Capitulo 07: Proposta Indecente

Sakura entrou na delegacia junto com Hiroshi. O antigo companheiro de Li no dormitório da KΩε tinha se formado em direito e era considerado um dos melhores advogados da pequena Tomoeda, inclusive era promotor público em Tókio. Por sorte estava na cidade.

Hiroshi: 'Não se preocupe, Kinomoto. Eu vou dar um jeito nisso.'

Sakura: 'Oh por favor, Suzuki.'

Ele segurou sua mão e sorriu tentando passar confiança.

Hiroshi (sorrindo de lado): 'Li me quebrou muitos galhos na faculdade, nunca pensei que um dia poderia pagar tudo que devo a ele. Nossa, ele continua orgulhoso como antes?'

Sakura: 'Piorou...'

Hiroshi: 'Os anos só pioram os defeitos.'

Os dois entraram na delegacia. Hiroshi pediu para que ela ficasse o esperando enquanto ele tentaria falar com o delegado Amizuki.

Voz: 'Ora, ora, nunca pensei em reencontrá-la aqui, Sakura?'

Sakura se virou e viu o rosto debochado de Seiya. Ela levantou a mão e bateu na cara dele em cheio, a confusão foi armada. A delegacia inteira parou para ouvir a discussão.

Sakura: 'Como pode ter feito isso com ele?! Seu nojento!'

Seiya: 'E o que você fez comigo?! Para você só ele é que importa? Pois agora o seu amante está preso e vai ficar lá até quando eu quiser!'

Sakura: 'Você não tem este direito! Você não tem nada contra ele! Syaoran nunca fez nada!'

Seiya: 'Pois eu aposto que ele não contou para você que se fingiu de morto! Isso se não matou alguém para ficar no lugar dele!'

Sakura: 'Syaoran seria incapaz de fazer mal a alguém! Você é que está querendo prejudicar ele sem motivo!'

Seiya (pegando o braço dela com força): 'Eu disse que ele se arrependeria de ter me tirado você.'

Sakura: 'Não foi ele que me tirou de você, Seiya. Fui eu que quis ficar com ele!'

Seiya (apertando ela mais forte): 'Acho que você vai reconsiderar o que decidiu.'

Amizuki: 'Que confusão é esta na minha delegacia?!'

Yanamoto soltou Sakura dando um pequeno empurrão na moça que se encostou à parede em busca de equilíbrio. Ele tentou controlar a respiração ainda fitando Sakura com olhos de fogo. O juiz se virou para o delegado e passou por ele como se fizesse pouco caso da presença dele ali. Hiroshi parou na frente dele.

Hiroshi: 'Kinomoto me contou que foi você que determinou a prisão de Li.'

Seiya: 'Então é você vai protegê-lo?'

Hiroshi confirmou com a cabeça.

Seiya: 'Acha que é tão bom para se meter nisto, Suzuki?'

Hiroshi: 'Quem sabe?'

Seiya: 'Não tem ninguém que seja melhor do que eu.'

Hiroshi (rindo): 'Li sempre foi melhor que você. É por isso que fez esta palhaçada toda não é?'

Seiya: 'Acho que devo lembrar que está se dirigindo a uma autoridade agora, Suzuki.'

Hiroshi: 'Acho que devo lembrá-lo também que abuso de autoridade é crime.'

Yanamoto não respondeu, se desviou do antigo colega de classe e saiu sem antes encarar mais uma vez a ex-noiva. Hiroshi foi até Sakura e o delegado que ainda xingava o juiz entre os dentes.

Hiroshi: 'Delegado Amizuki, preciso falar com o meu cliente.'

Sakura: 'Por favor me deixe falar com ele também.'

Amizuki: 'As regras permitem apenas o advogado.'

Sakura: 'Mas por favor, serei rápida, eu prometo.'

Amizuki acabou aceitando, ele estava com tanta raiva que raciocinava pouco naquela hora. O casal seguiu o velho senhor até uma pequena salinha. Hiroshi sentou-se na mesa e retirou da pasta alguns papéis. Pouco tempo depois Li estava entrando na sala. Ele se sentiu mal em ver a namorada ali, o vendo algemado. Sakura nem ligou, levantou os braços dele e se encaixou entre eles ainda presos pelas algemas.

Sakura: 'Tudo vai terminar bem, meu amor.'

Syaoran: 'Eu sei, não se preocupe.'

Li fitou Hiroshi que observava o casal e cumprimentou com a cabeça. Syaoran levantou os braços e Sakura se afastou dele para que os dois conversassem.

Syaoran: 'Que bom que estava na cidade.'

Hiroshi: 'Que bom mesmo. Você teve sorte.'

Syaoran: 'O que eles tem contra mim?'

Hiroshi: 'Nada! Quer dizer apenas um atestado de óbito. Cara você estava morto?'

Sakura e Li se entreolharam.

Hiroshi: 'Desculpe, foi só uma brincadeira. É que eu me lembro que você tinha desaparecido da fase da terra a um tempo atrás.'

Syaoran: 'Depois daquela confusão toda eu fui para o exterior.'

Hiroshi: 'Imaginei isso. Bem, o tal Yanamoto não tem muito contra você, ele pediu a abertura de uma tal cova lá na China...'

Syaoran (se levantando): 'Ele pediu isso?!'

Hiroshi: 'Hei calma, não deve ter nada lá. E se tiver, deve ter sido algum engano ou coisa parecida.'

Sakura sabia que se descobrirem que o corpo que estava lá era realmente o do Syaoran a coisa se complicaria muito mais.

Syaoran: 'Tem como impedir isso?'

Hiroshi (estranhando): 'Para que? Deixa ele abrir a cova e vê que não tem nada lá.'

Syaoran: 'Hiroshi, tem uma coisa que você não sabe...'

Hiroshi (erguendo uma sobrancelha): 'Que tipo de coisa, Li?'

Syaoran olhou para Sakura que confirmou com a cabeça.

Syaoran: 'Você se lembra que a quase três anos atrás aconteceram umas coisas entranhas aqui em Tomoeda?'

