Capitulo 3: O Círculo de Feiticeiros.
Li observava o avião onde estava a sua amada decolando. Deu um suspiro pensando nos próximos dias que estaria sem ela. Desde que ele voltou do mundo das trevas, Sakura vivia com ele. Estavam sempre juntos. Seria difícil encarar a noite sem tê-la em seus braços. Colocou as mãos nos bolsos e começou a caminhar pelo aeroporto de Tókio. Ele sabia que ela estaria bem ao lado de Hiiragisawa, a reencarnação de Clow a guiaria naquele mundo burocrático da magia. Li conhecia algumas normas, para falar a verdade, normas era o que mais eles tinham. Ele já tinha sido convidado para participar do Circulo antes do Caos, mas detestava aquelas reuniões, e se esquivou. Porém, seria importante para Sakura conhecê-los, ela era a Feiticeira mais forte na atualidade, apesar da relutância dos membros em não aceitá-la, pois a menina não tivera o devido treinamento, deram o braço a torcer depois que ela evitou o Caos.
Syaoran (sorrindo debochado): 'Sãos uns otários.'
Ele os detestava, quando o mundo estava acabando e os universos confusos, eles nem se manifestaram para ajudá-los, e provavelmente ainda levaram a fama. Agora, que o guardião está morto e não tem ninguém que proteja este universo, se desesperaram com os tremores.
O rapaz saiu do aeroporto e olhou para imensa lua no céu. Pensou que agora que Sakura não estava poderia voltar um pouco mais tarde. Ele caminhou até um lugar deserto. Foi até atrás de uma caixa de recolhimento de lixo do aeroporto. Tirou as mãos do bolso e deu uma última espiada para ver se não tinha ninguém por perto. Fechou os olhos e se concentrou, logo sentiu o par de asas em suas costas. Flexionou um pouco os joelhos e levantou vôo. Passeou pelos céus de Tókio. Ele estava acostumado a voar com sua magia e no começo teve um pouco de dificuldade em controlar suas asas, mas como um pássaro aprendendo a voar, logo se acostumou com elas. Em pouco tempo já estava fazendo piruetas no céu e brincando. "No fundo é divertido", pensou Li.
Sakura olhava para a janela do avião, na verdade para o seu próprio reflexo no vidro já que lá fora apenas a lua e as estrelas eram visíveis.
Eriol: 'Preocupada?'
Sakura (depois de confirma com a cabeça): 'Não queria deixar Syaoran sozinho.'
Eriol (sorrindo): 'Acho que ele já é bem grandinho.'
Sakura: 'Eu sei que ele sabe se cuidar, mas eu não sei... (ela se virou para ele agora) Tem algo diferente nele e ele não me conta o que é.'
Eriol se engasgou sem querer com a própria saliva.
Sakura: 'Você sabe o que é?'
Eriol: 'Não.' (mentiu descaradamente)
Ele detestava mentir para a amiga, mas prometeu a Li que manteria segredo, além disso, não queria preocupar mais Sakura.
Sakura: 'Desde que tudo aconteceu e ele voltou, eu morro de medo de que de repente aconteça alguma outra coisa e o levem de volta para aquele lugar. Conheço Syaoran como ninguém, sei que ele voltaria para lá na primeira oportunidade.'
Eriol (franzindo a testa): 'Porque diz isso? Lembre-se que ele fez de tudo para voltar para você.'
Sakura (sacudiu levemente a cabeça): 'Ele está sentindo falta de lutar, Eriol. Ele gosta de um desafio, nunca será uma pessoa normal que acorda cedo, vai trabalhar e depois volta para casa.'
Eriol: 'Não diga isso, para ele existe algo muito maior do que isso: existe você. Ele morreria por você, Sakura.'
Sakura: 'Aí que está o problema. Eu sou muito mais egoísta, Eriol.'
O inglês arregalou os olhos fitando o rosto sereno da amiga.
Sakura: 'Eu quero ele para mim, comigo. O que adianta ele morrer por mim se não posso tê-lo ao meu lado? O sacrifício dele não irá me adiantará de nada, muito pelo contrário.'
Eriol: 'Nunca pensei que fosse tão possessiva.'
Sakura (desviando os olhos dele): 'Quando o assunto é Syaoran Li, eu sou.'
Eriol se ajeitou na poltrona do avião incomodado. Talvez Sakura tinha razão, quando se ama apenas se quer a pessoa ao seu lado. Ele fechou os olhos e a imagem de Kaho se formou em sua mente. Ah que saudades ele teria dela quando esta o deixasse. Seria realmente errado usar sua magia para tê-la ao seu lado para sempre? Seria realmente errado? O rapaz vivia num eterno conflito interno e a conversa com a japonesa apenas o deixou mais confuso do que estava. Ele tentou não pensar mais nisso, encostou sua cabeça na poltrona e tentou relaxar. Depois que o Circulo tivesse acabado, se encontraria com a esposa, estava morrendo de saudades dela. Abriu os olhos e viu a bonita aliança em sua mão esquerda. Sorriu lembrando do rosto tão amado.
Syaoran pousou no telhado da sua casa. Olhou para Tomoeda iluminada e coberta de neve. Ele estendeu uma das mãos para frente e pegou um dos cristais que caia graciosamente do céu. Ele era tão delicado e frágil, mas ao mesmo tempo tão lindo e destrutivo. Uma tempestade de neve mais forte poderia soterrar uma cidade se quisesse. Assim era a sua Sakura, pensou sorrindo. Ela tinha aquela aparência frágil e delicada, mas ele sabia que por dentro ela era uma guerreira como ele. Forte e determinada. Além de ser uma mulher incrível.
