O ex-auror parecia radiante, pois estando no lado em que estivesse, seu sonho sempre fora capturar o Trio de Ouro, e para sua satisfação o dia chegara.

Do lado de fora do quarto, em diversos lugares se ouviam gritos de terror,em diversas vozes que pareciam se uniformizar e alguns Expecto Patrono eram proferidos, eventualmente. Só eventualmente.

- Não se preocupem, com o barulho meus caros. Essa é uma pequena compensação que estou proporcionando a nossos amigos Dementadores por seu tempo de espera. Desta maneira, aproveito e dou um pouquinho de trabalho aos aliados do velho bruxo adorador de trouxas e sangue-ruins.

Os olhos de Severo se arregalaram. Voldemort era frio e cruel, mas sabia que ele não era tão nefasto a ponto de atacar um hospital repleto de pessoas indefesas. Em determinadas épocas de seu reinado, ele fora de opinião de que se tinham que vencer as guerras a qualquer preço. Depois, passara a ser mais seletivo nas ações. Por exemplos não eram quaisquer trouxas que seriam torturados estes eram selecionados previamente.

- Quanto a você, Severo.. – ele indicou seu dedo pálido e semitransparente ao ex-comensal, que tremia levemente – Devo salientar que esse foi um de seus movimentos mais brilhantes. Como enganar o Ministério da Magia, por uma, duas, três vezes? Sim, venderia como água no mercado editorial. Você sempre foi bom no que fazia, Severo. Até hoje não compreendo como trocou de lado. Sim, porque você realmente trocou de lado. Ao menos, não fez como esses dois- o Lord olhou para as figuras encolhidas de Lúcio e Richard – que ao terem a remota impressão de que o barco afundaria, saltaram fora como bons ratos. Esta seria uma atitude digna do Rabicho, mas não condizente com homens como Lúcio Malfoy e Richard Brown.

Lúcio fez um movimento e todos acreditaram que ele fosse retrucar, porém, resolveu ficar calado.

- Menino Malfoy quer ter o prazer de começar? – convidou o Lord.- Porque quem se atreva a trair Lord Voldemort jamais fica impune.Jamais!

Draco Malfoy voltou a empunhar sua varinha apontando-a na direção de seu pai.


- Talvez seja chegada a hora. – comentou Dumbledore depois de alguns segundo em silêncio.

- Tudo bem, Alvo. – assentiu Arthur. – Mas, quantos de nós, você acha que deveriam ir?

- O maior número possível. – contrapôs Dumbledore se erguendo da cadeira e caminhando pela cozinha. Todos se levantaram, inclusive as Sras. Longbotton.

- Na verdade, o St. Mugus não foi o melhor lugar em que estive durante toda a minha vida, mas realmente não acredito que Voldemort fosse escolher um local desses para exterminar o Trio de Ouro.- comentou Frank, com leve desdém.

- E porque não, Longbotton? – quis saber o Dr. Granger.

- Bem, é um hospital. As pessoas estão desprotegidas lá. – enquanto falava ele ia arregalando os olhos.- Ninguém tem defesa... ficam nas mãos de enfermeiros e médicos.. Os dementadores... O Lord não tem poucos seguidores em perfeitas condições, mas vai levar os dementadores! – ele gritou a ultima palavra e todos se sobressaltaram. Harry arregalou os olhos verdes.

Alvo Dumbledore concordou pensamentivamente com a cabeça.

- Todo o tempo é pouco. – explicou ele - e todos sem exceções empunharam as varinhas. – Devemos ir todos, porque se Voldemort realmente levou os dementadores estes deverão estar fazendo suas conhecidas e horripilantes peripécias neste momento.

- Mas e como chegaremos até lá? De automóvel? – quis saber o Dr. Granger.

- Não- explicou Dumbledore- se Voldemort já estiver lá, poderemos simplesmente desaparatar.

- Mas e eu? – perguntou preocupado o Dr. Granger.

- Confie em nós, como confiamos em você.- sentenciou Alvo Dumbledore.