Hiroshi: 'Quem não se lembra? Peraí não vai me dizer que você... vocês...'

O rapaz se levantou e fitou os dois assustado.

Syaoran: 'Eu realmente morri, Hiroshi.'

Hiroshi: 'O quê?! Que brincadeira é está?'

Sakura: 'Somos magos, feiticeiros... Syaoran realmente foi encontrado morto e ele foi enterrado.'

Hiroshi: 'E o que é você? O que ou quem eu estou vendo agora na minha frente?'

Syaoran: 'Não sou humano agora.'

Hiroshi (caminhando de um lado para o outro): 'Isso não é verdade, isso não é verdade. (fitando os dois) Que tipo de brincadeira é esta agora?'

Syaoran: 'Não há brincadeira aqui, Hiroshi. Se Yanamoto desenterrar o meu corpo e fizer o teste de DNA a coisa vai se complicar ainda mais.'

Hiroshi andava de um lado para o outro nervoso. Olhava para Sakura e depois para Li e depois voltava a olhar o chão. Ele desconfiava que o colega de quarto não era um cara normal. Li era o melhor em tudo, futebol, notas, ele tinha uma aura que o envolvia que o transformava sobre humano. Mas o rapaz sempre pensou que isso fora apenas impressão sua. Ele ouvia uns boatos e algumas histórias de que Li e Kinomoto haviam salvado inúmeras pessoas daqueles acontecimentos, mas depois daquela confusão toda, tudo acabou sendo esquecido. O delegado bateu na porta pedindo para Sakura sair.

Hiroshi: 'É melhor ir, Kinomoto. Não vamos abusar do velho Amizuki.'

Sakura suspirou e fitou com carinho o namorado.

Syaoran: 'Não se preocupe, Hiroshi vai me tirar desta confusão.'

A menina forçou um sorriso e beijou o namorado. Ela se afastou e passou a mão de leve no rosto forte do rapaz.

Sakura: 'Se cuida.'

Sakura cumprimentou Hiroshi e caminhou para a porta da sala.

Syaoran: 'Sakura...'

Sakura (se virando para ele): 'Hã?'

Syaoran: 'Não quero você perto de Yanamoto. Não confie nele.'

Ela forçou um sorriso e concordou com a cabeça antes de sair da sala deixando os dois homens sozinhos.

Hiroshi (se sentando a frente do amigo): 'Quero que me prove que está dizendo a verdade.'

Li erguei uma sobrancelha fitando o antigo colega. Ele sorriu de lado e esticou os braços, como um fio de linha a algema dele se rompeu.

Syaoran: 'Se eu te mostrar mais vai chamar a atenção das pessoas.'

Hiroshi (olhando para ele assustado): 'Se tem tantos poderes assim, porque não sai daqui?'

Syaoran: 'Eu poderia sair, mas Yanamoto continuaria a encher o meu saco e ficaria cercando Sakura. Não posso matá-lo, mas quero deixar ele nas minhas mãos.'

Hiroshi: 'Do que está falando?'

Syaoran (sorrindo maliciosamente): 'Andei ouvindo umas histórias sobre o nosso juizinho.'

Hiroshi (nitidamente excitado): 'Do que realmente está falando?'

Syaoran: 'Pelo jeito o poder e o dinheiro estão subindo a cabeça dele. Andam dizendo que ele não é tão honesto quando o pai.'

Hiroshi esfregou as mãos com a ansiedade. Desde a faculdade o rapaz odiava Yanamoto, os dois sempre competiam em notas, jogos e garotas. Li estava lhe dando uma oportunidade de ouro.

Syaoran: 'Dê um jeito de proibir que abram a minha cova, ou pelo menos invente desculpas para protelar isso. Provavelmente ele já deve ter batido a minha sentença e me leve amanhã ou depois para o presídio de Tókio. Lá eu saberei o que fazer, em uma ou duas semanas eu descubro todos os podres do nosso amigo.'

Hiroshi: 'Cara, o presídio de Tókio é barra pesada.'

Syaoran: 'Não se preocupe com isso, já fui para lugar pior. Mas preciso que você ajeite as coisas na parte burocrática.'

Hiroshi: 'Você continua a mesma coisa, Li. Não mudou nada. Frio e calculista.'

Syaoran (se esticou para trás e riu do comentário): 'Frio e calculista? Esta foi boa.'

Hiroshi (se levantando): 'A única coisa que faz você ficar mais humano (ele falou fazendo com as mãos sinal de duas aspas no humano) é a Kinomoto.'

Syaoran: 'Yanamoto mexeu onde não devia.'

Hiroshi: 'Mexeu com a sua garota...'

Syaoran (se levantando): 'Isso mesmo.'

Hiroshi anotou algumas coisas e depois fitou os braços soltos de Li.

Hiroshi: 'Como pretende explicar isso para o delegado?'

Syaoran (observando elas no punho): 'O aço era paraguaio.'

Hiroshi riu com gosto da piada, se despediu de Li prometendo fazer tudo o mais rápido possível. Logo que o advogado saiu o delegado veio buscar Li.

Sakura chegou em casa exausta. Meilyn, Tomoyo e Kero a esperavam ansiosos. Os três falavam ao mesmo tempo não deixando a menina explicar nada. Ela se sentou no sofá e fechou os olhos tentando parecer calma e equilibrada, mas no seu intimo a vontade que tinha era de usar alguma magia para tirar Li a força daquela delegacia. Ela sentia tanta raiva de Yanamoto que se pudesse o mataria. Um tapa tinha sido muito pouco para ele. A menina só despertou dos seus pensamentos quando Meilyn a cutucou com força.

Meilyn (revoltada): 'Porque levaram Xiao Lang daquela maneira?'

Sakura (se levantando do sofá): 'Foi o Seiya. Ele armou tudo.'

Tomoyo: 'O Yanamoto?'

Kero: 'Aquele almofadinha?'

Meilyn: 'Quem é este cara?!'

Tomoyo: 'É o ex-noivo da Sakura.'