Syaoran (para si mesmo): 'Já estou sentindo falta dela.'
Ele pousou na parte de trás da casa e recolheu suas novas asas. Pegou a chave de dentro do bolso e abriu a porta. Olhou para a sala vazia e sentiu uma tristeza fora do normal. Lembrou-se do dia que encontrou Sakura fazendo uma festinha particular com suas cartas. Todas estavam nas suas formas originais conversando e se divertindo. Canção e Voz estavam cantando inúmeras músicas enquanto que Flores sobrevoava a casa espalhando pétalas se cerejeira por todo o ambiente, perfumando-o e colorindo-o. Espelho e Ilusão conversavam nas suas formas preferidas, nas formas de sua mestra e dele. Silêncio era a única que parecia um pouco incomodada com a algazarra, até mesmo a carrancuda da Luta estava conversando com Esperança e Lembranças. Na verdade, Lembranças estava adorando a festa, ria o tempo inteiro. Sakura estava brincando com Força, Nuvem e Chuva. Pareciam crianças brincando de pique pega. Pela primeira vez, ele se sentiu chegando realmente em casa, aquela agitação era tão diferente do clima sóbrio da mansão Li. Sakura o viu entrar pela porta e literalmente se jogou no seu colo lhe dando beijinhos, era tão contagiante a felicidade dela que ele não resistiu em sorrir. As outras cartas também vieram tentar subir no seu colo, enquanto tentavam fazer cosquinhas no rapaz, por fim foi derrotado e caiu no chão sendo atacado por elas. Eles eram uma família: Ele, Sakura e as cartas.
Li sorriu observando agora o ambiente escuro e frio que aquela sala era sem a presença quente da companheira. Por fim, fechou finalmente a porta e subiu para o quarto, aproveitaria o silêncio para estudar para a prova que teria na manhã seguinte.
Tomoyo caminhava de um lado para o outro no saguão de espera do aeroporto internacional de Londres. Assim que ouviu que o vôo de Tóquio já havia aterrisado, sentiu-se inundada por pura felicidade. Depois de quase meio ano voltaria a rever sua amiga de infância e seu amor secreto. James estava ao seu lado, com a mesma cara carrancuda de sempre.
Tomoyo (dando pequenos pulinhos de alegria): 'Ela já chegou. Ela já chegou!'
James não falou nada, apenas observou discretamente a moça entusiasmada ao seu lado. Assim que viu a amiga, Tomoyo saiu correndo e a abraçou apertado.
Tomoyo: 'Ai que saudades!!!'
Sakura sorriu retribuindo o caloroso abraço da amiga.
Tomoyo (se afastando um pouco e admirando a amiga): 'Está cada dia mais encantadora, Sakura!'
A japonesa corou como sempre fazia quando Tomoyo a elogiava e sorriu sem graça.
Eriol: 'Acho que eu também mereço um abraço, não?'
Tomoyo sorriu e abraçou o amigo.
Tomoyo (ao ouvido dele): 'Obrigado.'
Eriol (sorrindo): 'Não tem do que me agradecer.'
Tomoyo: 'Claro que tenho, graças a você eu posso tê-la ao meu lado alguns dias.'
Os dois se separaram e sorriram um para o outro. Aquele sorriso era mais do que simples cortesia ou cumprimento, era com se os dois se entendessem através dele. (realmente, já perceberam que quando os dois trocavam sorrisos no amime sempre tinha algo por trás?)
Eriol: 'Acho que você deve querer ficar com a Tomoyo, não é Sakura?'
Tomoyo: 'Claro que ela vai ficar comigo!'
Sakura (meio sem graça): 'Tomoyo, eu não sei se vão querer pagar um hotel tão caro para mim.'
Tomoyo (pegando as mãos dela): 'Deixa de dar uma de Li. Você vai ficar comigo e ponto final.'
Sakura (olhando para Eriol): 'Acho que não tenho escolha.'
Eriol (sorrindo): 'Não se preocupe com isso. Também vou ficar no mesmo hotel, assim poderemos ficar mais próximos, Li me fez prometer que cuidaria de você.'
Sakura (com os olhos brilhando): 'Ele sempre se preocupou com tudo.'
Eriol (pegando suas malas no chão): 'E eu não quero levar um esporo dele se não cumprir direito a minha promessa'. (falou sorrindo)
James pegou as malas de Sakura e os quatro se encaminharam para o Hotel cinco estrelas no centro da velha Londres. Sakura olhava fascinada pela janela da limusine, tudo era tão chique e bonito. Os becos, os prédios, as pessoas, tudo era tão diferente de Tomoeda. A menina nunca tinha saído do país, a não ser quando foi para Hong-Kong quando era criança. Tomoyo sorria admirando a amiga. Ela perguntava sobre tudo e Tomoyo ou Eriol respondiam com prazer.
Tomoyo: 'Iremos fazer um tour por toda Londres, se você quiser podemos ir até Paris!'
Sakura: 'Mesmo?'
Tomoyo: 'Claro, é só pegar o Eurotúnel! É bem rápido!'
Sakura (cada vez mais entusiasmada): 'Que legal!'
A menina olhou para o amigo que as admirava.
Sakura: 'Será que eu posso?'
Eriol: 'Claro! As reuniões do Circulo são todas as noites. Terá tempo livre para conhecer os encantos do velho mundo.'