Meilyn: 'Noivo?!'

Kero: 'Ela estava para casar com ele quando o moleque voltou.'

Tomoyo: 'Ela nem apareceu ao casamento.'

Meilyn (olhando admirada para a amiga): 'Você teve coragem de fazer isso? Logo você, Sakura. Um anjo na pele de gente.'

Sakura: 'Eu sou humana, sou mulher! Não tinha como me casar com o Seiya depois que descobri que Syaoran estava vivo.'

Kero: 'Enquanto o coitado estava esperando no altar, ela tava se agarrando com o moleque.'

Sakura (dando um cascudo no amiguinho): 'Olha como você fala de mim!'

Meilyn: 'Nossa, por esta eu não esperava. O cara deve está se vingando então.'

Sakura: 'Isso mesmo. Tudo não passa de uma vingança do Seiya contra Syaoran.'

Tomoyo (depois de pensar um pouco): 'Algo está errado ainda. Ele deveria estar com raiva de você, Sakura. Não apenas de Li.'

Meilyn: 'Oras ele sabe que atingindo Xiao Lang atinge esta tonta também.'

Tomoyo (balançando a cabeça devagar): 'Não, algo me diz que Seiya não parou ainda.'

Kero: 'Será que vai tentar matar o moleque ou a Sakura?'

Sakura: 'Não, acho difícil. Seiya pode estar muito magoado, mas isso eu acho que já é demais.'

Tomoyo: 'Talvez ele tente matar o Li, mas não a Sakura. (ela olhou para amiga com os olhos tristes) Seiya tem verdadeira obsessão por você.'

Meilyn: 'Perái! Você falou matar o Xiao Lang? Ele vai tentar matar o meu primo?!'

Tomoyo: 'Provavelmente.'

Sakura sentiu um aperto no peito. Ela precisava fazer alguma coisa para o tirar o quanto antes daquele lugar. Yanamoto podia ser mais perigoso do que todos imaginavam. Meilyn começou a gritar desesperada pela vida do primo. Ela chegou a pegar o telefone e tentar discar para a China, mas se deteve. Ficou olhando para o aparelho com lágrimas nos olhos. Sakura caminhou até ela e repousou uma das mãos no ombro da amiga.

Sakura: 'Nós vamos dar um jeito.'

Meilyn: 'Eu pensei... pensei que talvez... Hyo Ling pudesse ajudar, mas... ai meu Deus...'

Meilyn largou o telefone e escondeu o rosto com as mãos tentando controlar as lágrimas que vinham ao lembrar do marido. Sakura se ajoelhou ao lado dela e a abraçou com ternura.

Sakura: 'Sente falta dele não é?'

Meilyn confirmou com a cabeça em silêncio.

Sakura: 'Porque não liga para ele? Diga aonde está.'

Meilyn (entre soluços): 'Eu não posso, ele nunca me perdoaria por não poder ter filhos.'

Tomoyo (se aproximando das duas): 'Porque não tenta Meilyn? Hyo Ling é louco por você, a ama de verdade, e o amor faz a gente perdoar tudo.'

Meilyn se afastou de Sakura e fitou os rostos carinhosos das amigas.

Meilyn: 'É melhor deixar as coisas como estão... precisamos pensar em como podemos ajudar Xiao Lang agora.'

Como Li havia imaginado na manhã seguinte o delegado veio lhe buscar para levá-lo ao presídio de Tókio. Amizuki estava revoltado da vida, pois sabia que o rapaz mal havia sido julgado e não tinha porque ser transferido com aquela presa para um presídio. A desculpa de Yanamoto havia sido super lotação na delegacia de Tomoeda, mas isso não convenceu o velho senhor.

Amizuki (caminhando ao lado de Li): 'Eu não sei o que você fez contra ele, rapaz, mas o juiz Yanamoto está com muita raiva de você.'

Syaoran: 'Melhor.'

Amizuki (franziu a testa observando o rapaz ao lado caminhando): 'Não entendo.'

Syaoran: 'Aprendi uma coisa muito importante quando se está em combate com um inimigo. Quando mais raiva ele tem, menos ele pensa e mais droga ele faz.'

Amizuki ficou em silêncio apenas acompanhando o prisioneiro até o carro que o levaria para o presídio de Tókio.

Amizuki (antes de o carro partir): 'Tome cuidado, Garoto. O presídio não é um lugar tão legal como aqui.'

Syaoran: 'Não se preocupe. Apenas peço que ajude meu amigo Suzuki.'

Amizuki: 'Claro que sim. Vamos tirar você de lá o quanto antes.'

Syaoran agradeceu com um aceno com a cabeça. Já estava indo para Tókio, tudo estava saindo conforme ele imaginava. Yanamoto era muito previsível podia-se dizer. O percurso foi silencioso. Em duas horas estava parado em frente ao enorme portão de ferro do principal presídio do Japão. Olhou pela janela enquanto o camburão que o levava entrava lentamente. Observou o pátio e reparou que havia alguns presos tomando banho de sol. Alguns estavam jogando uma pelada, enquanto outros observavam com curiosidade o novo companheiro. Um dos policiais saiu do carro e abriu a porta detrás para Li sair. Dois guardas do presídio vieram recebê-los. O rapaz acompanhou os policiais sob inúmeros olhares curiosos. Li observava a tudo, gostava de examinar detalhadamente qualquer lugar que se encontrava. O policial o puxou para que entrasse no prédio administrativo, Syaoran o acompanhou em silêncio. Em poucos minutos estava parado em frente ao responsável pelo lugar: Senhor Watanabe. Ele era um homem de meia idade, gordo e feio, mas o pior era que fedia como um porco.

Watanabe (observando Li): 'Este é o novato?'

Policial (estendendo a ficha): 'Li Syaoran. Chinês. 23 anos. Solteiro. Acusado de falsidade ideológica, pena de 7 anos com possibilidade de sair com 5 por bom comportamento.'

Watanabe examinou a ficha por alguns minutos e depois encarou novamente o garoto.

Watanabe: 'O juiz que bateu a sua sentença foi o Yanamoto. Ele não foi muito legal com você, garoto.'

Policial (rindo): 'O garotão aqui comeu a noiva dele.'

Watanabe riu junto com o policial com gosto, isso irritou profundamente Li que tentava se controlar para não socar o policial e o porco a sua frente.

Syaoran: 'Isso não vem ao caso agora.'

Watanabe (continuando rindo): 'Bem, acho que um garotão como você não vai gostar muita da nossa estadia. Mas é bom para aprender a controlar melhor seus hormônios.'

Policial: 'Tenho que voltar para Tomoeda. Deixo-o sob a sua responsabilidade.'

Watanabe: 'Não se preocupe. Leve-o para Tanaka e ele encaminhará o novato.'

Li foi levado para um enorme corredor e no final dele uma pequena janela o separava de um velho que lhe estendeu um trouxa de roupas e lençóis. Um policial imponente se aproximou do rapaz. Tanaka era mais jovem que Watanabe e tinha o semblante muito mais sério que o do diretor do presídio. Ele trocou duas palavras com o policial e nem dirigiu uma palavra a Li apenas pediu com um gesto que o acompanhasse.

Li tomou um banho e colocou o uniforme, suas roupas ficaram com o velho atrás da janela. Seguindo Tanaka caminhou por entre corredores com inúmeras celas com presos de tudo quanto é tipo. Muitos mexiam com Li, vendo que tinham um novato, mesmo os policiais batendo nas grades e mandando se calarem era difícil que obedecessem. Tanaka parou em frente a cela número 649. Pediu para um dos guardas que o acompanhavam abri-la.

Tanaka: 'Bem vindo ao seu novo lar, senhor Li. Pelo menos por cinco anos.'

Syaoran não respondeu passou pelos policiais e entrou na cela observando novamente os seus novos companheiros. Eram apenas dois desta vez. Ele ouviu o som da cela sendo fechada por trás dele. Os dois se levantaram e encararam o novo companheiro.

O mais baixo se aproximou dele e estendeu a mão.

Baixinho: 'Meu nome é Yoshida.'

Li acenou com a cabeça e mostrou o monte de coisas nas mãos impossibilitando de cumprimentá-lo.

Yoshida (observando detalhadamente o rapaz a sua frente): 'Um garotão como você não parece um criminoso perigoso para estar um presídio de proteção máxima.'

Syaoran: 'As aparências enganam.'

Um rapaz bem alto finalmente levantou os olhos para o novo companheiro imaginando o que aquele cara tinha feito para estar ali. Yoshida e ele eram assassinos perigosos. Seria aquele garotão um assassino também?

Syaoran: 'Onde posso dormir?'

Yoshida (apontando para a cama de cima do beliche): 'Pode dormir na cama de cima.'

Takahashi: 'Ainda não disse seu nome novato.'

Syaoran (colocando as coisas em cima da cama): 'Li.'

Takahashi: 'Li é um nome chinês.'

Syaoran: 'Isso mesmo. Sou chinês.'

Yoshida: 'E porque um chinês estaria preso aqui no Japão?'

Syaoran (deu os ombros): 'Fazer o quê. Eles me trouxeram para cá.'

Takahashi: 'Não parece um assassino rapaz.'

Li sorriu de lado, realmente nem ele acreditava que era realmente um assassino, podia-se dizer que ele era um caçador. Matou inúmeros monstros e criaturas das trevas. Mas humanos foram apenas três. Três... ele sentiu um aperto no peito ao lembrar dos três. Shyrai, Takeda e Mirena. Ele tinha os matado e eram humanos, isso o tornava um assassino. Era a primeira vez que ele pensava desta forma, olhou de relance para os novos companheiros de cela e pensou que talvez não fosse tão diferente deles assim. Respirou fundo e caminhou até a pequena janela com grades.

Yoshida: 'Precisa ter cuidado aqui Chinês.'

Takahashi: 'O melhor é ficar longe de encrenca.'

Syaoran (disse olhando pela janela): 'Quando são os dias de visita aqui?'

Yoshida: 'Nos domingos recebemos visitas. (ele sorriu) É o melhor dia aqui!'

Takahashi: 'Isso quando a sua mulher resolve aparecer...'

Yoshida: 'Ela sempre veio!'

Takahashi (se sentando na beirada da cama): 'Elas sempre vêem no começo depois, somem!'

Yoshida: 'Cala a boca!'

Os dois trocaram olhares em chamas. Li estava preocupado, com certeza Sakura resolveria vê-lo, isso se não estivesse já fazendo um escândalo na delegacia quando soubesse da sua transferência relâmpago.

Sakura: 'Como assim ele foi transferido?!'

O grito da jovem foi ouvido por todos os ocupantes da pequena delegacia de Tomoeda. Ela olhava com fúria para o delegado Amizuki, que tentava pedir calma para ela.

Amizuki: 'Senhoritas, eu não tenho poder para resolver isso.'

Sakura: 'Não me venha com desculpas, Delegado Amizuki! Onde está o meu namorado?!'

Tomoyo (segurando o braço da amiga): 'Acalme-me, Sakura...'

Sakura (virando-se para ela): 'Como quer que eu tenha calma?! (fitando o delegado com os olhos de fúria) Me diga onde está Syaoran Li A-GO-RA!'

Amizuki (depois de limpar a garganta): 'Ele foi transferido para o presídio de Tókio.'

Sakura ficou lívida. O presídio de Tókio tinha uma fama terrível de só receber assassinos e criminosos de alta periculosidade. Porque transfeririam um rapaz que apenas estava como uma confusão nos documentos de identificação?

Sakura sentiu as pernas bambas, Tomoyo e Meiling tiveram que segurar a amiga para ela não cair no chão. O delegado pediu para um policial pegar um copo com água e açúcar para a menina.

Meilyn: 'Água com açúcar não vai resolver os nossos problemas.'

Amizuki: 'Eu sei, menina. Mas é a única coisa que posso oferecer. Também fiquei surpreso quando soube da transferência urgente hoje de manhã. Mas já liguei para o senhor Suzuki e ele já foi até Tókio visitar o garoto.'