Tomoyo e ela deram gritinhos entusiasmados. O rapaz sorriu lembrando das amigas quando criança. Sakura tinha mudado pouco, permanecia com o mesmo rosto infantil apesar de usar uma leve maquiagem. Ele pensou que realmente seu descendente tipo bom gosto por mulheres, os dois formavam um casal perfeito. O inglês desviou os olhos para a outra amiga. Tomoyo estava lindíssima, os cabelos continuavam longos, porem tinha tirado a franjinha, e terminado com o ar de criança. Era difícil vê-las como mulheres agora, para ele, elas seriam sempre aquelas meninas determinadas da escola Tomoeda.
Li estava no escritório resolvendo mais um pepino que o seu supervisor resolveu lhe dar na última hora (É isso que lhes esperam quando forem estagiários!). O escritório estava praticamente vazio, todos já tinham ido embora. Li anexou o arquivo num e-mail e enviou. Pronto, trabalho feito! Levantou-se e foi pegar um copo de água para refrescar a garganta.
Voz: 'Pronto para a nossa aula?'
Li virou-se para trás e encarou Mishimura. Putz! Ele tinha literalmente esquecido da tal aula de Estatística. Tentou disfarçar a falta.
Akami (com os livro nos braços): 'Você não esqueceu, não é?'
Syaoran (depois de se engasgar com a água): 'Claro que não.'
Os dois se sentaram à mesa do rapaz. Akami puxou a cadeira para ficar mais próxima a ele. Li afrouxou a gravata e olhou para o livro aberto à sua frente.
Syaoran: 'A professora é a senhora Komo, não é?'
Akami conformou com a cabeça.
Syaoran: 'Ela é durona, adora pregar peças. Mas a matéria em si é fácil. Seguinte, tudo no final é uma questão de saber interpretar gráficos...'
Li falou sem parar por quase dez minutos, explicando e fazendo desenhos e contas. Akami prestava atenção a tudo, cada vez mais ficava impressionada com o rapaz ao seu lado. Ele era perfeito: bonito, esportivo, pois possuía um corpo perfeito e inteligente. Era um dos melhores alunos da universidade Tomoeda e principalmente do curso de administração. Todas as alunas da faculdade simplesmente suspiravam quando ele passava, mas rolava um boato de que ele já era casado com uma antiga namorada. Na verdade ele não era casado, como ela havia descoberto, apenas morava junto com a tal Sakura.
Syaoran: 'Entendeu, Mishimura?'
A menina deu um pequeno pulo na cadeira, na verdade ela não tinha prestado atenção às últimas palavras do rapaz e pelo jeito ele percebeu isso.
Akami: 'Sim.'
Syaoran (se encostando para trás): 'Bem, então tente fazer o exercício 3.4.5.'
A moça pegou a lapiseira e leu mentalmente o enunciado. Tentou rabiscar alguma coisa, mas não saia muito do lugar. Li a observava um pouco frustrado, a garota não tinha ouvido nada do que ele tinha falado ou era realmente um péssimo professor.
Syaoran (se aproximando dela e pegando a lapiseira de sua mão): 'Presta atenção, você tem que analisar primeiro este gráfico, está tudo nele, moda, média, tudo... (o rapaz circulou alguns números e fez alguns traços no desenho) agora com estes números é que você joga nas fórmulas... não é tão difícil assim.'
Akami olhou para ele de forma apaixonada e, sem perceber, se aproximava mais do rosto do rapaz. Suas bochechas queimavam devida a proximidade. Li se virou para ela para ver se a menina estava prestando atenção e foi surpreendido com um beijo. Mishimura tocou seus pequeninos lábios nos dele. Li se afastou de imediato, olhando para ela. Por fim se levantou.
Syaoran: 'Olha Mishimura, acho que você está confundindo as coisas.'
Ela se levantou corada ainda.
Akami: 'Desculpa, eu não queria, foi sem querer.' (Meninas, cuidado! Estas sonsas são as piores!!!!)
Syaoran (erguendo uma sobrancelha): 'Acho que por hoje já está bom. Tente fazer os outros exercícios.'
Akami: 'Espera, você só me ensinou a unidade 3.'
Syaoran: 'Estou cansado, vamos deixar o resto para outro dia. Sua prova é só na semana que vem, não é?'
Ela confirmou com a cabeça.
Syaoran (arrumando já as suas coisas): 'Eu também tenho provas na semana que vem, preciso estudar. Tente fazer os exercícios e se tiver alguma dúvida pergunte para a Senhora Komo ou para mim, certo?'
Akami: 'Obrigada, Li.'
Syaoran (colocando a mochila nas costas): 'Por nada. Tenho que ir agora. Desejo melhoras para o seu pai.'
Li caminhou até a porta como se estivesse fugindo da forca.
Syaoran (antes de cruzar a porta): 'Até!'
Akami: 'Tchau!'
O rapaz caminhou depressa pelos corredores da firma e não olhou mais para trás com medo de que Akami o chamasse novamente. Talvez ela tivesse razão, aquilo não foi um beijo, ela apenas encostou seus lábios nos dele, não era um beijo, foi apenas um infeliz encontro. O melhor era tirar da cabeça o que aconteceu.
Akami chegou em casa mais tarde do que o normal, seu pai já tinha perguntado por ela uma dezena de vezes para os empregados. Assim que a menina colocou os pés na mansão Mishimura uma enxurrada de criados veio lhe avisar que seu pai estava irado perguntando por ela. Ela suspirou e foi ao encontro do senhor.