Tomoyo (para a amiga): 'Tenho certeza que Hiroshi resolverá o problema.'

Sakura começou a sentir uma raiva incontrolável dentro dela. Tudo tinha o dedo de Yanamoto. Com certeza o jovem juiz foi quem bateu o martelo neste processo relâmpago. Ela se levantou de supetão e recusou o copo com água.

Ela resolveria o problema na fonte, estava na hora de pedir satisfações para Seiya.

Meilyn (observando a amiga saindo da sala): 'Onde vai Sakura?!'

Sakura (sem para de caminhar): 'Vou resolver isso de uma vez.'

As duas amigas se entreolharam assustadas, agradeceram ao delegado e foram atrás da decidida garota.

Tomoyo (tentando acompanhar os passos rápidos de Sakura): 'O que você vai fazer?'

Sakura: 'Falar com Seiya.'

Meilyn (dando um soquinho na palma da mão): 'Isso mesmo, vamos acabar com aquele idiota.'

Sakura (finalmente parando): 'Não! Vocês duas vão para casa e tentem localizar Hiroshi, eu vou ter uma conversa particular com Seiya.'

Tomoyo (preocupada): 'Mas...'

Sakura: 'Nada de mas.'

Ela fez sinal para um táxi e o pegou deixando as duas na calçada em frente a delegacia.

Dez minutos depois ela estava entrando no escritório dele, passou pelo segurança sem nem virar a cara para olhá-lo e antes que ele pudesse fazer alguma coisa a menina já estava dentro do elevador e subindo. Ela entrou no luxuoso escritório e encarou a secretária assustada.

Sakura: 'Seiya está?'

A secretária apenas respondeu que sim com a cabeça e já ia perguntar quem gostaria de falar com ele. Não houve tempo, a jovem já tinha cruzado a sala e aberto com toda força a porta do escritório. Seiya estava sentado atrás da mesa escrevendo algo quando levantou os olhos e viu sua ex-noiva. O rapaz pensou em como uma mulher podia ser tão linda daquela maneira, lá estava ela de calça jeans e camiseta básica, mas estava infinitamente linda!

Sakura: 'Não tinha o direito de fazer isso, Seiya!'

Secretária: 'Senhor Yanamoto, me desculpe, mas ela entrou direto, não tive tempo de impedi-la.'

Seiya se levantou calmamente da mesa sem tirar os olhos um segundo de Sakura.

Seiya: 'Pode deixar Senhora Akira.'

A senhora deu uma última olhada em Sakura pensando em quem era aquela mulher e depois saiu fechando a porta do escritório.

Seiya: 'Acho que já soube para onde o seu amante foi transferido.'

Sakura: 'Primeiro que ele não é o meu amante e segundo, você não tinha o direito de fazer isso, não pode abusar do cargo que tem!'

Seiya (depois de rir): 'Não abusei do meu poder, apenas o utilizei para acelerar o processo.'

Sakura: 'Não tem o direito de fazer isso! Syaoran nunca fez mal a alguém!'

Seiya: 'Ele é um criminoso e deve ficar onde gente da laia dele está!'

Sakura levantou a mão para bater novamente na cara debochada do ex-noiva mas este pegou seu braço com força. O rapaz puxou a menina com força fazendo quase cair por cima dele.

Seiya: 'Eu disse que ele se arrependeria.'

Sakura (tremula de raiva): 'Eu juro que você vai pagar por isso, Seiya. Você não sabe quem realmente eu e Syaoran somos...'

Seiya: 'Vocês são amantes.'

Sakura: 'Já disse que ele não é meu amante, é o homem da minha vida.'

Seiya: 'E o que vai acontecer se o homem da sua vida mofar numa prisão ou quem sabe morrer lá dentro.'

Sakura olhou os olhos gélidos de Seiya e sentiu um calafrio. Será que ele tinha tanto poder assim? Ela não sabia direito até onde ia o poder de Li, além disso o rapaz se deixou prender muito facilmente. Li já estava morto, mas e se ele fosse morto novamente? O que aconteceria com ele? As perguntas pipocavam na cabeça da guria.

Seiya: 'Claro que tem uma maneira de você o tirar de lá bem rápido.'

Sakura arregalou os olhos e se afastou de Seiya vendo que o rapaz aproximava o seu rosto do dela. Ela ficou parada no meio do escritório o encarnado.

Sakura: 'Que jeito?'

Seiya deu um passo até ela e começou a caminhar lentamente em volta da menina.

Seiya: 'Eu a amo... amei! (ele tentou consertar) Nunca fiz planos na minha vida para uma mulher como fiz para você, a respeitei acima de tudo pois você sempre se recusou que me aprofundasse nas caricias... (ele deu uma pequena pausa) Eu pensava que você estava se guardando para a noite de núpcias...'

Sakura abriu a boca para falar que nunca havia lhe dito que era virgem ou coisa parecida, mas ele a impediu.

Seiya: 'E depois o que você faz com todos os meus sonhos e planos? Os joga todos no lixo e se junta com aquele cara!'

Sakura: 'Isso é problema meu!'

Seiya: 'Não! É problema meu! Eu desejei você durante anos e a respeitei achando que um dia seria minha!'

Sakura: 'Não tem o direito de me cobrar nada!'

Seiya (parando na frente dela): 'Tenho! E vou cobrar!'

Sakura deu uns passos para trás sem tirar os olhos de Seiya.

Sakura: 'O que está querendo disse com isso?'

Seiya: 'Simples, passe uma noite comigo e na manhã seguinte o seu amante está fora da cadeia.'

A jovem sentiu como se um piano caísse sobre a sua cabeça, ficou sem reação ao ouvir a proposta nojenta do ex-noivo.

Sakura: 'Você me dá nojo, Seiya.'

Seiya (com o rosto bem próximo ao dela): 'Tenho certeza que você vai gostar também.'

O rosto da jovem se contorcia de raiva e aversão ao rapaz. Por fim Seiya se afastou e sentou-se na sua poltrona encarando Sakura com ar zombeteiro.

Seiya: 'Tem uma semana para pensar na minha proposta. Tenho certeza que Li apreciará muito sua estadia em Tókio.'

Sakura: 'Você me paga, Seiya.'

Seiya: 'Não se preocupe, eu vou cobrar da melhor e mais prazerosa forma possível.'

A menina se abraçou com seus próprios braços observando o olhar guloso do rapaz sobre ela, virou-se e saiu do escritório tentando controlar as lágrimas, não choraria na frente de Yanamoto.

Ela chegou em casa, cruzou a sala sem cumprimentar Tomoyo, Meilyn ou Kero e subiu as escadas correndo.

Tomoyo (ouvindo a porta ser trancada do quarto da amiga): 'O que aconteceu?'

Meilyn: 'Com certeza ela não conseguiu muita coisa com o tal juiz.'

Kero: 'Nunca pensei que aquele almofadinha fosse tão baixo desta maneira.'

Tomoyo: 'Tadinha da Sakura. Ela nem conseguiu pregar os olhos esta noite.'

Meilyn: 'Aquele cara merecia uma surra. Aposto como quando Xiao Lang sair de lá vai acabar com ele.'

Tomoyo: 'Infelizmente Meilyn neste mundo não há apenas o poder mágico.'

Kero: 'Mesmo assim... o moleque está muito parado... não sei mas acho que ele já está mexendo os pauzinhos dele.'

Meilyn: 'Com certeza, Xiao Lang é esperto igual a Hyo Ling! Vai conseguir se livrar desta ileso.'

A menina sentiu uma pontada ao pronunciar o nome do marido, uma onda de tristeza a invadiu, mas a situação não permitia que ela desse uma de coitada, seu primo e sua amiga precisavam dela.

Syaoran estava limpando o chão do refeitório com Yoshida quando um grupo de outros presos se aproximaram deles. Li desviou os olhos por alguns segundos e viu que eram cinco homens razoavelmente fortes. Continuou a esfregar o chão com a vassoura, mas no seu intimo sabia que a coisa se complicaria. Takahashi havia lhe soltado uma tal de recepção de boas vindas para os novatos, e pelo que o companheiro de cela havia lhe dito de boa não tinha nada. Apertou mais forte o cabo da vassoura e tentou se controlar para as asas não aparecessem do nada.

Homem: 'Oh novato!'

Li levantou os olhos e fitou o corpulento homem.

Yoshida: 'O que quer com ele, Touhu? O garoto está trabalhando.'

Touhu lançou um olhar de fogo no rapaz que só faltou sair correndo do refeitório. Li olhou rapidamente para os lados e viu que os policiais haviam saído dos seus postos de observação.

Homem 2 (brincando com uma faca nas mãos): 'Sabemos que você veio parar aqui porque andou comendo a vagabunda da noivinha do juiz Yanamoto.'

Li franziu a testa, quem era aquele idiota para se referir a sua flor daquela maneira? Apertou mas forte o cabo da vassoura tentando se controlar, ele não queria chamar a atenção no presídio.

Homem 3: 'Espero que pelo menos ela tenha valido a pena, novato.'

Homem 4 (fazendo um gesto obsceno): 'Nos conte como foi?'

Syaoran: 'Se não saírem agora da minha frente, não me responsabilizo por vocês.'

Homem 3: 'Olha, olha! O rapazinho aqui é corajoso.'

Touhu: 'Cuidado com a língua rapaz.'

Syaoran: 'Cuidado como se referem a minha garota.'

Touhu franziu a testa fitando os olhos trêmulos de Li. Ele via que aquilo não era medo, era raiva. Ele estava tentando controlar a sua raiva.

Homem 4 (se aproximando de Li): 'Quem será a nova garota aqui será você, bonitão.'

O homem tocou Li no ombro e molhou os lábios rapidamente com a língua, o fitando. Syaoran não agüentou, bateu no braço que o homem estava o encostando com toda força, fazendo o coitado gritar de dor. Outros dois vieram em direção ao rapaz que se posicionou para lutar. Yoshida correu para se esconder atrás do balcão do refeitório e espiava de longe, ele queria correr para chamar os policiais e ajudar Li, sabia muito bem o que aconteceria com ele, ainda mais sabendo que pelo visto o porte físico do rapaz chamou a atenção de quem não devia. Porem o preso sabia que não o ajudariam, a gangue de Touhu tinha acordos com o porco do senhor Watanabe.

Li viu os dois se aproximando dele, flexionou um pouco os joelhos buscando impulso com as pernas, com uma voadora atingiu em cheio um deles no rosto fazendo-o cair desacordado. Logo o outro se aproximava, tentou desferir um soco no rapaz quando este tocou o chão, Li desviou do ataque e agarrou o braço dele com uma de suas mãos, com a outra lhe deu um soco na altura do peito o deixando zonzo. O que estava com a faca veio em cima do novato, tentando lhe cortar desesperadamente, com a habilidade que tinha, foi fácil se desviar daquela faquinha pequena, com um chute o desarmou. E o fitou com raiva.

Syaoran: 'Isso é para aprender a não se referir a mulher dos outros daquela maneira.'

Li lhe deu dois socos na altura do estômago e girando o corpo o acertou com uma cotovelada no rosto, finalizando o ataque. O homem caiu como um saco de batata. Syaoran esticou os ombros e encarou Touhu e o outro que por medo estava praticamente escondido atrás do chefe.

Syaoran (o chamando com uma das mãos): 'Vem.'

Touhu sentiu o sangue ferver, quem era aquele fedelho para debochar dele? Correu para cima de Li sem piedade tentando o golpear, o rapaz era menor do que ele, o que parecia ser uma desvantagem na verdade era uma imensa vantagem. Touhu era forte mas muito lento! Li desviou dos ataques como se estivesse se divertindo, e o pior é que ele estava. Ha tempos não lutava, era bom se sentir novamente ágil e forte. Ele era um guerreiro não um almofadinha que ficava o dia inteiro em frente a um computador resolvendo probleminhas burocráticos. Sua vida era a luta, o combate estava no seu sangue. Li pulou em cima da mesa do refeitório desviando dos ataques de Touhu, resolveu que já era hora de terminar com aquela diversão, estava chamando muita atenção. Girando o corpo deu um chute na altura do pescoço do grandalhão que cambaleou tonto. Um fio de sangue escorreu pela sua boca, ele a limpou e novamente voou para cima do rapaz.