Akami (espiando por trás da porta do quarto do pai): 'Com licença...'
Mishimura: 'Ah finalmente a senhorita resolveu aparecer em casa! Onde estava que teve que desligar o celular?'
A menina entrou no quarto e caminhou até a cama onde seu pai estava deitado com as duas pernas imobilizadas. Ela se sentou na beirada e sorriu para ele.
Akami: 'A bateria tinha acabado.'
Mishimura (franziu a testa): 'Que história é esta? Seu celular é novo!'
Akami ficou um tempo sem saber o que falar, seu pai tinha pego uma mentira sua, o melhor era contar logo a verdade.
Akami: 'Estava estudando Estatística no escritório.'
Mishimura (erguendo uma sobrancelha): 'Estudando? Com quem?'
Akami (mal conseguindo conter o entusiasmo): 'Com o Li. Sabe aquele rapaz que lhe salvou...'
Mishimura (balançou a mão): 'Sim, eu sei quem é Li. Mas porque você tinha que estudar com ele?'
Akami: 'Oras papai, ele é simplesmente o melhor aluno do curso de administração da universidade Tomoeda.'
Mishimura fitou a filha nos olhos, o velho senhor já tinha entendido tudo só em olhar para os olhos brilhantes de sua amada filha.
Mishimura: 'Está apaixonada por este rapaz, Akami?'
Akami corou de imediato, ficando quase da cor de um tomate maduro. Ela não ousou responder para o pai. O senhor deu um longo suspiro e passou uma das suas mãos nos cabelos louros da filha. Ela era o seu maior tesouro e lhe doía saber que um dia teria que dividi-la com alguém, mas pelo menos a moça tinha bom gosto. Desde que Li o salvou daquele pesadelo, o senhor tomou verdadeira admiração pelo bravo rapaz, principalmente depois que ele cumpriu usa palavra lhe trazendo salva a filha querida. Ele não via a hora de reencontrá-lo para agradecer pessoalmente e agora descobrir que ele era o melhor aluno de seu curso na faculdade também era uma qualidade muito admirável. Sua filha havia se apaixonado pelo homem correto, e isso já lhe facilitaria as coisas. Não a entregaria para qualquer um, tinha que ser alguém digno e pelo visto o senhor Li tinha estas qualidades.
Mishimura: 'Que tal marcarmos um jantar para que eu conheça o meu futuro genro?'
Akami (se abraçando a ele): 'Oh papai...'
Ele sorriu mexendo carinhosamente os cabelos sedosos da filha.
Akami: 'Seria maravilhoso, mas antes eu tenho que resolver um probleminha...'
Mishimura não gostou do tom de voz da filha. Ela se levantou, ainda sorrindo para ele.
Mishimura (a fitando preocupado): 'Que tipo de probleminha?'
Akami (se afastou brincando um pouco com as mãos): 'Ele já tem uma namorada.'
O semblante do senhor mudou por completo.
Akami: 'Mas não se preocupe, papai, eu sei como fazer para ele começar a gostar de mim.'
Mishimura: 'Não se força ninguém a gostar de ninguém, Akami.'
Akami: 'Acredite papai, o destino de Syaoran Li é ser meu marido e ele será.'
Mishimura olhou para filha e admirou ela por alguns instantes. Ele sabia que esta determinação tinha sido herança dele próprio. Ele não queria vê-la sofrer e com certeza já estava pensando em como poderia mexer seus pauzinhos para ajudá-la.
Sakura estava nitidamente nervosa. Tinha acabado de ligar para casa pela terceira vez e nada de Syaoran atender o telefone.
Tomoyo: 'Ele deve estar enrolado no estágio, você sabe como o senhor Kobayashi o explora de vez em quando.'
Sakura (desligando o aparelho): 'É pode ser.'
Tomoyo: 'Daqui a pouco, Eriol está batendo na porta para você irem no tal Circulo.'
Sakura (se sentando na cama): 'Isso é outra coisa que está me preocupando. O que eu vou fazer lá?'
Tomoyo: 'Oras Sakura, você foi a heroína que evitou o Caos no mundo! É claro que você tem que estar neste tal Círculo de Magos!'
Sakura: 'Quem evitou o Caos foi o Syaoran, eu apenas tentei fechar aquela porcaria de portal.'
Tomoyo: 'Ah realmente fechar o portal que o tal do Shyrai abriu para que toda a escória do mundo das trevas invadisse o nosso universo não foi nada. Coisa pouca.' (disse debochando da amiga)
Sakura (se virando para ela): 'Não é isso, Tomoyo. É que eu ainda não aceito a idéia que ele não esteja aqui comigo.'
Tomoyo: 'Deixa de ser possessiva, o Li está ótimo! Claro que deve estar morrendo de saudades, mas tenho certeza que quando vocês voltarem a se ver, vão matar todas as saudades!' (e piscou para ela sorrindo)
Sakura corou de imediato imaginando o que aconteceria com os dois assim que ela voltasse. A menina se deixou cair na cama e ficou olhando o teto lembrando-se da noite anterior.
Tomoyo se deitou na cama, mas estava com o corpo apoiado nos cotovelos, ela se aproximou de Sakura. Seu rosto estava acima do da amiga.
Tomoyo: 'Com esta cara, acho que está pensando nas suas noites com Li.'
Sakura corou mais ainda e rolou para o lado, evitando olhar a amiga de frente. Ela se sentia envergonhada em comentar com qualquer um sua intimidade com o namorado. Mas Tomoyo era a sua melhor amiga, nunca teve segredos entre as duas, pelo menos por parte de Sakura.
Sakura: 'Porque diz isso?'
Tomoyo: 'Oras porque te conheço melhor que ninguém.'
Sakura suspirou, lembrando do namorado.
Tomoyo: 'Posso perguntar uma coisa?'
Sakura: 'Claro! Prometemos que não teríamos segredos uma para a outra.'
Tomoyo (sorrindo): 'É verdade.'
Sakura (se sentando na cama e cruzando as pernas): 'O que quer me perguntar?'
Tomoyo (depois de hesitar um pouco): 'Como é ter a pessoa que a gente ama?'
Sakura (franzindo a testa): 'Como assim?'
Tomoyo: 'Oras, como é se entregar para a pessoa que se ama, se fundir a ela, serem um só?'
Sakura mordeu o lábio inferior pensando em como responder aquela pergunta intima que a amiga fez.
Sakura: 'É maravilhoso.' (foi sua única resposta)
Tomoyo sorriu e se deitou de barriga para cima olhando para o teto do luxuoso hotel.
Sakura: 'Tomoyo, você nunca se apaixonou?'
Tomoyo (depois de um tempo): 'Sim, eu já me apaixonei por alguém.'
Sakura (arregalando os olhos): 'Mas eu conheço?'
Tomoyo: 'Pode-se dizer que sim.'
Sakura: 'E quem é?'
A moça se levantou e caminhou pelo quarto brincando um pouco com as mãos. Sakura estranhou aquele comportamento da amiga.
Tomoyo (virando-se para ela): 'Sakura, você nunca percebeu que eu...'
Bateram na porta do quarto, Tomoyo olhou desolada para ela, agora que tinha finalmente resolvido revelar os seus sentimentos, tinham que bater na porcaria da porta. Ela foi até ela e a abriu, era Eriol.
Eriol (educado como sempre): 'Boa noite, Tomoyo.'
Tomoyo (tentando disfarçar a revolta): 'Boa noite, Eriol. Já está na hora de vocês irem?'
Eriol: 'Não, ainda temos tempo. É que eu esqueci de mencionar uma coisa com a Sakura.'
Sakura (aparecendo atrás da amiga): 'O que foi Eriol?'
Eriol (estendendo uma sacola para ela): 'Você precisar estar usando trajes formais.'
Sakura: 'Formais? Que tipo de trajes formais?'
Eriol: 'Eu tenho um aqui, seria bom você experimentar e ver se fica bom. Tenho certeza que Tomoyo ficaria feliz em consertar alguns detalhes.'
Tomoyo (com estrelinhas nos olhos): 'Mas é claro! Vamos Sakura, experimente logo.'
Sakura foi literalmente arrastada por Tomoyo.
Tomoyo: 'Ainda bem que eu sempre trago a minha caixinha de costura'.
A menina puxou uma mala debaixo da cama e a abriu.
Sakura (observando a mala): 'Tomoyo, isto não é uma caixinha de costura é uma mala de costura!'
Tomoyo: 'Ah uma mulher prevenida vale por mil. Imagina, se eu perdesse uma oportunidade de arrumar um traje especial para você porque eu não estava preparada! Acho que eu morreria de desgosto...' (falou a menina em posição teatral).
Eriol sorriu observando as duas. Provavelmente Tomoyo logo sacaria uma câmera para filmar a amiga, deixando Sakura como sempre encabulada. Velhos hábitos não mudam nunca, pensou para si. (E ele ainda tem alguma dúvida?!)
Eram onze e meia da noite, o Circulo estava marcado para exatamente meia-noite. Eriol foi pontual como qualquer britânico, na hora marcada para pegar Sakura, ele já estava batendo na porta. Tomoyo foi atender, já que sua amiga, para variar, estava atrasada.
Tomoyo (dando passagem para o rapaz): 'Ela já vem.'
Eriol se sentou numa poltrona no quarto do hotel e esperou. Tomoyo sentou na beirada da cama com a filmadora no colo pronta para filmar a amiga assim que ela saísse do banheiro. Os dois estavam em silêncio, olhavam discretamente um para o outro sem querer, até que a menina resolveu começar um dialogo.
Tomoyo: 'A professora Mizuki, não veio com você?'
Eriol (depois de balançar a cabeça negativamente): 'Não, ela está com a mãe em Paris.'
Tomoyo: 'Estava com saudades dela.'
Eriol (sorrindo): 'Eu também.'
Tomoyo: 'Quando pretendem ter filhos?'
Eriol ficou um pouco sem graça, não tinha pensado em filhos ainda, e no fundo sabia que não daria tempo de o tê-los. Ele tirou os óculos do rosto e começou a limpá-los com a beirada da túnica.
Tomoyo: 'O que está acontecendo com ela, Eriol?'
Eriol parou de limpar os óculos e levantou o rosto para Tomoyo, era incrível como aquela garota era observadora, às vezes parou para se perguntar se ela realmente não possuía magia no seu intimo, mas não. Tomoyo não possuía magia, mas era sensível ao extremo, principalmente quando o assunto era as pessoas que ela conhecia.
Tomoyo: 'Sei que está acontecendo alguma coisa. Sou sua amiga, Eriol. Pode contar comigo se precisar de alguma coisa.'
Eriol (sorrindo): 'Obrigado, Tomoyo.'
Ela sorriu para ele, o encantando mais. Sakura saiu finalmente do banheiro. Linda! Estava vestida com uma longa túnica de estilo oriental verde, realçando mais os seus olhos. É claro que Tomoyo deu mais vida a ela, com alguns pequenos detalhes brilhosos.