Touhu: 'Você me paga fedelho!'

Li pulou de cima da mesa antes de Touhu o alcançar, o homem literalmente quebrou a mesa ao meio. Vendo que o rapaz fugiu do seu terrível golpe voltou-se para trás e viu Li o encarando com aquele olhar debochado.

Touhu: 'Se acha o bom, não é, chinês?'

Syaoran (balançando a cabeça negativamente): 'Eu não acho, eu tenho certeza.'

Touhu trincou os dentes e começou sua bateria de socos e chutes, Li parou de desviá-los, começou a bloqueá-los com as mãos e braços, o que irritou mais ainda o grandão.

Syaoran: 'Isso já perdeu a graça.'

Li começou a contra atacar, Touhu até tentava bloquear os ataques fulminantes do rapaz, imaginando que os socos daquele fedelho não eram tão fortes. Este foi seu erro. Com uma seqüência de três jamps, uma cotovelada e um chute, o gigante humano tombou no chão.

Li relaxou os ombros, o tal do Touhu tinha uma cara dura, pensou para si mesmo. Lançou um olhar para o último homem que sobrou que literalmente colocou o rabo entre as pernas e fugiu. Logo uma multidão de guardas entraram no refeitório. Eles olhavam assustado para a gangue de Touhu caídos no chão sangrando e desacordados e o novato parado no meio deles intacto. Nem suar ele soava.

Tanaka caminhou até o rapaz e com o bastão golpeou Li no rosto, fazendo um corte na altura da sobrancelha do rapaz.

Tanaka: 'Isso é para aprender a não criar confusão no meu presídio, chinês.'

Li não respondeu, encarou o policial com o típico ar superior dos Lis. Tanaka sentiu isso e levantou o bastão para bater no rapaz novamente, mas percebeu que Li não mexia um músculo, receberia novamente o golpe e se sentiria novamente superior.

Tanaka: 'Levem-no para a solitária!'

Os guardas ainda olhavam admirados para Touhu. Tanaka teve que gritar com eles novamente para dois policiais algemarem Li e o levarem para a solitária. Syaoran foi sem reclamar. Tanaka observou o rapaz sendo levado para a solitária sem dar um pio, nunca tinha visto isso. Todos os presos gritavam e suplicavam por misericórdia quando Tanaka os mandava para o cúbico mal iluminado. Ele não é normal, pensava o senhor. Yoshida saiu de trás do seu esconderijo em estado de choque.

Tanaka: 'O que aconteceu aqui?'

Yoshida não respondeu observava Li sendo levado com as mãos algemadas para trás.

Tanaka (depois de dar um tapa na cara do preso): 'Responda!'

Yoshida (gaguejando): 'O Chinês...'

Policial 1: 'O que tem o chinês?'

Yoshida: 'Ele acabou com a gangue do Touhu em menos de dez minutos.'

Policial 2: 'Acabou como?'

Yoshida: 'O cara é uma máquina, nunca vi ninguém lutando assim, nem em filmes!'

Policial 3 (olhando para a filmadora de segurança): 'Pena que desligamos os monitores. Queria ver este cara lutando.'

Policial 4: 'Vamos ver se ele sai tão dono de si da solitária.'

Tanaka: 'O deixe lá sem comida!'

Policial 2: 'Tem certeza, senhor?'

Tanaka não respondeu apenas lançou um olhar gélido para o policial que se arrependeu de ter perguntado.

Tanaka: 'Levem estes lixos para a enfermaria e você, Yoshida, termine de limpar esta bagunça!'

Os policiais fizeram o que o supervisor mandou. Yoshida até tentou terminar de cumprir sua tarefa mas sua mente fervilhava, nunca havia pensado que o companheiro de cela fosse aquela fera, será que ele estava preso por isso? Será que tinha matado alguém em alguma luta? Com certeza o cara tinha técnica suficiente para acabar com a vida de qualquer um que cruzasse o seu caminho. Um arrepio percorreu o corpo do preso.

Li estava sentado no chão encostado à parede suja do cubículo que se encontrava agora. Levou a mão até a altura da testa e viu que seu ferimento tinha cicatrizado graças ao poder que Lutor havia lhe dado.

Syaoran: 'Droga!'

Com certeza isso chamaria a atenção do chato do Tanaka. Ele teria que esconder aquela cicatrização de qualquer maneira ou realmente estaria ferrado. Olhou para cima e viu a luz fraca acessa. Era a única iluminação do cubículo que se encontrava agora. Não havia janelas na tal solitária, e o ar chegava a ser escasso, pois só vinha das frestas da porta de ferro que o trancava lá. Li repousou a cabeça na parede e pensou no que Sakura estaria fazendo, ele só esperava que Yanamoto não estivesse a incomodando. Ele sabia que a namorada era muito boba para cair em qualquer conversa do ex-noivo. Hiroshi com certeza estava escavando tudo sobre o juizinho. Sua saída de lá era apenas uma questão de tempo.

Syaoran: 'Não faça nenhuma besteira, Sakura.'

Sakura estava deitada na cama chorando, não tinha saído do quarto o dia inteiro, nem para comer apesar das amigas insistirem dezenas de vezes para ela abrir a porta. A cabeça da menina dava voltas, lembrando da sua conversa com o ex-noivo. Ela se abraçou com os braços e se encolheu na cama. O que faria? Ela não poderia deixar Li naquele presídio, ele tinha feito de tudo para ficar com ela, tinha ido até o inferno e passado quase dois anos lá apenas para voltar para ela, seria egoísmo dela ter a chance de o tirar de lá e não fazer nada apenas por virtude? Ela apenas tinha sido de Syaoran, mas para salvar ele, ela seria capaz de se sujeitar a dormir com Yanamoto? A menina sentiu um certo enjôo imaginando o ex-noivo a tocando.