Tomoyo (já a filmando): 'Está linda, Sakura!'
Sakura corou e sorriu para a amiga.
Eriol (parando ao lado de Tomoyo): 'Realmente está linda, Sakura. Você fez um milagre, Tomoyo!'
Tomoyo: 'Eu queria ter mais tempo para arrumar melhor, eu acho que ainda faltam alguns detalhezinhos.'
Sakura: 'Se dependesse dela, eu tinha ido com um vestido de festa!'
Eriol: 'Li ficaria encantado em vê-la tão linda!'
Sakura fechou o sorriso lembrando que ainda não tinha conseguido falar com o namorado que ficara no Japão.
Tomoyo: 'Depois mando uma cópia para ele.'
Eriol se aproximou da amiga e ofereceu o braço para que os dois fossem logo, já estavam um pouco atrasados. Tomoyo os acompanhou, não parando de filmar nem um segundo.
Sakura desceu do carro e encarou a enorme residência a sua frente. Eriol deu algumas instruções ao seu motorista, que partiu logo em seguida deixando o casal de magos sozinhos.
Voz: 'Hiiragisawa!'
Os dois viraram para o lado esquerdo e viram um jovem de cabelos curtos despenteados, também vestido com uma túnica, mas esta era negra e mais parecia uma capa (Não é Harry Potter!!!!!). Eriol abriu um sorriso e foi cumprimentá-lo com um abraço. Sakura percebeu que eram antigos conhecidos, os dois falavam em inglês, o que causou extremo incômodo a Sakura que não conseguia entender nada do que os dois conversavam animadamente. (Tá até parecendo eu no trabalho). Os dois se aproximaram da garota e Eriol provavelmente falou que os apresentaria.
Eriol: 'Charles, It´s my friend, Sakura Kinomoto, The misstress of cards.'
Charles (estendendo a mão para ela): 'Hi! Nice to meet you. I hear so much about you but I didn´t imagine that you are so pretty.'
Sakura não entendeu nada, apertou a mão dele por pura educação e sorriu sem graça.
Eriol: 'Charles, she doesn´t speak english.'
Charles: 'Oh, I´m sorry... (ele fez um barulho com a boca)... Perdão, eu não sabia.'
Sakura (se sentindo aliviada ao ouvi-lo falando japonês): 'Não foi nada, eu é que nunca fui boa em inglês no colégio.' (disse sorrindo sem graça)
Charles: 'Vamos tentar de novo: É um prazer conhecê-la senhorita Kinomoto. Já ouvi muito sobre você.'
Sakura: 'Espero que tenha sido coisas boas.'
Charles (com seu sotaque forte): 'Oh Yes! Coisas muito boas, a senhorita é uma das magas mais famosas agora. É uma honra conhecê-la pessoalmente e descobrir que, além disso, é uma linda feiticeira.'
Sakura corou com o elogio. Eriol sorriu para a amiga e teve que concordar com o inglês. Os três entraram na mansão conversando sobre o mundo da magia. Sakura olhava encantada para a decoração medieval da mansão, parecia que estava entrando num castelo. Por fim, chegaram a um enorme salão. Havia inúmeras pessoas vestidas elegantemente. Sakura percebeu que todas tinham nacionalidades diferentes e as conversas eram em tantas línguas que a menina se sentiu até um pouco zonza. O relógio central começou as doze badaladas anunciando a meia noite. Aos poucos um a um começaram a se sentar na enorme mesa redonda.
Charles: 'Fortunately we arrive on time.'
Eriol: 'Yes, thanks God.'
Eriol puxou uma das cadeiras e com um gesto com a cabeça pediu para a amiga se sentar nela, Sakura assim o fez. Eriol se sentou ao lado dela e Charles ao lado da reencarnação de Clow. Todos estavam em silêncio esperando que o relógio terminasse suas badaladas. Assim que a última soou, um velho senhor se levantou e falou algumas palavras, uma áurea amarela iluminou cada membro da mesa, Sakura olhava para si mesma encantada com o brilho que a banhava.
Eriol (sussurrando ao ouvido dela): 'Não se preocupe é uma magia inofensiva, é apenas para que entenda o que cada um irá disser. Existem magos do mundo inteiro e alguns não entendem a língua do outro.' (ai eu quero uma magia destas para mim!)
Senhor: 'Boa noite, caros amigos. Estamos reunidos aqui numa tentativa de esclarecermos o que aconteceu em nosso planeta há três dias atrás.'
Ele parou uns instantes olhando fixamente para Sakura que se sentiu mal.
Senhor (continuando): 'Como podem ver, temos a presença de mais um membro em nosso Circulo, é Feiticeira Sakura Kinomoto, atualmente detentora das antigas cartas Clow e é claro o pilar da vida deste universo.'
Todos olharam para ela. Sakura detestava ser o centro das atenções, corou imediatamente.
Senhor: 'Infelizmente não temos tempo pra maiores apresentações, acredito que nosso amigo Eriol Hiiragisawa esclarecerá qualquer curiosidade sua. Sou o Mago Garwood e no momento o mediador deste Circulo.'
Ele se sentou e uma senhora se levantou Sakura a conhecia, era a senhora Yelan Li. A senhora sorriu para a menina que retribuiu com doçura.
Yelan: 'Os tremores foram relatados em todos os pontos do planeta, é de conhecimento geral que tal fenômeno é simplesmente impossível e apesar dos esforços dos humanos comum em tentar identificar o que aconteceu, todos nós sabemos que eles não conseguirão encontrar uma justificativa. Quero saber quem sentiu alguma presença estranha ou possui alguma teoria que se manifeste agora.'
Ela se sentou com elegância. Agora um jovem de cabeços longos louros se levantou.
Eriol (ao ouvido da amiga): 'Este é John Müller. É alemão.'
John: 'Senti a presença de algo terrível nos tremores, não consegui identificar o que era, mas posso assegurar a vocês que tem relação com o mundo das trevas ou algum universo alternativo terrível. Precisamos ficar atentos, sinto que as criaturas das trevas que vivem paralelos a nossa existência estão excitados com algo'.
Um outro homem, que deveria ter uns 35 anos se levantou.
Homem: 'Na Irlanda, eles estão começando a causar muitos transtornos...'
Sakura se inclinou até o amigo.
Sakura (sussurrando): 'Eriol, eles estão falando que existem demônios vivendo livremente neste universo?'
Eriol: 'Lembra-se que eu lhe falei que as brechas existem aleatórias?'
Ela confirmou com a cabeça.
Eriol: 'Então, quando estas brechas abrem alguns demônios de níveis inferiores passam livremente. Cabe a cada Mago do lugar defender as pessoas destes seres se eles causam algum problema. Muitos vivem em florestas, esgotos ou escondidos em lugares afastados. Mas apenas os inferiores.'
Sakura (arregalando os olhos): 'Quer disser que existem demônios em todo o mundo escondidos?'
Eriol confirmou com um gesto com a cabeça.
Voz: 'Senhor Hiiragisawa, senhorita Kinomoto. Podemos saber o que conversam paralelamente a nossa discussão?'
Eriol (antes de se levantar): 'Este é o idiota do Smith, é um americano esnobe e chato.'
Sakura olhou assustada para o amigo, nunca ouviu ele se referindo a alguém de forma agressiva.
Eriol (em pé): 'Estava explicando à minha amiga sobre os seres que vivem em nosso universo.'
Smith: 'Ah claro, a senhorita Kinomoto. (disse sorrindo sarcasticamente) Deveria ter escolhido um discípulo que pelo menos soubesse o básico no mundo da magia.'
Eriol: 'Bem, acho que isso é um problema meu, Smith.'
Smith: 'Absurdo a presença dela aqui, dá para se ver que não entende nada do que falamos. Não temos tempo para alfabetizá-la!'
Garwood: 'Smith, sabemos disso, mas não vamos perder tempo com discussões paralelas ao nosso objetivo.'
Uma mulher: 'Se estamos nesta situação, foi culpa deles. Sabemos que Shyrai foi discípulo de Clow. Foi ele que iniciou toda esta confusão há séculos.'
Smith: 'Lara está certa! Por pouco, o caos não foi evitado!'
Eriol (sem perder a calma): 'Mas ele foi. Tudo saiu conforme foi profetizado.'
Uma mulher que estava espalhando cartas na mesa se levantou finalmente.
Mulher (com um forte sotaque francês): 'Nem tudo. O guardião... Há algo errado com o guardião.'
Houve um murmúrio geral, Garwood teve que levantar o tom de voz para recuperar a ordem do circulo. Sakura sentiu um aperto no peito quando mencionaram Syaoran.
Garwood: 'Continue, por favor, Harmony.'
Harmony (mostrando uma carta de tarô, 'O Imperador'): 'Há algo errado com o guardião das trevas, estava profetizado que ele morresse no final do caos, mas... (ela hesitou olhando para a carta)... Há algo errado, mas eu não sei o que é.'
Os membros se olhavam um para o outro em silêncio.
Garwood: 'Me diga o que vê?'
Harmony: 'Que ele está morto, mas que está entre nós e forte, mas forte do que podemos imaginar...'
Charles: 'Entre nós? Como?'
Harmony: 'Eu não sei...'
Smith: 'Não importa onde o guardião está! Ele está morto e não poderá fazer mais nada. Não o temos mais, não temos mais ninguém que seja responsável por este universo!'
Garwood: 'Caro Smith, nós somos os responsáveis agora.'
Um outro senhor se levantou, ele tinha ficado em silêncio o tempo inteiro e Sakura teve a impressão que ele a olhava fixamente.
Senhor: 'Os tremores não são os nossos maiores problemas agora.'
Outro rapaz (bem ruivo): 'Como não, Bandeiras?!' (gente eu tinha que colocar um latino na reunião, né?!)
Bandeiras: 'Nosso problema é um demônio do nível um que está vivendo entre nós.'
Novamente todos se agitaram e novamente Garwood teve que levantar a voz.
Lara: 'Sim, Bandeiras tem razão! Eu também senti a presença terrível dele!'
Charles: 'Mas um demônio deste nível pode destruir todo este universo! Não podemos permitir isso!'
Sakura percebeu que Eriol começou a ficar nervoso. Uma moça muito bonita de longos cabelos cacheados e olhando friamente para Sakura se levantou.
Moça: 'Minha pergunta é como a Maga responsável pelo Japão não conseguiu identificar a presença deste demônio?'
Sakura se sentiu acuada com aqueles olhares de reprovação sobre ela.
Sakura: 'Do que estão falando?'
Smith (dando um murro na mesa): 'Não se faça de desentendida! Como não conseguiu sentir a presença deste ser?'
Mulher (com um forte sotaque espanhol): 'Como eu sempre pensei, ela nunca foi digna do poder que tem.'