Sakura: 'Eu não vou conseguir... não vou...'

A jovem ouviu batidas na porta.

Tomoyo: 'Por favor Sakura, abra esta porta! Seu irmão está aqui!'

Touya: 'Abra logo esta porta, monstrenga!'

Tomoyo com certeza ligou para ele pedindo para que o rapaz viesse tentar tirar a irmã do quarto, Sakura não se levantou, nem respondeu apenas continuou deitada encolhida na cama naufragada em seus pensamentos. De repente ela ouviu um barulho e a porta sendo aberta de forma violenta. Ela levantou da cama assustada e viu a figura de Ywe e Touya.

Touya: 'Nunca mais faça isso! Se eu mandar abrir a porta é para abrir.'

Sakura (voltando a se deitar): 'Não me encha o saco, Touya.'

Touya olhou para Ywe e Tomoyo que estava logo atrás dele. Ele detestava ver a irmã daquela maneira. O rapaz caminhou até a cama e sentou na beirada dela fazendo um leve cafuné.

Touya: 'Tomoyo me disse que você voltou assim do encontro que teve com o Yanamoto. O que ele falou para você ficar desta maneira?'

i"Que quer dormir comigo para soltar o Syaoran"/i, a resposta ecoou na cabeça da menina. Ela afundou a cabeça no travesseiro não respondendo ao irmão.

Tomoyo (se aproximando): 'Ele disse que não vai soltar o Li? Foi isso que ele disse?'

Sakura não respondeu apenas abraçou mais forte os joelhos. Tomoyo, Touya e Ywe se entreolhavam preocupados.

Touya: 'Ele não fez nada com você, não é, Sakura?'

Sakura apenas balançou a cabeça negativamente. O rapaz deu um longo suspiro e beijou a cabeça da irmã.

Touya (se levantando): 'Vou preparar uma sopa para você e vai ter que tomar! Ouvi bem, monstrenga?!'

Touya saiu do quarto e Ywe foi junto com ele, Tomoyo se sentou na cama da amiga e ficou a fitando de forma apaixonada, doía tanto vê-la daquela maneira. A menina levantou a mão e começou a fazer carinho nas costas da amiga tentando lhe passar forças.

Tomoyo: 'Para mim não precisa esconder. O que Yanamoto falou para você ficar desta maneira?'

Sakura permaneceu em silêncio.

Tomoyo: 'Prometemos não ter segredos uma com a outra, lembra-se? Pode confiar em mim, Sakura.'

Tomoyo olhou desanimada para amiga, com certeza ela não falaria nada. A jovem deu um suspiro ainda observando a amiga. Sakura levantou o rosto e encontrou o par de olhos violetas. Tomoyo quase sentiu falta de ar ao ver os olhos vermelhos e desesperados de Sakura.

Tomoyo: 'Oh minha querida, tenho certeza que daremos um jeito de tirar o Li de lá?'

Sakura: 'Seiya quer que eu durma com ele.'

Tomoyo arregalou os olhos assustada. Pensou que tinha ouvido errado o que a amiga tinha falado.

Tomoyo: 'O quê?'

Sakura (se levantando e sentando na cama de frente a amiga): 'Ele disse que se eu passasse uma noite com ele na manhã seguinte Syaoran estaria fora da prisão.'

Tomoyo (se levantando): 'Que filho da mãe!!! Como ele pode propor isso! Que cara nojento!!!!'

Sakura (correndo até a amiga e segurando seus braços): 'Fale baixo , se Touya descobrir vai querer matar ele, ai eu terei que tirar dois da prisão!'

Tomoyo: 'Mas ele merecia uma boa surra!!! Ai se eu fosse homem, mas deixa eu cruzar com este nojento na rua que ele vai ouvir poucas e boas!!!'

Sakura: 'Não faça nada Tomoyo, por favor.'

Tomoyo (fitando a amiga): 'Você é claro não aceitou, né?'

Sakura ficou em silêncio e se afastou da amiga.

Tomoyo (desesperada): 'Você dormiu com ele, Sakura?'

Sakura (quase gritando): 'Não!'

Tomoyo (com uma das mãos no peito): 'Ai que susto que você me deu, por um momento pensei que você tinha feito uma besteira.'

Sakura caminhou até a janela do quarto e olhou para o pequeno quintal dos fundos da casa. Lembrou-se das vezes que observava quietinha Li treinando com sua espada. Ela sorriu lembrando do namorado.

Sakura: 'Ele foi até o mundo das trevas para ficar comigo, Tomoyo.'

Tomoyo: 'Ele te ama, Sakura.'

Sakura: 'E eu o amo tanto... não posso deixá-lo em outro inferno por minha culpa.'

Tomoyo: 'Não foi sua culpa! Foi o Yanamoto que fez esta confusão toda.'

Sakura: 'Por minha causa.'

Tomoyo: 'Não está pensando em aceitar a proposta dele, está?'

Sakura não respondeu, Tomoyo sentiu um aperto no peito, ela sabia que a amiga era bem capaz de aceitar.

Tomoyo: 'Isto é estupro! Não pode fazer isso! Li nunca te perdoaria se descobrisse! Você sabe como ele é machão, Sakura! Ele nunca aceitaria dividir você com ninguém!'

Sakura (virando para a amiga com lágrimas nos olhos): 'E o que adianta ele ser desta maneira se está trancada com aquele monte de criminosos?'

Tomoyo: 'Sakura, por favor...'

Sakura (caminhando até o banheiro): 'Eu vou tomar um banho.'

Tomoyo observou a amiga caminhando até o banheiro, ela entrou nele e trancou a porta. Sakura tirou a roupa e entrou debaixo da ducha forte. Hoje era sexta, os dias de visitas eram aos domingos. Domingo ela iria a Tókio e veria seu pequeno lobo.

Continua.