Garwood: 'Rosas, sabemos que a magia é uma dádiva, não há como se determinar quem é merecedor de há ter.'
Ela se sentou novamente contrariada.
Homem: 'Ainda não nos respondeu, Kinomoto? Porque não se manifestou contra este demônio?'
Sakura: 'Realmente não sei do que estão falando. Não há nenhum demônio em Tomoeda, não sinto a presença de nenhum demônio há séculos, vocês devem...'
Sakura parou de repente, a ficha finalmente caiu, estavam falando de Li, ele era o demônio do tal nível. As cartas tinham lhe avisado isso e depois do terremoto a presença dele ficou quase que berrante. Ela olhou para todos eles com os olhos rasos de lágrimas.
Smith: 'Já que a feiticeira responsável pelo Japão é uma completa despreparada, só nos resta interferir!'
Sakura (sentindo as pernas bambas): 'Como assim interferir?!'
Garwood: 'Precisamos eliminá-lo.'
Sakura não sentia as pernas, se sentou e olhou desesperada para Eriol.
Charles: 'Estamos falando de um demônio de nível um! Vocês sabem o que isso significa?'
Smith: 'Se o atacarmos juntos, podemos derrotá-lo sem grandes problemas. Ele é um só e nós somos mais de 20.'
Sakura: 'Não! Vocês não podem fazer isso!'
Todos olharam para a menina que estava beirando as lágrimas.
Eriol (tentando acalmá-la): 'Sakura, por favor, se acalme.'
Sakura: 'Eles não podem o tirar de mim, eles não tem este direito! Depois de tudo! Depois de tudo que nós sofremos, eles não têm este direito!'
Garwood: 'O que está acontecendo aqui?'
Sakura o encarou não controlando as lágrimas.
Sakura: 'Vocês sabiam que ele morreria e não moveram uma palha para nos ajudar, agora que ele voltou, não vou permitir que o separem de mim, estão me ouvindo?! Não vou permitir isso!'
Todos estavam em estado de choque, o que aquela garota estava falando? Suas palavras não faziam sentido.
Garwood: 'Hiiragisawa, o que está acontecendo?'
Eriol pediu calma a Sakura e prometeu que resolveria tudo. Ele se levantou e começou seu relatório desde o final do Caos, sua conversa com o espírito do descendente, sua possível ia ao mundo das trevas e seu retorno depois de dois anos. Ninguém ousava interromper a narrativa dele. Quando terminou, todos ainda permaneciam em silêncio, ele podia ver que muitos estavam de boca aberta.
Charles: 'Está querendo nos disser que Syaoran Li, o guardião se tornou um...'
Sakura (se levantando): 'Não ouse o chamar disto!!!'
Yelan observou a mestra das cartas com carinho, ela podia ver o desespero dela e todo o amor que aquela menina tinha pelo seu pequeno lobo.
Garwwod (depois de tossir um pouco): 'Eu só não entendo porque ele quis voltar? Porque alguém abriria mão do paraíso para ir ao inferno.'
Eriol (olhou discretamente para a amiga ao seu lado e depois se voltou ao senhor): 'Isso é particular. É assunto dele, não cabe a mim contar sua vida pessoal.'
Smith: 'Ele é um perigo, provavelmente sentiu o gosto pelo poder e não quis abrir mão dele.'
Sakura: 'Cale a boca! Você não é nem um décimo do homem que Syaoran é!' (Imaginem a Sakura, meiguinha até disser chega, mandando alguém calar a boca!)
Houve uma confusão geral, todos falavam ao mesmo tempo, inclusive Eriol e Sakura. Harmony era a única que permanecia em silêncio, observando a jovem feiticeira de olhos verdes quase à sua frente. Ela fechou os olhos e puxou uma carta, 'A Dama', a virou para si e sorriu. Com uma das mãos, fez que fogos de artifícios explodissem sobre a mesa, calando a todos. Depois se levantou sobre os olhares assustados de todos e fitou Sakura.
Harmony (com um doce sorriso): 'Ele voltou por você, para você.'
Garwood: 'O quê? Como isso é possível?! Está querendo disser que o guardião desistiu do paraíso por causa do pilar?'
Lara: 'A missão dele já tinha sido concluída, não teria que a proteger mais.'
Harmony balançou a cabeça e sorriu.
Harmony (olhando para Sakura): 'Ele a ama. Ele voltou para ficar com ela, não como guardião, mas como homem.'
Garwood: 'Você tem um romance com um demônio?'
Todos olharam horrorizados para ela, como se a menina fosse uma aberração. Ela se levantou e os encarou friamente.
Sakura: 'Vocês sabiam que ele morreria e não fizeram nada para nos ajudar...'
Smith: 'Estamos defendendo as pessoas dos demônios, os portais estavam descontrolados, inúmeros demônios atacavam as pessoas, não poderíamos ir até o Japão ajudá-los!'
Sakura (sem dar ouvido a ele): 'Não vou permitir que o machuquem, não vou permitir que encostem um dedo nele. Se insistirem com esta loucura, podem ter certeza que não iram apenas lutar contra ele.'
Ela empurrou a cadeira e começou a caminhar para fora do salão sob os protestos de todos, podia ouvir que a xingavam ou diziam que ela estava louca. Ela empurrou a pesada porta e a cruzou, reparou que a magia tinha terminado e voltou a ouvir todos falando ao mesmo tempo em seus idiomas, numa imensa confusão. Eriol e a senhora Li saíram do Circulo e foram atrás da determinada menina.
Continua...
